sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Aprenda com ritmo

Aulas de dança de salão exercitam a cognição, a memória e as habilidades sociais 

Suzana Herculano-Houzel
Gonçalo Viana


Aprender é algo que o cérebro faz a vida toda, conforme nossas experiências vão deixando suas marcas em nossos neurônios e suas conexões. O que funciona, e é usado, fica; o que não serve vai sendo descartado, cedendo lugar para outras informações. Se você estiver precisando se convencer de que continua capaz de aprender, e ainda quiser se divertir, suar a camisa e fazer amigos tenho uma sugestão: experimente fazer aulas de... dança de salão.

Lições de dança são um ótimo exemplo de como o aprendizado, de modo geral, acontece, e dos fatores que o influenciam. Para começar: nada de aprender uma coreografia complexa de uma vez só. Os professores sabem há tempos que o cérebro assimila novos programas motores aos poucos, então ensinam os passos em etapas. O córtex motor elabora a nova sequência de movimentos, até então nunca usada, ordena sua execução e começa a ajustá-la, de acordo com erros e acertos, com a ajuda dos núcleos da base. Cada movimento fica mais fluido conforme o cerebelo, através de tentativa e erro, vai ajustando os movimentos adequados, antes mesmo que eles sejam executados.

Mas, para a dança de salão, não basta aprender os passos; é preciso aprender os sinais associados a cada um, os pequenos gestos com que o cavalheiro conduz sua dama, indicando-lhe, sem falar, qual será o passo seguinte. Tudo isso requer repetição, mas prestar atenção é fundamental. Por definição, já que nossa atenção é limitada a uma coisa de cada vez, tem sempre mais eventos ocorrendo do que nosso cérebro consegue dar conta – e a atenção é o filtro que serve como porta de entrada para a memória. Sem prestar atenção no professor ou no parceiro, nada feito. O que é ótimo: como é preciso concentrar esforços sobre as próprias pernas, os problemas do mundo ficam... lá fora.

Depois de aprender os sinais e polir cada sequência de movimentos, é hora de coordená-las em um programa motor completo, que cuida da execução fluida de combinações de sombreros, coca-colas, ochos e outros passos – no ritmo da música, de preferência, se seu cerebelo ajudar. E haja cerebelo para manter o prumo com tantos rodopios. Motivação também é fundamental. Afinal, para ter a prática que leva à perfeição, ou pelo menos ao bom desempenho, é preciso ter vontade: é preciso querer estar ali. Experimentar um pouco de tudo nos dá oportunidade para descobrir do que gostamos, mas poder escolher investir no que se realmente gosta é fundamental.

Com a prática, chega-se ao ponto tão desejado onde a execução dos programas motores aprendidos se torna automática, liberando o córtex cerebral para outros assuntos, como conversar com o parceiro ou até cantarolar a música. É aqui que dançar deixa de ser esforço e vira prazer puro: sequências de movimentos executados sem precisar de supervisão cortical, simplesmente em resposta aos movimentos do outro. Seu cérebro aprendeu a dançar!

Dança de salão é tudo de bom. Academias são lugares alegres, cheios de jovens e idosos, todos dispostos a aprender coisas novas – e ainda oferecem um exercício completo para corpo e cérebro. Dançando, é possível suar, dar um fim a toda tensão muscular acumulada durante o dia, e manter saudável a resposta do cérebro ao estresse. Dançar ainda treina a memória, com o aprendizado de passos e nomes novos; exercita suas habilidades sociais, necessárias para interagir de modo cortês com pessoas desconhecidas e fazer novos amigos, e ativa o sistema de recompensa, o que garante boas horas de prazer e diversão.


Do site: www.mentecerebro.com.br

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Ausência de proteína está relacionada a risco de danos cerebrais

Descoberta pode ajudar a entender como o tecido nervoso reage a infecções

Sebastian Kaulitzki/Shutterstock

Pesquisadores israelenses descobriram porque algumas pessoas são mais suscetíveis a desenvolver inflamações no cérebro depois de entrar em contato com a herpes do tipo simplex1 (HSV-1, na sigla em inglês): deficiência na produção de interferon, uma proteína liberada em resposta à presença de agentes patogênicos.

O estudo publicado na Nature foi feito com crianças com variação genética, o que traz maiores riscos de desenvolver encefalite, inflamação aguda no cérebro, por infecção por vírus da herpes. Segundo divulgado no periódico, depois de modificar as células da pele dos participantes em células-tronco, a equipe de pesquisadores conduzida pelo imunologista Itai Pessach, do Hospital da Criança Edmond e Lily Safra, as transformaram em neurônios capazes de simular o ambiente cerebral. Depois, eles observaram como os organismos celulares criados em laboratório reagiam quando infectados com HSV-1.

“O interferon é um mediador nos processos de infecção no corpo, geralmente usado no tratamento de certos tipos de hepatite. Descobrimos que a ausência da proteína pode elevar o risco de danos nas células do cérebro”, diz Pessach. O imunologista acredita que a técnica pode ajudar a entender como o tecido nervoso reage a infecções.


Do site: www.mentecerebro.com.br

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Monstros, animais e inumanos

Sofremos quando não conseguimos satisfazer as condições pelas quais queremos ser reconhecidos 

Christian Ingo Lenz Dunker
© Gonçalo Viana


Em seu último livro, Grande hotel abismo (Martins Fontes, 2012), Vladimir Safatle propõe uma nova teoria do reconhecimento baseada na reformulação das relações entre sujeito e indivíduo, tendo em vista modalidades de sofrimento.  Sofremos quando não conseguimos satisfazer as condições pelas quais queremos ser reconhecidos. E estes termos, em acordo com o individualismo moderno, definem o que chamamos de liberdade. Liberdade para escolher a lei pela qual nossa vida se realizará. Aqui começa a discussão mais interessante: também sofremos quando sentimos que somos reduzidos a apenas um indivíduo, em sua solidão e precariedade. Temos a liberdade para inventar nosso destino e nossa história, mas não a liberdade de viver para além ou para aquém da condição de indivíduo. Esta segunda forma de sofrimento é mais terrível porque requer estratégias de reconhecimento e consideração que ainda não são claras. Aparentemente, o problema seria de simples solução. Basta pensar que este mais além do indivíduo é o homem, a comunidade, a família ou grupo humano equivalente ao qual nos dedicamos e que nos representará no futuro, post mortem, por meio dos valores e obras que criamos e transmitimos.

Seja pela vertente universalista – para a qual o homem é o universal, que nos tira de nós mesmos (enquanto indivíduo particular) –, seja pela vertente particularista – segundo a qual o homem é o particular que confere a medida de cada um (enquanto indivíduo ideal) –, o homem é uma experiência finita e acabada. Sabemos o que é o homem, quais são seus limites, fronteiras e litorais. Um homem não é um animal, nem uma coisa, nem um monstro, mas é alguém que sofre quando não encontra mais seu nome, seu tempo ou seu lugar. Ocorre que quanto mais sabemos o que é um homem, mais segregamos, colonizamos e vilipendiamos homens em nome do Homem. Não seria então necessário renunciar à soberania do homem-indivíduo como valor e reconhecer que somos muito mais inumanos do que conseguimos admitir? Ou, como pensam os índios arawetés (estudados por Viveiros de Castro no sensacional Inconstância da alma selvagem, CosacNaify, 2006), animal, homem, monstro ou inumano são perspectivas possíveis e indeterminadas para cada um de nós. Também historicamente, desde algum tempo, nossos heróis passaram a ser figuras cada vez mais inumanas como Valdermort ou Naruto (a raposa de nove caudas). Criaturas semi-humanas como zumbis e mortos-vivos convivem com monstros híbridos como vampiros e lobishomens., Frankenstein e Wolverine vivem em meio a animais mutantes como Pokemons e Tele-Tubees.

Muita gente diz que estamos nos desumanizando pela falta de grandes heróis de face humana como Hamlet ou Fausto, Dom Quixote ou Don Juan. Penso, ao contrário, que não é porque nossa imagem humana parece cada vez menos humanoide que estejamos nos afastando daquilo que realmente somos. São nossos ideais que não encontram mais a matéria-prima à qual deveriam se aplicar. Em vez deles surgem médicos como House, justiceiros como Dexter, mulheres biônicas como Cindy Crawford, sem falar em grandes amores cinzentos. Talvez a forma mais simples de sintetizar o conceito lacaniano de objeto seja associando-o com o que em nós está irreconhecivelmente além de qualquer imagem de humanidade que possamos produzir: nossa “face coisa” sem essência, nossa monstruosidade animal, que nos torna tão inumanamente humanos. (08-11-2012).


Do site: www.mentecerebro.com.br

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Falar de si mesmo é mais prazeroso que ganhar dinheiro

Descrever as próprias experiências ativa os circuitos de recompensa do cérebro de forma tão intensa quanto comer ou fazer sexo

© Konstantynov/Shutterstock

Estudos mostram que cerca de 40% do tempo que uma pessoa passa falando é sobre ela mesma. Agora, imagens do cérebro registradas por neurocientistas da Universidade Harvard mostram que o prazer de falar de si chega a superar o de ganhar dinheiro. Os pesquisadores Diana Tamir e Jason Mitchell usaram a ressonância magnética (MRI) para observar a atividade neural de 195 voluntários com idade entre 18 e 27 anos. Eles descobriram que, quando os jovens falavam sobre aspectos de sua personalidade, os caminhos neurais que são acionados diante de algo muito prazeroso – conhecidos como sistema de recompensa ou mesolímbico dopaminérgico – se mostravam muito mais ativos que quando julgavam opiniões e personalidade dos outros.

Em outro experimento, Diana e Mitchell pediram que os voluntários respondessem a perguntas que pertenciam a uma destas três categorias: suas próprias preferências e aversões; o que achavam que o presidente Barack Obama gostava ou não; fatos triviais. Eles ganharam entre 1 e 4 centavos de dólar por questão, sendo a primeira categoria, que convidava a falar de si, a que valia menos dinheiro. Obviamente, a maioria optou por opinar sobre a vida de Obama ou discorrer sobre banalidades – mas quase todos responderam ao menos uma questão sobre si mesmos. Em média, abririam mão de ganhar entre 54 e 63 centavos a mais para poder falar de si. 

Isso significa que somos essencialmente egocêntricos? Os pesquisadores esclarecem que não. “Aprendemos desde cedo que falar de si é um meio de nos aproximar do outro, o que também causa prazer. Compartilhar experiências e emitir opiniões é muitas vezes a maneira que encontramos para garantir a coesão social e tendemos a preservar esse comportamento”, diz Diana. (06-11-2012).


Do site: www.mentecerebro.com.br

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Criativos vivem mais e melhor

Pessoas com boas ideias lidam melhor com o excesso de estresse e tendem a buscar soluções

© Wavebreakmedia/Shutterstock

Além de solucionarem problemas com mais facilidade, pessoas que têm boas ideias com frequência sofrem menos perdas cognitivas ao longo dos anos e vivem mais, de acordo com artigo publicado no Journal of Aging and Health. Depois de acompanhar mais de mil homens idosos durante 20 anos, pesquisadores da Universidade de Rochester, em Nova York, observaram relação entre criatividade, preservação das funções cerebrais e maior longevidade.

O processo criativo mobiliza várias redes neurais ao mesmo tempo, explica o psiquiatra Nicholas Turiano, autor do estudo. “Os insights e a percepção de um problema por diferentes ângulos demandam o funcionamento conjunto de vários circuitos cerebrais, o que ajuda a mantê-los em forma até a idade avançada”, diz. Segundo ele, como o cérebro é o centro de comando de várias funções corporais, exercitá-lo pode ser decisivo para conservá-las.  De acordo com o psiquiatra, estudos anteriores mostram que os mais criativos lidam melhor com o excesso de estresse, que sobrecarrega os sistemas cardiovascular, imunológico e cognitivo, deixando o organismo mais vulnerável. “Talvez os criativos encararem situações estressantes como desafios. Em vez de ‘jogar a toalha’, tendem a se adaptar e a buscar soluções. Isso traz muitos benefícios para a saúde física e mental”, acredita Turiano. (05-11-2012).


Do site: www.mentecerebro.com.br

domingo, 25 de novembro de 2012

Educação - Criando Exemplos


Você se torna o herói de seu filho quando ele lhe vê como o exemplo a ser seguido. É o pai herói, algo muito assustador. 
Por muitos anos convivi com um professor na USP que era muito estudioso. Ele era um idealista, acreditava que faria um mundo melhor se somente sua visão política fosse compartilhada por todos. Pregava a luta armada para chegar ao poder, coisa comum na universidade quando eu era mais jovem.
Era sério e sisudo, nunca o vi soltar uma gargalhada; trabalhava aos sábados e domingos e ia a todas as reuniões de protestos. Fumava, mas não bebia. Não tomava sol por causa dos raios ultravioletas e era vegetariano por convicção. Bastante tímido, vestia-se mal; não era necessariamente uma pessoa encantadora. Você tinha que fazer um enorme esforço para conhecê-lo. Não me parecia uma pessoa feliz, pois os problemas do mundo pareciam que residiam nos seus ombros.
Ele me fazia lembrar da famosa cena contada por Kierkegaard. Um homem abstraído, tão preocupado com problemas mais importantes que ele, que lentamente se esquece de que existe, de que tem valor por si só, a tal ponto que um dia ele acorda e descobre que está morto.
Muitos professores universitários acabam assim. Frustrados por não terem mudado o mundo, amargurados com o rumo diverso do planeta. Os seus filhos dificilmente irão considerar estes mestres como exemplos a ser seguidos. Infelizmente, são poucos os professores que seus filhos irão idolatrar.
Um aluno aprende mais pelos exemplos de seus pais, amigos e de alguns poucos professores do que pelas pérolas de sabedoria contidas nos livros textos e transmitidas em aula.
Nossos filhos sonham encontrar na faculdade belos exemplos de adultos líderes da sua sociedade, para fazer contraponto com as falhas e fraquezas de seus pais. Infelizmente, a maioria se decepciona. A maioria dos pais também se decepciona com o que os filhos aprendem na escola e os exemplos de vida que deveriam ser seus professores.
Lee Iacocca, ex-presidente da Chrysler, quis ser presidente da República e mandou publicar o seguinte anúncio: “Se a nossa sociedade fosse inteligente, colocaria seus membros mais qualificados como professores de nossos filhos, e nós, pobres mortais, ficaríamos com os empregos menos importantes da economia.”, como ser presidente da Chrysler.
Em defesa dos professores, devo lembrar os leitores que com os salários atuais da maioria dos professores não dá para contratar os “membros mais qualificados” da sociedade. São os membros mais altruístas da sociedade, isto sim.
Quantas vezes já participei de reuniões de pais de alunos, lutando para não reduzir as anuidades escolares, e sim aumentá-las para melhorar o nível dos professores. Muitos pais não percebem que reduzir anuidades das escolas significa reduzir a qualidade dos professores no ano seguinte.
Sociedades que se desenvolvem pela emulação e pelo exemplo são mais ágeis do que as que se desenvolvem com maciços investimentos em educação. Educação, na maioria das vezes, significa ensinar as teorias do passado — e não soluções inovadoras do presente.
Países onde se investe maciçamente em pesquisas, e onde os professores mostram em primeira mão estas pesquisas aos seus alunos, não estão ensinando no sentido clássico da palavra. Eles estão mostrando o exemplo, exemplos novos de teorias e soluções.
Não sou contra universidades. Sou a favor da criatividade, da pesquisa, da ciência, algo que nossas universidades públicas e privadas nem sempre ensinam. O Brasil até recentemente estava entre os últimos colocados em patentes.
Nossas universidades são inclusive pródigas em desdenhar os exemplos que surgem na sociedade civil, as lideranças que emergem do seio da sociedade. Empresários, executivos, administradores, políticos eleitos, e especialmente os líderes religiosos são vistos e retratados pelos nossos intelectuais com desprezo.
Nossa civilização está cada vez mais em frangalhos em termos éticos e morais justamente porque desdenhamos cada vez mais o exemplo da nobreza humana.
Ao escrever este capítulo, me dei conta de que praticamente dediquei a minha vida inteira a mostrar à sociedade brasileira os grandes exemplos que tínhamos neste país e que ignorávamos.
Iniciei minha carreira em 1974, quando criei a edição “Melhores e Maiores” para a revista Exame, na qual selecionava as trinta melhores empresas brasileiras, anualmente.
Foi o início de um movimento que hoje se chama benchmarking. Era uma nova forma de ver o mundo, era uma nova forma de desenvolver pesquisas, a de mostrar os bons exemplos, na área da administração.
A ciência de 1870 a 1950, e em alguns casos até hoje, era dominada por um método de pesquisa que consistia em observar doenças, o lado ruim, os defeitos, os fracassos. Até hoje a medicina gasta mais em cura de “doenças” do que em medicina preventiva, ou medicina sadia, em como manter um corpo sadio.
Sigmund Freud dominou a Psicologia por muitos anos baseado nas neuroses e as psicoses humanas, que ele observava nos seus pacientes doentes. Até hoje temos muito pouca pesquisa sobre personalidades sadias, justamente porque pessoas sadias não procuram médicos e psiquiatras.
Depois de 25 anos de “Melhores e Maiores”, decidi repetir a metodologia para criar e divulgar o prêmio “Bem Eficiente”, mostrando as melhores entidades beneficentes deste país, os grandes exemplos de solidariedade humana que temos.
O prêmio ajudou a mostrar o exemplo na área social, as cinquenta melhores entidades beneficentes deste país. Mas iniciativas como estas são poucas na imprensa brasileira. O tema diário é normalmente sobre nossos maus exemplos, casos de corrupção, politicagem, crimes de todos os tipos, desastres, etc.
Quem você conhece pessoalmente que lhe serve de exemplo? Quem são seus “gurus”, termo nem sempre bem visto no Brasil?
Quem seu filho terá como exemplo no futuro? Quem seu filho tem como exemplo no presente? Se você não se preocupar com esta pergunta e tiver respostas claras até os oito anos de idade dele, se você não criar oportunidades para que ele aprenda destas pessoas que você escolheu, ou ajudou-o a escolher você corre um enorme risco.
Bertolt Brecht, famoso dramaturgo alemão, dizia que “pobre era o país que precisava de heróis”. Eu diria justamente o contrário. Pobre é o país que possui poucos heróis e exemplos a seguir.
Os poucos heróis que surgem de tempos em tempos, parece que temos uma certa dose de prazer em logo os destruir.
Diante dessa triste situação, a verdade é esta. O grande exemplo para os seus filhos será você.
Você e seu cônjuge. Vocês dois são os únicos exemplos em quem seus filhos poderão se basear.
Portanto, cuide para que sejam bons exemplos. É assustador mas eles irão aprender muito mais de você do que você pode imaginar.
Seu filho só tem você para aprender que a vida é bastante diferente da vida intelectual da universidade. Com você ele aprenderá a lidar com erros, incertezas e flutuações da vida. Aprenderá a lidar com reveses, como os meses em que você não tem salário garantido para pagar as contas. Nessas ocasiões ele observará se você se desespera ou se segue em frente.

Do blog do Stephen Kanitz - Posted: 13 Nov 2012 01:00 AM 

Recebido do autor por e-mail

sábado, 24 de novembro de 2012

Visão & Ação!




Uma pessoa de sucesso sabe que para chegar ao degrau seguinte precisa continuar com a mente focada nas metas e objetivos.

O poeta português Fernando Pessoa disse: “O início da cura é a consciência da doença. Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Ou seja, se você sabe onde você está você sabe aonde pode chegar. E você tendo “alma grande”, aprende muito com as pessoas numa visão de humildade.

Pessoas de sucesso são pessoas de ação que não perdem o foco de suas metas, mesmo diante de problemas inesperados.

Segundo Albert Einstein a imaginação é tudo e prevê as atrações da vida que está por vir.

Uma pessoa de sucesso verdadeiro é simples de coração, é humilde e orgulho está fora dos seus planos.

Uma visão sem ação não passa de um sonho. Ação sem visão é só um passatempo.

Mas uma visão com ação pode mudar o mundo. Estas são palavras de Joel Barker que nos ajudam a refletir o novo mundo que queremos.

O segredo é ir em frente e começar. Metas existem para serem batidas. O que você está esperando?

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!


Gilclér Regina  |  Publicado em: 01/10/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O sentido do Trabalho em sua vida



O que significa trabalho para você? Se perguntarmos às pessoas, as respostas serão variadas, pois para alguns, o trabalho representa castigo, para outros, apenas um meio de sobrevivência, outros veem o trabalho como um caminho de autorrealização.

A palavra trabalho é originária do latim tripalium, que significa instrumento de tortura, usado na Roma antiga. Há mais de um milênio os gregos consideravam trabalho como qualquer “atividade menor, inferior”. Historicamente, em muitas culturas espalhadas pelo mundo, trabalho teve a conotação de “escravidão”. Hoje em dia, a ideia de “castigo e sofrimento” vinculadas ao trabalho, estão perdendo o espaço. Porém, muitas pessoas ainda acreditam que é falsa a esperança que o trabalho possa ter algum sentido maior, ou até mesmo trazer felicidade. Elas acreditam que não haverá maiores ganhos financeiros, e que as oportunidades de crescimento raramente vão surgir. Dessa forma, passam o tempo todo desmotivadas no trabalho, esperando que algo aconteça para que elas comecem a melhorar.

O que precisa ficar claro a todos os trabalhadores, seja qual for a atividade que executam, é que o sentido do trabalho quem dá é você mesmo. Cada um atribui um significado para aquilo que faz, e esse significado vai determinar o quanto de dedicação você vai colocar para executar as atividades. Se o significado do trabalho for grandioso, você se comprometerá verdadeiramente com sua profissão.

O filósofo Alain de Botton, autor do livro “Os prazeres e desprazeres do trabalho”, diz que o trabalho, ao lado do amor, pode ser a nossa principal fonte de sentido na vida. Nós passamos maior parte do tempo no trabalho, sobra pouco tempo para outras atividades importantes como, lazer, saúde, estar com a família e amigos etc. Pesquisas já informam que, em algumas atividades, o brasileiro trabalha até 48 horas por semana. Então, se não encontrarmos um sentido valioso para o trabalho, passaremos pelo menos 1/3 da vida desanimados, desmotivados e desesperançosos.

Dar sentido ao trabalho não significa ser obcecado por ele, ou seja, ser um workaholic (viciado em trabalho), que só dá atenção ao trabalho e esquece as outras áreas que compõem a vida. Quando você tem grandes motivos em sua vida, ou seja, metas pessoais, sonhos e realizações para alcançar, o trabalho pode ser um meio de conquistar o que deseja. Dessa forma, o trabalho terá um sentido muito mais amplo. Um trabalho sem grandes significados faz com que a rotina distancie você de seus sonhos.

Então, procure visualizar seu trabalho como uma missão, como uma forma de ajudar os outros, de servir a outras pessoas, de ser útil e importante naquilo que você faz.

Quando damos sentido ao nosso trabalho não existe preguiça ao acordar cedo e não há resistência para ficar um pouco mais no trabalho ao final do dia. Um trabalho com sentido forte faz com que aquilo que foi iniciado seja concluído. Pessoas que enxergam um sentido no trabalho, o fazem com entusiasmo, se dedicam a fazer o melhor em cada momento.

Lembre-se que o trabalho é o contexto mais apropriado para evoluirmos e crescermos como seres humanos, pois através do trabalho é possível desenvolver habilidades, contribuir com o progresso de outros, aprimorar relacionamentos e conhecer as próprias limitações.

Portanto, não escolha fazer de seu trabalho um martírio diário. Ao invés de reclamar do trabalho que você tem, agradeça a Deus por estar trabalhando e note o quanto você pode melhorar e crescer, inclusive espiritualmente. Reveja os significados que você tem colocado para acordar cedo todos os dias e enxergue a importância do que você faz para si e para os outros.


Cersi Machado  |  Publicado em: 05/10/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mais do que parecer é preciso ser para encantar



Falar sobre este assunto não é uma tarefa fácil, mas acho que será muito importante para refletirmos um pouco mais sobre a nossa vida.

Como está a sua arte de encantar pessoas?

O encantamento  somente acontece quando estamos inteiros e conectados com a nossa essência, ou seja, o nosso EU .Quando estamos conectados com a nossa essência somos como crianças, espontâneas e criativas, cheios de energia , com um lindo sorriso no rosto e os olhos brilham de contentamento diante das pessoas que estão perto delas.

O maior desafio de nós adultos, é podermos  resgatar nossa espontaneidade e a criatividade que à partir do momento em que começamos a carregar o peso das responsabilidades e a vivermos  dentro de normas ,padrões e conservas sociais acabamos “abafando” nossa espontaneidade,o nosso brilho no olhar e o nosso sorriso .Onde está o nosso sorriso que  quando crianças vivia estampado em nossos lábios?

Eu não sei porque ,mas  quando ficamos adultos ,ficamos sem graça, muitas vezes sérios ,com o rosto fechado,e ainda achamos que ficar assim é ter uma postura de credibilidade e respeito.

Hoje irei propor a vocês um desafio, o de encantar pessoas, de se permitirem resgatar um pouco do lado criança que todos temos guardados dentro de cada um de nós, para isto darei algumas dicas que podem ajudá-los a fazerem este resgate:

    Encontre o seu propósito de vida, a sua razão de existir,veja se a vida que tem levado,tem tido realmente um sentido de realização e plenitude,mesmo com os momentos difíceis.
    Aprenda a confiar, acreditar e amar você cada vez mais.
    Cuide da sua autoimagem, invista no seu visual , mas antes de tudo descubra o seu estilo.
    Escreva num papel quais são seus valores e princípios, no que realmente você  acredita e veste a camisa ou lutaria por uma causa.
    Aprenda administrar o seu tempo, trabalhar com prazos e qualidade.
    Cumpra o que promete.
    Saiba ouvir mais e se interesse verdadeiramente pelo ser humano.
    Seja positivo(a), flexível.
    Preze pela organização ,ela nos ajuda muito a otimizar nosso tempo.
    Sorria mais e aprenda a  elogiar mais as pessoas, mas com sinceridade.

Estas são apenas algumas sugestões para ajudá-los na trajetória e na missão em encantar, os amigos,o companheiro(a),os clientes, os filhos ,os colegas de trabalho etc.

Estas pequenas ações já farão uma enorme diferença nas suas relações interpessoais.

Mais do que PARECER ,é preciso SER para poder encantar!

Boa sorte!


Luciana Rondon  |  Publicado em: 11/09/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

É preciso acreditar em você




Quantas vezes estamos preparados  para enfrentar desafios, pois estudamos, investimos,  aumentamos nossa rede de relacionamentos,e temos todas a ferramentas necessárias para atingirmos  nosso objetivo.

Ótimo, parabéns! Infelismente, muitos de nós não conseguimos prosseguir, ir ao encontro deste tão sonhado  objetivo, porque não acreditamos que somos merecedores.

Começam permear em nossa mente,  dúvidas e uma porção de pensamentos negativos gerando um conflito psicológico,nos fazendo sofrer,  nos deixando angustiados, com a auto-estima baixa e sentimento de incapacidade.

Em muitos casos começamos  ter vários sintomas como desânimo, dores musculares, insônia, irritabilidade e tristeza. Com isso, a motivação que é a força que nos faz brilhar e encantar começa a diminuir levando-nos a  um total estado de apatia.

Vamos parar por aqui! Está na hora de dar um basta nesta situação. Você se preparou, estudou, está capacitado, tem uma rede de contatos, é dedicado (a), e o mais importante você quer

vencer e conquistar seu espaço. Então, coragem, é hora de enfrentar o mundo, buscar o caminho que pode te levar onde deseja chegar, mas precisa confiar em você, ousar, perseverar, caminhar e acreditar que você é merecedor, que o sol brilha para todos.

Se for preciso busque ajuda, talvez o que está faltando é apenas um empurrãozinho.

Atitude e comportamento, são  palavras que precisam estar sempre nos acompanhando, principalmente  no  mundo dos negócios.

Boa sorte e tenha foco em sua busca profissional.


Luciana Rondon  |  Publicado em: 04/10/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tempo Para a Família



O tempo dedicado para a família tem caído vertiginosamente nestes últimos 50 anos.
Primeiramente, basta levar em conta o aumento vertiginoso no número de famílias divorciadas, propiciadas pelas leis mais brandas com relação a separação de casais com filhos.
Hoje, praticamente 40% das famílias irá se divorciar, e o tempo dedicado para as crianças cairá 80%.
Primeiro, porque um dos cônjuges, normalmente o pai, não estará presente nos almoços nem nos jantares.
Estará presente no almoço de domingo, e olhe lá.
Segundo, a esposa que se não estava atarefada antes do divórcio irá perceber que cuidar de uma família sozinha irá consumir 100% do seu tempo. Tempo para conversar com os filhos, só para pedir que eles ajudem nos afazeres da casa.
Mas mesmo para os casais unidos, a situação deteriorou. As crianças de hoje têm 12 horas por semana a mais de atividades extra-curriculares fora de casa, como aulas de inglês, tênis, etc, do que há 20 anos.
Almoços e jantares que duravam em média 1 hora e meia há 100 anos, foram reduzidos para 37 minutos, em média.
Pior, segundo pesquisa de uma empresa de Fast Food, hoje somente 1/3 das famílias americanas afirmam que jantam juntos sistematicamente.
Famílias que afirmam tirar férias juntos, vemos uma queda de 28% nos últimos 20 anos.
Televisão no quarto das crianças, internet e música pop, reduziram conversas familiares em mais de 70% nestes últimos 50 anos.
A ideia de uma família entreter-se uns aos outros, declamando poesias, tocando instrumentos juntos, cantando, contando piadas, simplesmente conversando sobre as aventuras do dia a dia, as fofocas do trabalho, e assim por diante, praticamente desapareceu por completo.
Nem daria para competir com o seriado Sex in The City ou a última novela da televisão.
Para piorar ainda mais a situação, o mundo exterior se tornou mais interessante. Há coisas acontecendo fora da sua cidade ou sua vila, que hoje você fica sabendo.
Antigamente, um tsunami na Indonésia seria noticiado duas semanas depois, com uma única notícia. Hoje um evento destes é relato real time, on line, por semanas a fio.
Hoje temos notícias internacionais que são cinco a dez vezes mais externadas do que as notícias do seu bairro. Você sabe mais sobre o que faz o nosso Presidente da República do que seu vereador.  
Seu vizinho pode morrer e você não ficará sabendo. Um coitado que morreu na Tailândia será noticiado, porque notícias locais são muito mais caras e têm público restrito no seu bairro.
Não é só a sua família que perdeu importância para a imprensa, mas o seu bairro, sua comunidade, tudo aquilo que antigamente fazia parte da sua vida.
Se quisermos reconquistar o calor humano de antigamente, o carinho da sua comunidade, a beleza do seu bairro, a convivência da sua família, você terá que lutar, e lutar bastante para combater todos estes fatores que conspiram contra.

Posted: 08 Nov 2012 10:00 AM, no blog do Stephen Kanitz

Recebido do autor por e-mail

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Maconha e dependência: relação polêmica

Levantamento sobre consumo de Cannabis no Brasil aponta que 1,3 milhões são dependentes; cientistas que estudam a erva questionam a pesquisa, que não considerou quantidade e frequência de uso 

Fernanda Ribeiro
© Stephane Bidouze/Shutterstock

No Brasil, 1,5 milhão consomem maconha todos os dias. Os dados são do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad). Mais de 4 mil adultos e adolescentes de 149 cidades responderam, de forma sigilosa, a um questionário que avaliou o padrão de uso de substâncias lícitas e ilícitas, entre elas a Cannabis. A proporção de brasileiros que já experimentou e consumiu a droga no último ano (7% e 3% da população, respectivamente) é pequena em relação a outros países, como Canadá (44% e 14%), Estados Unidos (41% e 10%) e Nova Zelândia (42% e 13%), mas um aspecto em específico chama atenção no relatório do Lenad: há 1,3 milhões com sintomas de dependência. A relação com a droga foi avaliada por meio da Escala de Severidade da Dependência (SDS, na sigla em inglês), um conjunto de 5 perguntas: ansiedade por não ter a substância, sensação de perda de controle sobre o uso, preocupação com o próprio uso, ter tentado parar e achar difícil ficar sem a droga.

A metodologia é questionada por cientistas que estudam a Cannabis, como o neurobiólogo Renato Malcher-Lopes, da Universidade de Brasília (UNB). Segundo ele, a ausência de definição científica formal para o termo “dependente” pode causar confusão.  A expressão “dependência fisiológica”, por exemplo, se refere ao conjunto de reações físicas mais ou menos severas causadas pela abstinência de uma substância – como as dores, náuseas e câimbras características da heroína ou os tremores decorrentes da privação de álcool em dependentes. “A ‘síndrome de abstinência’ da maconha, se pode ser chamada assim, dura poucos dias e consiste em irritabilidade e diminuição do apetite”, diz Malcher-Lopes, autor, com o neurocientista Sidarta Ribeiro, do livro Maconha, cérebro e saúde (Vieira&lent, 2007).

Um dos aspectos característicos da dependência é a necessidade de recorrer a doses cada vez maiores e frequentes da droga, comportamento que resulta, segundo Malcher-Lopes, do “sequestro”, pela droga, de circuitos cerebrais relacionados à motivação e ao controle de impulsos. “Em animais, o nível desse tipo de efeito é medido por experimentos onde o bicho aprende a se auto-inocular. Drogas como nicotina e a cocaína – e assim também, o crack – são altamente reforçadores do comportamento de auto-inoculação. O THC (tetraidrocanabinol, principal psicoativo da maconha) não é”, explica o neurobiólogo.

Apesar de avaliar a percepção do usuário sobre os efeitos de seu consumo, a escala SDS não questiona frequência e quantidade de uso da erva. “Não é possível falar em dependência, no máximo uso problemático”, diz o neurocientista João Menezes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que considera a incidência de dependência muito alta em relação a levantamentos feitos recentemente em outros países e publicados em revistas científicas internacionais. “Em um relatório recente de um levantamento em San Francisco foi descrita uma incidência de cerca de 13% dos usuários. A amostragem, porém, era de famílias com problemas de abuso de várias drogas”, compara.

Segundo Menezes, as respostas do usuário – por exemplo, à pergunta “Já quis parar?” – podem ser induzidas pelo constrangimento de que se está consumindo uma droga ilegal, o que reflete “os efeitos da proibição sobre o padrão de uso”. Para Malcher-Lopes, o termo “ansiedade” pode ter múltiplos significados. “Um estudo com questionários feito no Canadá mostrou que cerca de 30% das pessoas com uso crônico de maconha o fazem para aliviar sintomas de ansiedade, de forma que é de esperar que voltem a senti-los ao interromper o uso. Os dados apresentados pelo Lenad podem significar, assim, que há pessoas se automedicando com maconha para aliviar ansiedade”, diz.

 ESQUIZOFRENIA

Cientistas que estudam a Cannabis são unânimes sobre os problemas do uso abusivo de maconha por jovens com menos de 21 anos, pois até essa idade, em geral, algumas partes do cérebro não estão completamente amadurecidas. Alguns estudos, como uma pesquisa da Universidade de Maastricht publicada no British Medical Journal,  sugerem relação entre o uso da droga na juventude e o surgimento de sintomas psicóticos na vida adulta. No entanto, não há relação esclarecida entre o uso da droga e o desenvolvimento de transtornos mentais severos, como a esquizofrenia, de origem desconhecida e provavelmente de múltiplas causas, entre elas predisposição genética.

Doses de THC podem ocasionar quadros de psicose em algumas pessoas, mas não é possível concluir que o uso crônico está ligado a sintomas duradouros. A maconha é uma planta com diversos componentes ativos, os canabinoides. Já se sabe que o THC é principal componente psicogênico, sendo também indutor de sintomas psicóticos. Mas existem vários outros, aproximadamente 70, com atividades antagônicas ao THC, como o canabidiol (CDB), que diminui a ansiedade e pode agir como antipsicótico e contrabalançar o efeito do THC. “Linhagens de maconha com alta concentração de canabidiol, que podem ser produzidas para finalidades medicinais, podem reduzir a ansiedade e inibem a psicose. Esta informação deveria ser considerada mais valiosa hoje em dia”, diz Malcher-Lopes.


Do site: www.mentecerebro.com.br

domingo, 18 de novembro de 2012

É possível treinar a memória contra a depressão

Exercícios cognitivos ajudam a desviar a mente de lembranças negativas 

© Dubova/Shutterstock

Distúrbios depressivos e de ansiedade têm uma importante característica em comum: a tendência a se fixar em aspectos negativos de uma situação. Estudos mostram que pessoas diagnosticadas com depressão têm dificuldade de se lembrar com nitidez de eventos específicos, como a festa de aniversário de 8 anos que ganhou dos pais. De forma semelhante, um dos traços da ansiedade é uma espécie de estado de alerta permanente, que direciona a atenção para detalhes que representam uma possível ameaça. Agora, um estudo publicado no Clinical Psychological Science sugere uma maneira de combater essa propensão: estimular a mente a acessar as memórias positivas.

Cientistas da Universidade de Esfahan, no Irã, e da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, submeteram 23 adolescentes afegãos refugiados a um teste de memória com 18 palavras positivas, neutras e negativas em língua persa. Os jovens haviam perdido os pais em conflitos armados e apresentavam sintomas de depressão. Eles deviam ler as palavras e relacionar cada uma delas a uma lembrança específica antes de responder a questionários que avaliavam a intensidade dos sinais de depressão e ansiedade. Em seguida, os pesquisadores selecionaram 12 deles para fazer treinamentos semanais para aprender a evocar memórias específicas relacionadas a palavras.

Dois meses depois, os 23 jovens refizeram o teste e responderam ao mesmo questionário. O grupo que passou pelo treinamento revelou não só maior habilidade em descrever recordações específicas relacionadas a qualquer tipo de palavra, como suas respostas ao questionário refletiram melhora dos sintomas depressivos e de ansiedade, o que não aconteceu com os adolescentes que não fizeram o treinamento. Segundos os autores do estudo, as abordagens relacionadas à memória abrem novas perspectivas de tratamento para os transtornos psíquicos.


Do site: www.mentecerebro.com.br

sábado, 17 de novembro de 2012

Maioria desiste de comprar quando tem de decidir o preço

Temor de ser considerado avarento pode comprometer o processo de tomada de decisão na hora de adquirir um produto

© Yuri Arcur/Shutterstock

O receio de parecer avarento confunde muitas pessoas na hora de determinar quanto pagar por um produto, por isso a maioria prefere não adquiri-lo quando tem a liberdade de escolher o preço. É o que sugere um estudo da Universidade da Califórnia em San Diego que analisou os processos de tomada de decisão em diferentes situações de compra.

A professora de marketing Ayelet Gneezy e sua equipe tiraram fotos de turistas durante um passeio de barco. No final da viagem, propuseram que comprassem as fotografias pela quantia que achassem justa. Para a surpresa dos pesquisadores, os participantes hesitaram mais para efetuar a compra do que quando o preço foi fixado em 5 dólares. Para Ayelet, a dúvida surgiu do medo de ser considerado “mesquinho” pagando muito pouco. “O preço estabelecido não implica todo esse ‘exame’ de comportamento”, acredita a pesquisadora.

Os frequentadores de um parque de diversões também se comportaram de forma similar: além de poderem escolher quanto pagar pelas fotos do passeio, eles foram informados de que parte do dinheiro seria destinada a uma causa humanitária. Neste caso, os participantes pagaram valores mais altos, mas também hesitaram por mais tempo e um maior número deles preferiu abrir mão da recordação. “A suposta doação aumentou ainda mais o temor de parecer sovina”, diz Ayelet.


Do site: www.mentecerebro.com.br

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Contato visual influi diretamente no comportamento

Falta de “olho no olho” deixa as pessoas mais grosseiras na internet

© Dmitry Shironosov/Shutterstock

A maioria das pessoas que usa redes sociais, como o Facebook, tem no seu rol de amizades virtuais alguém que, apesar de parecer afável no convívio social, se revela crítico e não raro grosseiro no território digital. Esse tipo de comportamento se deve, em grande parte, à ausência de contato visual, de acordo com estudo da Universidade de Haifa, em Israel.

Os pesquisadores observaram 71 duplas de universitários que não se conheciam pessoalmente debaterem um assunto através de um programa de mensagens instantâneas. Em salas diferentes, eles trocaram ideias sob diferentes condições: alguns conversaram sem câmera digital, outros conseguiam ver as mãos do interlocutor e uma pequena parte do rosto com a webcam e um último grupo teve livre acesso à imagem virtual dos olhos do parceiro. Mesmo não se conhecendo, os que mantiveram uma conversa “olho no olho”, mesmo digitalmente, se mostraram menos ásperos e impessoais nas respostas. Os pesquisadores sugerem que o contato visual, essencial no processo de empatia, é tão determinante quanto o anonimato para o comportamento na rede.


Do site: www.mentecerebro.com.br

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

E dai ser for?

Bem-estar em afirmar a própria sexualidade depende do contexto social

© Hasloo Group Production/Shutterstock

É compreensível que os pais queiram que seus filhos sejam pessoas saudáveis e realizadas – e, consequentemente, que se preocupem com o tipo de relações amorosas nas quais se envolverão quando adultos. Hoje se sabe, porém, que a orientação sexual não é garantia de sucesso ou felicidade. O que parece fazer diferença, realmente, é a qualidade dos vínculos afetivos que uma pessoa mantém e o quanto se sente confortável com sua capacidade produtiva nas várias áreas da vida. Nesse sentido, a proximidade e o apoio das pessoas queridas se mostram muito mais importantes que a orientação em si. Ou seja: ter lugar nos diferentes grupos de referência (família, trabalho, amigos etc.) fortalece o sentimento de “pertencimento”, fundamental para o bem-estar emocional e até físico.

Em geral, quando alguém se sente aceito como é pelos mais queridos, o eventual enfrentamento de qualquer tipo de discriminação se torna muito menos doloroso. Independentemente do sexo e da idade, cada pessoa faz um balanço inconsciente entre a possível resistência que poderá encontrar em alguns de seus círculos sociais e o apoio que encontrará em outros. Algumas pesquisas recentes sugerem que homens e mulheres que assumem a orientação homoafetiva publicamente apresentam aumento da autoestima e redução do risco de depressão e de suicídio. Mas nem sempre é o que acontece, segundo estudo publicado na Social Psychology and Personality Science. Psicólogos da Universidade de Essex constataram que o bem-estar em afirmar a própria sexualidade depende do contexto social em que a pessoa está inserida.

Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores entrevistaram 161 homossexuais de ambos os sexos e bissexuais com idade entre 18 e 65 anos sobre o nível de bem-estar que sentiram em afirmar sua orientação em cinco círculos sociais: amigos, parentes, colegas, companheiros de escola e comunidades religiosas. Os participantes, recrutados em debates públicos pelos direitos dos homossexuais, em redes sociais e em listas de e-mails de estudantes universitários, responderam aos pesquisadores por meio da internet e de forma anônima. (Da redação).


Do site: www.mentecerebro.com.br

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cultivando a inclusão social

Projeto incentiva pessoas com deficiência mental a plantar, reciclar e fabricar tintas sustentáveis 

© Alexey Stiop/Shutterstock

Todas as semanas, alunos da Associação de Pais e Amigos (APAE) de Lima Duarte, cidade mineira de menos de 16 mil habitantes, aprendem a lavrar e cultivar a terra, acompanhar o crescimento das plantas e colocar em prática técnicas de sustentabilidade, como fabricação de tinta da terra, um pigmento natural. Segundo o fisioterapeuta Diogo Jorge, criador e coordenador do Projeto Nossa Horta, a lavoura comunitária é inspirada no conceito de reabilitação baseada na comunidade (RBC) da Organização Mundial da Saúde: pessoas com deficiência física e mental são incentivadas a ajudar, de acordo com as possibilidades de cada uma,  em atividades que tragam resultado em grupo – no caso, hortaliças frescas e o aproveitamento de um terreno de 100 m2 até então improdutivo. “Toda semana  fazemos colheitas e cada um leva para casa uma sacola com verduras, grãos, raízes e temperos. Alguns ainda não querem levar verdeuras, outros preferem apenas algumas, mas com a vivência estimula a experimentar e variar a dieta”, diz Jorge.

O trabalho é diferente da reabilitação individual, pois não se baseia em  um diagnóstico. “O processo é coletivo, em grupo, mas cada um dá o melhor de si para  chegar aos resultados. Aos poucos os participantes encontram traefas que gostam de fazer, se familiarizam com as plantas, descobrem quais são suas preferidas e percebem que não é fácil manter uma horta”, explica Jorge. A ideia do projeto surgiu quando o fisioterapeuta fez um mestrado na Bélgica e observou o trabalho voluntário de cerca de 30 fazendas familiares que recebiam, por um ou dois dias da semana, pessoas com deficiência para  ajudar no plantio. Segundo ele, é uma forma de estimular atividades físicas ao ar livre, melhorar os hábitos alimentares, prevenir problemas relacionados ao sedentarismo e ajudar a recuperar o meio ambiente em uma região que sobre o impacto da destruição de florestas para fazer pastagens. No final do ano passado, o projeto arrecadou mais de R$ 11 mil com doações de internautas por meio do site de financiamento colaborativo Catarse. Os recursos serão usados para compra de ferramentas, sistema de irrigação e divulgação dos cursos e oficinas oferecidos. O blog do projeto é atualizado periodicamente com fotos das atividades, como a plantação de um “telhado verde”, e do crescimento da horta: http://projetonossahorta.blogspot.com.br/


Do site: www.mentecerebro.com.br

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Preguiçosos têm excesso de dopamina no cérebro

Concentração do neurotransmissor na ínsula anterior pode estar relacionada com a falta de vontade

© Dudarev/Shutterstock

As substâncias produzidas pelo cérebro têm grande influência sobre nosso comportamento. A ciência já sabe, por exemplo, que o excesso do neurotransmissor dopamina desencadeia euforia e motivação. Drogas como a cocaína e o crack, por exemplo, estimulam a liberação desse componente químico. Agora, neurocientistas da Universidade Vanderbilt, no Tennessee, descobriram que o cérebro de pessoas desmotivadas também pode ter grandes quantidades desse neurotransmissor – só que no lugar “errado”, isto é, na ínsula anterior.

A equipe conduzida pelo neurocientista David Zald solicitou que voluntários divididos em dois grupos tentassem resolver uma tarefa monótona que aumentava em grau de dificuldade – e que seria recompensada em dinheiro caso se saíssem bem – enquanto seu cérebro era escaneado por meio de tomografia por emissão de pósitrons (PET). Como os pesquisadores esperavam, houve resposta maior de dopamina em determinadas partes do sistema de recompensa das pessoas aparentemente mais empenhadas no exercício. Mas, surpreendentemente, o aumento da atividade do neurotransmissor também foi verificado no caso dos voluntários menos engajados, mas em outra parte do cérebro: a ínsula anterior, região envolvida no processamento de estados físicos e emocionais e no comportamento de dependência.

Os pesquisadores consideram que a concentração de dopamina nessa área pode estar relacionada com a falta de vontade. Entretanto, Zald esclarece que o teste é um procedimento muito simples para avaliar a motivação dos participantes – até porque a recompensa em dinheiro pode não instigar a todos. “O que não quer dizer que o empenho dos participantes não forneça pistas de como se comportam em outras situações que exigem motivação”, diz o neurocientista.


Do site: www.mentecerebro.com.br

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O mundo cor-de-rosa dos ricos

Pessoas com status social alto tendem a ter uma visão mais positiva dos outros

© Photobank.ch/Shutterstock

Um grupo de psicólogos pediu a estudantes universitários que escrevessem textos sobre ter mais prestígio e dinheiro que os outros ou sobre não ter nenhum recurso financeiro, de maneira que se imaginassem no alto ou na base da pirâmide social. Depois disseram aos participantes que, se quisessem, poderiam doar 10 dólares para um desconhecido: essa quantia seria triplicada e o suposto parceiro devolveria o quanto achasse justo. Assim, 40% dos que se imaginaram ricos e privilegiados enviaram o dinheiro, contra apenas 12% do grupo de baixo status. Os autores do artigo, publicado no Organizational Behavior and Human Decision Processes, sugerem que ao nos sentir em posição de admiração e respeito, a boa vontade alheia parece algo natural.

Do site: www.mentecerebro.com.br

domingo, 11 de novembro de 2012

Relações líquidas

Vida contemporânea favorece o desprendimento afetivo

Christian Ingo Lenz Dunker
© Banana Republic images/Shuttertstock

Um clique e anos de fotografias, marcas de uma história de amor, desaparecem sem deixar vestígios. Dois toques e todos os números dela são desintegrados para sempre do telefone celular. Três teclas pressionadas e o Facebook altera o estatuto de uma relação, adicionalmente evacuando todos os contatos, a partir de então, indesejáveis.  Quatro cliques e os e-mails dele vão para o cemitério infinito, sem lugar e sem rastro.  Aquele, cujo nome não deve mais ser pronunciado, foi devidamente excluído de sua vida.  Você está pronto para começar de novo. A verdadeira relação “líquida” deve corresponder ao que alguns analistas de consumo chamam de geração “teflon”, ou seja, “feita para que nada grude”.  Tida como inodora, insípida e translúcida, esta forma de vida inspira duas dificuldades às quais os psicanalistas têm dedicado vasto esforço interpretativo: a separação e o compromisso.

Boa parte da literatura sobre luto e perda trata também, indiretamente, do difícil trabalho de recomeçar. Certos clínicos argumentam que um grande amor só acaba quando conseguimos iniciar outro. De fato, mesmo sozinhos nós continuamos amando. Cedo ou tarde a série dos amantes começa a dar os braços uns aos outros, como em um anel de benzeno que se fecha sobre si mesmo. Reconstruímos histórias imediatas ou antigas, reforçamos os laços colaterais de amizade, reinvestimos ligações primárias, criamos amores possíveis como na literatura e no cinema. Reinventamos amores impossíveis com nossa memória e fantasia. Freud dizia que a neurose ataca nossa capacidade de amar, substituindo-a pela fuga da realidade, quando o objeto se esvai, ou pela fuga para a realidade, quando é  o “aparelho de amar” que se vê danificado.

Na década de 90 cardiologistas japoneses descreveram a síndrome do coração partido (takotsubo), similar a um ataque cardíaco, com testagem positiva para enzimas e alteração do funcionamento do ventrículo esquerdo – mas sem obstrução coronariana. Contudo, o quadro é reversível e não deixa sequelas, afetando caracteristicamente mulheres em pré-menopausa, que passaram por grandes perdas ou desilusões amorosas. A síndrome está associada ao estilo de vida moderno, que vem transferindo para o universo das relações amorosas os princípios de desempenho, avaliação de resultados, análise de risco e segurança jurídica que presidem as relações de trabalho e produção.

A descoberta faz lembrar um experimento clássico no qual dois ratos nadam em um tanque de água. O primeiro é deixado livremente até morrer exausto após duas ou três horas. O segundo é retirado da água um pouco antes do momento crítico e recolocado na mesma situação, após um descanso. O animal que passou pela experiência de ter sido salvo “no último instante” parece aprender algo muito poderoso, pois se torna capaz de nadar por um tempo dez vezes maior do que o outro. O exame do coração do primeiro rato mostra que ele parou em bradicardia (diminuição da frequência cardíaca), ou seja, lentamente ele foi desistindo de funcionar, deixando-se derrotar pela tarefa “sem sentido” de nadar sem saber aonde aquilo ia dar. Já o segundo rato lutou até explodir.

Também na clínica algumas separações que não terminam nunca, talvez não sejam casos de dificuldade em aceitar a perda, mas de recusa a começar de novo.  Aquilo que é sentido como insubstituível no amor que agora se foi, talvez seja o correlato de uma boa experiência anterior de “salvamento no último segundo”. A permanência irresistível e insidiosa em algo que nos possui, com toda a sua sujeira, turvação e amargura, talvez seja uma espécie de retorno do que a vida líquida recalca, uma vingança do desejo de permanecer para sempre, sem ter de começar de novo. A síndrome do coração partido ataca na primavera, a estação dos começos. Os ratos que começam de novo não conseguem mais reconhecer a hora de parar. Na vida em formato de videogame aprendemos muito sobre como deletar pessoas e apagar e-mails, mas pouco sobre a arte de desistir, de se despedir e guardar as fotos de recordação, com carinho e gratidão, depois de ter feito tudo o que é possível.


Do site: www.mentecerebro.com.br

sábado, 10 de novembro de 2012

Guerras e guerras



“Combater a si próprio é a mais dura das guerras,
vencer a si próprio é a mais bela das vitórias.”
(Friedrich von Logau)


Desde pequeno acostumei-me com a guerra.

Primeiro foi uma guerra para sair do conforto do ventre de minha mãe, onde eu tinha alimento e segurança, num dia que chamaram de parto e depois deram o nome, talvez só para me tapear, de aniversário.

Depois veio uma guerra particular bem interessante que consistia em ficar em pé e aprender a andar.

Lá pelos quatro anos de idade fui apresentado a um verdadeiro arsenal de guerra, formado por bisnagas de plástico, confetes e serpentinas, durante uma festa que atendia pelo nome de Carnaval. Eram guerras bem animadas!

Anos depois, viriam as guerras que guardo com mais carinho na memória. A guerra de almofadas que começava na sala e terminava como guerra de travesseiros no quarto. Foi uma época de desenvolvimento de táticas de guerrilha. Eu me entrincheirava atrás do sofá e espalhava sapatos e chinelos-mina pela sala e corredores.

Trocar a TV, o videogame e as brincadeiras com os colegas pelas tarefas escolares eram uma guerra e tanto. O mesmo para arrumar o quarto, tomar banho e ir dormir cedo.

Então veio uma série de outras guerras. Guerra para ser aceito pelo time de basquete do clube, mesmo sendo baixinho. Guerra para tirar boas notas e se destacar na escola. Guerra para entender as transformações que os hormônios provocavam no corpo. Guerra para criar coragem e convidar aquela garotinha para sair...

Mais alguns anos e as guerras foram tomando conotação mais séria. Guerra para passar no vestibular. Guerra para obter o diploma. Guerra para conseguir um emprego e, estando nele, aprender a aceitar a hierarquia, os conchavos nos corredores, as conspirações no hall do café, as armadilhas no elevador. Guerras corporativas engendradas por coronéis sem patente, travadas por soldados muitas vezes lançados a campo sem treinamento e provisões. Guerra contra a concorrência, sem interesse na diplomacia. Guerra contra a ineficiência, sem previsão de armistício. Guerra pelo consumidor, por sua preferência e fidelidade.

E, nesta toada, guerra para encontrar uma alma gêmea. Guerra para seduzi-la a casar-se e, depois, a separar-se. Guerra pela custódia dos filhos. Guerra para montar uma empresa, pagar salários, pagar impostos – e, de repente, ter que fechar a empresa. Guerra contra os juros do cheque especial.

Lendo os jornais observo o desenrolar de outros tipos de guerra. Guerra pela demarcação geográfica, guerra pelo petróleo, guerra pela autoridade. E, talvez, a pior de todas: a guerra em nome de Deus, a que chamaram de guerra santa, apenas para envolver de corpo e alma milhões de inocentes, jovens ou maduros, mas que na verdade atende aos mesmos preceitos de terra, dinheiro e poder de todas as guerras convencionais.

Hoje, já adulto, dei-me por conta de como nossas guerras vão perdendo significado real na medida em que nossas pernas crescem. As guerras migram do prazer para a ignorância, da pureza para a intolerância. Bilhões gastos para matar mais gente, quando poderiam amenizar a dor e o sofrimento, a fome e a miséria, de milhões espalhados pelo mundo.  Muito dinheiro investido em produtos que não são desejados, em tecnologias que não serão usadas, em treinamentos que não proporcionam aprendizado, em confraternizações que não geram integração. Tudo porque as nações tratam as outras como países, isolando-se em torno de seus interesses. Tudo porque as empresas tratam seus colaboradores como móbiles, fertilizando o terreno para uma guerra civil ao não definirem seus valores, missão e ideais de forma compartilhada.

Olhamos para o lado e vemos a guerra para saber quem avançará primeiro o semáforo fechado, a guerra para determinar quem vencerá a licitação, a guerra contra o narcotráfico, a guerra pela sobrevivência. Nesta hora vemos que Darwin enganou-se, que a seleção não é natural porque a natureza quer, mas porque o homem assim o deseja.

Então, coloco-me diante de minha maior guerra pessoal: a de entender o porquê de as coisas serem assim. Compreender como fui me deixar convocar por este exército de insanos. E imaginar em qual ponto no espaço e em que momento no tempo desgarrei-me da criança que vivia e amava a guerra, como ela deveria ser.


* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento” (Flor de Liz, 2011), “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional” (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.


Recebido do autor por e-mail

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Ensinando a ousar


“O que quer que você seja capaz de fazer, ou imagina ser capaz, comece.
Ousadia contém gênio, poder e magia.”
(Goethe)

A cada minuto de nossas vidas estamos sempre assumindo dois papéis: o de professor e o de aluno. Dependendo do momento, do tema e do interlocutor, colocamos um ou outro véu. E num diálogo realmente edificante, chegamos mesmo a utilizar ambos.

Porém, em regra, somos maus professores. Maus porque pregamos a mediocridade, inibimos a audácia, coibimos o risco, desestimulamos a galhardia. Ser medíocre é ser comum, mediano, modesto, despretensioso. Ser medíocre é estar seguro, ainda que não se esteja bem. Ser medíocre é fruto natural de nossa cultura ibérica e de nossa tradição católica.

Empregados sem empregos


Nossas escolas de ensino fundamental privilegiam uma alfabetização metódica, padronizada, enquadrando as crianças num plano bidimensional. São ao menos nove anos de estudos sem incentivo à criatividade e à ousadia. Depois, quem pode gasta uma soma considerável com um terapeuta ou em um curso de especialização para instruir seu filho a traçar linhas curvas e não apenas retas, a misturar cores quentes e frias, a experimentar outras formas geométricas, a unir nove pontos alinhados três a três com apenas quatro retas.

O ensino médio, por sua vez, produz exércitos dotados de baionetas com as quais assinalarão “x” dentre cinco alternativas possíveis para, aí sim, ingressando no chamado ensino superior, compor uma legião de empregados para um mundo sem empregos. A própria estrutura de ensino promove a subserviência, seja por intermédio do método expositivo de aulas, seja através do respeito incólume às hierarquias, seja por meio dos trabalhos de conclusão ou estágios supervisionados, sempre focalizados em grandes empresas e com conteúdo discutível.

Nosso modelo de ensino não instiga o pensar. História é para ser decorada, e não entendida. Matemática é para se aprender por tentativa e erro, e não por tentativa e acerto. Português tem muitas regras, não se sabe para quê, não é mano?

Abolimos as aulas de Educação Moral e Cívica porque remetiam à lembrança dos tempos da ditadura, em vez de modernizarmos seu programa. O resultado é que hoje não se sabe mais cantar o Hino Nacional, o qual só é ouvido em jogos de futebol ou quando somos agraciados com alguma façanha em um evento esportivo. Foi-se embora o culto ao patriotismo e o amor ao verde-amarelo. Foi-se também a oportunidade de se ministrar um pouco de ética e de responsabilidade social.

Mediocridade ensinada


Nossa mediocridade ensinada acaba permeada em nossas vidas sem que nos apercebamos disso. Nossas empresas tornam-se medíocres porque não têm o gene do empreendedorismo, em especial o empreendedorismo de oportunidade, aquele que gera valor, que produz riqueza, que semeia empregos qualificados e de forma sustentada. Falta-nos a ousadia para adotar novas práticas, da remuneração variável ao horário flexível, da gestão compartilhada à participação nos resultados.

Nossa mediocridade ensinada congela nossos ímpetos corporativos, impedem-nos de investir em nossas próprias ideias, de acreditar em nossos mais castos ou ambiciosos sonhos. O risco, palavra derivada do italiano antigo risicare e que significa nada menos do que “ousar”, deixa de ser uma opção, deixa de ser um destino.

Nossa mediocridade ensinada se mostra presente em nossas vidas pessoais, exacerbando nossa timidez, trazendo consigo a hesitação por uma palavra, por um beijo, por uma conquista mútua. Tempera relações sem usar sal ou pimenta, adota a monotonia e culpa a rotina. Observe como nunca somos medíocres no início de um namoro, da troca de olhares ao flerte, do perfume das flores ao sabor dos bombons. Tudo isso até o primeiro beijo, o único de fato verdadeiro, pois dele deriva muitos outros até os finalmente protocolares, como a nota cinco necessária para se passar de ano.

Pílula azul ou vermelha?


Vivemos em uma nação na qual, mesmo após mais de meio século, a terra ainda devolve com fartura tudo o que nela se planta. Não somos vitimados por catástrofes naturais. Somos dotados de grande simpatia e predisposição ao trabalho. Então, por que sermos medíocres?

O que nos impede de reproduzir em larga escala a criatividade de nossa publicidade, a inteligência de nosso design, a beleza de nossa moda, a eficiência de nossa agroindústria da soja, a ousadia de milhões de pessoas que teimam em se manter vivas com um punhado de reais ao longo de todo um mês?

Ou a vida é uma aventura ousada, ou não é nada. Do contrário, não vivemos, apenas vegetamos. À luz de um ícone criado no filme “Matrix”, podemos tomar a pílula azul, esquecer tudo isso, e tratar o ensino com objetivo exclusivo de satisfazer estatísticas, empenhados em reduzir índices de evasão e elevar taxas de escolaridade. Mas podemos optar pela pílula vermelha, e incentivar a escola democrática, substituir a forma desinteressante e desatrelada da realidade de educar pelo estímulo à curiosidade, encorajando o aprendizado ao invés do ensino porque ousadia é uma forma de ser e não de saber.


* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento” (Flor de Liz, 2011), “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional” (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com..

Recebido do autor, por e-mail

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Oh! Céus ... Oh! Vida ... (7)

Olhem só a Dupla Dinâmica ...





Eu diria mais ...

Dupla Mais que Dinâmica ...

Mas ...




Quando dormem ...

São umas "Anjas" !!! 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Oh! Céus ... Oh! Vida ... (6)


Tudo na companhia da

Pituca...






E da 

Alegria ...





Nem dá para fazer ideia

Do que elas aprontam....  




terça-feira, 6 de novembro de 2012

Oh! Céus ... Oh! Vida ... (5)


Mas,

Às vezes,

Tenho que reverenciar isso ...

A Arte da Natureza!

Trata-se do fruto de uma árvore!

Acredite se quiser... 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Oh! Céus ... Oh! Vida ... (4)


Que pena!

Às vezes, 

Também temos que nos deparar com isso!

Era uma falsa Coral,

Que foi atropelada ao atravessar a estrada ... 

Bem pertinho do meu nariz!