Iniciando o XIV Encontro
Há 8 anos
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Esgotamento mental acelera processo de diminuição dos telômeros | ||||||||||
O grupo liderado por Elissa Epel examinou, entre outras coisas, os glóbulos brancos das mães de crianças com doenças crônicas. Perceberam que o esgotamento mental a que foram submetidas durante anos fazia com que o relógio biológico das células de defesa dessas mulheres andasse muito mais rápido. O parâmetro de medida foi o comprimento dos telômeros, espécie de “capas protetoras” dos cromossomos, que encolhem a cada divisão celular até perder a função. Apesar de a enzima telomerase adicionar constantemente novo material genético aos cromossomos, também esse mecanismo se enferruja com o tempo. De acordo com o comprimento dos telômeros, as células de mães estressadas – em comparação com as mães menos solicitadas – tinham envelhecido aproximadamente dez anos. E a telomerase estava claramente deficitária. Na opinião dos pesquisadores, as consequências do estresse sobre o corpo devem-se, pelo menos parcialmente, a este processo bioquímico acelerado. |
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Choros, gritos, gestos descontrolados e outras manifestações dramáticas diante de uma frustração podem ser resultado de imperfeições cerebrais; pesquisadores buscam compreender comportamentos exagerados que destroem relacionamentos e minam a possibilidade de uma vida equilibrada | ||||||
por Ophelia Austin-Small | ||||||
CIRCUITO ALTERADO Sejam quais forem as raízes de sua personalidade, o cérebro de pessoas descontroladas e afeitas a protagonizar cenas repletas de lágrimas, gestos amplos e gritos parece ser constituído de forma diferente do de pessoas mais equilibradas. Em 2007, a psiquiatra Emily Stern e seus colegas da Faculdade de Médicina de Weill Cornell usaram imagens de ressonância magnética funcional para medir a atividade cerebral de 14 voluntários saudáveis e de 16 com TPB enquanto eles desempenhavam uma tarefa que demandava reação diante de palavras negativas, positivas e neutras. Os pacientes de TPB demonstraram atividade diminuída na parte do córtex pré-frontal, que controla ações como planejamento e as reações emocionais, quando tiveram de inibir a resposta para uma palavra negativa – nesse caso, pressionando um botão. Os estudiosos acreditam que pessoas especialmente dramáticas e aflitas parecem ter uma rede de circuitos menos potentes para a inibição de reações inadequadas a emoções negativas, o que torna difícil para eles controlar as respostas exageradas. Eles também podem ter emoções mais intensas: no estudo de Cornell, a amígdala, uma área do cérebro que processa os sentimentos, se mostrava hiperativa em pacientes de TPB. No dia a dia, as consequências dessa alteração na rede de circuitos neurais deixam uma trilha de angústia. A inconstância afeta a concentração, a eficiência e o bom relacionamento no trabalho; na vida pessoal impede relacionamentos estáveis. Nesses casos, o acompanhamento psiquiátrico e psicológico costuma ser a providência mais eficaz para quem apresenta o distúrbio. A ajuda psicoterapêutica também é valiosa para aqueles que se veem obrigados a lidar com essas pessoas – ou, por razões afetivas, desejam conviver com elas. Compreender a dinâmica de determinadas atitudes pode ser fundamental para se desidentificar de padrões nocivos, abrandar seus efeitos – e libertar-se da prisão que significam. | ||||||
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Choros, gritos, gestos descontrolados e outras manifestações dramáticas diante de uma frustração podem ser resultado de imperfeições cerebrais; pesquisadores buscam compreender comportamentos exagerados que destroem relacionamentos e minam a possibilidade de uma vida equilibrada | ||||
por Ophelia Austin-Small | ||||
[continuação] Na maioria dos casos, os traços destrutivos são difíceis de ser modificados sem ajuda profissional. Quando esses comportamentos extremados fogem ao controle, passam a permear a maioria das áreas da vida, podendo caracterizar distúrbios psiquiátricos específicos, como o transtorno de personalidade borderline (TPB) – ou personalidade limítrofe. Afinal, o que desencadeia tanto drama? O que faz com que divergências de opiniões e desentendimentos que poderiam ser facilmente resolvidos com tranquilidade se tornem verdadeiras tragédias? Um trauma vivido na infância pode ser o motivo em alguns desses casos. O psiquiatra Bruce Perry, da Academia de Trauma Infantil, em Houston, descobriu que o cérebro de crianças que passaram por vivências traumáticas – tais como abuso sexual, conflitos armados ou desastres naturais – podem sofrer alterações químicas, que atingem certas regiões neurais. Em razão disso, essas áreas tornam-se instáveis e supersensíveis a estímulos – o que, na prática, resulta na incapacidade de avaliar de forma adequada certos estímulos sociais e ambientais. Segundo especialistas, a negligência na infância também é um fator de risco. Se os pais (ou aqueles que cumprem as funções paterna e materna) ignoram, menosprezam ou rejeitam sentimentos, ideias e experiências de uma criança, ela pode “decidir” que as representações dramáticas – desde se vestir de modo provocante até inventar histórias mirabolantes ou ter crises de descontrole – são necessárias para captar a atenção alheia. Com o passar dos anos, a intolerância à frustração e essa forma de se relacionar consigo mesmo e com os outros se tornam arraigadas. A genética também pode contribuir para a instalação desse quadro. O comportamento exagerado se repete nas famílias, segundo o resultado de um estudo coordenado pelo psiquiatra John Gunderson, da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard. A equipe de pesquisadores descobriu que 27% dos parentes de pacientes com TPB reproduziam em seus relacionamentos padrões muito similares ao da pessoa em tratamento, embora esses aspectos muitas vezes se mostrassem atenuados. Entre aqueles que tinham vínculos familiares com pessoas diagnosticadas com outros transtornos de personalidade, apenas 17% desenvolviam traços do distúrbio borderline. Os fatores ambientais compartilhados – especialmente as práticas parentais observadas e aprendidas pelas crianças – podem desempenhar um papel preponderante nesse padrão. Gunderson acredita, porém, que variações genéticas ainda não descobertas possivelmente também predispõem alguns integrantes da família a dificuldades com relações afetivas e equilíbrio de humor. | ||||
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