quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Homens e mulheres têm mais em comum do que parece

Do site: www.mentecerebro.com.br, em  19.08.2011

Pesquisa mostra que diferenças comportamentais entre os gêneros são menos marcantes do que os falsos estereótipos nos fazem pensar

© Triling Studio LTd./Shutterstock

Um estudo sobre gênero, desenvolvido pela professora de psicologia Janet Shibley Hyde, da Universidade de Wisconsin, em Madison, revela que as diferenças entre homens e mulheres talvez não sejam tão marcantes como muitos pesquisadores acreditam . Para chegar a essa conclusão, Hyde realizou a revisão dos 46 estudos sobre o gênero mais importante dos últimos 20 anos.


“Claro que há diferenças emocionais e cognitivas entre os sexos. Os homens, de fato, são mais agressivos fisicamente”, observa. Já os problemas de autoestima na adolescência, geralmente associados ao comportamento feminino, afetam igualmente os rapazes. Mas para a psicóloga, o estudo mostra que tendemos a nos concentrar mais nas diferenças do que nas similaridades e exageramos qualquer descoberta científica que aponte os pequenos contrastes.


“Se aceitamos que os homens não se comunicam bem, quais as implicações disso para o casamento? Por que uma mulher tentaria conversar com o marido para resolverem seus problemas se ele fosse incapaz de compreendê-la?”, questiona. “Se temos certeza de que os meninos são melhores em matemática, ignoramos o talento matemático de muitas meninas.” Isso implica limitação das oportunidades profissionais das mulheres em áreas tecnológicas e científicas. “Em vez de continuarmos a acreditar em psicólogos de programas de auditório, precisamos dar ouvidos a dados científicos que nos dizem quando estamos nos aferrando a falsos estereótipos”, sugere Hyde.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Efeitos analgésicos do amor

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 18.08.2011

Olhar fotos de pessoas que amamos pode diminuir dor física
 
© maximma/Shutterstock

Sentimentos amorosos ativam sistemas primitivos no organismo, o que causa um
impacto direto na forma como sentimos dor, atenuando a sensação de desconforto. A constatação é do o cientista americano Sean Makey, da Universidade de Stanford, na Califórnia. Para investigar esse efeito “analgésico” do afeto – em especial da paixão – o pesquisador analisou 15 universitários que declararam estar “loucamente apaixonados”. Cada estudante deveria levar uma foto da pessoa pela qual estava enamorado e outra imagem de alguém que achasse atraente, mas com quem não tivesse nenhuma ligação romântica. Durante os testes, os participantes deveriam segurar um objeto que poderia ficar muito quente ou muito frio – de acordo com regulagem feita pelos cientistas – o que causava dor em algumas vezes. Enquanto isso, os jovens deveriam olhar para as fotografias que haviam levado e, em seguida, definir o grau de dor sentida.


Os resultados mostraram que a imagem da pessoa amada realmente diminui a sensação de dor, o que não aconteceu quando os voluntários olhavam para alguém que considerado atraente. Os pesquisadores associam o fato à liberação de ocitocina, um hormônio que regula a reprodução em mamíferos, incluindo os processos de lactação e parto. Além disso, a ocitocina influencia em comportamentos sociais como o estabelecimento de vínculo entre parceiros e entre mãe e filho. Segundo Makey, ainda é muito cedo para que os médicos receitem “paixão”, mas ele acredita que a descoberta pode auxiliar em determinados tratamentos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pais esperam mais de filhos que “custam caro”

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 16.08.2011
Os adultos desejam que ganhos afetivos compensem renúncias econômicas

© shutterstock

Camisas do time de futebol, aulas de instrumentos musicais ou reforço escolar são despesas que, em geral, fazem parte do orçamento de quem tem filhos. Segundo artigo publicado por Psychological Science, gastos desse tipo influem diretamente nas expectativas em relação às crianças.


Psicólogos da Universidade de Waterloo, no Canadá, pediram a voluntários com filhos que lessem um texto. O documento descrevia estimativas do governo sobre custos de alimentação, vestuário e lazer até os 18 anos – cifra que chegava perto de US$ 200 mil. Em seguida, metade dos participantes foi convidada a ler mais um artigo, sobre o apoio econômico que os pais recebiam mais tarde dos filhos adultos. Aqueles que receberam apenas o primeiro texto para leitura se mostraram mais propensos, quando questionados pelos pesquisadores, a concordar com afirmações que enfatizavam os efeitos emocionais da paternidade, como “não há nada mais recompensador na vida que ter um filho”.


Segundo o autor do estudo, o psicólogo Richard Eibach, essa racionalização é uma resposta comum para a dissonância cognitiva – quando há duas ideias conflitantes na mente. Ou seja, a decisão de ter um bebê envolve um balanço, mesmo que inconsciente, de encargos emocionais e materiais, a ponto de os pais concluírem que os ganhos afetivos precisam compensar as renúncias econômicas. Essa visão está fortemente vinculada a mudanças socioeconômicas. Há algumas décadas, as crianças significavam mais braços para ajudar na lavoura, por exemplo, incrementando a renda familiar. “À medida que a decisão de aumentar a família foi ficando mais cara, começamos a fantasiar sobre ser pais, convencendo-nos de que criar filhos é prazeroso”, diz Eibach.

domingo, 28 de agosto de 2011

Ilusões para enganar o cérebro

Do site: www.mentecerebro.com.br
Publicado em 15 de agosto de 2011
 


Além de intrigar, algumas imagens revelam vários mecanismos neurais envolvidos na visão
 


As ilusões são provocadas pelo descompasso entre realidade física e percepção. Para complicar, esta última é flexível e reflete o estado psicológico. Isso equivale a dizer que se você estiver cansado, fraco, assustado ou sobrecarregado, sua avaliação em relação a quanto é de fato íngreme uma subida, por exemplo, será modificada – mesmo que os olhos mostrem uma pequena inclinação, prevalecerá a impressão de que o esforço necessário para cumprir o trajeto será maior. É assim que funcionamos.


Quando observamos uma ilustração ou mesmo uma obra de arte, inúmeros “eventos neurais” eclodem em nossa cabeça – e essa experiência subjetiva mediada pelos sentidos pode trazer equívocos sensoriais – e consequentemente cognitivos. Por isso vemos cores e imagens “inexistentes” (ou deixamos de ver o que está à nossa frente). Uma das ilusões mais frequentes é a do contorno ilusório: percebemos uma figura somente porque nosso cérebro atribui uma forma a um campo de dados muito esparso. O neurocientista Rüdiger von der Heydt, -pesquisador do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça, mostrou que esses contornos são processados em neurônios dentro de uma área do cérebro chamada V2, dedicada à visão. O mais curioso é que boa parte de nossa experiência cotidiana é formada por efeitos análogos de preenchimento de espaços vazios, pois aproveitamos o que conhecemos do mundo para imaginar o que não conhecemos. Isso se dá porque o sistema nervoso busca construir objetos completos a partir de percepções visuais mal definidas, daí ser tão fácil vermos rostos e outras figuras em manchas de tinta e em paisagens, por exemplo.


No Especial Mente e Cérebro – Ilusões, nº 28, é possível passear por essas imagens – e descobrir o que a ciência já comprovou a respeito de cada uma. Esses paradoxos, nos quais a mesma informação pode levar a conclusões diversas (às vezes contraditórias), nos oferecem uma pitada de tormento – como tudo o que nos confunde ou desafia nossas certezas. Para quem se interessa pelos mistérios do cérebro e da mente, porém, certamente o prazer falará mais alto.

sábado, 27 de agosto de 2011

A comunicação com nosso “eu”



Na busca da excelência nos relacionamentos, na vida profissional e pessoal, temos nos deparado com inúmeros desafios, principalmente na condução do próprio comportamento frente aos diferentes estados emocionais que experimentamos no dia a dia.

Para lidar com as nuances emocionais é preciso uma boa dose de comunicação intrapessoal (consigo mesmo) para modificar hábitos e costumes que deflagram estados emocionais destrutivos e temperamentos equivocados na hora de estabelecer comunicação com o próximo.

Conheça-te a ti mesmo, frase muito citada pelo filósofo Sócrates, é um aforismo grego inscrito nos pórticos do Oráculo de Delfos. Traz a mensagem maior da descoberta do homem pelo próprio homem. Olhar para dentro de si mesmo é a fórmula mágica para ver o mundo sob um prisma mais positivo.

E dentro desse processo de autoanálise, o profissional de comunicação tem que aprender a lidar com as ferramentas, técnicas e ciências disponíveis para refratar comportamentos negativos e indesejáveis.

Então por que não fazer o devido uso dos conhecimentos disponíveis para melhorar nossa comunicação intrapessoal e, automaticamente, aperfeiçoar o nosso relacionamento com o mundo? Conhecimento sem ação não gera solução.

Portanto, não adianta ler bibliotecas inteiras, ter MBAs, pós-graduação, doutorado e outros títulos se não tiver a pedra fundamental, a base de tudo, o alicerce mais importante.

E para quem acha pouco, basta pensar que é manco trabalhar a comunicação como uma questão maior sem levar em conta o desenvolvimento pessoal e das equipes de toda a corporação. O intercâmbio com os profissionais de Recursos Humanos é obrigatório e salutar para o bem das organizações e um futuro mais competitivo por parte de nossas empresas.

Sem contar o fortalecimento da cidadania e do país.

Autor: Laércio Pimentel 

 Publicado em: 03/08/2011. no site: www.qualidadebrasil.com.br

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

ENTENDENDO UM POUCO MAIS SOBRE OS HÁBITOS




Por Sonia Jordão

O Programa 5S’s é uma ferramenta da qualidade que visa à mudança de hábitos pessoais, em prol da melhoria do ambiente de trabalho e da saúde física e mental das pessoas. Para entender como o Programa funciona, é preciso, além de entender e vivenciar cada um dos seus cinco “S”, saber um pouco mais sobre o que são os hábitos.

É comum ouvirmos frases como “Fulano tem o hábito de...” ou “Isso é questão de hábito.”. Mas o que vem a ser, afinal, “hábito”? O termo “hábito”, do latim “habitus”, está associado ao comportamento que aprendemos e repetimos, sem que para isso tenhamos que pensar para realizá-lo. Ele é composto por nossos costumes, nossa maneira de viver, nos comportar e agir.

É graças ao hábito que não precisamos pensar toda vez que damos um passo para andar, pois ele faz com que determinadas ações sejam automáticas. Sem ele, teríamos sempre que aprender a falar, andar e trabalhar, por exemplo. Até mesmo nossas preferências alimentícias são questões de hábitos. A criança que durante a infância é incentivada pelos pais a comer verduras, legumes e frutas, será um adulto consumidor desses alimentos. Aquelas que não tiveram esse incentivo, dificilmente serão apreciadoras desses tipos de alimentos. É tudo uma questão de hábito.

E, se tudo é questão de hábito, como, então, os adquirimos? A criação de hábitos está associada a alguns fatores como a repetição, a atração, o interesse, a conformidade com a natureza, aos intervalos, a maturação e aos testes e erros.

A repetição é uma forma de treinamento, em que o maior ou menor grau de perfeição de um ato dependerá da frequência em que o praticamos. A repetição faz com uma ação persista e seja mais facilmente executada, tornando-se um hábito.

O fator da atenção é de extrema importância para a aquisição de um hábito. Além de repetirmos uma ação, temos que ter atenção para selecionar os movimentos que nos serão úteis, organizá-los e intensificar o nosso interesse.

O interesse será o nosso combustível para nos habituarmos mais rapidamente a uma situação ou ação. Motivação, desejo e ambição são fundamentais para que possamos adquirir os hábitos desejados.

A conformidade com a natureza garante que o hábito desejado esteja em acordo com as nossas exigências naturais. Podemos, por exemplo, ficar horas sem beber água, mas não conseguimos criar o hábito de viver sem água, pois ela é fundamental para mantermos uma boa saúde e qualidade de vida.

O fator dos intervalos determina que devemos realizar atividades com intervalos programados para melhor aprendermos ou adquirirmos um hábito. Para nos habituarmos a frequentar a academia, por exemplo, começamos com exercícios mais leves e com intervalos determinados entre uma atividade e outra. Só depois de nos habituarmos e melhorarmos o nosso condicionamento físico, é que os exercícios aumentam e o intervalo entre eles é modificado.

A tentativa e o erro são características que fazem parte de nossa vida desde que éramos bebê. É comum criarmos hipóteses e testá-las. O erro nos permitirá crescer, pois teremos que pensar em uma nova hipótese e testá-la novamente, até que ela esteja correta. Diante do acerto, vamos criando pequenos hábitos até que haja a fixação deste. Por exemplo, o recém-nascido não sabe falar, para conseguir o que deseja ele testa hipóteses até que o seu desejo seja atendido. O choro é uma dessas hipóteses que deu certo, já que diante dele há a presença de um adulto, geralmente a mãe ou o pai, que verifica a necessidade da criança.

O fator maturação é o tempo adequado para adquirir um hábito. Antes ou depois desse tempo é difícil que consigamos adquirir um novo hábito. Quando falamos que uma pessoa é “cabeça dura” ou que ela nunca muda é por causa desse tempo de maturação. Seus hábitos já estão enraizados, dificilmente ela os mudará ou irá adquirir novos.

Depois que adquirimos uma série de hábitos, eles podem ser enquadrados em algumas categorias. Temos os hábitos orgânicos, que garantem a nossa adaptação a novos ambientes; os hábitos motores, que estão relacionados a nossa personalidade, a nossa forma de agir, falar, andar e escrever, por exemplo, e até aos nossos tiques nervosos; e os hábitos mentais, determinam a nossa forma de pensar e de sentir, como os hábitos de agir com ética e de sempre cumprimentar um conhecido.

Bom, não se esqueça de algo importante: os hábitos podem ser mudados. Novas situações podem exigir novos hábitos e atitudes. Sem falar naqueles que são desagradáveis e prejudiciais que precisam ser mudados para que possamos ter um convívio melhor com as pessoas que nos cercam.

Sonia Jordão é especialista em liderança, palestrante, consultora empresarial e escritora. Autora do livro “A Arte de liderar – Vivenciando mudanças num mundo globalizado”, e dos livros de bolso “E agora, Venceslau? – Como deixar de ser um líder explosivo” e “E agora, Lívia? – Desafios da liderança”.

Sites: www.soniajordao.com.br, www.tecernegocios.com.br, www.umnovoprofissional.com.br, www.tecerlideranca.com.br, www.editoratecer.com.br.
e-mail: contato@soniajordao.com.br

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

SCHLOCK, UM JEITO NOVO DE VIVER?




Por Ivan Postigo

Será possível que um dia as pessoas passem a comprar produtos com funções as quais sequer sabem sua utilidade, sem idéia como usá-las, ainda que o objetivo principal da compra não seja atendido?

Parece loucura? Não na opinião de Mattew E. May que nos lembra: “Nosso celular tira fotos, manda mensagens, grava vídeos, toca músicas, mas quando se trata de sua principal função que são as ligações”...

E reforça que a questão se torna perturbadora por tolerarmos o fato, aguardarmos novos modelos, comprando, descartando o antigo, ainda que o novo não seja melhor, apenas mais barato e complexo.

Os debates e discursos sobre excelência em qualidade destacam que esta gera vantagens competitivas, e separa os líderes de seus seguidores, incentivando empresas e empresários a abandonarem a mediocridade - a insignificância -, mas estará o consumidor, realmente, interessado nisso?

A inundação de mercados com produtos ruins tem mostrado outra realidade: a de que empresas estão lucrando com péssima qualidade!

Diziam meus avós, quando nos pegavam com comportamentos desleixados, que fazer bem feito e mal feito leva o mesmo tempo. Parece que os conceitos estão mudando: dois mal feitos superam um bem feito, desde que o objeto requerido para a troca seja menor. É ruim? Sim, mas é barato!

Estaria a excelência em qualidade ingressando na lista das virtudes a caminho da extinção? Deixaremos, um dia, a caixa de pandora escancarada, para que a única coisa que ali ainda resta, a esperança, escape de vez?

Nossas empresas estão, realmente, voltadas à constante busca da melhoria, do aperfeiçoamento ou consideram isto demasiadamente trabalhoso e sem valor? Quantas, definitivamente, podem contar com o comprometimento de seus gestores, com trabalho duro, demorado, exaustivo, assumindo riscos?

É importante que o avaliador esteja atento à regra estabelecida pelo avaliado: “Diga como serei avaliado e agirei como tal.” Por que razão alguém correria riscos, arriscaria a carreira, se é mais fácil seguir?

O que determina a recompensa dos gestores na sua empresa, o lucro imediato ou a construção do futuro?

Criativo o homem sempre foi, arrojado às vezes, sensato nem sempre!

Romântico, determinado, Collins P. Huntington, fundador da Newport News Shipbuilding and Company Drydock, que se tornou o maior estaleiro de propriedade privada nos Estados Unidos, disse: “Construiremos aqui bons navios, com prejuízo se necessário, mas sempre bons navios”.

No outro lado da moeda temos a praticidade, alimentada pela chama da pressa, que cria um novo conceito: Schlock!

Schlock é uma palavra inglesa, com origem no iídiche, que pode ser traduzida como algo inferior, de má qualidade, barato.

Este conceito o vejo mais forte e com maior amplitude do que descartável, pois não estamos falando apenas de produto, mas de um jeito ver, de ser, de estar conectado com tudo que nos cerca, provocando atitudes, atraindo seguidores.

Contraditório, o homem nos provoca:

O paradigma é a sustentabilidade!

O paradoxo é como ser Schlock com sustentabilidade?

Um conceito que veio para ficar ou também será descartável?


Ivan Postigo é Diretor de Gestão Empresarial da Postigo Consultoria Comunicação e Gestão. Articulista, Escritor e Palestrante.
www.postigoconsultoria.com.br

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Como lidar com o impulso consumista



Além do novo cenário econômico, no qual ganhamos poder de consumo, há a questão do estímulo generalizado pela mídia. A receita é organizar o orçamento e planejar.

Nos dias atuais, mal satisfazemos uma vontade, um desejo e já arrumamos outro. O desejo pela aquisição de um determinado produto ou serviço pode ser mais ou menos relevante em relação a outro, mas a necessidade de comprar, de adquirir e conquistar estão sempre presentes e elas podem servir de motivação ou virar frustrações, quando não saciadas.

Nesse sentido, a organização do orçamento familiar, além de ajudar na saúde financeira da família, pode evitar frustrações.

Dificuldade de organização


Segundo a psicóloga Aridinéa Vacchiano, as famílias têm dificuldade em realizar o orçamento familiar por questões culturais. "A estabilidade da nossa moeda é algo recente. Até então não se tinha o hábito de pensar no futuro, pois não havia a garantia do retorno gerando uma ansiedade grande e uma necessidade de se tirar proveito máximo do momento presente", comenta.

Para a profissional, além do novo cenário econômico há a questão do consumismo, estimulado o tempo todo pela da mídia. Tal combinação não favorece a organização do orçamento familiar e tampouco o planejamento.

Frustração


A viagem tão sonhada, o carro novo, a reforma da casa ou a compra de um eletrônico. Nada disso foi possível de ser realizado, ou pior, até foi concretizado, mas, agora, a família carrega dezenas de parcelas e vive com a corda no pescoço, pois a renda da casa não dá conta de pagar todas as dívidas. Situações assim são frustrantes.

"Hoje, a frustração é algo insuportável, pois o tempo todo nos dizem que podemos comprar na hora que queremos. O crédito está ao alcance de todos de maneira facilitada. As pessoas são criadas achando que podem tudo. Os pais querem dar tudo aos filhos", afirma Maria Angélica, coordenadora de psicologia da Unisuam.

Angélica chama atenção para o fato de que, em geral, as pessoas sentem mais a frustração quando percebem que não podem pagar as dívidas assumidas. "É a dívida que gera o estresse, é quando a pessoa se dá conta dos exageros", comenta.

Motivação

E é justamente o estresse que pode se tornar um fator motivador. A pessoa vive uma tensão e por meio dela busca soluções, motivos para reverter situações não confortáveis. Em geral, a palavra estresse carrega sentimentos negativos, mas sendo uma tensão controlável é possível transformar a ansiedade e gerar mudança de comportamento.

Foi o que aconteceu com o universitário Paulo Renato Teixeira. "Sempre vi meu irmão mais velho poupando e abrindo mão de certas coisas para juntar dinheiro para comprar seu próprio carro. Quando ele fez 18 anos, comprou um. Eu não era assim. Torrava todo o dinheiro do estágio e da mesada", comenta.

Renato dependia da boa vontade dos pais para poder sair de carro. "Quando me vi nessa situação tive um misto de sentimentos: inveja, raiva e frustração. Me senti infantil. Depois que assimilei a situação resolvi mudar. Comecei a juntar e pensar nos gastos. Como o estágio de engenharia remunera bem melhor que o da época da escola consegui juntar uma grana e dei uma boa entrada. Estou de carro, claro, com parcelas, mas a serem pagas em um prazo não muito longo", conta orgulhoso.

Mas para Aridinéa, o caso do estudante é raro. A profissional acredita que a frustração provoca uma crença negativa. "É difícil uma pessoa vencer uma frustração sozinha, pois ela passa a crer realmente que é incapaz de conseguir. Com um acompanhamento profissional será mais fácil reprogramar esse sentimento, ficará mais fácil para o paciente se enxergar sob outra ótica, mais positiva", orienta a psicóloga.


Do site: www.previ.com.br


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vida que segue


Há alguns anos perdi meu pai, vitimado que foi por um câncer nos pulmões.
Logo ele, não fumante e sem qualquer indício clínico de enfermidade. A
doença evoluiu silenciosa, sendo diagnosticada tardiamente, já em fase de
metástase. Lutamos bravamente por quatro longos e intensos meses, com uma
esperança incontestável. Ao final, restou-nos o consolo de que seu
sofrimento fora breve.

Não estamos habituados a perdas, sejam elas materiais ou não. Querer e não
poder é desagradável, mas ter e perder é doloroso. Isso vale para dinheiro
no bolso, um cargo executivo, uma partida jogada ou um amor que de despede.

Contudo, o fato é que no decorrer de nossas vidas, na medida em que
amadurecemos, acumulamos conquistas e desilusões. E a experiência nos ensina
a capitular de cabeça erguida, a aceitar algumas derrotas sem arquear os
ombros, a sofrer com sabedoria. Aprendemos que somos capazes de caminhar sem
pernas e voar sem asas.

Meu pai faleceu em um dia 21 de novembro. Foi sepultado no dia 22 e, na
manhã seguinte, minha filha Liz nasceu. Em menos de 48 horas convivi com a
tristeza e a alegria, a dor e o deleite, o choro e o riso.

Em seus últimos meses, meu saudoso pai fez questão de me presentear com mais
alguns ensinamentos. Assim, quando já debilitado fisicamente não mais
conseguia caminhar com suas próprias pernas, e eu tinha que ampará-lo, era
como se prenunciasse os dias futuros em que ensinaria minha filha a
caminhar. Também tive que ajudá-lo a tomar banho, assear-se, vestir-se e
alimentar-se, tal como faria dias depois com um recém-nascido.

Disse Vinícius de Moraes: "Para isso fomos feitos: para lembrar e ser
lembrados; para chorar e fazer chorar; para enterrar nossos mortos. Por isso
que temos braços longos para os adeuses, mãos para colher o que foi dado,
dedos para cavar a terra...".

Vida que parte, vida que chega, vida que segue.


* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em
15 países. É autor de "Sete Vidas - Lições para construir seu equilíbrio
pessoal e profissional", pela Editora Saraiva, e coautor de outros quatro
livros. Contatos através do e-mail 
tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: 
www.tomcoelho.com.br e  www.setevidas.com.br.



Recebido do autor por e-mail









segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Identidade e autoestima



Durante as minhas aulas de Empreendedorismo e Inovação tenho procurado estimular os alunos a repensar o seu papel no mundo. Parto sempre do pressuposto de que cada pessoa possui um talento único e a criatividade é exclusividade do ser humano, portanto, o ideal seria escolher, por livre e espontânea vontade, o que se quer fazer na vida de acordo com o dom principal que lhe foi conferido.

Aliado a isso, vive-se num mundo recheado de oportunidades e, mesmo sendo influenciados pelos nossos modelos mentais, ainda temos a possibilidade de avaliar diferentes visões e histórias que podem nos remeter a uma ideia própria. O que nos falta é coragem para aceitar a vocação e fazer dela a nossa fonte principal de felicidade.

Durante a infância ou a adolescência são poucos os que conseguem se livrar das amarras que o Educador Físico Nuno Cobra chama de “tripé da anulação” - religião, escola e família. Essas três entidades universais, de uma forma ou de outra, influenciam a conduta, as ideias e as escolhas das pessoas tornando-as frágeis e inseguras.

Assim sendo, por mais que você tente ser autêntico, seu comportamento é moldado pelas ideias, histórias, cultura e a própria história pessoal dos seus pais, professores e educadores religiosos. Carregados de boas intenções, imaginam estar pensando o melhor para nós sem nos perguntar se queremos ou não.

Por que razão estou lhe dizendo tudo isso? A procura da verdadeira identidade é uma das questões mais angustiantes para o ser humano. Não é fácil encontrá-la, saber quem você é de fato, o que você faz ou o que você veio fazer por aqui.

Isso nos perturba durante muito tempo e consome boa parte da nossa energia. Por esse motivo, tentamos provar o tempo todo o quanto somos bons, autênticos, capazes de realizar algo diferente ainda que não sejamos tão capazes assim. É a nossa máscara social. Não somos assim, mas fazemos de conta.

A necessidade de autoafirmação do ser humano é uma constante. Para se posicionar na sociedade, ser valorizado, ser reconhecido e sentir-se importante de alguma maneira, abre-se mão das próprias ideias e, em muitos casos, dos valores. Ser autêntico é remar contra a corrente e o sacrifício nem sempre compensa. Tem muito a ver com a autoestima do ser humano.

A necessidade de ser aceito em casa, na escola ou na empresa o faz buscar sentido nas coisas mundanas, tais como roupas de grife, cargos importantes, quinze minutos de fama, bens e dinheiro. Em muitos casos, as pessoas buscam sentido nas drogas e nos remédios. É a total ausência de identidade.

Isso não é bom nem ruim. Depende de quão escravo você se torna dos pensamentos, dos estilos de vida e dos padrões de comportamentos alheios para os quais você não foi preparado e, na maioria das vezes, não possui o conhecimento necessário nem o suporte financeiro para acompanhar.

Apesar de eu já ter escrito sobre isso, esqueça um pouco essa questão da autenticidade. Para muitos, ser autêntico significa ser direto, por vezes grosseiro, individualista e fora do padrão. O que você deve buscar com frequência é a sua própria identidade suportada por uma imagem que não lhe cause desconforto.

De acordo com Nathaniel Branden, psicólogo e autor do best seller Como aumentar sua autoestima, a autoestima não é o êxito, mas uma série de condutas virtuosas. Ele define os seis pilares da autoestima da seguinte forma:

Consciência: preste atenção ao que acontece, ao que experimenta e ao que faz, sem esquecer o contexto no qual surgem os sucessos, as experiências e as ações.

Aceitação: reconheça os próprios pensamentos, emoções e ações, sem evasões nem repúdios; observe-se com equanimidade, sem aprovação nem condenação.

Responsabilidade: compreenda que você é o autor das suas próprias escolhas e ações e também responsável pela própria vida e pelo bem-estar. Responda conscientemente aos desafios da vida.

Assertividade: seja autêntico no trato com os outros, recuse-se a negar a o que você é (ou avalia ser) para ganhar a aprovação alheia. Esteja preparado para defender os próprios valores e ideias.

Propósito ou Intenção: identifique objetivos de curto e longo prazos e as ações necessárias para atingi-los. Monitore as ações para garantir o êxito e se manter na rota.

Integridade: viva em consonância com aquilo que sabe e professa. Diga a verdade, honre os compromissos e exemplifique, com ações, os valores que sustenta.

Parafraseando Fredy Kofman, autor de  Metamanagement, “Como seres humanos, não podemos ser mais nem menos. Viemos ao mundo por graça divina, não por mérito ou algo parecido, portanto, para ter acesso ao nível essencial – o espírito da autoestima -, é necessário investigar profundamente a identidade, ou seja, quem você é e quem você acredita ser.”

Por fim, lembre-se que para preservar a identidade e a autoestima não basta ter sucesso apenas uma vez; é preciso repetir o sucesso com frequência. Sem consistência e disciplina não há identidade nem autoestima que resistam à pressão do mundo atual.

Pense nisso e seja feliz!

Autor: Jerônimo Mendes

Publicado em: 08/08/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br


domingo, 21 de agosto de 2011

Auto Confiança


   
  
O nosso planeta está em constante mudança desde a sua criação, e nós seres humanos não podemos ficar parados, ou acomodados esperando as coisas virem em nossas mãos.

Temos como exemplo dois casos: de uma geração onde as crianças e jovens conseguiam as coisas facilmente, pois os pais davam total atenção em tudo que solicitassem. Ou aquelas crianças e jovens que nada tinham de seus pais e ficavam a espera de ajuda, ou parados. Na realidade nos dois casos a geração não estava se adaptando a mudanças, não estavam evoluindo.

Muitas vezes não sabemos lidar com nossas frustrações, e não nos ensinaram que a vida não é fácil.

A humanidade deve se adaptar as mudanças sendo elas agradáveis ou não, e os pais e professores , a própria criança, jovem e adulto são responsáveis por esta adaptação.

Enquanto vivermos em um ambiente físico e em sociedade  teremos alegrias, tristezas, angustias decepções e problemas.

Para evoluirmos devemos lidar com todos os desafios se quisermos entender e superar essas adversidades físicas, e é apenas através das dificuldades é que perceberemos exatamente o que elas representam.

Uma dificuldade que afeta o desempenho do ser humano, levando-o a crises,estresses, vícios, doenças e a falta atitude ética para com seus semelhantes e a sociedade  é o “medo da falta de habilidade”.

O “medo da falta de habilidade” é o fator essencial na “falta de confiança”.

Um exemplo é quando um empreendimento de grande importância apresenta uma grave problema no seu desenvolvimento devido a falha de um indivíduo e esta falha apresenta como resultado que este individuo  se torne incapaz de concluir o empreendimento e que lhe falte a necessária autoconfiança para submeter-se  a um projeto semelhante no futuro.

Algumas pessoas são mais sensíveis emocionalmente do que outras e nunca poderão submeter-se a qualquer projeto que necessite muita capacidade ou talento, para isso a pessoa deve ter uma atitude honesta quanto as suas decisões e saber até onde pode chegar.  

Se tiver por alguma atitude impensada ou inconsciente adquirido este sentimento de inferioridade, segue algumas recomendações para superar e dominar este sentimento de inferioridade e ter potencial para o sucesso:

1º) Aplicar o que conhece e domina.

2º) Evitar a submeter-se a projetos complexos para os quais a pessoa não tenha a experiência necessária ou as quais não lhes são familiares.

3º) Começar com desafios bem simples, dominá-los e assegurar a si mesmo de ser capaz. Com o sucesso em qualquer coisa surge o orgulho pessoal e o desejo de sustentar este orgulho com novos empreendimentos.

4º) Dê um passo de cada vez e não tenha vergonha de sentir-se menos capaz do que qualquer outra pessoa. Em todas as etapas da evolução sempre haverá aqueles que estão acima de nós possuindo mais capacidade e experiência.

5º) Cada empreendimento de sucesso infunde um pouco mais de confiança e em cada pequena realização há uma contribuição à confiança geral que você está procurando.

6º) Devemos aceitar que nenhum ser humano é sempre bem sucedido. Se assim não fosse o que conquistaríamos no nosso planeta terra. Estamos neste planeta para evoluir e isto implica em grandes erros e falhas.

7º) Agradeça emocionadamente cada vitória, por mínima eu seja, mas não procure o impossível.

8º) Antes de ir dormir, com toda a humildade em forma de oração diga as seguintes palavras:

“Tenho força física e mental, tenho o desejo de prosseguir o que quer que possa surgir para dominá-lo, e ser bem sucedido em cada empreendimento que eu me empenhe com determinação.

Sei que o que procuro conquistar não é apenas para meu próprio benefício, mas também para o bem dos outros.

“Deus de minha compreensão", assegure-me a continuar tendo forças para ver meus empreendimentos se concretizarem e me dê o discernimento para escolhê-los com sabedoria.

Eu tenho a força eu tenho o desejo, não vou me entregar.

Que este pedido, esta oração fortaleza a resolução do problema para eu poder ver as coisas se solucionarem satisfatoriamente”     

Este texto colabora para melhorar a Qualidade na educação infantil e de geração, independente de classe social, raça e cor, assim como nas empresas que saberão avaliar e correr riscos e nos seres humanos que perderam sua auto estima voluntária ou forçadamente.

Autor: Darcio Calligaris 

Publicado em: 05/08/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

sábado, 20 de agosto de 2011

A inteligência das Relações Humanas

   

Muito se fala sobre a inteligência no relacionamento, mas  ainda não me senti á vontade para interligar inteligencia e relações humanas.

Afinal, inteligência: capacidade mental de...raciocinar, analisar, resolver, compreender ideias, aprender..... encaminha minha compreensão para uma atividade intelectual, cerebral.

Mas o cérebro, ora o cérebro, não cria nada!

O cérebro operacionaliza o composto de nossas crenças, aquelas que guiam as nossas escolhas (sempre que podemos).

E essa é a nossa formação. Uma frase antiga me remete a esse pensamento: “a criança é filha da mãe, do pai e do meio”.

Esse sim, o meio, tem importância superlativa na formação da visão da realidade e da nossa impressão sobre os outros. Isso forma o nosso Eu, evidentemente que com boa carga de influencia do nosso código genético.

A conceituação da inteligência, conforme Goleman, ou Gardner (das sete inteligências) são indispensáveis, mas precisam ser complementadas por outros enfoques como espelha a frase:  “a teoria dos complexos é uma teoria de relacionamentos interpessoais, bem como de relacionamentos Intrapsíquicos” de Carl Gustav Jung.

Ou seja, a qualidade das nossas relações depende muito de nossa relação conosco.

Talvez seja necessário menos inteligência e mais vigilância e respeito.

Para reforçar esse ponto quero relembrar da passagem ocorrida há tempos atrás nas Olimpíadas de Seattle quando oito concorrentes, jovens deficientes mentais, largaram juntos para a corrida de 100 metros rasos. Um deles tropeçou e caiu, logo depois da largada.

Todos pararam e olharam para trás. Voltaram, levantaram o menino que havia caído e foram, juntos, até o final.

Houve inteligência nesse ato? Ou houve respeito e humanidade.

Ou talvez inteligência mesmo, mas um tipo muito especial de inteligência onde o outro é fundamental na nossa vida. Quando nos preocupamos com os outros tanto quanto nos preocupamos conosco.

Isso poderia explicar muitos fatores que, hoje, tornam determinantes fatores como a ecologia, a sustentabilidade, comunidade e o futuro de nossos descendentes. A negação do egoísmo e da solidão, mesmo acompanhada. A verdadeira visão de mundo. Do mundo de amanhã.

Os poetas cantam: "Tudo que existe existe talvez porque outra coisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo..." (Fernando Pessoa).

E os cientistas afirmam: “A autoidentidade é uma abstração. A autoidentidade depende do outro!”  (Ronald Laing - psiquiatra)

E, para complementar dizem os filósofos “Para saber uma verdade qualquer a meu respeito, é preciso que eu passe pelo outro“ (: Jean-Paul Sartre)

Enfim, minha expectativa é a de que consiga me ver nos outros e, dessa forma, interagir, isto é, agir junto. Mas com a emoção, esse sentimento ainda tão banido das nossas relações profissionais.

E para finalizar, novamente Jung: “domine todas as técnicas, conheça tudo que puder, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas uma outra alma humana". Em suma, nas questões de relacionamento talvez a palavra não seja aprender ou mesmo desaprender, mas sim “desprender”. Soltar amarras e exercitar um desprendimento para pensar o coletivo, olhar o outro e buscar fazer juntos, para todos.


Autor: Bernardo Leite Moreira 

Publicado em: 04/08/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Manipulamos lembranças para evitar sofrimento


 
Do site: www.mentecerebro.com.br, em 01 de agosto de 2011

Experiências desagradáveis parecem mais intensas se sabemos que a situação poderá se repetir

© drafter123/istockphoto

Nossas expectativas para o futuro podem mudar a forma como nos lembramos do passado? Segundo estudo publicado pelo Journal of Experimental Psychology a resposta é sim: lembramos experiências desagradáveis com mais intensidade se sabemos que a situação poderá se repetir. Pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia, e da Universidade de Nova York desenvolveram sete experimentos para avaliar como os planos das pessoas moldam suas recordações. Em um dos testes 30 voluntários foram expostos ao ruído de um aspirador de pó por 40 segundos. Em seguida, os pesquisadores disseram a 20 participantes que o estudo seria repetido. Aos demais foi informado que o trabalho havia terminado. Após essas orientações os voluntários deveriam classificar seu nível de irritação em relação ao ruído. Todos os que esperavam ouvir o barulho novamente o consideraram mais desagradável. Os outros seis experimentos, que também envolveram estímulos incômodos, levaram aos mesmos resultados.


O psicólogo comportamental Jeff Galak, da Universidade Carnegie Mellon, sugere que essa forma negativa de evocar um acontecimento seja uma maneira de amenizar o sofrimento futuro. Os pesquisadores acreditam que entender esses mecanismos pode ajudar em casos de transtorno de estresse pós-traumático.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Três meses para formar um hábito

Do site: www.mentecerebro.com.br
Deixar de repetir o comportamento por um ou dois dias não invalida o processo, desde que em seguida a atividade seja retomada

© Kzenon/Shutterstock

Hábitos consolidados demandam pouco esforço consciente: agimos sem nem mesmo nos dar conta de grande parte das coisas que fazemos. Mas criar um comportamento novo não é assim tão fácil. Cientistas e mesmo a maioria das pessoas sabem que introjetar condicionamentos requer tempo e insistência. O que ninguém sabia era quanto tempo esse condicionamento exigia. Em busca dessa resposta, a psicóloga Phillippa Lally, da Universidade College, de Londres, pediu a 96 alunos de graduação que adquirissem um hábito em 12 semanas repetindo diariamente um comportamento saudável, como beber uma garrafa de água durante determinado período. Os resultados, publicados em European Journal of Social Psychology, sugerem que os hábitos precisam de muito mais tempo para se instalar do que pensavam inicialmente os pesquisadores: em média três meses, mas esse tempo pode ser bem maior, dependendo da pessoa e do hábito que se deseja adquirir. Outra constatação do estudo ajuda a diminuir o desconforto daqueles que querem adquirir comportamentos mas eventualmente interrompem o processo de condicionamento: deixar de repetir a tarefa por um ou dois dias não invalida o processo, desde que em seguida a prática seja retomada com regularidade.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A paixão diagnóstica


O ato médico considera que a formação em medicina oferece tanta qualificação em psicopatologia quanto a de psicologia habilita à interpretação de exames de fezes
por Christian Ingo Lenz Dunker

gonçalo viana (ilustração)

Tramita na Câmara Federal o projeto de lei 268/2002, que estabelece as prerrogativas do ato médico. Se aprovado, entre outras disposições ficará estabelecido que toda forma de tratamento psicológico deve ser preliminarmente indicada por um médico. A exclusão atinge nutricionistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e demais profissionais não médicos da saúde. O raciocínio baseia-se na ideia de que apenas a formação médica habilita alguém a realizar um diagnóstico nosológico, ou seja, a determinação de uma doença definida como “cessação ou distúrbio da função do corpo, sistema ou órgãos, caracterizada por no mínimo dois dos seguintes critérios: agente etiológico conhecido; grupo identificável de sinais e sintomas e alterações anatômicas ou psicopatológicas”. O argumento presume que o diagnóstico justifica a indicação de tratamento. O texto do projeto esclarece que ele não afeta outras formas de diagnóstico, como o psicológico ou o socioambiental.


O projeto é inaceitável em inúmeros sentidos, e a cláusula da exclusividade diagnóstica deve ser revista. A maior parte dos quadros psicopatológicos constantes na Classificação Internacional de Doenças (CID) ou no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM) pode ser facilmente objeto de investigação clínica, por quem quer que se dedique à matéria com rigor e método na disciplina clínica e universitária. Grande parte dos distúrbios, porém, não tem etiologia específica descrita e comprovada. Há ainda um truque deslavado de retórica falaciosa. O texto se refere a “dois de três critérios”, só que o terceiro é duplo: “alteração anatômica ou psicopatológica”. A presença da expressão alteração psicopatológica como condição de um diagnóstico nosológico denega que as doenças mentais sejam doenças como quaisquer outras. Onde estão os exames, os procedimentos e as análises laboratoriais que nos fariam comprovar etiológica ou anatomicamente as alterações de um transtorno como o bipolar, ou dissociativo ou uma anorexia nervosa? Qual especificidade semiológica dos sinais e sintomas psicopatológicos seria inacessível aos psicólogos? A formação médica mediana oferece tanta qualificação em matéria de psicopatologia quanto aquela em psicologia nos habilita a interpretar um exame de fezes. O terceiro arremedo sofístico e tautológico da questão aparece na distinção entre diagnóstico médico e diagnóstico psicológico. Ou seja, se está a separar o diagnóstico por quem o faz e não pela sua natureza mesma enquanto prática clínica. O paciente não sofre de um mal psíquico ou orgânico – ele sofre. A psicopatologia é a área que tem estudado esta forma específica de sofrimento há mais de um século. Confundir método com objeto é um erro imperdoável, principalmente quando se quer promulgar uma lei.


Este, contudo, é o ponto crucial da discussão. Como entender a tendência a reduzir toda forma de sofrimento ou mal-estar a um adoecimento que terá tratamento disciplinar, regulado pelo Estado e instrumentalizado pela sociedade civil? Se ainda não sabemos tratar o bullying, o fracasso escolar, as inadaptações e errâncias amorosas, a próxima versão do DSM pretende incluir a tensão pré-menstrual e o risco para a psicose, inaugurando assim a era do filme Minority report (de Steven Spielberg, de 2002, inspirado no conto de Philip K. Dick) em psicopatologia. Nem toda forma de sofrimento precisa virar sintoma para ser tratada. Nem toda forma de mal-estar precisa ser administrada por alguém para ser reconhecida.
Christian Ingo Lenz Dunker psicanalista, professor livre-docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)

Do site: www.mentecerebro.com.br

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Voz de locutor interfere em atividade cerebral dos ouvintes

Do site: www.mentecerebro.com.br
Compreensão de conteúdo é maior quando há uma fusão de pensamentos

© alias ching/shutterstock

Grande parte das pessoas distrai-se no meio das conversas, deixando de apreender várias sequências do que está sendo dito. Por outro lado, em determinadas situações não só armazenamos detalhes sobre a narrativa como até antecipamos certos acontecimentos. O psicólogo Uri Hasson, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, definiu a comunicação ideal como uma “fusão de pensamentos”, que pode ser comprovada por meio do mapeamento da atividade cerebral do ouvinte e do falante.


Para fundamentar sua hipótese, Hasson solicitou a uma aluna que gravasse algumas histórias simples, de seu dia a dia. Simultaneamente, registrou a atividade cerebral da jovem por meio de ressonância magnética funcional (TRMf, na sigla em inglês). Em seguida, 11 voluntários foram convidados a ouvir a gravação.


A análise dos dados demonstrou que, em vários pontos da narrativa, a atividade cerebral dos ouvintes foi muito similar à da voluntária que contou a história; foram registrados, em geral, apenas pequenos atrasos nessas similaridades, o que faz os cientistas pensar em uma espécie de resposta do cérebro dos ouvintes.


Algumas áreas, porém, foram ativadas antes – o que pode ser explicado, segundo Hasson, por previsões sobre a continuação da história. Após os registros da TRMf, os pesquisadores fizeram perguntas aos participantes sobre o que fora dito. Como esperado, quanto mais intensa a harmonia da atividade cerebral entre o falante e o ouvinte, maior a compreensão do conteúdo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A simbologia do som

Do site: www.mentecerebro.com.br
Pesquisadores buscam entender por que tendemos a achar que certas palavras “combinam” com objetos; a resposta pode estar na sinestesia
 
© MANSUROVA YULIA/Shuterstock

Durante muito tempo linguistas acreditaram que as palavras eram apenas coleções de sons – uma representação acústica que, em geral, tem pouco a ver com o seu significado concreto. No entanto, estudos recentes desafiam essa ideia: muitos sons parecem suscitar imagens em nossa mente, o que faz estudiosos acreditarem que, muitas vezes, associamos certos estímulos auditivos a percepções sensoriais. Seria o que o pesquisador Kita Sotaro, da Universidade de Birmingham, Reino Unido, chama de “simbolismo dos sons”. Ele acredita que alguns vocábulos evocam a ideia de beleza e maciez, por exemplo, enquanto outros despertam a ideia de aparência espinhosa, de gosto amargo ou de rapidez. Em todos esses casos, a “forma” do som está ligada aos nossos sentidos.


No século passado, um estudo realizado psicólogo alemão Wolfgang Kohler tornou-se clássico: ele apresentou a várias pessoas desenhos de duas formas sem sentido – uma, porém, tinha formas pontiagudas, e outra, linhas curvas – e pediu a voluntários que nomeassem as imagens de “takete” ou “baluba”. A maioria escolheu a primeira palavra para a forma “espetada” e a segunda para a curvilínea. O resultado sugere que alguns vocábulos “combinam” com aquilo que descrevem. A tese da existência de um simbolismo sonoro foi reforçada em uma série de estudos com crianças realizados por Susan Parault, então da Universidade de Maryland em College Park. Os neurocientistas Vilayanur S. Ramachandran e Edward Hubbard, ambos da Universidade da Califórnia, acreditam que a sinestesia (uma condição na qual as pessoas “misturam” estímulos sensoriais, como sons e imagens, tendo a impressão, por exemplo, de que certas palavras estão vinculadas a cores) pode ajudar a explicar por que muitos vocábulos se parecem (ou não) com aquilo que designam.

domingo, 14 de agosto de 2011

Pressão e Depressão


   
De acordo com o sociólogo Max Weber, autor de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, “O impulso para o ganho, a persecução do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro, não tem, em si mesmo, nada a ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu entre garçons, médicos, cocheiros, artistas, prostitutas, funcionários desonestos, soldados, nobres, cruzados, apostadores, mendigos etc. Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte e condições humanas em todos os tempos e em todos os países da Terra, sempre que se tenha apresentado a possibilidade objetiva para tanto.”

De fato, obter lucro, ganhar a maior quantidade possível de dinheiro, acumular patrimônio, levar vantagem sobre os concorrentes, inimigos, vizinhos ou colegas de trabalho são necessidades e aspirações do ser humano em qualquer lugar do planeta por questões antropológicas muito simples: sobrevivência e segurança. Entretanto, ainda que você consiga acumular uma soma considerável de dinheiro durante os primeiros trinta ou quarenta anos de vida, o apego excessivo ao dinheiro há de lhe tirar o sono durante os próximos cinqüenta se a sua fortuna não tiver sido construída com base em princípios, valores e virtudes universais.

A simples sobrevivência nos custa muito caro. Somos constantemente submetidos ao estresse, à pressão, ao enfrentamento de situações para as quais não estamos preparados. A cobrança é efetiva e surge de todos os lados, dos filhos, do cônjuge, da sociedade.  Em último caso, vem da nossa própria consciência, por tudo aquilo que pensamos fazemos errado e tudo que deixamos de fazer correto, se é que existe alguma coisa correta na face da Terra.

Somos criaturas de hábitos, segundo Aristóteles, e à custa de muita pressão acabamos sendo habituados a não resistir, a calar-se diante dos fatos, a imaginar que o mundo é como é porque não existe jeito de mudá-lo e que a vida é uma sucessão de erros e acertos que só termina quando a nossa própria existência terrena termina.

Karl Marx, o grande sociólogo alemão, considerava o trabalho a mola propulsora do desenvolvimento humano, ou seja, não existe homem sem o trabalho nem trabalho sem o homem. A eterna preocupação do ser humano com o ato de participar, ora por questão de sobrevivência, ora por questão de realização, faz com que “a maioria dos homens prefira a escravidão na segurança ao risco na independência”, nas palavras de Emmanuel Mouniere, o pai do personalismo.

A pressão no trabalho é praticamente irreversível e atinge todos os escalões da organização. Do porteiro ao presidente, a preocupação é a mesma. O que muda é o saldo na conta bancária e o nível de responsabilidade de cada um, porém, quanto maior o cargo, maior o orgulho, maior a queda. Ser presidente é fácil. Difícil é sustentar a posição no alto da colina sem ser bajulado, alvejado de críticas, invejado e pressionado de todos os lados.

No início das minhas palestras eu sempre faço uma breve pesquisa para saber quantos participantes estão felizes com o que fazem. Nunca comprovei um resultado superior a 50% de satisfação, sinal de que a maioria das pessoas está infeliz e, de alguma forma, pelo menos naquele instante, encontram-se no lugar errado, na empresa errada ou no cargo errado. A tecnologia e o conforto do mundo moderno não foram capazes de eliminar a eterna carência do ser humano nem a pressão cada vez mais assustadora por lucros e mais lucros.

Ganhar dinheiro é bom e necessário, mas o lucro deve representar um mínimo de dignidade. Lamentavelmente, em nome do lucro, a pressão torna-se o instrumento preferido dos líderes, dos acionistas, dos donos em geral como se isso fosse algo normal que qualquer profissional tem a obrigação de aceitar, afinal, quantos milhares dariam a vida para estar ali no lugar dele?

Em pleno Século 21, o forno de microondas faz sucesso na cozinha e a panela de pressão continua fazendo sucesso nas organizações, principalmente nas sociedades anônimas onde os donos são praticamente desconhecidos e o que conta mesmo é o valor das ações. Como a possibilidade de os acionistas se reunirem para discutir o significado da palavra dignidade é mínima, a pressão acaba incorporada naturalmente. Medo, insegurança, necessidade e responsabilidade acima de tudo afetam o moral dos profissionais que aceitam todo tipo de pressão enquanto não conseguem livrar-se das amarras do poder.

Quem não estiver contente pode escolher entre ir embora e mudar de emprego. Em nome do lucro tudo é permitido, pressão, humilhação, desvarios, rompantes, demissões aos montes, assédio moral, altos e baixos do presidente, dos acionistas, dos gerentes despreparados. Além disso, executivos e mais executivos trocados em curtos intervalos de tempo, cada qual com sua política mirabolante, cheios de promessas e formas completamente diferentes de pensar contanto que o resultado apareça e o valor das ações seja sustentado na Bolsa.

Milhares de reais investidos em treinamento não são suficientes para aplacar a voracidade do capital. Ao contrário, são investidos para a multiplicação do capital, portanto, as perspectivas de redução da pressão são pouco animadoras ainda que você mude de chefe, de emprego, de empresa ou de cidade, não importa o cargo nem o salário.

A pressão no mundo dos negócios é inevitável e alguns se arriscam a dizer que isso é bom, só não dizem para quem. Por trás de tanta pressão existe a depressão, aliás, uma é reflexo da outra. A depressão é o mal do século e apesar das recentes tentativas de melhoria do ambiente de trabalho através de treinamento, palestras, ginástica laboral e outros artifícios criados para enfeitiçar os trabalhadores, a realidade é cruel, porém somos impelidos a pensar o contrário. Basta ler uma revista de negócios e a impressão que você tem é a de que todo mundo está bem, menos você.

Segundo Albert Camus, grande filósofo francês, “não existe dignidade no trabalho quando nosso trabalho não é aceito livremente”, portanto, para evitar que você se torne a próxima vítima da pressão seguida de uma profunda depressão em nome do lucro, algumas atitudes são fundamentais para quebrar a ansiedade e reduzir a pressão imposta sobre seus ombros. Avalie e reflita:

    O mundo corporativo sobrevive sem você, portanto, trabalhe duro, mas não seja refém do trabalho; contribuir e fazer mais do que o normal não significa sujeitar-se à escravidão imposta pelo mercado ou pela incompetência superior;
    Tenha brio e amor próprio e nunca demonstre fraqueza diante da pressão; seja mais forte do que ela e imagine que é apenas uma condição transitória;
    Mude de emprego quantas vezes for necessário; apesar de não resolver o problema, uma nova perspectiva se abre quando você se propõe a mudar e acreditar num ambiente mais digno;
    Sorria, apesar de tudo. Sorrir descaradamente ameniza a pressão, fortalece o moral e reduz as chances de se tornar um deprimido comum.

Por fim, lembre-se: não há dinheiro no mundo que pague o ar de felicidade da família quando você entra em casa contente, disposto e sorridente depois de mais um dia extenuante de trabalho. Pense nisso e seja feliz!

Autor: Jerônimo Mendes 

Publicado em: 27/07/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

sábado, 13 de agosto de 2011

Organização Mundial da Saúde divulga estatísticas globais da depressão


Estudo envolveu 18 países; Brasil apresenta maior incidência do distúrbio entre os de baixa e média renda
 
© Marijus Auruskevicius/Shutterstock

“A depressão grave revela-se um problema de saúde pública em todas as regiões do mundo e tem ligações com as condições sociais em alguns países”. Essa é conclusão do relatório sobre o transtorno feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 18 países, de alta e de baixa renda, incluindo o Brasil. Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (26), em artigo publicado na revista BMC Medicine.


O estudo foi coordenado pelo sociólogo Ronald Kessler, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Segundo o relatório, aproximadamente 14,6% da população dos países com alta renda já teve depressão, com média de 5,5% no ano passado. Já entre o grupo de renda baixa e média, 11,1% das pessoas apresentou o distúrbio em algum momento da vida e 5,9% nos últimos 12 meses. A maior prevalência no ano anterior à pesquisa foi registrada no Brasil, com 10,4%, e a menor no Japão, com 2,2%. Além disso, os pesquisadores observaram que nos países mais ricos a idade média de início dos episódios de depressão é 25,7 anos, contra os 24 anos dos menos desenvolvidos. Ainda assim, nos países com alta renda os jovens são o grupo mais vulnerável. Já nos outros lugares os idosos mostraram maior probabilidade de ficar deprimidos. Nos dois grupos a separação de um parceiro foi o fator mais importante, a ocorrência foi duas vezes maior em mulheres e a incapacitação funcional mostrou-se associada a manifestações recentes de depressão.


Os dados referentes ao Brasil foram colhidos na região metropolitana de São Paulo, em 2009: 5037 pessoas participaram do estudo, que mapeou outros transtornos relacionados à depressão como ansiedade, pânico e fobias. Os resultados indicam que 44,8% dos paulistas já apresentaram algum transtorno mental, com frequência de 29,6% no ano anterior à entrevista. Segundo uma das autoras da pesquisa brasileira, Maria Carmem Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), as estatísticas podem ser úteis para a criação de políticas públicas de prevenção e tratamento específicas para cada população.
do site: www.mentecerebro.com.br

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Livre-se dos rótulos




O rótulo atribuído a uma pessoa, em forma de apelido depreciativo ou em forma de preconceito, é uma das coisas mais nocivas para o ser humano. Se as pessoas em geral tivessem a mínima noção do impacto provocado pelos rótulos negativos, elas seriam mais cuidadosas na transmissão da mensagem e, portanto, menos prejudiciais ao desenvolvimento alheio.

Você já notou que algumas atitudes isoladas tendem a ser reforçadas a partir de um comentário negativo? Vamos supor que num determinado momento você se recusou a ajudar um colega de trabalho pelo fato de estar muito atarefado e não poder ajudá-lo naquele momento. Por conta da pressão vivida naquele instante, você o fez de maneira mais ríspida e isso foi tomado como grosseria.

Naquele mesmo instante, o interlocutor saiu dali chocado e foi direto para a mesa do colega vizinho: - fulano é cara difícil, colaboração zero. Ao mesmo tempo, o outro retruca: esquenta não, ele é assim mesmo.

A partir desse momento, a tendência é a de que você seja rotulado como uma pessoa difícil. Por conta de situações semelhantes ocorridas em momentos diferentes, o evento ganha dimensão e velocidade impressionante, muito difícil de ser revertida.

Considerando a tendência natural das pessoas para o preconceito e o prejulgamento, aliado à sua incapacidade de absorver ou de se livrar do rótulo, a importância que você atribui ao fato determina a sequência dos acontecimentos futuros.

Questões para pensar: um simples evento, ainda que tenha ocorrido outras vezes, faz de você uma pessoa difícil? Será que a única coisa que eu consigo lembrar de você, a partir desse fato, é que você é uma pessoal difícil? Um simples deslize, cometido em determinado momento de tensão, faz de você uma pessoa difícil? Ser uma pessoa difícil é a única coisa que você consegue ser?

É bem provável que não. O bandido mais cruel de que você já ouviu falar carrega dentro de si traços de violência e indiferença, amor e compaixão. Você não acha isso contraditório? Como pode alguém ter sentido indiferença na hora de tirar a vida de outra pessoa e sentir-se arrependido depois?

De acordo com Randhy Di Stéfano, referência em Coaching no Brasil, pessoas rotuladas como “defeituosas” ou “difíceis” utilizam “estórias” saturadas de problemas para justificar a personalidade com base nos eventos ocorridos ao longo da sua vida. De fato, as pessoas se apegam em “estórias”, positivas ou negativas, para se posicionar ou explicar “quem elas são”.

Na prática, o que significa isso? O ser humano é fruto das suas estórias dominantes, ou seja, do condicionamento, das experiências negativas, dos modelos mentais e dos rótulos criados por outras pessoas em relação aos eventos em que ele viveu um momento de insatisfação ou infelicidade.

De maneira geral, as pessoas são bloqueadas pelo processo dominante saturado de problemas. Exemplos: 1) minha mãe repetia tanto que eu era burro na hora de fazer a lição da escola que eu passei a pensar que não seria capaz de realizar nada na vida; 2) eu não consigo deixar de comer doces porque minha avó fazia bolo todos os dias para a gente comer de manhã e à tarde.

Onde está o problema? Está no fato de você se apegar a um único evento ocorrido no passado e, por força de inúmeras circunstâncias alheias à sua vontade, tomar o evento como verdade absoluta. Quando isso acontece e você não faz nada para reverter a situação, acaba refém da estória dominante para o resto da vida.

A partir disso, torna-se mais fácil reclamar do que mudar, adotar a zona de conforto, colocar a culpa nos outros e deixar tudo como está. Talvez seja mais cômodo acreditar no que o seu vizinho infeliz afirmou há muito tempo atrás: - você não vai ser nada na vida. Diante disso, você não tem direito a reclamação.

Independentemente da sua idade, estudos comprovam que até os vinte e quatro anos de idade o ser humano já experimentou todas as sensações possíveis. O que muda são os fatos, mas as sensações já foram testadas. Isso significa que todos nós já fomos violentos, educados, maldosos, delicados, malandros, fofoqueiros, felizes e infelizes em algum momento.

Considerando que você já experimentou todas as sensações e, portanto, tem todas as histórias, significa que você tem jeito pra tudo. Você pode ser o que quiser, mas para obter sucesso na vida, será necessário se adaptar aos novos papéis que o sonho requer.

O sucesso de qualquer pessoa está diretamente relacionado com o papel que você exerce na sociedade. Você pode ser pai, mãe, filho, irmão, executivo, professor empresário ao mesmo tempo, entretanto, para cada papel você precisa de habilidades ou competências diferentes que você precisa adaptar ou adquirir para ser o melhor quer puder em cada um.

Se você tentar administrar uma família como você administra a empresa estará perdido. Se você quiser ser tratado pela esposa exatamente como era tratado pela mamãe, o casamento vai ser um desastre. Se continuar acreditando que não tem competência para ser empresário e ao mesmo tempo não buscar o conhecimento necessário para se tornar um deles, desejo-lhe boa sorte.

Portanto, cada vez que você for rotulado por alguém em alguma questão que coloque em xeque a sua capacidade de realização, pergunte a si mesmo: que estória é essa? Qual é a autoridade dessa pessoa? O que ela já fez ou deixou de fazer para rotular a minha forma de ser?

Você não consegue mudar o rótulo se não buscar ajuda e não tiver noção das qualidades ou características necessárias para cada papel que você representa na sociedade. Mudar de papel dói, mas não mudar o papel dói para o resto da vida.

Por fim, lembre-se: talvez a sua “estória” não seja a estória plantada pelos outros. Livre-se dos rótulos e analise profundamente em que tipo de pessoa você precisa se transformar para alcançar o seu objetivo e construir a sua própria história. Como diz o próprio Rhandy, “quando menos adaptado ao seu papel, maior o impacto negativo que você causa nas outras pessoas".

Pense nisso e seja feliz!

Autor: Jerônimo Mendes

Publicado em: 25/07/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br