sábado, 30 de junho de 2012

Efeito protetor do chocolate

Do site: www.mentecerebro.com.br

Estudo mostra que mães que consumiram o doce durante a gravidez tiveram bebês menos sensíveis ao estresse
 
©BRIAN GOODMAN/SHUTTERSTOCK

Comer chocolate é prazeroso — disso nem consumidores nem cientistas discordam. Agora, pesquisadores finlandeses descobriram que o doce age como protetor contra o estresse em bebês que ainda não nasceram. Mães que haviam consumido chocolate diariamente durante a gravidez, tiveram bebês mais ativos e felizes aos seis meses –  o resultado foi medido de acordo com a frequência dos sorrisos das crianças. Em filhos de mães estressadas, o efeito foi ainda mais evidente.

O corpo precisa de uma série dos aminoácidos para favorecer a ação dos neurotransmissores (responsáveis pela comunicação entre as células nervosas). O triptofano, por exemplo, é um dos componentes que atuam  na ativação da serotonina, molécula envolvida na regulação do humor. Níveis baixos da substância podem abrir o caminho para o desenvolvimento de distúrbios como depressão e ansiedade.

De fato, a administração de triptofano alivia sintomas depressivos. Quanto maior quantidade da substância no cérebro, mais serotonina é produzida. O aminoácido é encontrado em abundância na soja, castanha de caju e no pó de cacau não adoçado. No entanto, adicionar açúcar ao chocolate parece reforçar seus efeitos positivos. A mistura estimula o pâncreas a liberar insulina, facilitando o acesso do triptofano ao cérebro. Como resultado, os níves de serotonina aumentam e melhoram o humor.

Além do triptofano, os componentes anandamida e feniletilamina também aumentam o bem-estar. No entanto, a quantidade das substâncias presentes no chocolate são pequenas demais para ter um efeito perceptível. Os grãos de cacau contêm, ainda, cafeína, que provoca um efeito levemente estimulante e melhoram o ânimo.

No entanto, o psicólogo Peter Rodgers, da Universidade de Bristol, acredita que o desejo por comer chocolate, provavelmente, está muito mais ligado à psicologia alimentar do que às suas ações benéficas ao organismo: a substância parece não ter o mesmo efeito sobre o humor quando absorvidas de outros alimentos. O cientista acredita que a combinação entre o açúcar e a gordura presentes no doce (fonte de energia para o cérebro), têm um papel importante na sensação de prazer. Estudos demonstram que basta a visualização de uma barra de chocolate para ativar o sistema de recompensa cerebral.

Além disso, aprendemos a nos premiar ou nos consolar com o chocolate. Se a sensação de “felicidade” surge ao comê-lo, ela pode estar associado às nossas expectativas. No entanto, comer alimentos ricos em acúcar com frequência, pode acarretar uma série de consequências menos positivas, como sobrepeso e a diabetes. Em longo prazo e, associados a um estilo de vida sedentário, a gordura e o açúcar presentes no chocolate podem representar um importante fator de risco para a saúde e o bem-estar.

Exemplos e Opiniões


O mundo está repleto de opiniões, umas mais assertivas do que as outras.
Cada qual se preocupa em denotar a força de sua própria argumentação. Mas o
que precisamos verdadeiramente é de exemplos.


* por Tom Coelho

"Depois de escrever, leio... Por que escrevi isto? Onde fui buscar isto?
 
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu..."

(Fernando Pessoa)

À medida que um escritor vai criando intimidade com seus leitores, algumas
questões surgem com naturalidade. São perguntas que ora beiram o abismo do
interesse filosófico e conceitual, ora margeiam o precipício da mera
curiosidade pessoal. Algumas chegam de mansinho, escondidas num longo e-mail
contendo elogios e considerações diversas. Outras são aladas, chegam rápido
no rastro de Mercúrio e são diretas e objetivas.

Não posso furtar-me a responder a qualquer uma delas por um motivo muito
simples: sou eu o primeiro inquisidor que, atrevidamente, invade lares e
escritórios, ao alvorecer ou ao anoitecer, sem pedir licença, apresentando
ideias, convidando ao debate e instigando à reflexão.

Neste contexto, a pergunta mais recorrente tem sido: "Você é ou consegue ser
assim como escreve?".

Perguntas e respostas

Escrevo aquilo que penso sobre aquilo em que acredito. Fruto de muita
leitura, vivência e reflexão, escolho temas que me afligem a alma, pedindo
espaço para se manifestar, gritando pela liberdade e clamando por
alternativas e soluções. Manifesto meu ponto de vista e fico à espera de
comentários capazes de auxiliar-me a encontrar respostas. Tenho aprendido a
fazer as perguntas, talvez mais acertadamente. Porém quanto mais estudo,
quanto mais investigo, mais me sinto o próprio ponto de interrogação. E
desejo encontrar as respostas. Coletivamente.

Mas o que escrevo não corresponde com exatidão a quem sou. É uma cópia
melhorada, a projeção de quem desejo ser. Ao escrever, assino contratos com
o mundo e comigo mesmo. Isso gera comprometimento. E comprometer-se com o
que não se pode realizar gera angústia que, por sua vez, conduz à tristeza.
Como não estou aqui para ser triste, não vou estreitar propositadamente meus
caminhos para a felicidade. Desejo, pois, assumir o que se possa cumprir.
Melhor um resultado pequeno do que uma grande promessa.

Utopia

Fernando Pessoa disse que "o poeta é um fingidor". Rubem Alves diz que
"escreve o que ele não é". E ambos asseguram que é melhor não conhecer
pessoalmente o autor, sendo mais seguro ficar com o texto.

Penso diferente. Comecei a escrever como articulista, ou aquele que escreve
artículos. Transitei para a missão de cronista, versando sobre o cotidiano.
Quem se dá a este trabalho tem sempre alguma poesia dentro de si. Aí haverá
quem diga que poeta vive no mundo da lua, viajando pelo planeta dos sonhos,
na imaginária galáxia da utopia.

Pois digo que toda utopia é uma realidade potencial. E se escrevo sobre o
que sonho é porque sonho com o que escrevo. E que pode se concretizar. E que
fica mais concreto quando se põe no papel e se compartilha com o mundo, que
passa a sonhar junto.

O que escrevo é melhor do que sou hoje. É o que vou buscar. E quando melhor
pessoa eu for amanhã, novos escritos demandarão uma nova pessoa, ainda
melhor, num processo que não tem fim. Não sei onde foi o ponto de partida, e
não me interessa qual a estação de chegada. Bom mesmo é apreciar a paisagem
durante a caminhada. Observar os campos verdejantes e o orvalho na relva.
Sentir o brilho cálido do sol e a brisa refrescante acariciando a face.
Transpor as pedras, as valas e as pontes quebradas ou inacabadas que surgem
pelo trajeto.

A vontade é muito grande de tentar varrer o assunto, esgotar o inesgotável.
Sempre faltará um verso, uma frase ou uma assertiva qualquer, negligenciados
que são pela memória. Sou vários num só e aquele eu mais prático interpela o
meu eu mais sonhador quando uma lauda acaba.

Take home value

Há uma frase muito utilizada entre os economistas: take home value, ou
literalmente, "o valor que levamos para casa". Esta é uma tese que merece
atenção.

Quando você sai de sua casa para uma reunião, uma palestra, um encontro ou
qualquer outra atividade, o que você tira de proveito deste evento que lhe
possibilita retornar ao lar melhor do que quando saiu? Quais lições você
extraiu dos momentos que dedicou ao referido acontecimento? E o que você
legou às pessoas que estavam em sua companhia para também fazê-las melhores?

Madre Teresa alertava que não podemos permitir que alguém se afaste de nossa
presença sem sentir-se melhor e mais feliz. E não podemos admitir o mesmo em
relação a nós mesmos. Já Rimpoche dizia que "o melhor que podemos fazer por
uma pessoa é dar a ela a oportunidade de nos oferecer o que tem de melhor".

É o que procuro fazer a cada palavra. Elas não são escritas, mas desenhadas.
Não são digitadas, mas dedilhadas. Porque contêm carinho. Porque desejo
compartilhar até o que ainda não sou. Porque é como o pão que alimenta: o
melhor é sua partilha, sua divisão.

O mundo está repleto de opiniões, umas mais assertivas do que as outras.
Cada qual se preocupa em denotar a força de sua própria argumentação. O que
precisamos verdadeiramente são de exemplos. Fazer, praticar, aplicar. Não se
deve mudar de opinião se não se pode mudar de conduta. Mas se mudar for
possível, faça-o por você, pelos que o cercam e pela utopia de um mundo
melhor para se viver.

* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em
17 países. É autor de "Somos Maus Amantes - Reflexões sobre carreira,
liderança e comportamento" (Flor de Liz, 2011), "Sete Vidas - Lições para
construir seu equilíbrio pessoal e profissional" (Saraiva, 2008) e coautor
de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
<mailto:tomcoelho@tomcoelho.com.br> tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite:
<http://www.tomcoelho.com.br/> www.tomcoelho.com.br e
<http://www.setevidas.com.br> www.setevidas.com.br.

Recebido do autor, por e-mail

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Como ver um fantasma

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 25 de junho de 2012

A crença na paranormalidade é reforçada pelos mesmos mecanismos cerebrais que modelam a maior parte do pensamento e nos ajudam a tomar decisões no cotidiano

©BOGUSLAW MAZUR/SHUTTERSTOCK

por Richard Wiseman

Posicione-se diante de um espelho grande, a cerca de meio metro dele. A seguir, coloque uma vela ou uma luz fraca bem atrás de você e apague a luz. Depois de olhar atentamente para seu reflexo por cerca de um minuto, você começará a experimentar uma ilusão estranha. Em um estudo conduzido pelo psicólogo italiano Giovanni B. Caputo, da Universidade de Urbino, 70% dos voluntários viam o próprio rosto tornar-se terrivelmente distorcido e muitos tinham a impressão de estar se transformando em outra pessoa. Embora os pesquisadores não estejam certos sobre o que produz esse efeito, as condições de iluminação parecem impedir o cérebro de “juntar” os diferentes aspectos da própria face em uma única imagem.

Talvez você nunca tenha visto o rosto de Jesus Cristo num pedaço de batata chips, mas provavelmente já viveu alguma situação, fenômeno ou revelação improvável em algum momento. Muitos afirmam, por exemplo, que fantasmas existem ou que os sonhos podem ser premonitórios; outros tantos acreditam ter visto o rosto da Virgem Maria numa torrada e o da Madre Teresa num biscoito de canela. E, embora a maioria dessas crenças não se sustente racionalmente, são surpreendentemente comuns. Uma pesquisa de opinião pública realizada em 2005 mostrou que três em cada quatro americanos acreditam na existência de fenômenos paranormais. Outro trabalho revelou que um em cada três adultos afirma ter vivenciado uma experiência sobrenatural. A frequência desses relatos levou alguns psicólogos a se perguntar se mecanismos psíquicos poderiam sustentar essas convicções tão disseminadas.

A lista de fenômenos “estranhos” nos quais as pessoas creem vai muito além dos limites da evidência científica – incluindo telepatia, clarividência, previsão do futuro, controle da matéria pela mente e capacidade de se comunicar com os mortos. Psicólogos estão procurando compreender por que tanta gente acredita em manifestações que escapam à explicação lógica. E já descobriram que esse tipo de crença não é privilégio de um grupo seleto: todos nós estamos preparados para o sobrenatural. E, enquanto a ciência não apresenta provas definitivas, muita gente continuará a ver fadas escondidas entre flores. E quem garante que elas realmente não estão lá?

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Vários jeitos de ser

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 30 de maio de 2012

Muitos tímidos fogem da socialização, mas podem passar seus dias nos bastidores inventando coisas ou assumindo posições de liderança com uma competência quieta
 
© OLEG GOLOVNEV/SHUTTERSTOCK

Introvertidos não são necessariamente tímidos. Timidez é o medo da desaprovação social e da humilhação, enquanto a introversão é a preferência por ambientes que não sejam estimulantes demais. A timidez é inerentemente dolorosa; a introversão, não. Uma das razões pelas quais as pessoas confundem os dois conceitos é que muitas vezes eles se sobrepõem (apesar de psicólogos discutirem até que ponto). Algumas abordagens mapeiam essas duas tendências, definindo quatro quadrantes de tipos de personalidade: extrovertidos calmos, extrovertidos ansiosos (ou impulsivos), introvertidos calmos e introvertidos ansiosos. O que se vê na prática é que muitos tímidos se voltam para dentro, em parte como um refúgio da socialização que tanto os angustia. E muitos introvertidos são tímidos, em parte como resultado do recebimento da mensagem constante de que há algo errado com sua preferência pela reflexão.

Parece inegável que timidez e introversão têm algo profundo em comum. O estado mental de um extrovertido tímido sentado quieto em uma reunião de negócios pode ser muito diferente daquele de um introvertido calmo. A pessoa tímida tem medo de falar, enquanto o introvertido está simplesmente superestimulado, mas para quem os observa os dois parecem iguais. Mas por razões muito distintas tímidos e introvertidos podem escolher passar seus dias nos bastidores, inventando coisas, escrevendo, pesquisando, talvez até segurando a mão de doentes graves – ou assumindo posições de liderança com uma “competência quieta”.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O que os cães pensam

Do site: www.mentecerebro.com.br 
Exames de neuroimagem revelam o que se passa na cabeça do melhor amigo do homem quando ouve um comando
 
©BRIAN GOODMAN/SHUTTERSTOCK

Aquela carinha expressiva e olhinhos que parecem sempre querer dizer algo fazem com que donos de cães se perguntem o que seu bicho de estimação “imagina” quando escuta sua voz. Agora, cientistas interessados em comprender a relação entre o homem e esses animais com base na perspectiva dos cachorros, tentam descobrir utilizando técnicas de escaneamento cerebral, o que pensam nossos amigos caninos. Os pesquisadores divulgaram suas descobertas na revista on-line PLoS ONE.

Levando em conta de que o adestramento de cães pelo exército para desempenhar funções complexas como saltar de helicópteros e aviões é uma prática comum, o neurocientista Gregory Berns, do Centro de Neuropolítica da Universidade Emory, considerou que não seria difícil treinar esses animais para entrar acordados em um tubo de ressonância magnética para que pesquisadores tentassem descobrir o que pensavam.

Berns e seus colegas ensinaram dois cães a ficar completamente imóveis dentro do aparelho: Callie, uma fox terrier de 2 anos, e McKenzie, um border collie de 3, também os treinaram para responder a sinais ­– mão esquerda apontando para baixo significava receber uma recompensa; ambas as mãos direcionadas para a horizontal indicava tratamento neutro. Eles descobriram que, no momento em que os cachorros visualizavam o sinal de gratificação, a região do núcleo caudado (associada a recompensas em seres humanos) mostrava atividade. A mesma área não mostrou alterações quando os cães não viam o sinal do tratamento especial. O vídeo do experimento pode ser acessado em http://www.youtube.com/watch?v=UsJf9NwTFhw&feature=player_embedded

"Quando observamos os primeiros resultados, notamos que as imagens eram diferentes de qualquer outra obtida em estudos anteriores. Ninguém, até onde eu sei, já havia capturado fotos do cérebro de um cachorro que não estivesse sedado”, diz Berns. Os resultados também indicam que os bichos prestam muita atenção aos sinais humanos.

Os pesquisadores acreditam que a descoberta abre portas para futuros estudos sobre a cognição canina e responde perguntas sobre a profunda ligação afetiva dos seres humanos com os cães. Outro objetivo do estudo é compreender como os animais processam a linguagem e de que maneira as expressões faciais são representadas em sua mente. O amor por essas criaturas de quatro patas tem raízes profundas nos primórdios da evolução humana e Bens acredita que isso pode ter moldado como os nossos ancestrais desenvolveram a linguagem e outras ferramentas da civilização.

“O cérebro do cão revela algo especial sobre como homens e animais se reuniram e a história evolutiva entre ambas as espécies pode fornecer um espelho único da mente humana”, argumenta o neurocientista.


terça-feira, 26 de junho de 2012

Lágrima divina



Imitamos Deus em todo seu poder quando um filho geramos. Um Deus que a presença queremos, o Deus que adoramos.
 
Um ato de amor ou de confusa relação,  que nos torna pais. Das promessas de amor eterno ao encontro fortuito.
 
No ventre está a semente. O anel do universo que liga para a eternidade dois amantes ou dois errantes.
 
Filhos nascidos, às vezes amados, outras esquecidos. Cuidados ou abandonados. Um, dois, três, tantos!
 
Para muitos não importa o que tanto conta. Para outros, conta a conta!
 
Um momento vivido, apenas. Às vezes lembrados, mas não a vida esquecida.
 
Pequenos e carentes nascemos, em seio de mãe nos protegemos. Legítima ou adotada, colo que nos aquece,  mãos que nos afagam.
 
Momentos em que não faltam amor e nem cuidados, aos filhos perdidos, uma vez encontrados.
 
Menino nascido, homem ferido, ser negligenciado.
 
Em um planeta maltratado estão abandonados os filhos dos filhos dos filhos de Deus.
 
Gerações e gerações que não cuidam da terra, tampouco da vida.
 
Com a negligência com o semelhante vem o esquecimento. Palavras caem em desuso.
 
Nas mídias, como recurso de venda, o amor é exaltado, na vida, o carinho, a atenção, a cortesia, a ternura, banidos.
 
O e-mail substituiu o abraço e o aperto de mão. A rede social o encontro festivo, o almoço com o colega, o café com o amigo.
 
O trabalho que construía, assumiu a sobrevivência.
 
Cercado por muros, os condomínios que protegem o homem dos semelhantes, afasta-o dos parecidos. Protegido, sente-se isolado e esquecido.
 
E o banco da praça?
 
Quando lá está é mal usado ou destruído. Amigos se foram, a amizade se perdeu. A saudade, palavra sem tradução como é o sentimento, é exaltada. Na música, na poesia, nos olhos dos velhos que viram os jovens partirem!
 
A velha amoreira, que tantas vidas e crianças à sua volta reunia, foi derrubada para construir mais um abrigo. Com conforto e luxo, mas com corações vazios.
 
Sem frutos e galhos para descanso cessou o pio e canto das aves. Não se ouve mais o melodioso e triste canto da patativa, que os quintais visitava.
 
É o progresso que gera lembranças de um tempo sem regresso.
 
No lago, produto das mãos do homem, a vida não encontra caminho e a piracema é só um fato, poucas vezes um ato.
 
A ecologia, ensinada às nossas crianças como verdade, carece do encontro com a realidade. Pés descalços sobre o solo macio, a brisa que sopra e carrega o cheiro das flores, a visão de uma abelha trabalhadeira, a verde grama que permite o descanso, a lata jogada, que maltrata a vista!
 
Retirá-la não é muito, mas somadas, pequenas ações, não é pouco. Nas suas mãos está a consciência. Que retira ou arremessa.
 
A boa vontade e a responsabilidade tornam o feito, desfeito.
 
Se aos velhos não podemos ensinar, não percamos a oportunidade com os jovens. Vivem no presente, mas o futuro será sua morada.
 
Eduque-se desde cedo, para que os vícios de casa a praça não alcancem, diriam saudosos avós!
 
Do espaço, o planeta azul se mostrará cinza sem cuidados.
 
Restará o azul nas fotos, nos filmes, e nas lembranças dos que viram e viveram.
 
Ainda que cinza, quem assim irá vê-lo?
 
Quem sabe muitos... talvez poucos.
 
Com um nó na garganta, saudoso, vendo-o, como casas abandonadas nas velhas cidades, diz o pai: - Foi azul e ali vivíamos.
 
Pergunta o pequeno filho de Deus: - Por que mudamos, se a saudade incomoda?
 
Com olhar triste e voz embargada responderá: - Não cuidamos. Ficou velho e está sujo.
 
No espaço, sem gravidade, paira uma gota.
 
Divina...
 
Uma lágrima de Deus!
 
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
www.postigoconsultoria.com.br
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo

Publicado em 26-Apr-2012, no site: www.gestopole.com.br

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Falta de seriedade


Por Benedicto Ismael C. Dutra
 No Brasil, os governantes não deram a devida atenção ao preparo da população. Em decorrência, estamos atrasados em muitos itens do chamado desenvolvimento humano e econômico. As administrações municipais não se preocuparam com a ocupação clandestina de áreas de proteção aos mananciais e encostas de morros. Conclusão: cidades como São Paulo e sua região  metropolitana ficaram saturadas de favelas desalinhadas, sem arruamento e infraestrutura, o que, obviamente, tinha de gerar consequências negativas para o progresso e o aumento da violência, roubos e crimes de variada natureza.

No final do mês de março, a cidade de Francisco Morato foi palco de uma explosão de vandalismo em decorrência de pane elétrica na linha 7 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, afetando 90 mil passageiros. O secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos disse acreditar em motivação política para o tumulto e a depredação da estação. O delegado titular da Delegacia de Francisco Morato, Aloysio Salotti, disse que foi uma ação de momento, sem premeditação. Mas de um jeito ou de outro, não deixa de ser uma atitude condenável e reveladora do despreparo da população, pois a estação e os trens são para seu próprio uso. Com certeza, outras formas de protesto devem ser postas em prática para assegurar a melhora do transporte das pessoas que ajudam a produzir a riqueza do país.

Se desejarmos aumento de produtividade e qualidade, temos de atentar também para os aspectos ligados ao transporte daqueles que trabalham e gastam muitas horas estressantes no percurso para ir e voltar do local de trabalho. O mesmo se aplica ao transporte de mercadorias. São muitos os acidentes envolvendo caminhões. As estradas se acham em péssimas condições e sem conservação, e os motoristas pressionados pelos prazos das entregas.

O imediatismo e a sede de poder e ganhos levaram a uma generalizada falta de governança séria. Faltam planos visando a melhora das condições de vida criando-se instabilidades pelo mundo inteiro. As populações ingênuas continuaram a ser manipuladas como nos tempos do colonialismo, quando os países atrasados eram explicitamente considerados como reserva dos mais adiantados. O sistema descambou para os individualismos e defesa de interesses pessoais. Políticos e grupos econômicos se associaram para defesa de interesses próprios. No Brasil, se associam até a grupos do crime organizado. Onde vai parar o País?

Em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo de 1º de abril, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou: “Haverá quem diga que sempre houve corrupção no País e pelo mundo afora, o que provavelmente é certo, mas a partir de certo nível de sua existência e, pior, da aceitação tácita de suas práticas como "fatos da vida", se ela não acaba com o País, deforma-o de modo inaceitável. Estamo-nos aproximando desse limiar”.

As coisas precisam ser planejadas com seriedade e responsabilidade, com olhar atento nos resultados, mas em nossas casas legislativas, em todos os níveis, os homens públicos têm agido como se fossem os donos deste país, exigindo que todos se curvem de forma subserviente com beija- mãos e bajulações. Os administradores indicados pelo povo devem se preocupar com a eficiência dos dispêndios do dinheiro público e com a melhora efetiva da qualidade de vida da população. Só assim que os estados democráticos podem prosperar.

Publicado em 26-Apr-2012, 6:08 PM por Simone Bertelli, no site: www.gestopole.com.br

domingo, 24 de junho de 2012

Como age o ser humano?



 Por Benedicto Ismael C. Dutra

Para entender o comportamento do ser humano muitos pesquisadores concentraram-se na observação dos animais. Muita especulação confusa tem sido feita. Psicólogos, baseados nos estudos do naturalista inglês Charles Darwin, chegaram a admitir que os seres humanos fossem uma espécie animal situada no final de um processo de evolução continuada e, portanto, o estudo do comportamento dos animais deveria ser o ponto de partida para entender os humanos.

O comportamento dos animais em seu ambiente natural, sem a interferência dos homens, é  ditado pelas suas capacitações instintivas que desabrocham com o aprendizado por imitação e adaptação. No entanto, com os humanos há algo diferente em comparação aos animais. Os humanos têm sim uma estrutura corpórea bem semelhante, mas existem fatores ainda não examinados em profundidade e nem compreendidos pela ciência.

Qual a fonte das características humanas e sua constituição psicológica? Como o processo de aprendizagem modela o ser humano? Percebeu-se que processos característicos dos animais também são encontrados nos humanos, influenciando o seu comportamento. Descobriu-se que o comportamento produzido pela herança genética pode ser manipulado através de estímulos na zona cerebral, geradores do condicionamento.

Com os humanos isso se tornou possível devido à indolência espiritual. Os animais são dotados de corpo, cérebro e instinto. Os humanos também, mas seu cérebro é muito mais capacitado, além disso dispõem da alma e do cerebelo. Com  o desenvolvimento unilateral do cérebro situado na zona frontal da cabeça, o cerebelo se foi enfraquecendo deixando de captar a vontade procedente da alma, passando tudo a se subordinar à vontade mental formada pelo cérebro, instinto, e hábitos adquiridos conscientemente ou não, através da aprendizagem recebida.

O cérebro assim trabalhado vai adquirindo os contornos de uma máquina, que funciona de conformidade com os impulsos recebidos, gerando um comportamento condicionado e até padronizado, conforme indicam os estudos sobre o comportamento dos indivíduos e das massas, e empregados pela propaganda para influenciar a escolha de produtos e até de candidatos a cargos eletivos. No Brasil encontramos uma das maiores permissividades na área de propaganda destinada às crianças, enquanto nos países mais desenvolvidos há um rígido disciplinamento.

Os seres humanos têm uma capacidade enorme para aprender por várias maneiras, auxiliando-os na adaptação a várias situações. No entanto, o móvel, ou melhor dizendo, a motivação deveria proceder do eu interior que impulsiona o cérebro para  a ação, em conformidade com os ditames das leis da Criação. Mas com a indolência espiritual, o querer íntimo fica bloqueado, enquanto o cérebro fica susceptível a receber influências externas modeladoras de um querer imposto de fora para dentro.

Como medida preventiva é muito importante o esforço para manter puro o foco dos pensamentos, não permitindo que o pensar flutue vagando a esmo, atraindo a igual espécie. O silêncio auxilia o fortalecimento da intuição que expressa o querer captado pelo cerebelo e enviado ao cérebro, e para a realização, os pensamentos deverão ser focados nesse querer. Dessa forma, obteremos o fortalecimento do eu interior reduzindo as possibilidades de manipulação externa.

Publicado em 13-Apr-2012, por Simone Bertelli, no site: www.gestopole.com.br

sábado, 23 de junho de 2012

Celular do futuro, uma viagem à imaginação



A engenharia muda o mundo, que muda o homem, que muda a vida!
O  que a competência e poder criativo do homem ainda é capaz de gerar, trazendo benefícios a toda humanidade, sem destruir a natureza?
O destino será uma invenção do homem ou a invenção continuará sendo o seu destino?
Terá o homem poder inventivo não para conquistar povos, para conquistar mais corações?
O que as novas tecnologias farão pelos nossos comportamentos?
A internet, confinando pessoas em casa, aproxima ideias e nos afasta dos festivos abraços?
Que poder tem essa cerca eletrônica de nos proteger,  desproteger, aproximar ou nos afastar?
Das prateadas roupas, outrora imaginadas para o futuro, ao despojado e rasgado jeans, que  homem é esse que inova e nem sempre se renova?
Para o futuro, respostas, poucas temos, perguntas, muitas sobram!
Veja nesta edição da TV Facens um show de tecnologia:
·      A história do telefone desde  sua criação e o celular do futuro
·      Vídeo chamada com Yuri Ramos Sócio fundador da Mob376, diretamente de Boston - EUA
·      Você sabe o que é Smart Beam Antenna?
Vale a pena conferir http://www.youtube.com/watch?v=wXTJGRVibBY&feature=youtu.be

Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Free e-book: Prospecção de clientes e de oportunidades de negócios
www.postigoconsultoria.com.br
ivan@postigoconsultoria.com.br
Twitter: @ivanpostigo

Publicado em 12-Apr-2012, no site: www.gestopole.com.br

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A perigosa relação entre bebida alcoólica e violência





do site: www.mentecerebro.com.br, em 04 de junho de 2012

Em maior quantidade, a substância pode deixar algumas pessoas mais agressivas e propensas a se envolver em situações de risco, como brigas e acidentes de trânsito
 
© LISA S./SHUTTERSTOCK

O álcool afeta diretamente centros cerebrais responsáveis por inibir compor­tamentos que podem prejudicar a autopreservação, segundo estudo publicado na Journal of Experi­mental Social Psychology. O psicólogo Brad Bushman, da Universidade Estadual de Ohio, e seus colegas pediram a quase 500 homens e mulheres que participassem de um jogo virtual de erro e acerto. O adversário de cada participante era o computador, mas os pesquisadores disseram a eles que jogavam com uma pessoa conectada a outra máquina. Quando perdiam, recebiam um leve choque. Se venciam, podiam dar uma descarga elétrica no “rival” pelo tem­po e com a intensidade que quises­sem.

Antes de jogar, os voluntários completaram um questionário que media seu nível de preocupação com as consequências de suas ações. Em seguida, metade deles bebeu um drinque de suco de laranja com álcool oferecido pelos pesquisadores. O teor alcoólico era suficiente para que fossem considerados embriagados se fizessem um exame de sangue ou um teste com o bafômetro. Os outros voluntários receberam uma mistura de suco com quantidades mínimas da substância. Como os pesquisado­res previam, o primeiro grupo administrou choques mais longos e fortes em comparação com o segundo. Além disso, o desinteresse pelo efeito das próprias ações, medi­do pelo questionário, foi proporcional à agressividade da punição aos “adversários”.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vários jeitos de ser

do site: www.mentecerebro.com.br,em 30 de maio de 2012

Muitos tímidos fogem da socialização, mas podem passar seus dias nos bastidores inventando coisas ou assumindo posições de liderança com uma competência quieta
 
© OLEG GOLOVNEV/SHUTTERSTOCK

Introvertidos não são necessariamente tímidos. Timidez é o medo da desaprovação social e da humilhação, enquanto a introversão é a preferência por ambientes que não sejam estimulantes demais. A timidez é inerentemente dolorosa; a introversão, não. Uma das razões pelas quais as pessoas confundem os dois conceitos é que muitas vezes eles se sobrepõem (apesar de psicólogos discutirem até que ponto). Algumas abordagens mapeiam essas duas tendências, definindo quatro quadrantes de tipos de personalidade: extrovertidos calmos, extrovertidos ansiosos (ou impulsivos), introvertidos calmos e introvertidos ansiosos. O que se vê na prática é que muitos tímidos se voltam para dentro, em parte como um refúgio da socialização que tanto os angustia. E muitos introvertidos são tímidos, em parte como resultado do recebimento da mensagem constante de que há algo errado com sua preferência pela reflexão.

Parece inegável que timidez e introversão têm algo profundo em comum. O estado mental de um extrovertido tímido sentado quieto em uma reunião de negócios pode ser muito diferente daquele de um introvertido calmo. A pessoa tímida tem medo de falar, enquanto o introvertido está simplesmente superestimulado, mas para quem os observa os dois parecem iguais. Mas por razões muito distintas tímidos e introvertidos podem escolher passar seus dias nos bastidores, inventando coisas, escrevendo, pesquisando, talvez até segurando a mão de doentes graves – ou assumindo posições de liderança com uma “competência quieta”.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

De brincadeira

do site: www.mentecerebro.com.br, em 30 de maio de 2012

Atividades lúdicas estimulam o cérebro a aprender por tentativa e erro e a lidar com os futuros estresses da vida adulta
 
Gonçalo Viana

A maioria das crianças se assemelha àquele coelhinho que bate tambor no comercial da pilha que “duuura”: parecem ter uma energia sem fim, que usam para fazer coisas aparentemente sem muito sentido. Por que passar tanto tempo correndo, pulando uns sobre os outros, ou brincando de morto-vivo ou batatinha-frita? Parecem brincadeiras bobas que servem apenas para divertir as crianças e fazê-las correr. Mas esses jogos fazem muito mais: oferecem um enorme playground para o cérebro aprender por tentativa e erro e ainda são um grande treinamento social para os futuros estresses da vida adulta.

Considere, por exemplo, as brincadeiras tradicionais da infância. Estas são um excelente exercício para o córtex pré-frontal em formação, aquela parte do cérebro que organiza nossas ações, faz planos, elabora estratégias e, sobretudo, diz “não” às respostas impulsivas do cérebro. Crianças pequenas ainda não fazem nada disso muito bem, com seu pré-frontal imaturo, de modo que qualquer “aula” de organização é bem-vinda, a começar pelo bê-á-bá: escolher a resposta certa para cada estímulo. Brincando de lenço atrás, o cérebro aprende que deve responder a um objeto atrás das costas fazendo a criança correr atrás da outra. Enquanto aprende, o cérebro de quebra se diverte com seus erros, o que garante muitas horas de brincadeira – e aprendizado.

Se escolher a resposta certa é importante, não responder quando não se deve também é fundamental, mas já exige um nível de elaboração maior do pré-frontal. Aos 3 anos, meu filho brincava de morto-vivo sem o menor problema, mas o cérebro dele ainda apanhava nas brincadeiras de “nível 2”, que exigem que não se faça alguma coisa ao ouvir um comando. No esconde-esconde, bastava perguntar “Cadê você?” que ele se entregava, lá do seu esconderijo: “Tô aqui!”. Com tempo, prática e muita brincadeira, o córtex pré frontal vai aprendendo que às vezes a ação correta é a não ação.

O passo seguinte é elaborar estratégias que juntam ação e não ação. Quando morto-vivo e batatinha-frita se tornam triviais, brincadeiras como pique-bandeira e depois os esportes organizados dão ao cérebro o desafio de monitorar várias pessoas ao mesmo tempo, decidir quando é o momento de correr e, ainda, driblar o adversário.

O prazer e motivação das brincadeiras da infância vêm da ativação nas alturas do sistema de recompensa, que premia o cérebro que faz algo que dá certo, e assim faz qualquer coisa parecer interessante. Daí vem o “modo de auto-entretenimento” talvez universal em filhotes, capazes de passar horas em seu próprio mundo. Pois é: filhotes de ratos brincam; filhotes de elefante rolam na lama; cachorrinhos e filhotes de leão se amontoam, mordendo-se na nuca ou nas orelhas, em brigas de mentira.

Além de aprender na prática a controlar a si mesmo, o cérebro de quem brinca aprende formas mais saudáveis de regular suas respostas ao estresse. Ratinhos criados em isolamento ou com irmãos sedados demais para brincar tornam-se adultos ansiosos e estressados: em situações ameaçadoras, os animais que não brincaram na infância são mais dados a arroubos de agressividade ou, ao contrário, a se esconder. O mesmo acontece com primatas, entre eles os humanos. A brincadeira bruta expõe os filhotes a pequenos estresses, com os quais eles vão aprendendo a lidar desde cedo. Assim quem sabe um dia eles possam considerar seus problemas adultos “brincadeira de criança”...

terça-feira, 19 de junho de 2012

Sonolência favorece insights

do site: www.mentecerebro.com.br, em 30 de maio de 2012

O sono reduz a capacidade de analisar proble­mas e tomar decisões, mas aumenta a percepção e criatividade
 
©ARHADESIGN266/SHUTTERSTOCK

A hora de dormir pode ser um bom momento para encontrar soluções originais. Segundo estudo publicado na revista Thinking and Reaso­ning, se por um lado o sono reduz a capacidade de analisar proble­mas e tomar decisões, por outro aumenta a percepção. Pesquisadores da Faculda­de Albion, no Michigan, dividiram voluntários em pessoas “noturnas” e “diurnas”, de acordo com um questionário que avaliou seus hábitos. Em seguida, pediram que tentassem resolver seis de­safios mentais – metade deles exigia habilidade de análise, e os outros, de percepção. O horário do teste não interferiu na solução das questões analíticas, mas influiu nos casos que exigiam criatividade: ela aflorou mais facilmente nos mo­mentos geralmente considerados de menor rendimento.

Para a autora do estudo, Mareike Wieth, quando es­tamos com sono há redu­ção na atividade de me­canismos inibidores da atenção, responsáveis por filtrar informações que parecem irrele­vantes para algumas tarefas. “A falta de con­centração causada pelo sono deixa as pessoas mais suscetíveis a cap­tar dados que normal­mente seriam julgados desimportantes pelo cérebro”, explica.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Antigo mistério sobre a doença de Alzheimer

do site: www.mentecerebro.com.br, em 29 de maio de 2012

A descoberta de que o envelhecimento de uma célula específica é uma causa da doença e não uma resposta a danos neurais, como os especialistas pensavam, abre perspectivas para novos tratamentos da demência
 
© SEBASTIAN KAULITZKI/SHUTTERSTOCK

Células gliais figuram como atores principais numa série de doenças neurológicas e psicológicas. Pesquisas recentes mostraram que muitos transtornos neurológicos são na verdade transtornos da glia, particularmente um tipo de célula chamado de microglia, que funciona como um escudeiro defendendo o cérebro de doenças. Esses defensores procuram e matam corpos invasores, e promovem a recuperação de áreas danificadas. Eliminando tecidos doentes e liberando compostos potentes que estimulam a reparação dos tecidos, sua função é primordial em diversos tipos de doença neurológica.

Novas pesquisas sugerem que a demência típica da doença de Alzheimer poderia ser consequência direta da perda da capacidade da glia de limpar os detritos. Alois Alzheimer foi o primeiro a observar que a microglia envolve as placas de amiloides, que são a marca registrada da doença. Normalmente a microglia digere as proteínas tóxicas que formam essas placas. No entanto, estudos recentes realizados pelo neurocientista Wolfgang J. Streit, da Faculdade de Medicina da Universidade da Flórida, sugerem que com o passar do tempo a microglia enfraquece e começa a se degenerar. A atrofia é visível ao microscópio. Microglias senescentes em cérebros envelhecidos se fragmentam, perdendo várias de suas ramificações celulares.

A forma como a doença de Alzheimer incursiona pelo cérebro é mais um sinal do envolvimento microglial. Os danos do tecido se espalham de forma predeterminada, começando próximo do hipocampo e finalmente atingindo o córtex frontal. As observações de Streit mostram que a degeneração microglial segue o mesmo padrão – e ocorre antes da degeneração neural, sugerindo que o envelhecimento da microglia é uma causa da demência do Alzheimer, e não uma resposta a danos neurais, como o próprio Alzheimer e muitos especialistas pensavam. Essa descoberta pode levar a novos tratamentos para a demência, assim que os pesquisadores descobrirem por que a microglia se torna senescente com a idade em algumas pessoas, e em outras não.

domingo, 17 de junho de 2012

O que realmente faz diferença: afeto e espiritualidade

do site: www.mentecerebro.com.br, em 25 de maio de 2012

A capacidade de manter fortes laços emocionais e a crença em algo superior a si mesmo são fatores que têm sido relacionados à felicidade duradoura
 
© DUDAREV MIKHAIL/SHUTTERSTOCK

Quais são os atributos de uma pessoa feliz? Inteligência, juventude, beleza, saúde? Embora a maioria acredite que isso tudo as faria mais satisfeitas, estudos mostram algo diferente. Boa educação, informação e capacidade cognitiva privilegiada, por exemplo, não são garantias de que alguém será capaz de fazer boas escolhas para si mesmo. Ser jovem também não ajuda muito. Na verdade, pesquisas indicam que idosos valorizam mais as experiências do presente, tendendo assim a ser mais felizes que os jovens. Depois dessa fase, o nível de satisfação (da maioria, pelo menos) sobe. Beleza? Embora seja uma característica extremamente valorizada e os mais atraentes muitas vezes consigam pequenas vantagens como elogios ou atenção, ser belo não é suficiente para sustentar a admiração de alguém ou manter relações duradouras. Saúde? Esse aspecto é certamente muito importante para a qualidade de vida, porém, não está necessariamente relacionado com felicidade. Muitas pessoas saudáveis não valorizam esse benefício e, por várias razões, são infelizes.

Dois fatores, porém, têm sido apontados como aqueles que proporcionam felicidade duradoura. Um deles é a capacidade de manter fortes laços afetivos. Pessoas que vivem relacionamentos amorosos estáveis e harmoniosos, por exemplo, costumam ser mais felizes do que as solteiras; alguns especialistas chegam a dizer que o casamento acrescenta, em média, sete anos de vida ao homem e quatro à mulher. Outro fator é conferir significado à própria existência, por meio da crença em algo superior a si mesmo, derivada da espiritualidade ou de uma filosofia pessoal de vida. Em outras palavras, um propósito externo que nos faça sentir que fazemos parte de um “todo”- e podemos contribuir para algo importante, maior que nós mesmos e além da existência humana tão limitada.

sábado, 16 de junho de 2012

Anticoncepcionais interferem no sentimento

do site: www.mentecerebro.com.br, em 25 de maio de 2012

Além de influênciar na escolha do parceiro, o uso de pílulas contraceptivas também afeta a percepção que a mulher tem da relação amorosa

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Alguns experimentos mostram que os anticoncepcionais influem na preferência sexual: mulheres que usam essa forma de prevenção da gravidez se sentem mais atraídas por homens com traços menos másculos. “Essa característica é interpretada como indício de menos testosterona e de maior probabilidade de que o parceiro seja fiel e permaneça junto da família”, analisa o psicólogo Craig Roberts, da Universidade de Stirling, na Escócia, pelo viés da psicologia evolutiva. Ele é autor de um artigo publicado na Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, que sugere que os anticoncepcionais orais, além de interferirem na escolha do parceiro sexual, também afetam a percepção que a mulher tem da relação amorosa.

Mais de 2.500 mulheres de vários países responderam, pela internet, a um questionário elaborado por Roberts. Ele constatou que as participantes que tomavam pílula quando conheceram o parceiro mas que no momento da pesquisa não usavam mais esse contraceptivo se diziam menos atraídas pelo companheiro e menos sexualmente satisfeitas do que no início do relacionamento. A mudança de percepção foi menos nítida entre as voluntárias que não tomaram o hormônio. O pesquisador também verificou que as que mantiveram o uso de anticoncepcionais afirmaram com mais frequência considerar o apoio financeiro do parceiro e outros aspectos não sexuais como importantes para o relacionamento, e se revelaram menos dispostas a se separar.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sinestésicos têm memória melhor e são mais criativos

do site: www.mentecerebro.com.br, em 24 de maio de 2012

O fenômeno relacionado a habilidades cognitivas mais aprimoradas pode ser resultado da evolução
 
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Para algumas pessoas números e letras representam mais que símbolos aritméticos ou tipográficos – um 6 ou um “a” podem evocar texturas, cores e até mesmo sabores. É o fenômeno da sinestesia, que consiste numa espécie de cruzamento de sentidos. Agora, um estudo publicado na PLoS Biology sugere que ele pode ser resultado da evolução, pois está relacionado a habilidades cognitivas mais aprimoradas, como memória e criatividade.

Os neurocientistas Vilayanur Ramachandran e David Brang, do Centro do Cérebro e da Cognição da Universidade da Califórnia, observaram que os sinestésicos têm resultados acima da média em testes de memória e que o fenômeno é consideravelmente mais comum entre artistas, o que sugere possível relação com a criatividade. “Há evidências de que a sinestesia é hereditária. Ela pode ser evolutiva, pois está relacionada ao melhor desempenho de algumas faculdades”, dizem os neurocientistas. Outro estudo, divulgado pelo Current Biology, mostra que pessoas com um tipo específico de sinestesia, a de cor grafema – isto é, letras ou números são associados a tonalidades –, apresentam hipersensibilidade do córtex visual primário. Através de um experimento de estimulação magnética transcraniana, pesquisadores da Universidade de Oxford verificaram que elas percebem estímulos visuais, como flashes ou pontos luminosos, três vezes mais facilmente que voluntários não sinestésicos. Mas os autores deixam claro que ainda são necessários mais estudos para comprovar se o fenômeno é realmente uma “vantagem” cognitiva.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A arte de enfrentar os próprios fantasmas

do site: www.mentecerebro.com.br, em 23 de maio de 2012

Ir ao encontro de angústias e incertezas que nos apavoram pode ser a melhor forma de não paralisar e seguir em direção ao amadurecimento emocional
 
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m é o ciclo deflagrado no organismo numa situação de estresse crônico em contexto urbano moderno.
É absolutamente normal sentir medo. Ele faz parte de um sistema natural de defesa, que vem evoluindo conosco já faz alguns milhares de anos e surge nas situações mais diversas e imprevistas. É paralisante, irracional e incontrolável. Desperta reações subconscientes e nos remete ao ancestral selvagem que habita em nossa mente – e ainda move (ou faz estancar) nosso corpo.

Diferentemente do que acontecia com nossos “ancestrais selvagens” ou ocorre comoutros animais, no entanto, os motivos dos medos  que experimentamos raramente se materializam, permanecendo mais em nosso imaginário do que na vida real. Essa “expectativa” de uma ameaça que nunca se concretiza pode se tornar patológica, dando vazão a transtornos cognitivo-emocionais. Explico: imagine a “pane” que acontece quando um fabuloso sistema biológico preparado para reagir lutando até a morte ou fugindo até esgotar sua energia muscular é continuamente ativado, mas não chega a se tornar necessário de fato. É mais ou menos como se um piloto estivesse parado com seu carro no sinal vermelho, o sinal de vez em quando desse “alerta” amarelo, ele se preparasse para sair do lugar, começasse a acelerar, esquentasse o motor e... nada, o sinal voltasse a ficar vermelho novamente. Repetidas ativações do sistema de defesa (sinal amarelo), sem nunca requerer a resposta motora (sinal verde) e sempre retornando ao ponto de partida (sinal vermelho), com imobilidade e muita expectativa: assi
m é o ciclo deflagrado no organismo numa situação de estresse crônico em contexto urbano moderno.
Esses ciclos de carga emocional acontecem de forma bastante semelhante à situação do piloto numa largada descrita acima. As pupilas se dilatam, a atenção aumenta, os batimentos cardíacos se aceleram, o corpo mobiliza energia, os músculos ficam tensos – e tudo absolutamente em vão. A expectativa do medo provoca estresse e dá vazão a sintomas somáticos, incluindo, por exemplo, a hipertensão.

Neste momento você poderia se perguntar: “Mas temos um sistema de defesa em nosso cérebro que serve para nos deixar estressados e doentes?”. Na verdade, não é bem assim. O que ocorre é um processo que chamamos de má adaptação. O mundo está mudando rapidamente à nossa volta, a população cresce exponencialmente, tudo a uma velocidade de renovação tecnológica sem precedentes, e você, no fundo (e no cérebro), continua sendo um homem (ou mulher) das cavernas!

 Esse ancestral, que tinha o cérebro muito parecido com o seu, vivia em constante confronto com perigos reais e corria risco de vida em várias situações; se “desse bobeira”, era devorado por algum grande predador ou tomava um bocado de pancadas de um rival ou competidor. Nesse caso, toda essa resposta emocional, o coração batendo tão rápido que parece querer sair pela boca, a preparação para a fuga ou para o combate iminente, era puramente justificada! Assim, extravasando a energia mobilizada, o homem primitivo não sofria de úlcera nervosa...

Em resumo, é fundamental enfrentar nossos medos e aprender a lidar com nosso cérebro de homem das cavernas que vive na selva urbana. Nem toda fumaça indica incêndio, e precisamos ficar alertas para não sermos ludibriados pelos bugs de nosso sistema operacional que já vem desatualizado de fábrica. A reprogramação mental – e emocional – é possível e bem-vinda. Em tempos de crise e quebra de paradigmas como o que vivemos atualmente, com o planeta se tornando um grande formigueiro, a mudança de nossa mente e nossas atitudes se faz extremamente necessária, incluindo aí o enfrentamento de fantasmas, angústias e incertezas que todos temos, em alguma medida. E não podemos nos dar ao luxo de alimentá-los, pois o medo é paralisante e nos faz desperdiçar muita energia. Melhor enxergar essas emoções como um sinal que aponta em direção a fraquezas e proporciona oportunidades de amadurecimento. Afinal, “não há coragem sem medo” (em inglês, “There cannot be courage without fear”), frase atribuída ao piloto de Fórmula Indy e designer de automóveis Eddie Rickenbacker. Ás da aviação americana durante a Primeira Guerra Mundial, ele foi consultor militar, empreendedor e sobrevivente de desastre aéreo, encarou seus medos e não os deixou impedi-lo de realizar seus sonhos.

(Leia mais sobre medo e seus efeitos na mente e no corpo no especial Estresse e ansiedade, terceiro volume da coleção Doenças do cérebro, este mês nas bancas).