sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Casais cúmplices são mais abertos a novas experiências

Em 15 de agosto de 2012, no site: www.mentecerebro.com.br

Sentir segurança nas relações evita desgaste mental e nos deixa mais preparados para digerir novidades
 
© WARREN GOLDSWAIN/SHUTTERSTOCK

Amizades e relacionamentos amorosos que inspiram confiança nos deixam mais dispostos para encarar novas experiências. Uma série de artigos publicados na Personality and Social Psychology analisa os fatores que nos tornam mais aptos a explorar e a se apegar – segundo os autores, a segurança nas relações evita grandes situações de desgaste mental, como sentir-se rejeitado, o que nos deixa mais preparados para digerir novidades.

Em um dos experimentos relatados, bebês que perceberam que podem contar com a mãe se aventuraram a explorar com mais frequência brinquedos que nunca viram do que os que não foram encorajados. Em outra pesquisa, voluntários foram incentivados a falar sobre uma relação próxima positiva em sua vida antes de decidir se aceitariam fazer uma breve viagem para o exterior, enquanto outros participantes refletiram sobre um relacionamento negativo. Os primeiros se mostraram muito mais dispostos a fazer o passeio. “Focar emoções negativas esgota nossas reservas de energia mental para planejar e empreender coisas novas. Saber que há algo que nos motiva, por outro lado, funciona como estímulo”, explica uma das autoras, Michelle Luke, da Universidade de Southampton, na Inglaterra.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O elo do silêncio

Em 14 de agosto de 2012, no site: www.mentecerebro.com.br

Estudo sugere que a fala humana evoluiu de uma linguagem primata ancestral, baseada mais em expressões faciais do que em sons
 
© GONÇALO VIANA

Quando comparamos a linguagem humana aos sistemas de comunicação de outros animais, nossa complexidade salta aos olhos. Combinando com grande liberdade um repertório de poucas dezenas de fonemas, somos capazes de produzir milhares de palavras para nomear tudo que nossa mente consegue perceber, fazer e pensar. Os defensores do excepcionalismo humano argumentam que nada parecido existe em nossos parentes mais próximos, os símios africanos. Apesar de limitado, nosso repertório fonêmico é grande o bastante para gerar uma explosão de possíveis combinações, o que só é possível por causa de um aparato fonador especializado. Ainda que bonobos, chimpanzés, gorilas e orangotangos vocalizem durante suas interações sociais, não apresentam um repertório de palavras capaz de representar a variedade de objetos do mundo. Eles contam, claro, com sinais vocais relacionados ao humor, além de muitos gestos e expressões faciais para comunicação de curta distância. No excêntrico teatro símio, o silêncio é de ouro.

Grande parte da elite acadêmica, das ciências biomédicas às humanas, sustenta que a linguagem é a principal linha divisória entre nós e todos os outros animais. Isso faz da expressão verbal humana um mistério evolutivo, sem elos filogenéticos com qualquer outro sistema de comunicação animal. Segundo uma teoria alternativa, defendida há décadas pelo biólogo Peter MacNeilage, a linguagem vocal humana evoluiu através da modificação de movimentos rítmicos faciais realizados por nossos ancestrais primatas. Infelizmente as estruturas necessárias para a produção da fala não se fossilizam, fazendo da abordagem comparativa uma necessidade. Entre os primatas do velho mundo, destaca se uma expressão facial de afiliação chamada abre-fecha labial. Caracterizado por movimentos verticais da mandíbula, esse comportamento quase inaudível é dirigido a outro indivíduo durante interações face a face, envolvendo troca de turnos como num diálogo.

Uma característica fundamental da fala humana é um ritmo em torno de 5 Hz (hertz) relacionado com a taxa de produção de sílabas. Se a fala evoluiu de movimentos faciais rítmicos, seria de esperar que o abre-fecha labial também apresentasse um ritmo próximo a 5 Hz. Para investigar a questão, pesquisadores das Universidades de Princeton e Viena filmaram em raios X os movimentos bucais de macacoscaranguejeiros enquanto realizavam abre-fecha labial ou mastigação.

Embora à primeira vista o abrefecha labial pareça envolver simplesmente a abertura e o fechamento dos lábios, a pesquisa mostrou que o comportamento requer movimentos rápidos e coordenados dos lábios, língua, mandíbula e do osso hioide. Os autores, entre os quais o médico, matemático e neurocientista brasileiro Daniel Takahashi, descobriram que esses movimentos ocorrem 5 vezes por segundo, quase o dobro da velocidade dos movimentos de mastigação. Além disso, análises matemáticas mostraram que os distintos componentes do aparato fonador se articulam durante o abre-fecha labial de modo muito semelhante ao da fala humana. Considerando que os macacos-caranguejeiros são primatas asiáticos que divergiram de nossa linhagem há quase 30 milhões de anos, os resultados sugerem que a fala humana evoluiu a partir de uma linguagem primata ancestral, baseada menos no som do que nas expressões faciais. Talvez a excepcionalidade do Homo sapiens não seja a linguagem e sim o barulho.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A cara do dono

Em 10 de agosto de 2012, no site: www.mentecerebro.com.br

Não é por acaso que tantos donos de animais partilham traços físicos e até psicológicos com seus bichos de estimação; de fato, na hora de escolher uma raça as pessoas tendem a buscar companheiros com os quais se identificam
© COMET BY CORBIS/LATINSTOCK

por Ana Marcondes

Os opostos se atraem, diz o senso comum. Quando se trata de escolher a raça do animal de estimação, porém, parece que a “sabedoria” popular se engana. Um estudo desenvolvido pelos psicólogos americanos Michael M. Roy e Nicholas J. S. Christenfeld, da Universidade da Califórnia em San Diego, mostrou que, muitas vezes, o que conta mesmo é a semelhança – e não a diferença. Os pesquisadores analisaram vários pares cão-dono. Interessados em saber se realmente as pessoas partilham traços físicos ou psicológicos com seus bichos, eles fotografaram, em um parque público, 45 donos e seus respectivos cães – 25 de raça e 20 vira-latas. Depois, mostraram a voluntários que não tinham acompanhado a pesquisa as fotos dos proprietários, de seu animal e a de outro cão. Em 16 dos 25 casos apresentados os observadores escolheram o par correto. Isso, porém, só ocorreu nos casos dos cães de raça.

Roy e Christenfeld constataram que, de forma mais ou menos consciente, as pessoas tendem a preferir um cachorro que se assemelha a elas, ao menos no caso de animais que possuem características bem definidas e previsíveis. As possibilidades de semelhança com o vira-lata são mais imprecisas já que no caso dos animais sem raça definida é mais difícil antecipar o aspecto futuro do filhote. Nesse caso, talvez fosse necessário levar em conta também a convivência e a relação, mas isso exigiria uma pesquisa mais aprofundada.

O que se sabe de forma cada vez mais detalhada é que bichos de estimação, mais ou menos parecidos com seus donos, fazem bem à saúde das pessoas. Na Universidade de Tel Aviv foi realizado um experimento para avaliar se fazer carinho em um bicho poderia reduzir a ansiedade após 58 voluntários entrarem em contato com uma tarântula. Havia um coelho e uma tartaruga, além de coelhos e tartarugas de brinquedo à disposição dos participantes para que escolhessem qual preferiam tocar. Ao acariciarem os animais de verdade, até mesmo a rígida tartaruga, a ansiedade foi reduzida, inclusive daqueles que não eram particularmente afeiçoados a bichos. Os animais de brinquedo não provocaram o mesmo efeito.

Resultados positivos também têm sido obtidos, em várias partes do mundo, com crianças com dificuldades de aprendizagem, idosos depressivos e doentes físicos e/ou mentais. Os pesquisadores alertam, porém, que o uso de bichos em terapias deve ser benéfico também para o animal, que precisa ser poupado do contato com pessoas que possam lhe causar dor ou desconforto.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Neuroimagens comprovam relação entre culpa e sintomas de depressão

Em 9 de agosto de 2012, no site: www.metecerebro.com.br

Conexão entre lobo temporal e córtex pré-frontal é menor em pessoas com a patologia
© CLIPAREA L CUSTOM MEDIA/SHUTTERSTOCK

Em Luto e melancolia (1917), o psicanalista Sigmund Freud apontou como um dos traços mentais da “melancolia” ­– como se referia aos transtornos depressivos – a presença de sentimentos exagerados de culpa. Agora, cinco neurocientistas, entre eles o brasileiro Jorge Moll, registraram imagens do cérebro de pessoas com histórico de depressão e descobriram que a “troca de informações” entre regiões envolvidas na autorrecriminação e na percepção de comportamentos socialmente aceitos é deficiente.

Os pesquisadores usaram ressonância magnética funcional (fMRI) para examinar o cérebro de pessoas que se recuperaram dos sintomas da depressão havia mais de um ano e de outras que nunca tiveram o transtorno enquanto elas relatavam como se sentiram em situações como trair a confiança de um amigo ou se recusar a ajudálo. Os resultados, publicados na Archives of General Psychiatry, mostram pela primeira vez a interação entre o lobo temporal, associado ao julgamento de comportamentos, e a região subgenual, área do córtex pré-frontal relacionada ao processamento de emoções e a circuitos neurais responsáveis pela regulação de neurotransmissores como serotonina e dopamina. Segundo os neurocientistas, a conexão entre essas partes é menor em pessoas com histórico de depressão.

Curiosamente, a interação entre essas áreas revelou-se menor apenas quando os voluntários foram induzidos a se culpar – ao desaprovarem a conduta de outras pessoas, não foram detectadas alterações significativas. Estudos complementares já foram iniciados na Inglaterra para avaliar se  dissociação entre regiões neurais pode representar risco de desenvolver depressão ou de retorno dos sintomas depois do tratamento.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sucesso alicerçado em valores e virtudes



O sucesso tem que ser alicerçado em valores e princípios elevados, não é à toa (expressão utilizada para dizer que algo não tem rumo definido) que em todo planejamento estratégico a palavra valores tem uma destaque muito grande, pois transmite para clientes, fornecedores, colaboradores e comunidade quais os valores serão utilizados pelas empresas para chegarem ao sucesso. Nestes valores alicerçam todas as relações das empresas, estes devem ter como base virtudes que podemos definir como a disposição constante de praticar o bem e evitar o mal.

Quais são esses valores e virtudes que alicerçam o sucesso?

Temos quatro virtudes cardeais (centrais) que polarizam todas as outras virtudes humanas. (virtudes cardeais são aquelas necessárias para uma boa vida cristã)

    Prudência: O ser humano é prudente busca fazer tudo aquilo que é verdadeiramente bom procurando em toda situação agir sempre dentro dos padrões morais.
    Justiça: O ser humano é guiado pela justiça, anda no firme proposito e vontade de conceder aos outros os que lhes é devido, mesmo que isso faça com que os outros nos vejam como pessoas “duras” demais.
    Fortaleza ou Força: É a virtude que leva o ser humano a superar a debilidade humana e o medo, os desgostos e os sofrimentos. Por isso, existem homens valentes não apenas nos campos de batalha, mas também nos quartos e leitos de hospitais.
    Temperança ou Moderação: Moderado é o ser humano que é dono de si. Aquele em que as paixões não predominam sobre a razão, à vontade e até o coração. O homem que sabe dominar-se a si próprio! Aquele que não abusa da comida, da bebida ou dos prazeres; aquele que não bebe em demasia, e não foge da vida utilizando entorpecentes, etc.

Virtude é um habito. Os lideres tem um conjunto de crenças e valores e estes eles difundem para a empresa, uma organização não pode ser humilde se as pessoas não são humildes.  As virtudes individuais é que fazem uma empresa virtuosa.

Uma empresa virtuosa é aquela que respeita os clientes, fornecedores, colaboradores e comunidade.

Não mentir, cumprir o que se promete e respeitar as pessoas são razões que podem estar atrás do sucesso ou do fracasso de muitas empresas e pessoas.

As pessoas buscam valores e virtudes e quando os encontram, em pessoas ou  organizações,  saberão reconhecer .

Vamos refletir sobre isso!

Pedro Paulo Morales  |  Publicado em: 06/07/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

domingo, 26 de agosto de 2012

Quanto Vale Ser Você?



Estava pensando na evolução feminina, nos avanços que conseguimos dar na história e na contribuição do nosso papel para a humanidade e para o planeta.

Muito embora tenhamos alcançado muitos patamares, muitas de nós ainda não consegue  atribuir a  si o verdadeiro valor. O valor de sua essência, de sua contribuição, de sua existência.

Reconhecer o real valor de “sermos nós mesmas”, nos atribui poder pessoal. O poder pessoal não está somente nas conquistas materiais de nossas vidas, não está somente no cargo que ocupamos em uma organização, não está em nossa remuneração. .. Poder pessoal está exatamente na capacidade de continuarmos sendo nós mesmos, de forma plena “com ou sem” todas estas coisas ditas anteriormente. E, de forma paradoxal, o ingrediente secreto que nos ajudou a construi-las.

O Poder pessoal está no senso e na responsabilidade de construirmos relacionamentos de valor e, acima de tudo, em sabermos o que é verdadeiramente importante em nossa vidas. É este poder que constrói pontes e move montanhas. Porque a base deste poder está no amor; no senso de amor próprio.

O Senso de Valor, nos capacita a amar. Se, por alguns instantes, você pudesse imaginar o que se passa na cabeça de quem comete ou tenta cometer o suicídio… Como imagina que seria este pensamento? Eu já pensei sobre isso após uma conversa cuja pergunta era: “ o que se passa na cabeça de uma pessoa que tenta o suicídio?” O que veio em minha mente e em meu coração, foi uma tristeza e uma compaixão profundas, em sentir que um ser humano tenha perdido a fé, as esperanças em si mesmo; seu Senso de Valor, sua capacidade de crer no amor. Isto quer dizer, literalmente: “ se eu não sirvo para nada, se minha vida não faz sentido… porque continuar?”

Senso de Valor requer alguns sacrifícios. Sim ! requer dizer “não”, requer “nem sempre agradar a todos”, requer senso de justiça, requer viver segundo a sua própria verdade, requer autenticidade, requer a maleabilidade da água para aprender com as situações (quedas, pedras, perdas) e a pureza do fogo, que não se polui.

Senso de Valor é o que nos faz ter uma certeza absoluta de que, as tempestades podem surgir, quedas e fracassos poderão acontecer… mas, que ao final de tudo… continuaremos a crer em um amanhã melhor. Senso de Valor é o que nos dá a certeza de que estamos fazendo o melhor com os nossos talentos, para descobrir outros e cumprirmos o nosso Propósito Divino, colaborando para a cocriação de um mundo melhor. É o que nos faz aceitar nossos defeitos, procurarmos melhorar e contribuirmos para a sociedade. É o que nos faz reconhecer que merecemos sonhar, construir e almejar uma vida plena; uma vida feliz!

Senso de Valor é perceber que ninguém mais é como você… Portanto, você tem muito valor e é muito especial. Compartilho agora este lindo texto de Virginia Satir “Eu Sou Eu”… Espero que gostem e compartilhem.

Eu Sou Eu

“Em todo o mundo, não há mais ninguém que seja exatamente como eu. Tudo o que sai de mim é autenticamente meu, porque eu mesmo escolhi isto – eu assumo tudo em relação a mim: meu corpo, meus sentimentos, minha boca, minha voz, todas as minhas ações, sejam elas em relação aos outros ou a mim mesmo. Eu assumo minhas fantasias, meus sonhos, minhas esperanças, meus medos.

Eu assumo meus triunfos e sucessos, todos os meus fracassos e erros. Por assumir tudo o que eu sou, eu começo a me conhecer intimamente e ao fazer isto, eu posso me amar e ser amigável com todas as minhas partes.

Eu sei que há aspectos de quem eu sou que me confundem, e outros aspectos que eu nem conheço – mas na medida em que eu for amistoso e amoroso comigo mesmo, poderei, corajosa e esperançosamente, procurar soluções para as confusões e outras maneiras de me conhecer melhor.

Assim, qualquer que seja a minha aparência ou jeito de falar, o que quer que eu diga ou faça e o que quer que eu pense ou sinta, em um dado momento no tempo, isto, autenticamente, SOU EU!

E se mais tarde alguns aspectos da minha aparência, do meu jeito de falar, de pensar e sentir parecerem não servir, eu posso descartar aquilo que não me serve mais, manter o resto e inventar algo novo para aquilo que eu descartei, podendo ver, ouvir, sentir, pensar, dizer e fazer tudo aquilo que fizer sentido pra mim naquele momento.

Eu tenho as ferramentas para sobreviver, para estar perto dos outros, para ser produtivo e para entender e organizar o mundo das pessoas e coisas que estão fora de si. Eu me assumo e, portanto, eu posso me inventar e reinventar constantemente.

Rejane Santos  |  Publicado em: 26/07/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

sábado, 25 de agosto de 2012

O que você faria sendo possível voltar no tempo?



Buscava inspiração para escrever algo relacionado com a importância de valorizar cada oportunidade da vida, quando decidi assistir novamente o filme “O Homem do Futuro”. Na trama dirigida por Cláudio Torres, o talentoso ator Wagner Moura, interpreta Zero, um cientista professor de física, que cria junto com um amigo, um aparelho para revolucionar a geração de energia.

Quando vai testar o acelerador de partículas, descobre que inventou uma máquina do tempo, permitindo retornar 20 anos, quando foi humilhado publicamente durante um baile da universidade, na qual perdeu Helena (Alinne Moraes), sua eterna paixão. Usando a máquina do tempo e retornando ao passado, dispõe da chance de interferir no próprio destino. Entretanto, ao regressar para o período presente, descobre que sua vida mudou por completo, sendo necessário encontrar uma maneira eficaz para mudar novamente sua própria história. Imagine como seria você, com a conveniência de usar um equipamento como este? O que você faria sendo possível voltar no tempo?

O lamento atrasa o processo criativo

Tive a honra de entrevistar, no meu livro “Oportunidades”, o premiado humorista Shaolin (Francisco Jozenilton Veloso), que dotado de grande capacidade para assimilar costumes e mazelas da sociedade, difundiu o contagiante humor popular brasileiro.

Mas uma pergunta, em especial, marcou bastante a entrevista, quando questionei se, em um passe de mágica, fosse possível viajar de volta 10 anos, que conselho o Shaolin daria a si, sobre o relacionamento com a família, com os amigos e sobre sua paixão ao trabalho humorístico? A resposta é digna de um homem vitorioso, afirmando que “não teria esperado tanto tempo para entrar de cabeça no humor, não teria temido o que a família iria pensar sobre as fraquezas pessoais e não teria chorado nas etapas fracassadas da vida, pois o lamento atrasa a criatividade. Se pudesse viajar de volta 10 anos no tempo, eu teria perguntado mais e respondido menos”. Reflita que ao lastimar suas experiências anteriores, você intrinsicamente acaba gerando um sentimento de culpa, produzindo mais frustações, angústias e bloqueios mentais. Se um atleta assistir sua última competição, para somente encontrar justificativas de sua derrota, não encontrará entusiasmo para projetar melhorias.

Faça o seguinte exercício, perguntando a alguém que está do seu lado, o que faria se pudesse voltar ao tempo? Pare alguns segundos e responda o que você faria se conseguisse voltar os ponteiros do relógio? É incrível, como há pessoas que vivem arrastando lembranças tristes passadas, deixando de abraçar o presente e projetar um vindouro momento promissor.

O filme “O Homem do Futuro” e a trilha sonora “Tempo perdido”, da Banda Legião Urbana, são ingredientes de estímulo para acreditar que, indubitavelmente, algumas lembranças podem ser dolorosas, amargas e improdutivas. Como não é possível entrar em uma máquina do tempo e, alterar sua história, lembre sempre que a pessoa rancorosa vive continuamente citando fatos do passado, o indivíduo ansioso quer estar no futuro neste instante, mas o ser humano prudente aproveita o período presente para ser feliz. Defendo que somos pessoas feitas de passado, mas acredito que a principal pessoa beneficiada em viver o presente é você. Levante seus olhos para novas oportunidades e descubra que é mágico viver. Vamos tentar?

Dalmir Sant’Anna  |  Publicado em: 12/07/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Motivação não é Cesta Básica


As pessoas tratam a motivação como se fosse uma festa de final de ano, uma confraternização. Não é.

Motivação é coisa séria, é ciência, é estudo do comportamento humano e quanto mais competitivo for o mercado mais ousado devem ser o treinamento de pessoal com foco em motivação e as ações de marketing.

A motivação humana ganha muito em importância para as ferramentas de gestão e tomadas de decisão em planejamento, execução e resultados.

Hoje buscamos um time que converge para o alvo, para as metas, construindo uma cultura interna onde todos falam a mesma língua visando sempre os resultados que mantém a empresa muito viva.

Nenhum animal conhecido na Terra supera o ser humano que nasce com um cérebro do tamanho de um tomate (portanto não nasce pronto como produtos, por exemplo) e na sua fase adulta tem o tamanho de um pequeno mamão (e tem que continuar se desenvolvendo).

A vida é isso: Movimento. A falta de uso atrofia e enferruja. Um relacionamento, o trabalho, as ações, as atitudes, o estudo... Tudo só tem valor se continuar se mexendo. Quem fica parado é poste e ainda sofre as investidas de um pequeno cão.

A motivação que as empresas devem buscar para suas equipes devem visar comprometimento das pessoas, foco, atitudes e ações que visem resultados. Afinal, vivemos mesmo de resultados.

Muito mais do que algo simples que podemos chamar aqui de cesta básica, visamos uma motivação com responsabilidade pelo perfil da empresa, do negócio, suas políticas, sua filosofia e o respeito aos membros da equipe, seja para os mais antigos ou acolhendo os mais novos, na busca intensa pela reciprocidade das pessoas.

O ser humano hoje não quer se sentir um figurante. Ele quer se sentir participante.

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!

Gilclér Regina  |  Publicado em: 25/07/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Desvirtuamento dos Jogos Olímpicos

Os jogos olímpicos ressurgiram pela ação do Barão Pierre Coubertin, educólogo que acreditava no esporte como parte da educação de todo jovem.
"Mens sana in corpore sano", mente sadia num corpo sadio. 
A ideia nunca foi valorizar o esporte como fim, mas como um complemento.
A ideia era ter profissionais de várias áreas com saúde e corpo atlético, e nunca profissionais do esporte como um fim por si mesmo.
O que era uma ação pedagógica para incentivar jovens a fazer mais esporte, infelizmente se tornou ao longo destes anos uma política pública governamental para mostrar a "superioridade e a riqueza das nações".
Governos de todos os tipos, nacionalistas, socialistas e democráticos começaram a financiar jovens a se tornar esportistas profissionais.
Os mais notórios exemplos foram Cuba, China e União Soviética, que procuravam e contratavam jovens geneticamente adequados para fazer parte de seus exércitos, mas em vez de serem treinados em defesa, treinavam para os jogos olímpicos em tempo integral.
Jogando fora a ética e o espírito das Olimpíadas ganhavam medalhas de esportistas amadores.
Os Estados Unidos logo vieram atrás.
Faculdades privadas nos Estados Unidos começaram a admitir nas melhores escolas do país jovens com aptidão atlética, e não necessariamente com aptidão acadêmica.
Atletas americanos ganham bolsas de estudo, mas estudo não era o que se demandava deles. A frase mudou para "Corpore Sano mas mente de ostra".
Para estes atletas bolsistas eram criados cursos fáceis que exigiam pouco estudo, para que pudessem treinar para as Olimpíadas em tempo integral.
Outros esportes menos conhecidos, os esportistas precisam de "patrocinadores" senão não têm condições de treinar como precisam. 
Esta "profissionalização" disfarçada vai de encontro ao espírito olímpico, porque esporte era um complemento à vida acadêmica e não um fim em si mesmo.
E a partir de 1970, estes esportistas profissionais passaram a ser admitidos nos jogos olímpicos oficialmente, algo que até então era proíbido.
Cederam aos países não éticos, que viam nos Jogos Olímpicos uma forma de se mostrar superiores aos demais. 
Rafael Nadal é o campeão olímpico de 2008, única competição que ele disputa sem o objetivo lucro, o que é uma enorme hipocrisia da parte dele.
A final de tênis Federer x Smith foi uma reprise de Wimbledon, onde só tem profissionais.  
Felizmente, o Comitê Olímpico aprovou os Jogos Olímpicos da Juventude.
O primeiro foi em 2010, e são estes jogos que mantêm a chama olímpica viva, para jovens de 14 a 18 que ainda não caíram no profissionalismo egoísta do esporte como fim. 
Precisamos dar mais atenção aos Jogos da Juventude e proibir aqueles esportistas que só se dedicam ao esporte e nada mais, pagos para aumentar o seu status profissional com dinheiro do contribuinte.

Do blog do Stephen Kanitz

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Você Não ia Mudar o Mundo?




Nós éramos jovens, belos, cheios de sonhos e de amor para dar. Éramos? Por que não podemos voltar a ser ou continuar sendo? Muitos de nós, após anos de experiências, passamos a levar a vida com base nos conhecimentos que adquirimos. Não que isso seja ruim, mas a capacidade de aprender, de vivenciar novas experiências tornar-se um hábito.

Nós éramos jovens, belos, cheios de sonhos e de amor para dar. Éramos? Por que não podemos voltar a ser ou continuar sendo? Muitos de nós, após anos de experiências, passamos a levar a vida com base nos conhecimentos que adquirimos. Não que isso seja ruim, mas a capacidade de aprender, de vivenciar novas experiências tornar-se um hábito.

Por que as empresas preferem contratar jovens talentos e considera, muitas vezes, os mais velhos como “cartas fora do baralho”? Porque os jovens estão prontos a criar e inventar e os veteranos precisam estar buscando novas motivações. Então... Como conviver com isso? Você não ia mudar o mundo? Será que ficou tão velho assim que os outros já o chamam de “dinossauro”, aquele que não se adaptou ao novo ambiente? Onde está o segredo?

Aprenda a continuar aprendendo. Aprender é uma atividade eterna. Muitas pessoas após concluírem a universidade, nunca mais voltam a estudar. Responda rápido: quantos livros você leu nos últimos seis meses? Você iria se consultar sabendo que o médico nunca mais fez uma reciclagem?

Resgate o seu lado criança, volte a sonhar, a ser mais criativo, mais entusiasmado. Crianças não acordam tristes, estão sempre criando e imaginando. Aprenda com elas. A melhor forma de aprender é contribuir para que as pessoas ao seu lado tornem-se melhores do que você. O jeito mais fácil de crescer, de subir na vida, é ajudando os outros. Procure lembrar-se de antigos chefes que você teve na vida. Aposto que muitos tiveram uma participação decisiva em seu crescimento pessoal e profissional.

Seja substituível, pelo menos, para você mesmo. O cemitério está cheio de insubstituíveis. Comprometa-se com os projetos da empresa e com os projetos de sua vida. Aceite desafios e novas tarefas. Acate sugestões, ouça. Saiba que todos gostam de ajudar e sentirem-se úteis.

Lembre-se da música: “Ë preciso saber viver”. Ela diz que uma pedra no caminho você pode retirar. Uma flor que tem espinho, você pode se arranhar. Se o bem e o mal existem, você pode escolher. É preciso saber viver. Durante nossa trajetória, teremos momentos de glória e de tristezas. Observaremos tragédias e pequenos ou grandes milagres. Mas de uma coisa não poderemos fugir: teremos de viver e experimentar. Com ou sem crise, a vida é para ser vivida. Não adianta escondermos a cabeça no buraco, não adianta nos isentar nem fugir de nossos problemas e nem ter medo deles. Tudo passa! Superaremos os obstáculos fazendo o nosso melhor! O entusiasmo e a motivação são bênçãos sagradas. Temos de usá-los a nosso favor. Nossa viagem será tão boa quanto o nosso destino.

Acima de tudo... Não esqueça que você pode mudar o mundo. Sozinho é difícil, mas em equipe tudo é possível! Mais do que isso: estimule os outros a também trabalharem em conjunto. Promova o espírito de equipe na sua empresa, na sua família.  Sorria. O sorriso, meu amigo e minha amiga, é sempre o começo de tudo. Lidere e não tenha medo. Juntos nós podemos mudar nossa comunidade, nossa cidade, nosso time, nosso estado, nosso país e um pouquinho do mundo...

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!

Gilclér Regina  |  Publicado em: 07/08/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Sanguessugas e Parasitas



Assim como eu, até há pouco tempo, muitas pessoas imaginavam que parasitas e sanguessugas humanos haviam sido extintos da face da Terra. Em pleno século 21, eles continuam mais vivos do que nunca. Acredite nisso. A competitividade no mercado trabalho conseguiu reduzi-los, mas não eliminá-los por completo.
 
 Parasitas ou parasitos, segundo o Aurélio, são organismos que, pelo menos em uma fase do seu desenvolvimento, encontram-se ligados à superfície ou ao interior de outro organismo, do qual obtém a totalidade ou parte dos seus nutrientes. Refere-se também ao indivíduo que não trabalha, habituado a viver à custa alheia.

Sanguessugas, por sua vez, são vermes que habitam as águas doces e tem ventosas com as quais se liga aos animais com o propósito de sugar-lhes o sangue. Refere-se também aos indivíduos que exploram outras pessoas pedindo constantemente bens ou dinheiro, sem nada lhes oferecer em troca.

Diferente dos seres humanos, parasitas e sanguessugas expressam sua natureza de maneira espontânea. Eles são o que são, portanto, fazem o que fazem de maneira inconsciente há milhões de anos. Se fosse possível dizer a eles que isso é antiético, deselegante ou imoral, nada mudaria.

Diferente dos parasitas e sanguessugas, os seres humanos expressam sua natureza de maneira espontânea e consciente. Obviamente, alguns são mais caras-de-pau e o fazem com certa naturalidade, a ponto de simpatizarmos com eles. Outros vão descobrindo aos poucos que riqueza e fraqueza, quando associadas, são fontes inesgotáveis de recursos, portanto, um excelente hospedeiro.

Ninguém está livre de parasitas e sanguessugas. Em geral, são pessoas simpáticas, sempre dispostas a ajudar, prontas para qualquer tipo de serviço ainda que isso possa lhes custar a reputação, mas nunca a do seu fiel hospedeiro, afinal, não se pode esvair a fonte de onde extraem seus recursos.

Por um lado, eles se valem da força, do dinheiro, da posição ou do status do seu hospedeiro na sociedade para influenciar, obter vantagens, expropriar alguém, negociar favores ou até mesmo para esconder as bobagens e fragilidades de si mesmo e de quem lhe provém o sustento, quando necessário.

Por outro, eles também se valem da fraqueza, da inconstância, da incapacidade de reação e da triste dependência da opinião alheia para conduzir o hospedeiro aonde quiserem. É lamentável, porém, um prato cheio para eles, afinal, são incapazes de sobreviver por conta própria e risco.

Parasitas e sanguessugas naturais destroem seus hospedeiros em pouco tempo com a mesma facilidade com que se instalam neles. Parasitas e sanguessugas humanos destroem fortunas, amizades, carreiras, famílias inteiras, sem se dar conta de que bens e dinheiro são finitos. Isso pouco importa, pois, quando acontece, é possível que consigam migrar com facilidade para hospedeiros mais frágeis, disponíveis aos milhares na face da Terra.

É difícil livrar-se deles, principalmente, quando se tem bens e dinheiro, mas não opinião própria. Posses mascaram a fragilidade do espírito, pelo menos enquanto existirem a ponto de não colocarem o a sobrevivência do hospedeiro em risco.

Por essas e outras razões, parasitas e sanguessugas sobrevivem por anos a fio na mesma condição, em todos os lugares da nossa sociedade: sindicatos, empresas de natureza pública e privada, ONGs e instituições políticas de qualquer natureza.

Eles são incorrigíveis, capazes de levantar uma bandeira e ostentar uma posição da qual não são merecedores apenas para não perder a condição de sobrevivência que jamais conseguiriam sustentar se tivessem de fazê-lo por conta própria.

Por fim, lembre-se, é bem mais fácil e mais seguro mantê-los à distância do que livrar-se deles quando estiverem instalados confortavelmente na sua vida. Estou certo de você tem amor próprio, orgulho e força suficiente para seguir andando com suas próprias pernas.

Pense nisso e seja feliz!

Jerônimo Mendes  |  Publicado em: 23/07/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Quem manda aqui sou eu!


No parque do Beto Carrero World, observo atentamente, dois jovens a minha frente, na fila da montanha russa. Empolgado, um deles tenta convencer o colega temeroso a passear no brinquedo radical. Desperta minha atenção, a maneira como os pensamentos negativos ocultam a oportunidade de sentir algo novo.
 
O colega empolgado enaltece sua alegria, enquanto o temoroso insiste em falar que faltará energia elétrica, que ele vai sofrer um desmaio ou irá chover no momento que o brinquedo realizar um dos cinco loopings. Diante dos estudos que realizo sobre o comportamento humano, constato que normalmente, algumas pessoas projetam desastres iminentes que jamais acontecerão. Pensam de maneira negativa antes de realizar qualquer atividade. Mas, quem manda na sua vida? O medo é maior do que sua capacidade de descobrir novas oportunidades na vida? Confira quatro razões para acreditar que: quem manda na sua vida é você!

Sorrir faz bem a saúde – Um sorriso é um convite de aproximação. Uma pessoa com excelente astral apresenta menos problemas emocionais. Quando você sorri, faz entrar e sair mais ar dos pulmões, do que durante a respiração regular, estimulando a circulação sanguínea. As bochechas se contraem e o sangue que corre pelo cérebro se esfria. Essa corrente sanguínea passando pela cabeça é um dos responsáveis pela sensação de bem-estar. Que tal um sorriso agora?

Confie mais no seu potencial – Quando você era criança, para aprender a andar de bicicleta, foi preciso demonstrar confiança em si e como resultado, sentir a sensação de pedalar descobrindo novas emoções. O que impede de encontrar dentro de você, a força impulsionadora para uma maior confiança?
 
Deixe o medo para os fracos – O poder destrutivo do medo ocupa na mente do ser humano, um significativo espaço que poderia ser ocupado com alegria, esperança e capacidade de transformação. Fortaleça diariamente sua autoestima, acredite nas suas competências e tenha como hábito escolher pensamentos produtivos e otimistas.

 Pare com as desculpas – A cada novo amanhecer, procure lembrar que desculpas não tornam você uma pessoa vitoriosa. A ausência de uma atividade física não pode mais ser justificada com desculpas. Sentimentos como bom humor, coragem, energia positiva, felicidade e otimismo são essenciais para quem deseja substituir desculpas por resultados.

Comentei no início do texto sobre os dois jovens, que estavam a minha frente na montanha russa. Ao contrário de curtir o momento e aproveitar a sensação indescritível do sobrevoo que o brinquedo proporciona, o jovem demonstrou nítida falta de confiança.

Agora responda: Qual dos dois jovens seria você? Lembre sempre de um provérbio alemão que diz: “O medo e uma desculpa fazem o lobo ser maior do que realmente é na realidade”. Quando as desculpas, o medo e a falta de confiança pensarem em dominar você, com convicção, mostre quem é que manda na sua vida, combinado?

Dalmir Sant’Anna  |  Publicado em: 22/06/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

domingo, 19 de agosto de 2012

Entenda o aquecimento global

Estados Unidos, Europa e China representam 50% da emissão de Carbono.
São países que colocam o crescimento do PIB em primeiro lugar. O Brasil emite 1,3%, um terço do que emite o setor de aviação.
O problema são as políticas de maximização do PIB, que tomaram conta da maioria dos países, inclusive o Brasil.
A política atual é produzir a maior quantidade de produtos e bugigangas possível, algo que os chineses seguiram à risca. 
Países que colocam o crescimento do Patrimônio Nacional em primeiro lugar, se preocupam em fazer menos produtos, mas com maior durabilidade.
Carros que duram 20 anos fazem mais sentido para a população como um todo, do que carros que duram cinco anos. 
Dilma acaba de dar incentivos fiscais para produzirem mais eletrodomésticos e mais carros, e não para produzirem carros e eletrodomésticos mais duráveis, que não precisem ser trocados a cada cinco anos.
Maximizar o PIB maximiza também os impostos, mas não diminui a pobreza quanto maximizar o Patrimônio Nacional.
O maior impecilho para o desaquecimento global é a enorme dependência do Estado nos impostos gerados pelo PIB.
Empresas podem lucrar o mesmo valor vendendo produtos que duram mais, simplesmente cobrando mais, não necessariamente 5 x mais, mas 15% mais, se a margem de lucro for de 4%, por exemplo.
Poderíamos reduzir a emissão em 75% se produzíssemos produtos que durassem 20 anos, em vez de cinco anos.
Os ricos continuariam a comprar as últimas inovações tecnológicas, mas em vez de jogar tudo no lixo venderiam o produto usado para as classes mais pobres.
Estes pagariam a metade do preço de um novo, por um produto funcional, mas de uma tecnologia anterior. Qual o problema?
Eu quando era pobre, comprava carro usado.
Carro que não entrava no cálculo do PIB, apesar de eu ter aumentado meu padrão de vida, e bem.
E por não entrar no cálculo do PIB, usados nunca foram tema de política econômica em nenhum país. 
Apesar de ganhar quatro salários mínimos na época, meu padrão de vida era o dobro, porque muita coisa que eu comprava era usada e custava a metade do preço.
Toda a indústria de genéricos fabrica remédios cujas patentes já caducaram, e portanto mais baratos.
Mas por isto mesmo são de uma tecnologia anterior, e agora acessíveis para pessoas mais pobres. 
Preferível o remédio antigo e menos eficaz, do que nada.
Nós que somos adeptos a maximizar o Patrimônio Nacional não estamos preocupados com a "distribuição da renda", e sim com a "distribuição da produção".
Queremos que produtos durem e troquem de mãos, das classes mais ricas para as classes mais pobres. 
Obrigaríamos as empresas a suprir com peças sobrassalentes, 10 anos depois do fim da produção, para incentivar justamente o mercado de usados.
Os adeptos de Adam Smith odeiam o mercado de usados. Apesar de aumentar o bem estar das classes mais pobres, ele não aumenta o PIB e muito menos os impostos.
Financiar casa usada, carro usado, televisão usada, nem pensar.
Tudo tem que ser novo, de última geração.
Pobre tem que pagar o dobro, neste modelo econômico elitista e excludente.
Para incentivar os adeptos de Adam Smith a mudar de filosofia, eu proporia a criação de Imposto de Circulação sobre Produtos Usados, com uma alíquota de 5%, mas o suficiente para chamar a atenção do governo.
Quem compra um carro usado, por exemplo, precisa das mesma estradas, guardas e faróis, e seria justo que pagassem por este custo do Estado, algo que não ocorre hoje.
O que não podemos é ter países como os Estados Unidos, os países europeus e a China, glorificando o consumo, a maximização do PIB, o endividamento absurdo das famílias, a emissão de 10 cartões de crédito para uma única família, para comprar produtos descartáveis. 
O sonho dos adeptos de Adam Smith e dos maximizadores do Produto Interno Bruto.

Do blog do Stephen Kanitz, recebido por e-mail do autor

sábado, 18 de agosto de 2012

Emoções transparecem da mesma forma na música e na voz

07 de agosto de 2012, no site: www.mentecerebro.com.br

A associação de sentimentos a diferentes características tonais parte de nossa percepção da fala
 
© EUGENE IVANOV/SHUTTERSTOCK

Tente buscar na memória uma melodia que é capaz de mudar seu humor – é muito provável que a distância entre as notas seja a grande responsável pelas emoções despertadas, segundo estudo publicado na Plos One. O neurocientista Daniel Bowling, da Universidade Duke, analisou os intervalos, ou distâncias entre as notas, em melodias de música clássica ocidental e de ragas indianos e descobriu que, nos dois tipos de música, o tamanho do intervalo médio é menor em melodias associadas à tristeza e maior em melodias ligadas à alegria.

Bowling cita como exemplo dessa variação a Sonata ao luar, um clássico do compositor alemão Ludwig van Beethoven. A melodia da primeira parte da peça, que envolve um pequeno conjunto de notas, evoca melancolia para a grande maioria dos voluntários que a ouvem. Já a segunda parte, mais alegre, compreende intervalos maiores entre as notas. Segundo o neurocientista, a música imita os padrões naturais de nosso instrumento mais primitivo: a voz. Para testar essa teoria, ele gravou 40 pessoas falando – metade delas em inglês e o restante em tâmil, um dialeto indiano. Ele observou que as emoções eram relacionadas a padrões melódicos semelhantes: quanto mais monótona a execução da fala, mais triste ela era considerada. “A associação de emoções a diferentes características tonais partiu de nossa percepção da fala”, diz Bowling.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Prevenção de transtorno mental

31 de julho de 2012, do site: www.mentecerebro.com.br
Pesquisadores de universidades paulistas criam programa de prevenção de transtorno mentais em jovens
Acompanhamento sociopsicológico pretende identificar sintomas precoces entre 10 e 24 anos
 
© Nemke/Shutterstock

Cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP) lançaram um projeto para criar um centro de apoio sociopsicológico para acompanhar jovens expostos a fatores de risco para desenvolver dependência química e transtornos mentais, como convivência com violência e drogas.

Chamado provisoriamente de “Espaço Cuca Legal”, o futuro centro de tratamento vai dispor de atividades socioeducativas, como oficinas de leitura, teatro, música e esportes, com acompanhamento de equipe multidisciplinar. Os pesquisadores acreditam que a orientação sobre comportamentos sexuais saudáveis, o estímulo a atividades físicas e esportivas e socioculturais e a conscientização sobre os riscos do consumo de álcool, drogas e o tabagismo na adolescência, podem mudar o comportamento dos jovens e inibir ou retardar o desenvolvimento do surto psicótico.

Um projeto piloto será feito com jovens na região de Vila Maria, zona Norte de São Paulo, que possui cerca de 300 mil habitantes e onde foi criada uma área de capacitação. A ideia é dividir a região em seis áreas (50 mil pessoas cada), que serão mapeadas por agentes de saúde para identificar os casos mais emergentes e encaminhá-los para atendimento no centro de prevenção,

Cerca de 30% dos paulistas apresentam algum distúrbio psíquico, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Centros de pesquisas de várias partes do mundo indicam que patologias, como depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar, eclodem principalemente durante a adolescência, entre os 10 e 24 anos. A falsa impressão de que os jovens são sempre muito saudáveis, além do estigma das doenças mentais, contribuem para retardar o diagnóstico e o início do tratamento, o que agrava o problema e traz repercussões por toda a vida.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Dormir bem, comer melhor



03 de agosto de 2012, do site: www.mentecerebro.com.br

Estudos recentes confirmam que quanto pior é a qualidade e a quantidade do sono, mais aumenta a probabilidade de acumularmos quilos indesejáveis
 
© GORELOVA/SHUTTERSTOCK

por Manfred Hallschmid e Jan Born

Posso passar às 10 h ou nesse horário você ainda está dormindo?” José ouve muitas vezes esse tipo de pergunta. Sabe bem que, por estar acima do peso, muitas pessoas o consideram um dorminhoco. A verdade, porém, é que ele passa boa parte da noite virando-se inquieto, de um lado para outro na cama e olhando os números luminosos no despertador. O que o rapaz não sabe é que seus quilos a mais podem estar ligados a sua dificuldade de dormir.

Para muitos insones o problema é simplesmente não conseguir “se desligar”; para outros o desafio é não ter tempo para um repouso noturno eficiente. Na realidade, nos últimos 60 anos, moradores de países industrializados sofreram redução de uma a duas horas do tempo de sono, que hoje é de cerca de sete horas por noite. Ao mesmo tempo cresceu muito o número de pessoas com sobrepeso e obesidade mórbida; vários especialistas falam até em uma “epidemia de obesidade”. Dezenas de estudos epidemiológicos que associam os dois fenômenos indicam que entre eles há uma relação estatística. Quanto menos dormimos, mais aumenta a probabilidade de ganharmos alguns quilos a mais – um fato confirmado também por muitos estudos longitudinais.

Mas quais são os mecanismos biológicos da relação entre insônia e obesidade? Céticos ressaltam que a maior parte dos estudos sobre o assunto se baseia apenas nas autoavaliações dos participantes, sem se ater a dados confiáveis e objetivos sobre qualidade do sono obtidos somente com base em avaliações aprofundadas conduzidas nos laboratórios do sono. Por esse motivo são cada vez mais numerosos os pesquisadores que procuram compreender melhor a relação entre qualidade do sono e alimentação por meio de estudos experimentais controlados.

Uma dessas pesquisadoras é a endocrinologista Eve Van Cauter, da Universidade de Chicago. Em 2004 ela e seus colaboradores pediram a um grupo de rapazes que dormissem, por duas noites, apenas quatro horas, enquanto o outro grupo podia ficar na cama por nove horas. Em seguida, os pesquisadores aplicaram exames em todos os voluntários para avaliar índices hematoquímicos e constataram que a falta de sono fez aumentar a concentração de grelina em cerca de 30%. Esse hormônio, produzido principalmente no estômago, é responsável pela sensação de fome. Seriam talvez as noites “breves” as responsáveis pelo aumento do apetite?

Na prática, a compreensão dos efeitos práticos da complicada interação entre sono e alimentação pode ser útil a qualquer pessoa que queira se livrar dos quilos a mais. Em 2010, uma equipe de pesquisadores dirigida por Arlet Nedeltcheva e Plamen Penev, da Universidade de Chicago, em Illinois, prescreveu a dez voluntários com sobrepeso uma dieta de duas semanas. Os participantes do projeto foram divididos em dois grupos: aos integrantes de um deles era permitido dormir até oito horas e meia por noite e, ao outro, não mais que cinco horas e meia. As pessoas, como é natural, emagreciam em ambos os grupos, mas aqueles que repousavam menos se livravam de apenas metade da gordura corpórea em relação aos outros e, ao mesmo tempo, perdiam 60% a mais da massa muscular (o que costuma ser prejudicial). Todos esses estudos nos levam a pensar que, cada vez mais, as recomendações de dormir bem estarão ao lado dos outros conselhos já  estabelecidos nos manuais de dieta.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Controlando o preconceito

06 de agosto de 2012, do site: www.mentecerebro.com.br

Julgar situações com base em experiências prévias é uma forma de autopreservação; mas muitas ideias preconcebidas se baseiam em medos e crenças infundados
por Suzana Herculano-Houzel
© GONÇALO VIANA

Ser capaz de analisar e responder às circunstâncias de maneira imparcial, desvinculada de preferências, de valores arbitrários ou da memória de acontecimentos anteriores, parece altamente desejável – o caminho para uma vida sem preconceitos. Na prática, porém, essa análise imparcial é quase impossível: somos limitados por vieses do cérebro, isto é, seus “pré-conceitos”. E isso não é ruim.

Muitas vezes é preciso decidir e agir rápido. Visitando um país desconhecido, você acreditaria que é viável andar de ônibus? Você confiaria sua câmera a qualquer passante para tirar uma foto sua? Boa parte do que fazemos e decidimos tão rápido depende de ideias que o cérebro formula automaticamente a partir de generalizações baseadas em nossas experiências prévias, antes que nos demos conta do processo. Esses são nossos pré-conceitos: noções concebidas anteriormente, prontas para serem usadas na hora do aperto, quando uma decisão rápida for necessária.

Quando bem fundamentados em experiências, os pré-conceitos costumam se mostrar acertados e úteis, pois refletem regras aprendidas ao longo da vida. Voltemos ao país desconhecido: ônibus conservados em geral possibilitam uma viagem mais segura; ruas limpas, iluminadas e cheias de transeuntes tendem a ser tranquilas; uma pessoa bemvestida tem boas chances de saber operar sua câmera – e de não sair correndo com ela.

Por serem altamente pessoais, os julgamentos automáticos ajudam a tomar as decisões mais ajustadas para cada um. Eles são amplos e transparecem em várias ocasiões. Por exemplo, não é preciso processar de forma consciente os atributos físicos e intelectuais alheios para sentir quem nos atrai. A atração acontece antes da explicação, como uma racionalização pós-fato.

Contudo, alguns julgamentos não são baseados em experiências, mas apenas em valores pessoais que não necessariamente correspondem à realidade. São fundados em temores injustificados, em doutrinas arbitrárias ou dogmas religiosos ou políticos. Esses são os “pré-conceitos preconceituosos”. Infelizmente não faltam exemplos: homens devem ser mais inteligentes do que mulheres, negros são mais violentos que brancos, seguidores desta, daquela ou de nenhuma religião são imorais e pouco confiáveis.

Curiosamente, é comum que as próprias pessoas que são alvo de discriminações desenvolvam preconceitos no mesmo sentido. Um estudo com voluntários americanos constatou que a amígdala cerebral, fonte de respostas emocionais automáticas, reage mais veementemente, o que sinaliza ansiedade, a retratos de rostos desconhecidos de negros – isso ocorreu tanto nos participantes negros como nos brancos. Da mesma forma, todos associaram mais facilmente palavras negativas aos primeiros, e positivas aos últimos.

Preconceituosos ou não, a questão é que os pré-conceitos influenciam nossas escolhas e o que deveria ser vantagem vira problema quando nossas decisões prejudicam os outros sem qualquer razão. Felizmente, o próprio cérebro tem a solução, quando quer: o córtex pré-frontal, ao se reconhecer infundadamente pré-conceituoso, é capaz de vetar opiniões, decisões e até ações. Leva tempo e requer esforço, é verdade. Mas vale a pena. É a diferença entre ter pré-conceitos, o que todos temos, e deixar que eles se transformem em ações preconceituosas.
Suzana Herculano-Houzel é neurocientista, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Quietos, sim. E daí (4/4)

= continuação = 

Lentidão e cachos

Em 1921, o psiquiatra suíço Carl Jung, criador da psicologia analítica, publicou um livro bombástico: Tipos psicológicos. A obra foi fundamental para a popularização dos termos “introvertido” e “extrovertido” como os pilares da personalidade. Pessoas que se adequam ao primeiro grupo são atraídas pelo mundo interior do pensamento e do sentimento e os demais  pela vida externa: outras pessoas e o ambiente lhes parecem mais atraentes. Enquanto os introvertidos focam no significado que tiram dos eventos ao seu redor, extrovertidos mergulham nos próprios acontecimentos, de forma mais concreta. É como se os retraídos recarregassem suas baterias ficando sozinhos e os expansivos o fizessem por meio da socialização.
Um fato a ser considerado é que não há uma definição geral para introversão ou extroversão – não se trata de categorias unitárias, como “cabelos cacheados” ou “40 anos”, que permitem perceber claramente quem se enquadra em uma delas. Por exemplo, a introversão pode se entendida tanto como sinal de uma rica vida interior quanto como falta de autoconfiança e de capacidade de socialização. Além disso, alguns argumentam que as ideais de Jung são datadas, enquanto outros concordam entusiasticamente com elas.
Ainda assim, os profissionais tendem a concordar em vários pontos importantes: 1.Introvertidos e extrovertidos diferem quanto ao nível de estímulo externo de que precisam para funcionar bem. 2.Há diferenças na forma de trabalhar. Extrovertidos tendem a terminar tarefas rapidamente, tomam decisões rápidas (e às vezes drásticas) e sentem-se confortáveis com muitas tarefas ao mesmo tempo: gostam da “excitação da caça” por recompensas como dinheiro e status. Já os introvertidos costumam ser mais lentos e ponderados, gostam de focar em uma atividade cada vez e podem ter um grande poder de concentração, além de serem relativamente imunes às tentações da fama e fortuna.
Vale lembrar que nossa personalidade molda também nossos estilos sociais. Extrovertidos são pessoas que darão vida a um jantar entre amigos e rirão generosamente de suas piadas. Eles tendem a ser assertivos, dominantes e necessitam muito de companhia. Eles pensam em voz alta e rapidamente; preferem falar a escutar, raramente se encontram sem palavras e ocasionalmente vomitam palavras que nunca quiseram dizer. Sentem-se confortáveis em conflitos, mas não com a solidão. Os introvertidos podem ter várias habilidades sociais e até gostar de festas e reuniões de negócios, mas depois de um tempo desejam estar em casa, de preferência de pijama. Eles preferem devotar suas energias sociais aos amigos íntimos, colegas e família. Ouvem mais do que falam e muitas vezes sentem que se exprimem melhor escrevendo do que falando. Tendem a não gostar de conflitos, têm horror a jogar conversa fora, mas apreciam discussões profundas. E podem ser reclusos ou misantropos, mas a maioria é perfeitamente amigável, acredite.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Quietos sim. E daí? (3/4)

= continuação =

Marketing Pessoal

Possivelmente cometemos um erro grave ao abraçar o ideal da extroversão tão inconsequentemente. Algumas das maiores descobertas da ciência, os grandes insights, a arte, as invenções – desde a teoria da evolução até os girassóis de Van Gogh e os computadores pessoais – vieram de pessoas quietas que sabiam como se comunicar com seu mundo interior. Sem introvertidos, o mundo não teria, por exemplo, a teoria da gravidade, de Isaac Newton, os Noturnos, de Frédéric Chopin, Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, Peter Pan, de J.M.Barrie, 1984 e a A revolução dos bichos, de George Orwell, o Google, idealizado por Larry Page, ou mesmo o personagem Harry Potter, de J.K.Rowling.
Como escreveu o jornalista científico Winifred Gallaghe, “a glória da disposição que faz com que as pessoas parem para considerar estímulos em vez de render-se a eles é sua longa associação com conquistas intelectuais e artísticas. Nem o E=mc² de Einstein nem Paraíso perdido, de John Milton, foram produzidos por festeiros”.
Assim, nas escolas infantis, cada vez mais as mesas das salas de aula são arrumadas em forma de concha, uma disposição para encorajar o aprendizado em grupo, e pesquisas sugerem que a maioria dos professores pensa que o aluno ideal é extrovertido (mas não a ponto de atrapalhar a aula). Quando adultos, muitos de nós trabalham para empresas que insistem nos grupos, em escritórios sem paredes para valorizar “um bom relacionamento interpessoal”. E, não raro, para avançarmos na carreira, é preciso se autopromover – trata-se do famoso “marketing pessoal,”, mais decisivo para o sucesso do que a própria competência profissional.
Na contramão dessa cultura, os “quietos” sofrem profunda dor psicológica causada pelo preconceito contra eles. Quando crianças, por exemplo, muitos podem ter ouvido seus pais s e desculparem pela timidez do filho. É possível também que tenham sido estimulados a “sair da concha” -  expressão, aliás, que não valoriza o fato de que alguns animais naturalmente carregam seu abrigo aonde que se vão, assim como alguns humanos. Quando adulto, talvez o introvertido sinta uma ponta de culpa quando recusa um convite para jantar por preferir ficar em casa para lendo um bom livro. Ou talvez goste de comer sozinho em restaurantes – mas poderia passar bem melhor sem os olhares de pena dos outros clientes, comovidos com sua “solidão”.

domingo, 12 de agosto de 2012

Quietos sim. E daí? 2/4)

 = continuação =

Se essas estatísticas o surpreendem, provavelmente é porque muitas pessoas fingem ser extrovertidas. Introvertidos disfarçados passam despercebidos em parquinhos, nas salas de aula e nos corredores de empresas. Alguns enganam até a si mesmos, até que algum fato da vida – uma demissão, a saída dos filhos de casa, uma herança que permite que passem o tempo como quiserem – os leva a avaliar a sua própria natureza. Você só precisa abordar o tema deste livro com seus amigos e conhecidos para descobrir que mesmo as pessoas mais improváveis se consideram introvertidas.
Faz sentido que tantos introvertidos se escondam até de si mesmos. Vivemos em um sistema de valores que podemos chamar de “ideal de extroversão” e representa a crença onipresente de que o ser humano em sua melhor forma é gregário, “alfa” e se sente confortável sob a luz dos holofotes. O típico extrovertido prefere a ação à contemplação, os riscos à cautela, a certeza à dúvida. Ele escolhe as decisões rápidas, mesmo expondo-se mais à possibilidade de estar errado. Trabalha bem em equipes e socializa em grupos.
Gostamos de acreditar que prezamos a individualidade, mas muitas vezes admiramos um determinado tipo de indivíduo – o que fica confortável sendo o centro das atenções. É claro que toleramos solitários com talento – desde que fiquem incrivelmente ricos ou que prometam fazê-lo. Afinal, a introversão – com suas companheiras sensibilidade, seriedade e timidez = é hoje, um traço de personalidade considerado de “segunda classe”, quase uma patologia. Já a extroversão parece ser um estilo de personalidade bem mais atraente, muitas vezes transformado em um padrão opressivo que a maioria de nós acha de que deve seguir.
Esse ideal tem sido bem documentado em vários estudos, apesar de essa pesquisa nunca ter sigo agrupada. Pessoas loquazes, por exemplo, são avaliadas como mais esperas, mais bonitas, mais interessantes e mais desejáveis como amigas. A velocidade do discurso conta tanto quanto o volume: a maioria das pessoas tende a considerar mais competentes e simpáticos aqueles que falam rápido. Em pesquisas, aplica-se a mesma dinâmica: os que se mostram eloquentes são considerados mais inteligentes que os reticentes, apesar de não haver nenhuma correlação entre o falatório e boas ideias.
Até a palavra “introvertido” ficou estigmatizada. Um estudo não publicado, realizado pela psicóloga Laurie Helgoe, professora-assistente do departamento clínico da Escola de Medicina da Universidade West Virginia, mostrou que os retraídos (e muitas vezes tímidos) descrevem sua própria aparência física com linguagem vívida. Usam expressões como “olhos verde-azulados”, “exóticos”, “maçãs do rosto salientes”, mas quando solicitado que descrevam sua forma de ser, em geral apresentam uma imagem insossa e até desagradável.

sábado, 11 de agosto de 2012

Quietos sim. E daí? (1/4)


A introversão – assim como a sensibilidade, a seriedade e a timidez – é um traço de personalidade considerado indesejável; já a extroversão parece enquadrar-se em um estilo, muitas vezes transformado em um padrão opressivo que a maioria das pessoas acredita que deve seguir

Por Susan Cain
Da revista Mente & Cérebro n° 233, Junho/2012


Nossa vida é moldada tão profundamente pela personalidade quanto pelo gênero ou código genético. E o aspecto mais importante da personalidade – “o norte e o sul do temperamento”, como dizem alguns cientistas – é onde cada um se localiza no espectro introversão-extroversão. Nosso lugar nesse contínuo influencia como escolhemos amigos e colegas, como levamos uma conversa, resolvemos diferenças e demonstramos amor. Afeta a carreira que escolhemos – e se seremos ou não bem-sucedidos nela. Influi até mesmo na tendência a nos exercitar, a cometer adultério, a funcionar bem sem dormir, a aprender com nossos erros, a fazer grandes apostas no mercado de ações, a adiar gratificações, a ser um bom líder. Ou seja: isso se reflete nos caminhos do nosso cérebro, nos neurotransmissores e nos cantos mais remotos do nosso sistema nervoso. Não por acaso, atualmente, introversão e extroversão são dois dos aspectos mais pesquisados na psicologia da personalidade, despertando a curiosidade de centenas de cientistas.
Apesar de descobertas animadoras, esses pesquisadores, auxiliados pela tecnologia mais avançada, fazem parte de uma longa tradição. Poetas e filósofos têm pensado sobre retraídos e expansivos há séculos. Os dois tipos de personalidade aparecem na Bíblia e nos escritos de doutores gregos e romanos. Alguns psicólogos evolucionistas dizem que a história desses comportamentos vai muito além: também o reino animal apresenta “introvertidos”e “extrovertidos”: em linhas gerais, peixes estariam no primeiro grupo e macacos, no segundo. Sem os dois estilos de personalidade – ou sem outros pares complementares como masculinidade e feminilidade, Ocidente e Oriente, por exemplo -, a humanidade seria irreconhecível, e imensamente diminuída.
Veja a parceria de Rosa Parks e Martins Luther King. Um formidável orador recusando-se a ceder seu lugar em um ônibus não causaria o mesmo efeito de uma mulher modesta que claramente preferiria se manter em silencio. Mas Rosa não teria o necessário para eletrizar uma multidão se tivesse tentado se levantar e anunciar que tinha um sonho. Mas com a ajuda de Luther King, ela não precisou fazê-lo.
No entanto, hoje abrimos espaço para um número notavelmente limitado de estilos de personalidade. Dizem que para sermos bem-sucedidos temos de ser ousados, para nos mantermos felizes é preciso ser sociáveis. Costumamos nos ver como uma nação de extrovertidos – o que significa que perdemos de vista quem realmente somos. Dependendo de que estudo for considerado, de um terço a metade dos americanos, por exemplo, é introvertido – em outras palavras, uma em cada duas ou três pessoas que você conhece. (Considerando que os Estados Unidos estão entre as nações mais extrovertidas, o número deve ser pelo menos tão alto quanto em outras partes do mundo). Se você não for um introvertido, certamente está criando, gerenciando, namorando ou casado com um.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Expulse os seus Demônios


Leleco é uma personagem caricata da novela Avenida Brasil, muito bem representada pelo veterano Marcos Caruso, o qual está sempre em busca de um motivo para pegar a namoradinha no flagra, a estonteante Tessália, papel de Débora Nascimento, com ajuda de um amigo mais novo, o Darkson, perfeito na interpretação de José Loreto.

Na prática, Leleco está doido para levar um chifre de mais ou menos dois metros e, pelo jeito, não vai sossegar enquanto isso não acontecer. Como ele é o típico criador dos seus próprios demônios, este artigo foi escrito em homenagem a ele e seus seguidores.

Demônios estão sempre à espera de uma oportunidade para assombrar a felicidade humana. Quando você menos espera, eles aparecem. Eles são uma espécie de adrenalina negativa que nutre os fracos de espírito para fazer bobagens, cometer sandices e transformar momentos de dificuldades em ritual de ofensas.

Isso não tem nada a ver com religião, mas com estado de espírito. Aqui entre nós, é necessário muito equilíbrio para não se deixar levar pelo calor da emoção considerando que, quando os demônios se juntam, o sangue de barata desaparece e as pessoas acabam fazendo coisas que jamais fariam no seu estado zen.

Demônios são como vírus ou bactérias das quais você deve aprender a se prevenir constantemente para não se deixar contaminar. Assim mesmo, vez por outra, as pessoas se descuidam e, aos poucos, os demônios vão se transformando em dores, ameaças, afastamento e desconfiança.

Demônios vivem incubados. Seu hospedeiro favorito são as mentes frágeis que não se ocupam das coisas boas, dos pensamentos positivos, das boas companhias. Pessoas que não riem, que levam tudo a ferro e fogo, que se enclausuram, que gostam de encontrar culpados pelas suas próprias frustrações e que vivem ligadas ao passado são presas fáceis para os demônios.

Desconheço alguém que não carregue os seus. De certa forma, cada ser humano convive de maneira pacífica com eles. Somos testados a todo o momento por eles e podemos ou não deixa-los dominar os pensamentos. É uma questão de escolha. Alimente coisas boas na mente e terá coisas boas. Alimente coisas ruins e o resultado aparece em forma de raiva, de frustração, de violência, de dor e sofrimento, na maioria dos casos, desnecessários.

Apesar de falar com propriedade a respeito, sei que é difícil livrar-se deles. Conheço pessoas que já estabeleceram um pacto de amor e ódio com eles. Sabem que os demônios são prejudiciais para os relacionamentos, nocivos para a saúde, destruidores da autoestima. Sabem também o que devem fazer para dominá-los e mesmo assim insistem em alimentá-los.

Pessoas desse tipo, além de sofrer muito, fazem os outros sofrerem. Nada do que os outros façam pode ajuda-las a destruir os demônios que elas fazem questão de cultivar dentro de si mesmas. Tem muito a ver com a história pessoal de cada um, mas o fato de o seu pai ou sua mãe terem sido cruéis contigo não lhe concede o direito de fazer o mesmo com os demais.
 
Os demônios estão nas palavras e estas, por sua vez, ferem mais do que a violência física. No calor da emoção, agem como um punhal atravessado no peito que vai sangrando aos poucos até consumar a tragédia. Isso é tudo o que os seus demônios particulares desejam. Portanto, é necessário lutar contra eles o tempo todo com todas as suas forças para não ter de alimentá-los até o fim da vida. Não precisa ser necessariamente assim.

Eu poderia iniciar uma lista interminável de sugestões e práticas saudáveis capazes de expulsar todos os demônios da face da Terra. Não é necessário despacho nem sessão de exorcismo, o que considero pura perda de tempo. Quer expulsar o seus? É bem simples.

Leia mais livros: não seja uma pessoa de um livro só, cujo discurso repetitivo está na ponta da língua e apenas aborrece as pessoas ao seu redor;

 Ocupe sua mente com pensamentos positivos: esqueça o passado que você não muda mais e só traz sofrimento; se você se concentrar no passado, acabará perdendo os bons momentos de felicidade no presente;

Abra o seu coração: exponha seus sentimentos, suas dores, suas angústias, suas frustrações com equilíbrio; desabafar é bom, mas querer que os outros absorvam tudo isso e sofram da mesma maneira é uma tremenda falta de respeito;
 
Pare de sofrer e criar fantasmas: quem sofre antes do necessário, sofre mais do que o necessário, portanto, se ainda não foi traído, se ainda não foi demitido, se ainda não está falido, qual é o problema? Quer estimular os acontecimentos?

Respeite o ponto de vista alheio: não precisamos amar as pessoas para conviver de maneira pacífica com elas; respeitar é uma coisa, concordar é outra; em sinal de respeito, respeite o meu e eu respeito o seu ponto de vista;

Seja significativo: projete o futuro, crie algo de valor, estabeleça metas, mergulhe naquilo que lhe faz bem e procure fazer a diferença na vida das pessoas em vez de ficar conspirando contra si mesmo e contra aqueles que lhe querem bem.

Por fim, lembre-se, não existe mundo perfeito, marido perfeito, esposa perfeita, filho perfeito, vida perfeita, emprego perfeito e empresa perfeita. Tentar ser rígido demais e exigir do mundo a utopia da perfeição só vai fazer com que você alimente seus demônios e afaste as pessoas que, em vez de ajuda-lo, farão de tudo para ficar longe da sua presença.

Pense nisso e seja feliz!

Jerônimo Mendes  |  Publicado em: 03/07/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Batalha entre neurônios

Do site: www.mentecerebro.com.br
Estudo sugere que o cérebro seleciona as células neurais mais competitivas para aprimorar a memória

© KANNANIMAGES/SHUTTERSTOCK

Em uma pesquisa publicada no periódico Neuron, o neurocientista Hisashi Umemori da Universidade de Michigan e seus colegas, identificaram um mecanismos cerebral que regula a memória descartando os neurônios “menos eficientes” para conservar os “bons”.  Os cientistas focaram o estudo na conexão entre o hipocampo – crucial para a aprendizagem e a memória – e o córtex cerebral, área chave da percepção e da consciência e descobriam que o processo de escolha dos melhores neurônios apefeiçoa o desenvolvimento cerebral.

À medida que as células nervosas crescem, elas se espandem para ligar diferentes circuitos neurais. Com o desenvolvimento do cérebro, essas conexões se tornam mais eficientes. Falhas nesse processo de refinamento abrem caminhos para o desenvolvimento de distúrbios neurológicos, como o Alzheimer, o autismo ou a esquizofrenia. No entanto, para Umemori e sua equipe, a maneira como os neurônios se desenvolvem não é novidade. Eles estavam interessados em descobrir as reações do cérebro quando detecta células neurais menos eficientes.

Os pesquisadores “desligaram” 40 % de determinadas conexões entre neurônios de camundongos geneticamente modificados e observaram que o cérebro eliminou as células inativas após alguns dias, mas poupou as “boas”. Em seguida, Umemori e sua equipe, desativaram todos as células neurais e se surpreendaram com o resultado: os impulsos elétricos se mantiveram normalmente. Depois, os pesquisadores analisaram a parte do hipocampo chamada giro dentado, uma importante área do cérebro responsável pela gênese neuronal durante toda a vida e encontraram outro tipo de competição: a de células “recém-nascidas” com as maduras. Os cientistas bloquearam a capacidade do giro dentado de criar novos neurônios e como resultado o cérebro interrompeu a eliminação das células, mesmo que elas fossem inativas.

O neurocientista acredita que o cérebro tenha um modo eficaz de escolher o grupo de células do sistema nervoso com as melhores conexões. Mas, quando estão nessa espécie de competição e o aparato cerebral identifica todas como inadequadas, não as elimina, pois nesse caso perderia completamente as funções neurais.

“Os resultados sugerem que os processos de aprendizagem estão relacionados a exclusão de neuronios menos efetivos. Quanto mais pudermos entender como esses mecanismos funcionam, mais seremos capazes de compreender o que acontece quando eles não estão funcionando", conclui Umemori.