terça-feira, 25 de maio de 2010

Dependência do celular



Dependência do telefone celular pode causar distúrbio
Nova fobia que já atinge 20% da população é mais comum em jovens

© Andrejs Pidjass/Shutterstock

Sensações de ansiedade, desamparo, angústia, impotência e até sintomas físicos de pânico, como taquicardia e sudorese. Essas manifestações tão típicas de uma síndrome deflagrada por um hábito extremamente recente: o uso do celular e outros equipamentos tecnológicos que permitem a comunicação.
Os sintomas aparecem quando a pessoa não está com os aparelhos ou, por algum outro motivo, está impossibilitada de se comunicar por meio deles. O fenômeno tem sido denominado pelos especialistas de nomofobia, que significa no mobile – ou medo de estar sem “mobilidade”.
“Muita gente não consegue se desprender da tecnologia deixa os aparelhos ligados 24 horas por dia, inclusive enquanto dorme”, diz o psicólogo Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), ligado à Secretaria de Estado da Saúde. Ele ressalta que a nomofobia diz respeito também a outros equipamentos tecnológicos que deixam as pessoas conectadas, como computadores e notebooks. Só no Brasil existem hoje mais de 250 milhões de aparelhos de telefonia móvel vendidos.
“Esse número é impressionante, principalmente porque é maior que a população. Isso mostra como as pessoas estão cada vez mais dependentes e passaram a usar mais de um telefone”, afirma o psicólogo acrescentando que antigamente as janelas das casas eram grandes, pois era uma forma de se comunicar com o mundo.
“Hoje as janelas estão cada vez menores e as TVs maiores, é um novo jeito de se conectar com o mundo”. Obviamente o problema não está no celular (ou nas outras tecnologias), mas na relação de dependência que se estabelece com os objetos, em razão de questões internas não resolvidas. Segundo Nabuco, os mais suscetíveis a essa manifestação são os jovens.
Ele ressalta que existem hábitos que podem alertar para a propensão ao problema, em especial em relação ao telefone móvel, que é de uso mais comum: abandonar tudo o que faz para atender o chamado; nunca deixar o aparelho sem bateria; não carregar o celular na bolsa, bolso ou similares (prefere levá-lo na mão para que possa atender imediatamente); se esquecer o aparelho em casa voltar de onde está para pegá-lo; sentir-se angustiado quando acaba a bateria, quando perde o aparelho ou pensa que perdeu.

domingo, 23 de maio de 2010

Para fechar o domingo

Incomparável!!!






Tudo bem que a flor é do vizinho...
Mas a beleza visual é para todos nós!!!
Boa semana!





sábado, 22 de maio de 2010

Ter inimigos na infância pode ser saudável



Especialistas mostram que algumas relações antagônicas são importantes para a criação de laços sociais

Camila de Lira, iG São Paulo 19/05/2010







Foto: Getty Images

O inimigo pode ser bom para a criança

Sabe aquela grande amizade que você teve na infância e que depois virou um pesadelo na adolescência? Segundo psicólogos norte-americanos, essa relação pode ter sido benéfica para você.
Pesquisadores de diversas áreas dos Estados Unidos vêm estudando relacionamentos em que há uma hostilidade mútua. A conclusão é que eles melhoram as relações sociais dos envolvidos. “É de se esperar que tanto a amizade quanto o antagonismo apresentem oportunidades de crescimento”, afirma a psicóloga Maurissa Abecassis, da Colby-Sawyer College, em New Hampshire, nos Estados Unidos, ao jornal The New York Times.
O “antagonismo recíproco” é uma relação em que ambas as pessoas se tratam com desprezo ou hostilidade. Estudos mostram que o número de adolescentes que tem esse tipo de relação chega a 70% nos EUA. O psicólogo Noel A. Card, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, relata em sua pesquisa que muitos destes relacionamentos antagônicos acabam acontecendo em decorrência de uma amizade que não acaba bem.
Em uma série de experimentos, um grupo de psicólogos da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, pesquisou este tipo de relacionamento em 2003 estudantes do ensino médio. Foi descoberto que a maioria dos adolescentes que responde às hostilidades de seus desafetos tem melhores notas e uma habilidade social mais desenvolvida.
A pesquisadora que liderou o grupo, Melissa Witkow, disse ao NYT que as pessoas costumam procurar uma relação simétrica, em que há um equilíbrio dos sentimentos dados e recebidos. Isso significa que quando alguém demonstra que não gosta de uma determinada pessoa, pode estar tendo apenas uma ação adaptativa, ou seja, desgostando de volta.
A principal consequência desse tipo de relação, segundo os psicólogos, é um maior autoconhecimento. Psicanalistas explicam que os grupos tendem a ficar mais coesos e com mais autoestima quando colocados em xeque por inimigos. Da mesma forma, as pessoas conseguem analisar mais os seus próprios defeitos ao se projetarem em seus inimigos.
Enfim, um inimigo real pode preparar o jovem para evitar as pessoas falsas e de pouca confiança na vida adulta. “No começo, ela parecia uma amiga incrível, mas depois, quando me aproximei mais, percebi que tipo de pessoa ela era”, diz uma garota no estudo de Card. Segundo o psicólogo, se a pessoa não conhece os tipos de pessoas, é mais difícil para ela descobrir a que tipo pertence.

Fonte: www.delas.ig.com.br

Ganhar e Perder III



[continuação]


O efeito positivo dessa prática para o corpo é mensurável na redução de problemas cardíacos associados ao estresse, pressão alta, dores crônicas e distúrbios de sono.
Em alguns casos, esses males desaparecem completamente. O relaxamento também é possível sem a caminhada.
Quer tentar?
Sente-se tranquilamente em uma cadeira e murmure de forma inaudível um “mantra”, se possível, sem significado – por exemplo, “iamon”. Após alguns minutos, o seu diálogo interno para. Com o treino, isso ocorre mais rapidamente.
O efeito também pode ser cientificamente conferido: o eletroencefalograma (EEG) mostra que as correntes cerebrais se tornam mais lentas, o cérebro funciona no chamado ritmo alfa (uma forma de relaxamento semelhante às fases de sono profundo).
Em alguns casos, a pessoa não sente mais o corpo. Esses são momentos raros, nos quais a porta para o subconsciente se abre. Boris Becker fazia exatamente assim: na noite anterior a um jogo importante, ele se isolava em seu quarto de hotel, colocava- se nesse estado de relaxamento e sonhava com seu sucesso nos momentos decisivos do jogo. Em pensamento, se via fazendo uma ótima jogada, enquanto seu opositor ficava indefeso na base. Quando adormecia com essa imagem na cabeça, seu subconsciente continuava trabalhando incessantemente e ancorava a imagem desejada como algo já atingido – como “verdadeira”.No dia seguinte, quando a situação antecipadamente sonhada se tornava realidade, Boris Becker já havia vencido internamente. Considerando a certeza da vitória, já não restava espaço para a hesitação durante o saque, e não havia dúvida de que ele seria capaz de fazer as melhores jogadas. Tudo ocorria de forma mais ou menos automática.
E o mais importante: ele não levaria em conta um possível erro.
Obviamente não adianta sonhar que o adversário erra, já que se trata de interferir na realidade interna, subjetiva, mandando mensagens para o próprio cérebro.
Só podemos fazer isso conosco, nunca com os outros. Quando você também quiser afastar hesitações que podem enfraquecê-lo em momentos decisivos (ao apresentar um trabalho, submeter-se a uma entrevista de emprego, participar de uma reunião importante ou conversar com alguém querido sobre tema difícil), pode realizar um exercício duas vezes por dia, durante dez minutos, com intervalo de algumas horas entre eles. Assim que estiver totalmente relaxado e conseguir calar seu diálogo interior, visualize os seus objetivos pessoais em imagens o mais marcantes possível, dizendo a si mesmo que o objetivo já foi atingido.
E, então, deixe que seu cérebro faça o resto.
Da revista Mente & Cérebro n° 208, de maio/2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ganhar e Perder II


[continuação]


Quando perguntaram certa vez ao boxeador ucraniano Wladimir Klitschkocomo se preparava mentalmente para os embates, respondeu: “Quando tenho grandes lutas à frente, sonho com elas”. O que ele via nesses sonhos? “Eu vejo o fim que desejo, a vitória; exatamente como no cinema, os sonhos se tornam realidade.”
O truque, portanto, é partir triunfante rumo ao objetivo antes do início da partida. Seguindo esse raciocínio, a postura mais indesejável que se pode ter ao chegar à linha de largada é “vejamos até onde se pode chegar”. Tudo isso parece muito esotérico? Talvez você já conheça a seguinte situação: a pessoa ajusta o relógio à noite para levantar às 6 horas – e na manhã seguinte acorda às 5h59, antes mesmo de o despertador tocar.
Como pode ser?
Simples: o subconsciente trabalha diligentemente para cumprir objetivos. O relógio biológico é, nesse caso, apenas um pequeno exemplo das possibilidades que podem se abrir para uma pessoa. É possível, sim, usar esse potencial em causa própria. Primeiramente, é preciso interromper o “diálogo interno” – uma espécie de bate-papo repetitivo (e em geral com teor acusatório) que acontece em nossa cabeça quando, por exemplo, nos cobramos por eventuais falhas.
Essa discussão interior é algo muito diferente de reconhecer os próprios erros e traçar estratégias para não voltar a cometê-los. Em geral acontece de forma consciente, mas é alimentada pelo subconsciente, e por isso nem sempre é simples ter controle sobre ela. Nesse caso, práticas específicas de relaxamento podem ser bastante úteis e afastar pensamentos prejudiciais.
Técnicas orientais – como a meditação zen, para desenvolver a habilidade de não pensar em nada – costumam ser eficazes. Ocorre que qualquer um que faça a tentativa logo percebe queatingir esse estado de “esvaziamento mental” não é nada fácil. Ou você consegue não pensar em um elefante azul logo após ler estas palavras?Por isso, o cardiologista americano Herbert Benson, da Escola de Medicina de Harvard, recomenda: se não é possível pensar em nada, pense em quase nada, sem a preocupação de encontrar sentido ou fazer associações.
Em resumo, deixe que os pensamentos “passem”, sem tentar controlá-los. Uma forma de conseguir é com a “caminhada meditativa”, em círculos, na qual, a cada passo, se pensa apenas no seguinte: “À esquerda, à esquerda, à esquerda, à esquerda...”. Por meio dessa monótona repetição, pode-se distanciar o consciente do incessante diálogo interior, muitas vezes incômodo, e obter maior nível de relaxamento mental.
Da revista Mente & Cérebro n° 208, de maio/2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ganhar e Perder



Ganhar e perder entre as orelhas

Assim como atletas de alta performance, pessoas comuns podem usar a mente a seu favor para obter sucesso em atividades que exigem grande empenho



© MIKAEL DAMKIER/SHUTTERSTOCK
O mundo está repleto de gente talentosa, cheia de habilidades, capacitada para enfrentar os mais diversos desafios. Mas o sucesso não é garantido nem para essas pessoas, uma situação que intriga psicólogos. No esporte, esse fato é visto com frequência, e com o início da Copa do Mundo da África do Sul, em junho, e da Olimpíada de Londres, em 2012, mais uma vez os olhares se voltam para os atletas.
Não só os resultados, mas também a rotina de treinamentos e a forma como eles lidam com a ansiedade em cada competição chamam a atenção – e podem ensinar lições valiosas. Tomando por base suas performances, pode-se pensar em aspectos da vida de pessoas comuns, já que nem sempre esportistas bem preparados fisicamente conseguema vitória.
Afinal, apenas talento e treino não são suficientes para conquistar o lugar de campeão: o equilíbrio psicológico é fundamental. Que o diga a seleção brasileira, na final do campeonato mundial, em 1998, na França.
Uma postura mental adequada e o firme desejo consciente de vencer podem tornar o amador um vencedor – e isso vale não apenas para esportistas, mas para qualquer um que queira realizar com êxito uma atividade que exija esforço e dedicação. O tenista alemão Boris Becker, que já foi o primeiro do mundo nesse esporte, descreveu essa postura de forma muito acertada e curiosa: “Perder e ganhar acontece entre as orelhas”.
Em seu melhor período, Becker ganhava em jogos importantes o decisivo tiebreaker em nove de cada dez competições.Certa vez, logo depois do jogo um repórter de televisão perguntou ao atleta como sempre conseguia tal resultado. “Ah, eu já joguei essa partida ontem à noite”, respondeu. O repórter não deu grande importância à frase, mas esse parecia ser justamente o segredo do sucesso. Excelentes desempenhos – seja no esporte, na profissão ou na vida pessoal – muitas vezes são alcançados “antecipadamente”.
Oliver Kahn, goleiro que chegou perto de conquistar o título de melhor jogador do mundo pela Federação Internacional de Futebol (Fifa),“defendia” bolas críticas na noite anterior ao jogo decisivo. Da mesma forma, o piloto Michael Schumacher adotava a prática de se visualizar comemorando o primeiro lugar antes de a corrida começar.
Revista Mente & Cérebro n° 208, maio/2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A ética do cachorro V








No lugar do terapeuta

Ao longo dos séculos, os animais sempre estiveram próximos do homem participando de atividades de caça, tração, locomoção, pastoreio, guarda e companhia. Esses vínculos com bichos de estimação transformaram tanto o estilo de vida das pessoas quanto os hábitos dos bichos (embora na maior parte das vezes eles sejam vítimas do ser humano). Nas últimas décadas, porém, surgiu um dado novo: o crescente interesse científico pelo estudo do potencial terapêutico dessa interação. Várias possibilidades de intervenção com a participação de animais têm aberto perspectivas de uso de recursos terapêuticos auxiliares para os profissionais da saúde e da educação.
Atualmente, muitos reconhecem que em geral os cães reúnem características que facilitam a aproximação com pacientes, como disponibilidade para oferecer carinho, o que desperta o afeto nos seres humanos e instiga o desejo de cuidar do outro – ainda que esse outro seja um cão.O primeiro relato da participação de animais em tratamento de saúde na sociedade ocidental contemporânea é do final do século XVIII , na Inglaterra. O Retiro de York, instituição psiquiátrica que empregava métodos terapêuticos considerados mais humanos para a época, mantinha coelhos, gaivotas, falcões e aves domésticas nos pátios e jardins frequentados pelos pacientes. Essas criaturas eram, geralmente, muito familiares, e acredita-se que, muito mais que um prazer inocente, despertavam sentimentos de sociabilidade e benevolência nos internos.No século XIX houve um grande crescimento da participação de animais nas instituições mentais de vários países.
Mais tarde, quando os primeiros textos científicos começaram a ser publicados, tal prática já não era tão rara. Em 1944, James Bossard escreveu um artigo sobre o papel dos animais domésticos na família, em especial para crianças pequenas. Mas foi na década de 60 que o psicólogo americano Boris M. Levinson iniciou uma série de estudos de situações clínicas nas quais a presença do animal era fundamental no processo terapêutico. Um cachorro, por exemplo, poderia satisfazer a necessidade humana de lealdade, confiança e obediência.
A relação da criança com o animal permite nuances num nível intermediário, que diferem das interações estabelecidas com pessoas e objetos inanimados.Afinal, ainda nos primeiros anos é possível perceber que brinquedos não podem dividir sentimentos, pois não são vivos, não crescem nem respondem. Segundo Levinson, “diferentemente da relação que estabelece com a boneca, a criança pode conceber o animal como parte de si mesma, de sua família, capaz de passar pelas mesmas experiências que vive”. Esse relacionamento oferece aos pequenos a possibilidade de se expressar com mais liberdade.
Posteriormente aos estudos de Levinson, merecem destaque as pesquisas dos psiquiatras Samuel e Elizabeth Corson. Na década de 80, eles usaram cães na psicoterapia em instituições psiquiátricas. A experiência foi realizada com 50 pacientes com alto grau de introversão que não respondiam ao tratamento convencional e relutavam em estabelecer contatos. Apenas três deles não apresentaram melhoras em seu estado clínico. Os demais desenvolveram, gradualmente, desejo de independência, sentimentos de autoestima e senso de responsabilidade.

(Por Sabine Althussen, mestre em psicologia clínica pela USP)

Da revista Mente & Cérebro n° 208, de maio/2010


A ética do cachorro IV




© WOLF MOUNTAIN IMAGES/SHUTTERSTOCK
[continuação]
LOBOS ADULTOS RE FREIAM A FORÇA ao brincar com os filhotes, mantendo o jogo divertido e equilibrado para todos
3. Admita quando estiver errado.
Mesmo quando todos querem manter as coisas certas, a brincadeira às vezes desanda. Quando um animal se comporta mal, exagera na animação e acidentalmente machuca seu companheiro, ele se desculpa, exatamente da mesma forma como a maioria dos seres humanos faria em situação similar. Após uma mordida mais forte, um aceno de cabeça envia o “recado”, como se afirmasse: “Desculpe pela minha atitude, mas ainda é uma brincadeira, apesar do que fiz. Não vá embora; vou brincar de forma mais respeitosa”. Para a brincadeira continuar o indivíduo que sofre a ofensa deve aceitaras desculpas – e isso de fato ocorre na maioria das vezes. A compreensão e a tolerância surgem durante o “jogo”, assim como em outras situações da vida rotineira da matilha, como no momento da caça ou da divisão de alimentos.
4. Seja honesto.
Tanto um pedido de desculpa como um convite para brincar devem ser sinceros; os indivíduos que continuam a brincar de forma desleal ou a enviar sinais desonestos rapidamente serão excluídos pelo grupo. E isso traz consequências bem mais graves que a simples redução do tempo de diversão. A extensa pesquisa de campo de um dos autores (Bekoff) mostra, por exemplo, que os coiotes jovens que não brincam de forma adequada com frequência acabam deixando sua matilha e têm probabilidade quatro vezes maior de morrer que os indivíduos que permanecem com os outros.Do ponto de vista evolutivo, a violação de regras sociais estabelecidas durante as brincadeiras não faz bem para a perpetuação dos genes. O jogo honesto e divertido para todos pode ser entendido como uma adaptação evoluída que permite aos indivíduos formar e manter os vínculos sociais. Assim como acontece com os humanos, os canídeos formam intrincadas redes de relacionamentos, desenvolvem normas básicas da justiça que guiam o jogo social entre semelhantes e se apoiam em regras de conduta capazes de manter a sociedade estável. Em última instância, o objetivo é garantir a sobrevivência de cada indivíduo. Essa inteligência moral é evidente tanto em animais selvagens quanto em cães domesticados. É bem possível que tal noção de certo e errado tenha permitido às sociedades humanas florescer e se espalhar pelo mundo. Pena que o homem moderno às vezes se esqueça de procedimentos simples e eficazes, como ser claro, cuidadoso, humilde e sincero. Talvez seja hora de voltarmos a aprender algumas lições com nossos amigos de estimação.
Da revista Mente & Cérebro n° 208, de maio/2010

A ética do cachorro III

© MARTIN VALIGURSKY/SHUTTERSTOCK
[continuação]

Comunicação diretae sem subterfúgios: princípio central da sociedade canídea

1. A comunicação deve ser clara.
Os animais anunciam que querem brincar e não lutar ou acasalar. Os canídeos abaixam a cabeça para indicar essa intenção, engatinham sobre as patas dianteiras, apoiando-se nelas, enquanto as pernas traseiras continuam eretas. Os acenos são usados quase que exclusivamente durante a brincadeira e são altamente estereotipados, ou seja, sempre parecem os mesmos (para que o recado “Venha brincar comigo” ou “Aindaquero brincar” fique bem claro). Mesmo quando um animal sinaliza a predisposição para brincar com uma inclinação da cabeça e prossegue com ações aparentemente agressivas, como mostrar os dentes, rosnar ou morder, seus companheiros demonstram submissão ou fuga apenas em 15% dos casos, sugerindo que eles confiam no recado deque qualquer coisa que se siga não será arriscada. A confiança na comunicaçãohonesta do outro é essencial para o bom funcionamento do grupo.
2. Cuidado com os modos.
Os animais tendem a considerar as aptidões lúdicas de seus companheiros e se engajam na tarefa de dar vantagens ao mais fraco e na troca de papéis para criar e manter igualdade de condições durante a interação. Por exemplo, um coiote talvez não morda seu companheiro de brincadeira tão forte quanto seria capaz, na tentativa de equilibrar a situação para manter o jogo justo. Um membro dominante da matilha pode desempenhar uma troca de lugar, deitando-se de costas (sinal de submissão que nuncaseria oferecida durante uma agressão efetiva) para deixar seu companheiro de status inferior ter a sua vez de “vencer”. As crianças também se comportam dessa forma ao brincar, por exemplo, intercalando os papéis de vencedores numa simulação de luta. Ao manterem as coisas justas dessa forma, todos os membros do grupo se aproximam uns dos outros, participam de atividades descontraídas e, ao mesmo tempo, constroem laços – o que faz com que o grupo permaneça coeso e forte.

Da revista Mente & Cérebro n° 208, de maio/2010

http://www.mentecerebro.com.br/


A ética do cachorro II


Quando eles se comportam mal ou acidentalmente machucam um companheiro de brincadeiras, logo procuram se desculpar, exatamente como faria um ser humano bem-educado

© SHARON MONTROSE/THE IMAGE BANK /GETTY IMAGES

[continuação]
A brincadeira também tem a função de ajudar a construir a relação de confiança entre os membros da matilha, permitindo divisões de trabalho, hierarquias de domínio e cooperação na caça, na criação dos mais novos e na defesa de comida e de território. Essa estrutura lembra muito a dos homens primitivos, e a observação de suas brincadeiras pode oferecer um vislumbre do código moral que permitiu o desenvolvimento das sociedades ancestrais.
Quando os canídeos e os outros animais se divertem juntos adotam comportamentos como morder com força, montar em cima do outro, chocar os corpos – ações que podem ser facilmente interpretadas de forma equivocada pelos participantes. Porém, anos de análises feitas por um de nós (Bekoff) mostraram que esses indivíduos negociam cuidadosamente a brincadeira, seguindo quatro regras gerais para impedir que a atividade lúdica se transforme em briga.

Da revista Mente & Cérebro n° 208, de maio/2010

A ética do cachorro



Quando eles se comportam mal ou acidentalmente machucam um companheiro de brincadeiras, logo procuram se desculpar, exatamente como faria um ser humano bem-educado

© SHARON MONTROSE/THE IMAGE BANK/GETTY IMAGES

Todos que convivem com cães sabem: eles aprendem as regras da casa que os acolhe e quando quebram alguma norma expressam fisicamente o arrependimento alguns se escondem e cobrem os olhos, outros se abaixam ou arrastam-se pelo chão, num gesto geralmente gracioso o bastante para garantir o rápido perdão dos donos. Porém, poucas pessoas param para se perguntar por que esses animais têm um senso tão aguçado de certo e errado. Estudos recentes mostram que canídeos (animais da família dos cachorros, como raposas e lobos) seguem um código estrito de conduta ao brincar, ensinando aos filhotes as regras de engajamento social que permitem a manutenção de sociedades bem-sucedidas.Os chimpanzés e os outros primatas que não o ser humano são notícia nos jornais quando os pesquisadores, usando a lógica, procuram nesses parentes mais próximos do homem traços semelhantes aos nossos – e descobrem evidências de seu senso de justiça. Nosso trabalho, entretanto, sugere que as sociedades canídeas selvagens podem ser as melhores análogas aos grupos de hominídeos primitivos: ao estudarmos cachorros, lobos e coiotes descobrimos comportamentos que nos remetem às raízes dos valores éticos humanos.Podemos definir a moralidade como um conjunto de comportamentos inter-relacionados em deferência aos outros, que tem por finalidade desenvolver e regular as interações entre os indivíduos. Atitudes como altruísmo, tolerância, disponibilidade para o perdão e a empatia, bem como a noção de justiça, ficam evidenciadas rapidamente na forma igualitária com que os animais da família dos cachorros brincam entre si. Nessas situações, os lobos e os coiotes adultos, por exemplo, seguem um código estrito de conduta.
Fonte: Revista Mente & Cérebro n° 208, maio/2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Acreditável

Eu não resisto:

"Quousque tandem abutere pacientia nostra???"

trazendo para o bom português:

Até quando abusarão da nossa paciência???

De minha parte, eu garanto:

Eles, e mais os outros 51, não emplacarão 2.011!!!

Restarão 27 para serem destituídos daqui há 4 anos...

Você me ajuda???

Ou melhor:

Não quer ajudar o B R A S I L ?????????????????

Inacreditável III


Inacreditável!!!
Discutindo em plenário a convocação dos jogadores da seleção brasileira de Futebol!!!!

Inacreditável II


Inacreditável!!!
Discutindo a lista de jogadores convocados para a seleção brasileira de Futebol para a Copa da África....

Inacreditável I


Inacreditável!!!
Discutindo a convocação de jogadores da seleção brasileira de futebol em Plenário do Senado!!!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A luta contra a sacolinha

Foto: Getty images
Incentivadas pelo governo, redes de supermercado brasileiras encorajam a substituição das sacolas de plástico
Foto: Agência Estado

Isis Nóbile Diniz, especial para o iG 06/05/2010 12:38

Os supermercados brasileiros estão em guerra contra as sacolinhas. As três redes líderes em faturamento distribuíram 372,9 milhões de sacos plásticos a menos no ano passado. Uma delas quer eliminar para sempre o uso das sacolinhas até 2014. E é melhor o consumidor se acostumar: caixas de papelão e sacolas retornáveis, as chamadas ecobags, prometem ser a norma em breve.
Ao total, todos os supermercados brasileiros consomem em média 12 bilhões de sacolas plásticas tradicionais anualmente. Os Estados Unidos, em comparação, consome

10 bilhões de sacos de papel - os americanos usam o material no lugar das sacolas plásticas.

"A questão das sacolas plásticas é debatida desde 2007", explica o presidente da Abras, Sussumu Honda. "Agora, com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos pela Câmara dos Deputados, cada empresa tem se posicionado com sua estratégia para seu público", afirma. Com a nova legislação, todos os setores - produtor, comerciante, consumidor final e serviço de limpeza urbana - serão responsáveis pelos materiais. Aliás, quem contratar serviço de reciclagem terá incentivos fiscais. A lei ainda precisa da aprovação do Senado. O uso de sacolas de plástico disparou na década de 1980, quando os grandes supermercados se popularizaram. Atualmente, a produção de plástico é 20 vezes maior do que há 50 anos, sendo que 80% do lixo plástico é composto por embalagens utilizadas uma única vez. A ONG Iniciativa Verde afirma que colocar em duas sacolas de supermercado o que poderia ser levado em três reduz em 20% sua emissão de CO2 - gás que causa o aquecimento global.

Disputa para ser mais ecoeficiente O Grupo Pão de Açúcar - Extra, CompreBem, Sendas, ABC CompreBem e Assai - disse que reduziu em 30% (91 milhões de unidades) sua distribuição de sacolas plásticas. Ele possui um programa no qual clientes que usem sacolas retornáveis ganham vale-compras. No ano passado, os clientes da classe C, do CompreBem, foram os que mais adquiriram as sacolas retornáveis - ou "ecobags".

O Walmart Brasil anunciou que estenderá para todas as lojas um programa que devolve ao consumidor o valor de R$ 0,03 de cada sacola não utilizada. O preço é calculado no caixa por cada cinco itens adquiridos - quantidade média de produtos embalados em uma sacola, de acordo com o Instituto Akatu. Assim, em uma compra de 200 itens, o cliente receberá R$ 1,20. Segundo a empresa, o programa já tirou do meio ambiente 22,8 milhões de sacolas plásticas e concedeu R$ 686 mil. Até 2013, o Walmart espera reduzir o uso de sacolas plásticas em 50%. No ano passado, conseguiram diminuir 10% (138,9 milhões).

O uso de sacolas retornáveis, as chamadas ecobags, vai ser mais incentivado
Por sua vez, o Carrefour afirmou que quer banir o uso de sacos plásticos em quatro anos. As lojas da rede na França, China e Polônia já não oferecem a sacola plástica tradicional. No lugar, comercializará sacolas retornáveis e biodegradáveis, produzidas a partir do milho. Em 2009, a rede conseguiu diminuir em 15% (143 milhões de unidades) a distribuição de sacolinhas comparando ao ano anterior. "Há poucos anos, as ações de cunho socioambiental feitas por empresas eram vistas pelo consumidor com muita reserva. Em pequisas sobre o tema, os clientes diziam que as empresas queriam ganhar vantagem", conta o sócio-sênior da consultoria empresarial de varejo e de marketing GS&MD - Gouvêa de Souza, Luiz Goes.
Hoje, Goes acredita que o consumidor valoriza mais essas ações desde que fique claro que não se trata de oportunismo. "Gradualmente, as empresas têm o desafio de associar a marca à preservação ambiental. Por isso elas têm investido, por exemplo, em construção de unidades que poupam mais o meio ambiente e na valorização dos funcionários", diz Goes. Além disso, ser sustentável é um investimento que barateia os custos.

As opções são escassas As sacolas plásticas são produzidas a partir do petróleo ou do gás natural, recursos não-renováveis, e demoram cerca de 400 anos para se decompor. Como alternativa, no lugar dela poderiam ser usadas sacolas recicladas. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não permite a troca por questão de segurança à saúde. Outra opção seria sacolas de papelão. No entanto, é consumido 1,5 milhão de sacolas plásticas por hora pelos brasileiros -- nos Estados Unidos, são cortadas nada menos que 14 milhões de árvores por ano apenas para abastecer esse mercado, um número inviável para os padrões daqui. Por sua vez, o plástico oxibiodegradável, que se despedaça em partículas minúsculas e considerado uma alternativa, é tema de polêmica. Segundo pesquisadores, os pedacinhos poderiam contaminar a água e serem consumidos por animais. Além disso, ele não pode ser reciclado.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Perigos da poluição para o cérebro


Agentes tóxicos comuns no ar – como carbono preto, material particulado e ozônio –podem provocar sérios efeitos na cognição de crianças e adultos

© PATRICK HERRERA/ISTOCKPHOTO

O exercício nas ruas com trânsito pesado pode expor o cérebro a níveis nocivos de poluição
Em uma época em que tanto se discute o derretimento das calotas polares e a destruição das florestas e da camada de ozônio, é quase redundante dizer quanto as substâncias emitidas por automóveis e usinas a carvão são prejudiciais ao sistema respiratório.
O que pode surpreender é o grau de danos que esses poluentes podem provocar no cérebro – sendo a exposição a eles, em certos casos, tão prejudicial quanto ao chumbo. Estudos recentes mostram que agentes tóxicos comuns no ar como o carbono preto, o material particulado e o ozônio podem ter efeito negativo sobre capacidades como aquisição de vocabulário, tempo de reação e até mesmo sobre a inteligência, de forma geral.
O mais recente desses estudos, realizado em Nova York, no qual grávidas usaram monitores pessoais de ar durante toda a gestação, descobriu que crianças de 5 anos expostas a níveis altos de poluentes urbanos – conhecidos como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) – quando ainda estavam no útero apresentavam quociente intelectual (QI) 4 pontos inferior ao das que foram expostas a quantidades menores das substâncias.
De modo alarmante, “a queda foi semelhante à observada em exposições a baixos níveis de chumbo”, comenta a epidemiologista Frederica Perera, diretora do Columbia Center for Children Environmental Health e autora principal do estudo. A alteração dos índices de QI foi suficiente para causar queda no desempenho escolar e nas notas em testes simples.
“E esses níveis de poluição que medimos no estudo nem foram expressivamente altos, se comparados àqueles de outras áreas urbanas”, observou a pesquisadora. A maior parte dos poluentes HPAs vem de emissões de motores de veículos automotivos, especialmente de carros e caminhões movidos a gasolina e a diesel, além da queima de carvão. A fumaça do cigarro é outra fonte importante de poluentes; por isso pesquisadores não consideraram no estudo crianças que convivem com fumantes.
Um dado importante é que o cérebros infantil em desenvolvimento não é o único atingido pela poluição. Pesquisa de 2008 em adultos de 20 a 50 anos, conduzida em conjunto pelas escolas de saúde pública da Universidade Harvard e da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, identificou redução de atenção, memória de curto prazo e tempo de reação, diminuição esta relacionada ao ozônio e equivalente a um declínio intelectual em meninos e meninas de 3 anos e meio a 5 anos.
O que os especialistas se perguntam agora é: o que pode ser feito em relação a esses poluentes prejudiciais ao cérebro? “A resposta não é mistério: precisamos de melhores políticas para o congestionamento de tráfego, de tecnologias para energias alternativas e de eficiência energética”, afirma Frederica. Felizmente, também há maneiras mais imediatas de reduzir a exposição aos elementos químicos tóxicos, como limitar as atividades físicas ao ar livre nos dias mais poluídos.
Os alertas sobre os riscos da qualidade do ar se tornaram parte rotineira das previsões de tempo matutinas. “Se não puder evitar o exercício ao livre, vale a pena diminuir o ritmo, por exemplo, substituindo a corrida por uma caminhada”, sugere a administradora da U. S. Environmental Protection Agency, Lisa Jackson. A alternativa é evitar caminhar, correr ou andar de bicicleta em vias de grande movimento de ônibus, caminhões e carros. Até os controles de emissões e as políticas ambientais surtirem um efeito significativo sobre os níveis de poluentes relacionados a tráfego, a melhor saída é expor o mínimo possível nosso cérebro e o de nossos filhos.
Fonte: Revista Mente & Cérebro n° 210, de abril/2010
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