terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Filhote de bonobo tem sinais de autismo


Primata pode ajudar a desvendar causas do transtorno

Rahmo/Shutterstock

Teco, de 3 anos, é capaz de passar horas olhando para uvas ou para brinquedos. Passa a maior parte do tempo sozinho. Quando bebê, não se agarrava à mãe como os outros filhotes de bonobo nascidos no cativeiro Great Ape Trust, em Iowa – ele evita o contato físico e o visual de forma muito semelhante a crianças diagnosticadas com autismo. Teco é um caso raro de primata com sintomas de autismo e pode oferecer pistas para o estudo de possíveis causas genéticas e ambientais do transtorno. Segundo os cuidadores, sua mãe passou mais de 60 horas em trabalho de parto, o que leva cientistas a considerarem a interação entre o trauma sofrido no nascimento e fatores genéticos. Ele também tende a se fixar em objetos brilhantes e tem dificuldade de coordenar o movimento de pernas e braços.

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Hidrocefalia inspira espetáculo debaixo da água


Distúrbio neurológico causa visões fantásticas em protagonista

Divulgação

Três mil litros de água preenchem a piscina construída no centro do palco. O cenário significa a cabeça de Laura, personagem com hidrocefalia que transborda poesia na peça A Marca da água, que comemora 25 anos da companhia de teatro Armazém.

Aos 40 anos, Laura leva uma vida aparentemente calma, mas sente uma espécie de tristeza. Certo dia um peixe enorme aparece em seu jardim. A estranha presença é o primeiro sinal da doença neurológica, caracterizada pela acumulação de líquido cefalorraquidiano no interior da cavidade craniana e que, entre outros sintomas, causa confusão mental e perda das habilidades motoras. A água que toma seu cérebro, porém, vem acompanhada de uma música envolvente, que dá cor à sua vida e a impulsiona a mudar as relações afetivas. “Ela escolhe os sintomas em vez da cura”, resume o diretor e autor do texto Paulo de Moraes, que se inspirou, entre outras referências, na obra do neurologista e escritor Oliver Sacks.


A marca da água. Sesc Santana. Av. Luís Dumont Villares, 579, Santana, São Paulo. Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 18h. R$ 24,00. De 16/02 a 24/03.

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Primeiro sentimos, depois julgamos


Tomografias cerebrais sugerem que nossas avaliações se baseiam mais em intuições e emoções do que em processos racionais

Zayats-and-zayats/Shutterstock

por Jorge Moll e Ricardo de Oliveira-Souza

De que maneira os sentimentos afetam nosso julgamento sobre o que é moral? Um estudo publicado na Nature de abril de 2007 apresenta uma nova e importante concepção sobre a relação entre raciocínio moral e emoção. Os pesquisadores Michael Koenigs, pós-doutorando do Instituto Nacional de Transtornos Neurológicos e AVC, Liane Young, aluna de pós-graduação em psicologia cognitiva da Universidade Harvard e seus colegas descobriram que uma lesão no córtex pré-frontal ventromedial (CPFVM, uma região do cérebro localizada acima das órbitas dos olhos) aumenta a preferência por escolhas “utilitárias” em situações de dilema moral. Nesses casos, os julgamentos favorecem o bem-estar agregado em detrimento do bem-estar de menor número de indivíduos. O estudo coloca lenha na fogueira de um já acalorado debate sobre os malabarismos que fazemos com fatos e emoção para tomarmos decisões morais.

Koenigs e Liane aplicaram um teste sobre tomada de decisão moral em três grupos: um deles formado por seis pacientes com lesão bilateral de CPFVM; outro constituído por pessoas com lesões em outras regiões do cérebro, e um terceiro grupo de -indivíduos controle neurologicamente saudáveis. As pessoas submetidas ao teste enfrentaram cenários de tomada de decisão em quatro classes. Uma delas continha cenários morais “pessoais de alto conflito” (moralmente ambíguas) e emocionalmente incômodas; exigia que a pessoa tomasse a decisão de empurrar ou não um estranho, obeso, em direção aos trilhos de um trem descontrolado (o que, consequentemente, mataria essa pessoa) para salvar a vida de cinco trabalhadores adiante na linha.

Uma segunda classe continha cenários de “baixo conflito” (sem ambiguidade moral), mas altamente pessoais, tais como se seria moral que um homem contratasse alguém para estuprar a esposa para que, depois, pudesse consolá-la e reconquistar seu amor. Uma terceira classe oferece situações moralmente ambíguas, mas relativamente impes-soais, como se seria certo mentir para um segurança e “tomar emprestada” uma lancha veloz para avisar os turistas sobre uma tempestade mortal iminente. Uma quarta classe consistiu em avaliar situações ambíguas, mas amorais, como tomar um trem em vez de ônibus para chegar pontualmente a algum lugar.

Nas situações bem-definidas de baixo conflito pessoal, os pacientes com lesão no córtex pré-frontal ventromedial e os indivíduos-controle tiveram desempenhos semelhantes, respondendo unanimemente de forma negativa a exemplos semelhantes. Mas, ao ponderarem sobre as situações emocionalmente mais carregadas de ambiguidade, os pacientes com lesão de CPFVM exibiram uma probabilidade muito maior que os demais de endossar decisões utilitárias que levariam a um maior bem-estar agregado. Eles se mostraram muito mais dispostos que os demais a, por exemplo, empurrar um passageiro circunstante na frente do trem para salvar um grupo de trabalhadores no caminho adiante.

Por que as pessoas com lesão no CPFVM deveriam exibir maior preferência por escolhas utilitárias? É tentador atribuir esta preferência a um embotamento emocional geral – um traço habitualmente encontrado nos pacientes com lesão pré-frontal. Emoção diminuída supostamente tornaria esses pacientes mais propensos ao raciocínio utilitário. Mas uma pesquisa anterior realizada por Koenigs e Daniel Tranel, professor de neurologia dos Hospitais e Clínicas da Universidade de Iowa, com pacientes com lesão no CPFVM mostra o oposto. Naquele estudo, os voluntários participavam do “jogo do ultimato”. Nessa atividade, é oferecida uma soma em dinheiro a um par de jogadores. O jogador A propõe alguma divisão do dinheiro com o parceiro B; se este último rejeitar os termos da divisão, nenhum deles recebe nenhum dinheiro. Para o jogador B, a decisão estritamente utilitária é aceitar qualquer proposta, mesmo que receba apenas 1% do dinheiro, já que a rejeição da oferta implica nenhum ganho. A maioria das pessoas, porém, rejeita ofertas excessivamente desequilibradas porque determinadas propostas ofendem seu senso de justiça. Os jogadores com lesão de CPFVM, contudo, rejeitaram com maior frequência as ofertas desequilibradas que os indivíduos-controle – aparentemente por se sentirem insultados pela proposta desigual, ainda que lucrativa, o que invalida os argumentos utilitários. Um embotamento emocional geral e um maior raciocínio utilitário parecem, portanto, explicações improváveis para o comportamento dos pacientes com lesão de CPFVM.

Uma causa mais parcimoniosa, apresentada como hipótese em um artigo da Nature Reviews Neuroscience, é que razão e emoção cooperaram para produzir sentimentos morais. O CPFVM teria especial influência nos chamados “sentimentos pró-sociais” – que incluem culpa, compaixão e empatia. Eles emergem quando estados como tristeza e afiliação, que se originam das áreas límbicas, são integrados com outros mecanismos mediados por setores anteriores do córtex pré-frontal ventromedial – como avaliação de possíveis desfechos. Estudos que utilizam técnicas de imageamento funcional corroboram esta ideia. Como descrevemos num artigo de 2007 na Social Neuroscience e numa pesquisa anterior, o córtex participa ativamente não apenas dos processos explícitos de julgamento moral, mas também quando as pessoas são passivamente expostas a estímulos evocativos de sentimentos pró-sociais (como os despertados pela cena de uma criança com fome). Curiosamente, o CPFVM era acionado quando os voluntários optavam por sacrificar dinheiro para doar a obras de caridade – decisão que é, ao mesmo tempo, utilitária e emocional –, como descrevemos em um artigo de 2006 do Proceedings of the National Academy of Sciences USA.

A deterioração dos sentimentos pró-sociais, resultante de lesão na parte ventral (ou lado de baixo) do córtex pré-frontal, juntamente com uma capacidade preservada de experimentar reações emocionais aversivas associadas a ira ou frustração (dependendo mais dos setores laterais do córtex e conexões subcorticais), poderiam explicar os resultados dos dois estudos de Koenigs. Os pacientes com lesão de CPFVM que participam do jogo do ultimato, por exemplo, deixam que emoções como raiva e desdém governem as decisões não utilitárias para rejeitar ofertas injustas. Os pacientes com lesão de CPFVM foram mais práticos – ou utilitários – ao enfrentar dilemas morais difíceis, justamente porque a lesão nas partes centrais do córtex pré-frontal reduziu os sentimentos pró-sociais, dando vantagem relativa ao raciocínio impiedoso.

Esta explicação nos leva de volta ao dilema de Einstein. A carta de Einstein a Roosevelt ajudou a preparar os EUA e a construir as primeiras bombas atômicas. Aquelas bombas mataram dezenas de milhares de civis – mas, ao fazê-lo, deram um fim à Segunda Guerra Mundial. Teria sido cruel a escolha utilitária de Einstein, resultante das emoções sendo subjugadas pela pura cognição? Acreditamos que não. Aparentemente, a razão e os sentimentos de Einstein estavam trabalhando juntos muito bem, refletindo inteiramente a interação entre pensamento, emoção, empatia e presciência – bem como angústia e ambivalência – que complexas decisões morais incitam.


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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Brilho das telas de computador influi na qualidade do sono


Uso frequente dos aparelhos pode alterar produção de hormônios e desregular o sistema circadiano

Dewayne Flowers/Shutterstock

Usar o Ipad por duas horas com a tela com o grau máximo de luminosidade é suficiente para reduzir a produção normal de melatonina durante o sono, essencial para a regulação do sistema circadiano, o relógio interno – esse hormônio alerta o corpo de que é noite e de que é necessário dormir.

De acordo com estudo do Instituto Politécnico Rensselaer, em Nova York, o uso de telas brilhantes está relacionado ao atraso gradual no horário de ir para a cama. A autora, Mariana Figueiro, sugere que o uso crônico de eletrônicos luminosos pode desregular o sistema circadiano. Ela e sua equipe desenvolveram óculos de proteção contra a luminosidade e observaram os efeitos em voluntários. “A produção de melatonina deles aumentou, então comprovamos que a luz artificial dos monitores tem efeito sobre a produção do hormônio”, diz Mariana, que acredita que, futuramente, os designers e fabricantes de computadores lançarão versões mais “circadianamente amigáveis”. Até lá, ela recomenda substituir o tablet pela leitura do bom e velho livro antes de cair no sono.


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domingo, 17 de fevereiro de 2013

O que os ratos nos ensinam sobre amor e sexo


Camundongos podem ajudar a entender alguns dos mistérios das relações afetivas

Eric Isselee/Shutterstock

por Kelly Lambert

Ratos têm sido estudados intensamente – o que nos permite usá-los como modelo para conhecer a influência de hormônios, medicamentos, da idade e inúmeras outras variáveis, inclusive sobre atuação sexual. Depois de décadas de pesquisa, sabemos que esses animais têm comportamentos bastante previsíveis na “intimidade”. Ao longo de muitos anos, diversos estudos sobre o comportamento sexual de ratos têm lançado luz sobre os efeitos de diferentes hormônios em vários aspectos do processo de reprodução. Em todo o mundo, pacientes que utilizam técnicas de fertilidade têm se beneficiado do trabalho em endocrinologia reprodutiva, com pioneira contribuição de roedores. Também podemos aprender algo com os ratos a respeito das potenciais perturbações de certas drogas ou aprimorar condições ambientais em relação a respostas sexuais.

O cineasta Woody Allen é autor da famosa declaração de que o cérebro é seu segundo órgão favorito. Mas a verdade é que o cérebro é tão essencial para o comportamento sexual quanto os órgãos reprodutivos. Os hormônios envolvidos na reprodução, como estrogênio, progesterona, testosterona e prolactina, acionam os gatilhos neurais apropriados para eliciar respostas reprodutivas. Nos roedores, se os hormônios são removidos também o comportamento é anulado – suas respostas sexuais são consideradas hormonodependentes. Essas substâncias exercem efeitos ao entrar no cérebro através de um sistema de segurança, a barreira hematoencefálica, e ativam regiões responsáveis por comportamentos relacionados à reprodução.

Estudos com fêmeas têm focado na pequena estrutura chamada hipotálamo. Do tamanho da cabeça de um alfinete, a região está envolvida principalmente no controle das emoções e comportamentos, como comer, beber, copular, fugir e lutar. Dentro dessa estrutura há grupos semelhantes de células nervosas com funções específicas. O núcleo hipotalâmico ventromedial, por exemplo, está intimamente envolvido com a lordose exibida pela fêmea. Se essa área do cérebro é removida a rata já não terá a postura necessária para iniciar o ato sexual. Por outro lado, se o hormônio reprodutivo progesterona passa por essa região, provoca o comportamento de flerte na fêmea – pulos, movimentos rápidos e balanço das orelhas. Juntamente com outras áreas do cérebro, o hipotálamo ventromedial controla também a sensação de saciedade, nos informando quando estamos satisfeitos. Talvez o cérebro feminino perceba pouca diferença entre sexo e comida, o que pode explicar por que o chocolate é um dos produtos mais oferecidos quando o objetivo é agradar à mulher amada – ou, pelo menos, desejada.

A dopamina, envolvida na recompensa neuroquímica do cérebro, e o núcleo accumbens, ligado à sensação de prazer, estão envolvidos na resposta para a cópula. Se houver algum problema nessa área, as fêmeas rejeitam os machos mais frequentemente do que quando têm um circuito de recompensa intacto. Um interessante estudo realizado na década de 70 fornece uma forte evidência da intensidade da motivação da fêmea para encontros sexuais. Os pesquisadores descobriram que, para ter acesso a um macho, as ratas corriam até por uma cerca eletrificada – mais uma descoberta que contraria a crença de que elas desempenham papel passivo na cópula.

Outra parte do hipotálamo, a área pré-óptica medial, contribui para a resposta sexual em ratos machos, assim como a amígdala, que participa do processo de regulação emocional. Em um experimento, o neurocientista Barry Everitt e seus colegas, da Universidade de Cambridge, treinaram ratos machos para pressionar uma barra e ter acesso a uma fêmea sexualmente receptiva. Depois que os animais machos aprenderam a tarefa, os cientistas interferiram no funcionamento da área medial pré-óptica e devolveram os animais à “câmara de sexo”. Os ratos com lesão cerebral continuaram a pressionar a barra e ter acesso às fêmeas, sugerindo que ainda as queriam. Mas, quando uma fêmea se aproximava, eles não conseguiam copular. No entanto, após terem a amígdala danificada, ocorreu o contrário: os machos não mais pressionaram a barra para ter acesso às ratas – o desejo se foi –, mas, se uma fêmea era apresentada, eles tentavam copular novamente. Everitt e sua equipe concluíram que desejo sexual é dissociado do desempenho.

O circuito de recompensa cerebral também está envolvido no comportamento sexual de machos. Os pesquisadores administraram anfetamina – uma droga que aumenta a dopamina – no centro de prazer do cérebro de ratos machos com a amígdala lesionada e os roedores voltaram a pressionar a barra para ter acesso às fêmeas, o que indica que o incremento no centro de recompensa compensou a falta da função da amígdala. A dopamina no centro de prazer do cérebro dos ratos também aumenta naturalmente depois de eles visualizarem uma fêmea receptiva.

O grupo de Larry J. Young, da Escola de Medicina da Universidade Emory, também acompanhou o padrão de receptores de oxitocina em ratos silvestres do sexo feminino. A equipe identificou altos níveis desses receptores em torno do núcleo accumbens e do córtex pré-frontal, uma área responsável por funções cognitivas. Além disso, a dopamina facilita a ligação amorosa entre ratazanas da pradaria de ambos os sexos. A pesquisa sobre Romeus e Julietas roedores revela a receita para um coquetel romântico: oxitocina e vasopressina combinadas com uma pitada de dopamina. Naturalmente, o processo é delicado e complexo – e a poção do amor está muito longe de poder, um dia, ser comercializada.


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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Desabafar é bom

O alívio de falar de si mesmo está relacionado a ativação de estruturas cerebrais de recompensa

Suzana Herculano-Houzel
Gonçalo Viana

Ah, como é bom ter para quem contar as coisas. Outro dia cheguei em casa com fumacinhas saindo da cabeça, tamanha minha irritação com questões variadas no trabalho, que vim remoendo no caminho. Se meu marido não estivesse em casa, eu teria continuado insistindo mentalmente no assunto por um bom tempo, e só me irritando mais.

Mas não: ele estava aqui, e me ofereceu seus ouvidos e comiseração. Era tudo de que eu precisava: uma oportunidade para meu cérebro finalmente executar o longo programa motor que ele vinha montando havia horas, desfiando e revisando minhas misérias do dia, e botar tudo para fora, em palavras, para então poder sossegar.

Por isso segurar um segredo dá tanto trabalho – e por isso contar é tão bom. Preocupações, assim como segredos, são representações mentais angustiantes, aflitivas, que levam à ativação de uma estrutura do cérebro especializada em antecipar problemas, o córtex cingulado anterior. Ativado, ele, por sua vez, dispara uma série de alarmes, parte da resposta ao estresse da preocupação, que deixam tanto corpo como cérebro tensos. Além disso, já que o cérebro sabe colocar seus pensamentos em palavras, ficamos remoendo a preocupação ou o segredo, ensaiando mentalmente sua versão motora, produzida pela boca. Mas, sem ter com quem desabafar, ou para quem contar, esse programa motor fica só na vontade, e não sai. E assim tem-se um cérebro cada vez mais aflito, que tem de fazer força cognitiva, atenta, para segurar ativamente suas palavras.

Por isso colocar tudo para fora é tão bom: assim o programa motor tão ensaiado é executado e não precisa mais ser segurado pelo seu córtex pré-frontal; assim o cingulado anterior pode soltar um “Ufa!” e desligar os alarmes que ajudavam o resto do cérebro a manter o controle.

Essa é uma das razões pelas quais a psicoterapia pode ser tão boa: o simples desabafo. Claro, amigos, parentes, padres, e às vezes até a pobre da pessoa sentada ao seu lado esperando o ônibus também servem quando tudo o que se precisa é uma oportunidade para despejar as preocupações em palavras.

Falar da gente mesmo é muito bom. Um estudo recente da Universidade Harvard mostrou que, tendo opção entre responder perguntas sobre os gostos e hábitos dos outros, sobre simples fatos, ou sobre si mesmos, os participantes preferiam falar do próprio umbigo – e até pagavam para escolher esta alternativa, e de dentro de um aparelho de ressonância magnética, onde só os pesquisadores viam suas respostas. A preferência por falar de si mesmo está relacionada a uma maior ativação das estruturas do sistema de recompensa, o que gera prazer.

Funciona mesmo quando segredo completo é garantido. Mas, seres sociais que somos, a ativação do sistema de recompensa é especialmente alta quando os voluntários sabem que suas respostas serão ouvidas pelo acompanhante que eles levaram para o estudo. Falar de si é bom, mas falar de si para os outros é melhor ainda.

Não é à toa, portanto, que a liberdade de expressão pessoal e de opinião é altamente valorizada. Não se trata apenas de um construto social ou cultural: o prazer de expressar seus próprios pensamentos e estado de espírito é real, mensurável, e vem lá dos cafundós do cérebro. E quando os próprios pensamentos são aflitivos, o desabafo ainda é um alívio só.

Uma ressalva, contudo: pelas mesmas razões, ficar revisitando e remoendo um mesmo problema meses a fio, ao longo de sessões e mais sessões de terapia, muitas vezes é um tiro no pé. É preciso saber deixar o problema ir embora. (05/02/2013).


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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O mito da frigidez

Maioria dos casos de disfunção sexual feminina está relacionada a insatisfação com o relacionamento

© DMITRY SHIRONOSOV/SHUTTERSTOCK

Mulheres podem ter prazer por meio de grande variedade de estímulos, mas muitas delas têm dificuldade de se excitar e de experimentar o orgasmo. Conhecida como “frigidez”, a disfunção sexual feminina (DSF) é um diagnóstico controverso, pois se refere a bloqueios psíquicos e fisiológicos que interferem no desejo, na excitação e no orgasmo. E os fatores de risco mais frequentes são a insatisfação com o relacionamento afetivo e o desempenho do parceiro, aponta um estudo da King’s College de Londres com 1.500 britânicas, publicado na Journal of Sexual Medicine. Os resultados questionam a concepção de que a ausência de prazer é causada pela falta de resposta do corpo feminino a estímulos sexuais.

“O termo frigidez sugere que a sexualidade naturalmente variável das mulheres é uma patologia. Mas a maioria dos problemas sexuais está relacionada a crenças pessoais, aspectos culturais ou simplesmente à falta de intimidade e confiança no parceiro”, diz a sexóloga Andrea Burri, uma das autoras da pesquisa. Segundo ela, 5,8% das entrevistadas, que tinham entre 18 e 85 anos, relataram problemas recentes. O mais comum deles é a falta de desejo. Em geral, essas mulheres se consideravam insatisfeitas em seus relacionamentos. Mais de 15% disseram que sempre tiveram dificuldades para sentir prazer. De acordo com Andrea, os casos de DSF contínua não raro estão associados a experiências de abuso sexual, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e distúrbios de ansiedade. “Tratamento psíquico e melhora da comunicação com o parceiro podem ajudar mais que intervenções focadas na ‘mecânica’ do sexo”, diz.

Outra pesquisa publicada no ano passado, da Universidade de Deakin, na Austrália, aponta o descontentamento com a relação amorosa como fator de risco para a DSF, assim como a ejaculação precoce masculina. “Em um casal, a disfunção de um interfere na do outro. Por isso é complicado diagnosticar ‘frigidez’”, observa a psicóloga Marita McCabe, da mesma universidade. Segundo ela, cientistas têm considerado a “angústia pessoal” como critério diagnóstico. Ou seja, dor durante o ato sexual e falta de desejo ou orgasmo não são indicativos de transtorno, a menos que incomodem a própria mulher.

Andrea, porém, adverte que esse critério pode ser falho. “Um número considerável de mulheres que não têm problemas sexuais relata, por exemplo, que entra em conflito com o parceiro por causa da frequência de atividade sexual. Apesar de não afetar o ato em si, isso aflige a mulher”, diz ela, ressaltando que as expectativas sobre um bom relacionamento sexual muitas vezes não correspondem à realidade. As duas pesquisadoras, no entanto, concordam que a psicoterapia pode ajudar de forma significativa no tratamento da DSF. “É uma forma de as pacientes se sentirem mais confortáveis com o próprio corpo e incentivá-las a se comunicar com o parceiro”, comenta Marita.


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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Rede do bem

Página na internet exibe vários tipos de iniciativas sociais, como visitar idosos em asilos e ensinar português para refugiados

Reprodução

Você gostaria de fazer trabalho voluntário, mas não sabe por onde começar? O site Atados.com ajuda quem tem interesse em doar um pouco de seu tempo para quem precisa. De layout semelhante a uma vitrine, a página exibe vários tipos de iniciativas sociais na cidade de São Paulo. Alguns trabalhos exigem experiência profissional, como atendimento terapêutico de mulheres que sofreram violência, outros, apenas boa vontade: esquentar o jantar de crianças de creches, visitar idosos em asilos, ensinar português para refugiados. É possível filtrar a busca por região e foco de interesse – idosos, pessoas com deficiência, animais etc. Vários estudos mostram que, da mesma maneira que dar presentes, ajudar os outros traz bem-estar mais para quem doa do que para quem recebe. Por que não tentar? Basta se cadastrar em www.atados.com.br.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Anticoncepcionais interferem no sentimento

Uso de pílulas contraceptives influência na escolha do parceiro e percepção que a mulher tem da relação amorosa

© 9LIVES/SHUTTERSTOCK

Alguns experimentos mostram que os anticoncepcionais influem na preferência sexual: mulheres que usam essa forma de prevenção da gravidez se sentem mais atraídas por homens com traços menos másculos. “Essa característica é interpretada como indício de menos testosterona e de maior probabilidade de que o parceiro seja fiel e permaneça junto da família”, analisa o psicólogo Craig Roberts, da Universidade de Stirling, na Escócia, pelo viés da psicologia evolutiva. Ele é autor de um artigo publicado na Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, que sugere que os anticoncepcionais orais, além de interferirem na escolha do parceiro sexual, também afetam a percepção que a mulher tem da relação amorosa.

Mais de 2.500 mulheres de vários países responderam, pela internet, a um questionário elaborado por Roberts. Ele constatou que as participantes que tomavam pílula quando conheceram o parceiro mas que no momento da pesquisa não usavam mais esse contraceptivo se diziam menos atraídas pelo companheiro e menos sexualmente satisfeitas do que no início do relacionamento. A mudança de percepção foi menos nítida entre as voluntárias que não tomaram o hormônio. O pesquisador também verificou que as que mantiveram o uso de anticoncepcionais afirmaram com mais frequência considerar o apoio financeiro do parceiro e outros aspectos não sexuais como importantes para o relacionamento, e se revelaram menos dispostas a se separar.


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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Padrões de beleza realistas previnem bulimia

Valorizar a identidade étnica ajuda a evitar o transtorno alimentar

© AISPIX BY IMAGE SOURCE/SHUTTERSTOCK

Garotas negras que admiram e se reconhecem em mulheres que têm a mesma cor de sua pele são menos propensas a desenvolver bulimia – transtorno alimentar que alterna compulsão por comida e medidas extremas para tentar perder peso, como indução de vômito. Em estudo publicado no Journal of Black Studies, a psicóloga Mary Shuttlesworth, da Universidade de Maryland, aplicou questionários a alunas do segundo grau e descobriu que, entre adolescentes negras, maiores níveis de identidade étnica estavam relacionados, com mais frequência, a ideias como “beleza envolve, além da forma física, personalidade, estilo e atitude” e “corpos de medidas e tamanhos que não se encaixam nos padrões estéticos também podem ser bonitos”.

Por outro lado, Mary descobriu que, entre as alunas brancas, a identidade étnica está associada à maior probabilidade de desenvolver bulimia. “Os ideais de beleza caucasianos tendem a valorizar a magreza e considerar a aparência mais importante que fatores como personalidade ou bem-estar com o próprio corpo”, explica.


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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Longa brasileiro aborda insatisfação sobre a vida


Ganhador de sete prêmios no Festival de Cinema de Brasília, Era uma vez eu, Verônica, trata da relação de psiquiatra com seu próprio sofrimento por meio do contato com as pessoas que atende

Patricia Porchat
Divulgação

A realidade é dura. O filme Era uma vez eu, Verônica é o avesso de um conto de fadas. Nada é mágico, tampouco encantador. A realidade ali aparece nua e crua. A protagonista é uma jovem recém--formada em medicina que inicia residência em psiquiatria no Hospital Central de Recife. Pacientes de verdade participam da filmagem. A loucura aparece tal qual é de fato: confusa, bruta, deprimente e invasiva. A cidade é mostrada em sua feiura – cinza, suja, sem graça. Não é um filme de ação. O que sobra para o espectador?  Uma grande atriz, Hermila Guedes, ajudando Verônica a se tornar paciente de si mesma. O filme ganhou sete prêmios no Festival de Cinema de Brasília, 2012.

Corajoso, o filme prescinde de grandes momentos dramáticos. Apenas acompanhamos Verônica em suas descobertas: profissão, amor, sexo. A personagem se relaciona, mas não ama. Onde há sexo, há Verônica. Mas onde há Verônica, não há amor. O que exatamente lhe falta para ser feliz?  Tem amigos, um pai que a adora, uma profissão e um emprego, um namorado que a quer cada dia mais... Verônica não sabe. Olha muito para mulheres desconhecidas e também é olhada. Será que as deseja? Tem vontade de ser cantora, mas é médica. Namora firme, mas beija outros homens e mantém relações sexuais com vários deles em qualquer folia do carnaval.

No começo de seu traballho como psiquiatra, Verônica admite que o que aprendeu na teoria não lhe serve na prática. Não sabe escutar, não sabe perguntar. Não sabe o que fazer com os pacientes nem consigo própria. Mas conversa com seu gravador. Uma primeira fala nos revela que usou o aparelho para auxiliá-la nos estudos – e não pretende usá-lo mais. Mas sua angústia a leva novamente a falar e a escutar a própria fala.  Primeiramente, diz que falará da paciente Verônica. Numa segunda vez, a paciente é “eu mesma”. Por último, Verônica se diz “paciente de mim mesma”. É nesse momento que parece alcançar certa liberdade.

Verônica é paciente porque sofre, mas passa boa parte de sua vida sem saber o motivo disso. A relação com os pacientes se dá de maneira igual.  Num primeiro momento, seu “coração de pedra” – como ela mesma diz – não sabe o que fazer com o outro. O impacto diante de um paciente catatônico revela a paralisia de sua própria alma. Sua impaciência com a paciente depressiva revela aquilo que evita.  Podemos fazer um paralelo com a psicanálise e pensar que somente quando nos tornamos pacientes de nós mesmos é que olhamos de forma diferenciada para o próprio sofrimento. É possível dizer que Verônica sofre porque está aprisionada num determinado padrão social que espera da mulher que se dirija de modo doce e romântico ao casamento. Sofre porque transgride as normas e se furta às cobranças. Mas isso seria reduzir demais o filme. Ou ainda, que sofre porque seu pai está idoso e não vai viver muito tempo. Mas esse é o destino de todos os filhos que se tornam adultos – os pais envelhecem. É justamente porque não sabe o motivo de seu sofrimento que Verônica pode caminhar de uma situação de alienação para um momento de perguntar-se “Quem sou eu?” ou “O que desejo?”.

Verônica sofre por não se perguntar (seja lá o que for). O filme, por sua vez, nos deixa uma questão: o pai de Verônica está sempre em casa, olhando fotos, escutando frevos e às vezes bebericando. O afeto de Verônica aparece de modo intenso e exclusivo dirigido ao pai. O filme não traz uma única referência sobre a mãe. Falar dela é tabu? Mas como contar nossa história – era uma vez... – se não falarmos sobre a nossa origem?

O filme inicia e termina com uma cena de sexo grupal na praia. Mar, sol, corpos e prazeres. Fantasia das origens? Origem das fantasias?   Verônica alimenta a alma nessa cena paradisíaca. Ao perguntar a alguém quem ele definitivamente é, é importante não esperar uma resposta que, definitivamente, irá nos satisfazer. Toda história tem algo de conto de fadas. Toda narrativa de si tem um limite. O psicanalista francês Jean Laplanche sustenta que o limite para uma plena articulação de si são as esmagadoras e enigmáticas impressões vindas do mundo adulto em sua especificidade sobre a criança. Elas marcarão para sempre a sua formação como sujeito.

Era uma vez eu, Verônica. 90 minutos – Brasil, 2012. Direção: Marcelo Gomes. Elenco: Hermila Guedes, João Miguel, W. J. Solha, Renata Roberta, Inaê Veríssimo.

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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Internet: novo meio de vigiar

A maior parte de brigas por motivos de ciúme entre casais que usam o facebook está relacionada ao site

Fernanda Ribeiro
Mehmet Dilsiz/Shutterstock

Em uma cena do filme A rede social (The social network, 2010), o jovem Mark Zuckerberg tem uma ideia para incrementar o site de perfis sociais que acabara de criar: colocar a opção “status de relacionamento” – isto é, o usuário tem opção de descrever-se como “solteiro”, “casado”, “em relacionamento sério” etc. em sua página. Em poucos dias, a rede cai no gosto de universitários e seu número de usuários aumenta em progressão geométrica. Romanceada ou não, a passagem da cinebiografia do jovem bilionário Zuckerberg, criador do Facebook, a rede social mais popular da atualidade, reflete um aspecto real da rede: estudos mostram que ela não se tornou apenas uma via comum de flertar, mas também um meio de acompanhar atuais e ex-parceiros.

Segundo uma pesquisa da Universidade de Guelph, no Canadá, baseada nas respostas anônimas de mais de 300 universitários “compromissados” que usam o site, a maioria das brigas por motivos de ciúme estão relacionadas ao site – fotos colocadas por ex-namorados(as) e comentários deixados por amigos do sexo oposto são as principais causas. De acordo com a autora, a psicóloga Amy Muyise, a pessoa ciumenta na “vida real” tende a atribuir significados a mensagens e imagens postadas na rede com facilidade. “A interação do amado com um contato que ela não conhece pode ser motivo de desconfiança. Além disso, fotos e informações antigas lembram-na constantemente que o namorado(a) teve um vida amorosa antes dela”, exemplifica Amy.

Outro estudo, da Universidade Western, também no Canadá, revela que quase metade dos quase 1 bilhão de usuários do Facebook têm o(a) ex entre seus amigos virtuais. Um terço deles volta e meia (ou constantemente) visita o perfil do antigo amor e até mesmo da pessoa com quem suspeita que ele esteja se relacionando. Leia mais na edição de fevereiro de Mente e Cérebro, "Como o ciúme distorce a realidade", já nas bancas.


Do site: www.mentecerebro.com.br

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Pais que dormem perto de seu bebê são mais atenciosos

Homens mais envolvidos no cuidado dos filhos ficam mais sensíveis às demandas da criança e da parceira 

John Austin/Shutterstock

Dividir a cama com bebês é motivo de controvérsia entre especialistas em psicologia infantil. Alguns argumentam que isso ajuda a estreitar os vínculos; outros, porém, acreditam que, além de comprometer a segurança dos pequenos, não é saudável para a criança compartilhar do espaço de intimidade dos adultos. Agora, um estudo publicado na PloS One reforça os argumentos do primeiro grupo: homens que dormem perto de seus bebês apresentam quedas nos níveis do hormônio testosterona, o que os tornaria mais propensos ao cuidado e a atender as necessidades dos filhos.

O antropólogo Lee Gettler, da Universidade de Notre Dame, em Indiana, mediu as quantidades do hormônio em homens filipinos antes de serem pais e quatro anos depois do nascimento da criança. Os que relataram dormir na mesma cama que os filhos apresentaram quedas da produção de testosterona muito mais expressivas que os que dormiram em quartos separados. Estudos anteriores já mostraram que homens mais envolvidos no cuidado e na criação dos bebês têm menos testosterona. “Eles tendem a ficar mais sensíveis às demandas da criança e da parceira e a evitar comportamentos arriscados e de competição”, afirma Gettler.


Do site: www.mentecerebro.com.br

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Crianças relacionam super-heróis a alimentos saudáveis

Evocar ídolos infantis na hora das refeições incentiva os pequenos a colocar vegetais frescos no prato

Shutterstock / Fotomontagem Duetto Editorial

“O que o Batman comeria?” Segundo pesquisadores da Universidade Cornell, em Nova York, essa pergunta pode influenciar crianças a escolher comidas mais saudáveis. O pesquisador Brian Wansink observou o comportamento alimentar de 22 meninos e meninas entre 6 e 12 anos que participavam de um acampamento de férias na Holanda. Segundo ele relatou em artigo publicado na Pediatric Obesity, uma vez por semana, antes do almoço, ele e seus colegas mostraram aos pequenos uma dúzia de fotografias de heróis e vilões populares. Ao exibirem cada imagem, perguntavam às crianças qual opção de acompanhamento o personagem da foto escolheria: maçã fatiada ou batata frita – as mesmas oferecidas nas refeições do acampamento.

“Em média, apenas duas crianças optavam por frutas em vez de batata. Mas, nos dias em que fizemos o ‘exercício’ antes da refeição, cerca de dez delas pediram maçã”, diz Wansink, que explica que a maioria delas associou os ídolos aos alimentos mais saudáveis e os vilões à comida industrializada. “Talvez por terem uma ideia do que seria um comportamento alimentar mais correto”, acredita.

Uma porção de batata frita pequena, como a do estudo, contém 227 calorias, contra 34 do pacotinho com maçã. De acordo com os cálculos feitos pelos pesquisadores, no caso de crianças que consomem fast-food uma vez por semana, trocar a fritura pela fruta pode evitar o ganho de 3 quilos a mais em um ano. “Redes de fast-food investem pesado em publicidade. Vários estudos constatam o forte apelo sobre os mais jovens e até mesmo sobre os pais. Recorrer às imagens de super-heróis pode contrabalançar essa influência”, sugere Wansink.


Do site: www.mentecerebro.com.br

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Por que nós gastamos tanto dinheiro?


Quem vê o senhor Pepe Mujica dirigindo o seu fusquinha 87 azul não imagina que ele é simplesmente o presidente do Uruguai. Do salário de US$ 12.500,00 que ganha pelo cargo público, ele doa 90% para ajudar na construção de casas populares.  Outra parte da sua renda vem do cultivo de flores e hortaliças que faz com a sua esposa, a senadora Lucía Topolansky, sem empregados, na pequena chácara que possuem.

O objetivo do casal é viver somente com aquilo do que realmente precisa, já que mais posses também significam maiores custos de manutenção.

Essa é uma lição prática de gestão enxuta, ou como conhecemos no meio corporativo lean management.  O princípio, além de reduzir custos, viabiliza determinadas conquistas que para o casal são verdadeiramente relevantes, como as vitórias políticas e econômicas em prol da população uruguaia, à medida que deixam determinadas preocupações de lado.

A questão é, diante da eficiência de uma vida mais simplificada, por que as histórias como a do senhor Mujica causam estranheza, ou mesmo polêmica? Visto de outra forma, por que ainda gastamos tanto dinheiro? Alguns aspectos do nosso pensamento podem ajudar a esclarecer essa questão, eles seguem adiante.

O dinheiro como unidade de medida do ser humano

Os adventos da revolução industrial trouxeram consigo mudanças significativas na forma como as pessoas entendem o meio à sua volta. A principal delas talvez seja a nossa incapacidade de avaliar qualquer coisa fora de uma perspectiva quantitativa, mesmo que de forma indireta. Ou seja, nossas escolhas são orientadas sempre por quantidades, mesmo que de elementos intangíveis como o quanto de satisfação ou de prazer esperamos sentir numa alternativa.

No entanto, quando essas escolhas estão relacionadas a aceitar ou rejeitar as pessoas do nosso convívio, pode ser difícil encontrar uma unidade de medida coerente o bastante para definir o quanto bom ou o quanto importante alguém é.

Tendo em vista a relevância do dinheiro na manutenção da vida, ele acabou assumindo o papel de principal unidade de medida do ser humano. Através dele, nós tendemos a estimar o valor das pessoas, e assim nos sentimos mais ou menos aceitos, de acordo com o quanto somos capazes de demonstrar essa riqueza. O que normalmente resulta no desejo de consumir para ostentar o poder aquisitivo, evitando a rejeição dos demais.

O conceito de necessidade é flexível

O fato é que poucas coisas são verdadeiramente necessárias à manutenção da qualidade de vida e quase todas elas poderiam ser compradas por um custo muito menor. No entanto, somos capazes de estabelecer um conjunto de valores e princípios para enviesar o modelo lógico com o qual fazemos as escolhas. Trata-se de argumentos como: é uma festa importante e por isso eu preciso ir com uma roupa nova; eu sempre quis comprar um desses (para enfeitar o interior do guarda-roupas); ou o clássico não, mas eu realmente estava precisando disso (agora que eu vi na vitrine).  Enfim, havendo o desejo, nós esquematizamos a necessidade.

O cérebro e o seu bolso

Há um grupo de estruturas cerebrais que juntas formam o chamado sistema de recompensa. Através do fluxo de determinados hormônios nessa região, o cérebro estimula o indivíduo a executar ações que ele acredita serem necessárias à preservação da sua integridade física.

Esse mecanismo entende a sua aceitação em um determinado grupo social como sendo um recurso de proteção, e pela sua segurança ele passa a estimular as ações que deverão trazer o máximo possível desse benefício, de acordo com as suas crenças, no caso, comprar mais significa ser mais aceito e por consequência estar mais seguro.

De modo geral, fica clara a relação entre a necessidade de gastar e a necessidade de ser aceito pelos demais. O que na prática não se justifica. Precisamos dar um passo adiante na superação desse viés tão comum e procurar a realização pessoal nas conquistas verdadeiramente capazes de beneficiar a nós e ao maior número possível e pessoas, o que quem sabe, venha justamente de um uso mais inteligente do nosso dinheiro.


Pedro Henrique Souza, publicado em 04/12/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br
Palestrante, autor de "Stakeholding, a próxima ciência dos negócios" e CEO da consultoria Hëd River, especializada em Comunicação, ...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Os Contrastes Brasileiros


Qual o Tamanho da Economia Brasileira Atualmente? Qual a Nossa Posição em Relação à Qualificação de Nossos Funcionários

Após um inflamado discurso dos governistas no Senado brasileiro exaltando os resultados alcançados recentemente pela Economia – “sétima posição entre as potências econômicas mundiais” – o Senador Cristovam Buarque (PDT – DF) tomou a palavra e, em contrapartida, afirmou:

 _ “É, mas em compensação somos o 88° colocado em educação segundo a UNESCO e, além disso, não adiantaria muito estarmos nessa posição se somos o 55° país do mundo no valor de renda per capita” – completou o senador.

Tem toda razão o senador da “oposição”, pois atualmente o Brasil é o 69° na ordem dos países com ética na política em função da corrupção (nossa nota é 3,7 numa escala até 10) e, a conseqüência disso é que nos tornamos o 8° pior país do mundo em termos de concentração de renda – na frente apenas da Guatemala, Suazilândia, República Centro Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia.

Em seu artigo (“As Vergonhas Que Temos” – Jornal O Globo – 09/04/2011) Cristovam Buarque aprofunda sua análise no perfil da produção industrial brasileira, demonstrando que há décadas o Brasil exporta quase o mesmo tipo de bens e, o que é pior, continua importando os produtos modernos – da área científica e tecnológica.

Isso ocorre porque produzimos um número insignificante de doutores por ano; ou seja, pouquíssimos brasileiros conseguem completar o curso de doutorado.

Esse é o reflexo de um enorme contraste entre a ponta da Economia (produção de bens de consumo) e sua base de sustentação (escolaridade de seus funcionários), pois ao mesmo tempo em que somos um dos maiores fabricantes mundiais de automóveis e aviões, também temos uma grande população de “flanelinhas” fora da escola.

Segundo a UNESCO, a maioria dos adultos analfabetos vive em apenas 10 países – o Brasil é um deles, com 14 milhões – e, comparando-se com a época da República (1889), temos hoje quase três vezes mais analfabetos do que naquela época, aos quais ainda se somam mais de 40 milhões de “analfabetos funcionais” – não são capazes de interpretar o que escreveram.

Talvez seja por isso que nunca tivemos um Prêmio Nobel.  

O senador vai mais longe ao afirmar que existe uma dicotomia entre uma das maiores economias do mundo e um mundo social real entre os mais pobres. Para ele, essa realidade se explica porque nosso projeto de nação é:

    A)   Sem Lógica: porque não percebemos que um país rico é um país sem pobreza.
    B)   Sem Previsão: porque não percebemos que nossa grande, mas atrasada Economia é incapaz de concorrer com as “economias do conhecimento” – implantadas em países com menor riqueza, porém com mais futuro.
    C)   Sem Ética: porque comemoramos nossa posição na Economia, mas esquecemos nossas “vergonhas sociais”.


Julio Cesar S. Santos, publicado em 06/12/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

Articulista e co-autor do livro: "Trabalho e Vida Pessoal - 50 Contos Selecionados" (Ed. Qualytimark, Rio de Janeiro, 2001). 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O que é? E como descobrir nossa Missão de Vida?


Missão de vida é o motivo pelo o qual estamos vivos, é a razão de nossa existência, que o faz lembrar quem você é, é aquilo que nos torna seres humanos, pelo impacto que causamos no Planeta e na vida das pessoas.

Porque é importante conhecer nossa Missão de Vida?

Para se autoconhecer, ter um senso de propósito naquilo que faz, isso traz para o ser humano realização, prazer, felicidade, e sentido de viver. Além de servir como referência para suas escolhas, também funciona como uma fonte de motivação interna, capaz de te dar força, inspiração e alento em momentos de grandes desafios.

A Missão de Vida, não é algo que pode ser inventado, pois ela já existe. É questão de buscar acessar o nosso interior para descobrir o que está lá dentro.

Importante:

Vale ressaltar que não existe missão certa ou errada; é o quanto ela te inspira e impulsiona em direção aquilo, que você julga ser o principal motivo de sua existência naquela área de sua vida. A nossa Missão de Vida não é algo fácil pra se definir, temos que entrar em um processo  autodescobrimento.

Áreas da Nossa Vida

Todas as áreas de nossa vida se relacionam de alguma maneira, devemos sempre preservar o equilíbrio entre elas para estarmos próximos aos nossos sonhos e em nosso maior nível de satisfação, trazendo pra nós a tão procurada, Senhora Felicidade. É importante que tenhamos uma declaração de Missão especifica para cada área da Vida: seja no profissional, financeiro, físico, espiritual, social, intimo lazer etc...

Vamos criar o nosso Enunciado de Missão?

Escreva 5 talentos que você possui na área escolhida, caso tenha dificuldade, pergunte para amigos, parentes, colegas de trabalho, certamente você já ouviu elogio de alguém. Caso você ainda não tenha, pode relacionar qualidade que deseja desenvolver.

Quais são as 3 principais sensações, que você deseja experimentar ou produzir nesta área?

O que é mais importante pra você nesta área? (Valores)

Estrutura da declaração de Missão:

Através de (talentos) gerar mais de (Valores ou sensações).

Exemplo:

Área Emocional: através de aceitação, vontade e prioridade gerar mais força, apoio e paz.

Pronto, agora que já sabemos criar o enunciado de nossa Missão, vamos trabalhar para descobrir qual é nossa Missão de Vida?

 
Leandro Nascimento Cristo, publicado em 26/11/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br
Personal&Professional Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching desde o ano de 2011, atuando como Personal Coach de Carreira

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Dois olhos, dois ouvidos!


Não é nada fácil controlar as emoções, os sentimentos, principalmente, a vontade de mostrar que os outros estão errados.

Mas, Deus é tão sábio que nos deu dois ouvidos, dois olhos e apenas uma boca. Por qual motivo será?

Claro que para vermos e ouvirmos mais antes de falar.

Normalmente cometemos grandes besteiras por falar antes de abrir bem os ouvidos e os olhos.

Julgamos, condenamos, ofendemos, e, depois, por vezes, quando nos damos conta, estávamos julgando, condenando, ofendendo a pessoa errada.

E, por mais que peçamos desculpas e perdão, as ofensas são como pregos na madeira: mesmo que os tiremos, sempre deixam marcas!

Por isso, uma das melhores maneiras de viver a vida é abrindo bem os dois ouvidos e os dois olhos que temos.

Quando for falar, e perceber que na sua fala existe julgamento, analise se não é precipitado. Se chegar a conclusão de que não é, pense mais um pouco e espere para falar. Antes de falar, escreva para a pessoa que pretende ofender, mas, sem entregar a ela o que escreveu. Depois de algumas horas, dias, leia e veja se ainda tem coragem de dizer o que pretendia.

Frequentemente vejo pessoas que se amam se ofendendo. E o amor não é um sentimento que combine com insultos, por isso, às vezes a outra parte pensa que não é amada, quando, na verdade, a boca do outro se adiantou à reflexão e aos demais sentidos.

Arrefeça sua mente quando perceber que o que irá falar fará mal a alguém. Mesmo uma verdade que precisa ser dita não é necessário que seja em forma de ofensa, de sermão coletivo. Sermão coletivo já recebemos na igreja, e, por sorte, os padres e pastores não podem citar nomes!

Um dia desses deixei meu carro para fazer a revisão dos 10 mil km. O mecânico me disse o que seria feito e que o valor seria de 570,00. Quando fui buscar o carro revisado ele me recebe com uma cara meio esquisita e diz: “Tudo pronto seu Paulo, mas, tivemos uma pequena alteração no valor”. Na minha cabeça passou o seguinte: “Você tá de brincadeira comigo? (claro que não foi bem isso)”. Me deu uma vontade de falar algumas verdades para o pobre do mecânico, que, provavelmente, lendo na minha cara que eu não estava nada satisfeito, disse: “Mas é para menos seu Paulo. Notei que não era necessário trocar o filtro do ar-condicionado”.

Quase que eu saio xingando o mecânico. Imagine se eu tivesse mandado ele para onde pensei?

Não xingue seus filhos, seus pais, seus colegas de trabalho, seus amigos, seu chefe. Não há motivo nenhum para ofender ninguém (nem seu mecânico), muito menos pessoas tão importantes para nós. Eu sei que há momentos em que acreditamos ter razão, ou, que temos certeza de que a outra pessoa merece ouvir umas verdades. Contudo, se falarmos mais do que devíamos nós perdemos toda a razão que imaginávamos ter.

Tem gente que pensa que vários pedidos de desculpas apagam as imagens e os sons das ofensas. Por mais amável que sejamos, se, constantemente somos maltratados, ofendidos, hora ou outra o prego atravessa a madeira, e aí o buraco fica praticamente sem conserto.

De coração, peço: por mais difícil que seja, antes de falar qualquer coisa que não gostaria que falassem a você e a quem você ama, escancare os sentidos mais belos com os quais o Criador nos presenteou: ouvir e ver.

Se fizer isso, provavelmente sua fala terá a trilha sonora de um romance, de uma comédia, e não de um filme de terror!

Grande abraço, fique com Deus, sucesso e felicidades sempre!


Paulo Sérgio Buhrer, publicado em 30/11/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

Palestrante, Consultor e Escritor. Pós-Graduado em Gestão Empresarial e com Pessoas, Coach formado pela CORPORATE COACH U

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Desacelerar é Importante


  
Fazer o dia render mais é o desejo de 10 entre 10 profissionais, contudo, muitos correm mesmo sem saber o porquê e para onde estão indo. É o que podemos chamar de “Síndrome da pressa contemporânea”, onde cada minuto vale ouro.

Então podemos perguntar:

Por que tanta pressa e tanto estresse no nosso cotidiano profissional?

Se a vida está passando depressa demais e não estamos aproveitando-a da melhor maneira, o melhor que temos a fazer é parar de vez por outra e fazermos uma profunda autoanálise para saber por que tanto corre-corre, por que tanto estresse? Será que não existe uma maneira melhor de vivermos? Será que não está na hora de desacelerarmos o passo para irmos mais longe?

E quanto a minha qualidade de vida, tenho prestado atenção?

E de uma maneira em geral, tenho prestado atenção nas minhas relações com familiares e amigos?

E em relação a minha espiritualidade, tenho dito tempo para meus encontros íntimos com Deus?

Acredito que sempre há tempo para mudarmos as nossas atitudes e melhorarmos a nossa relação com as pessoas, com o universo e com o Criador, para isso basta tomarmos atitudes corajosas e profundas mudanças começarão acontecer no nosso viver, afinal de contas, precisamos Viver e não termos vergonha de sermos felizes, como já cantava o poeta.

Ser feliz, verdadeiramente feliz, deve ser a nossa maior meta, por isso é sempre bom lembrar que felicidade é caminho e não apenas chegada.

Pense nisso e procure Viver Intensamente!


Eugênio Sales Queiroz, publicado em 12/12/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br
 
Consultor e palestrante nas áreas de excelência profissional, vendas, atendimento, marketing pessoal e empresarial e educação.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Como vemos o mundo e nossas escolhas


   
Um dos grandes problemas nos relacionamentos humanos , seja na área que for, é a maneira como interpretamos o que estamos vendo e presenciando. A Física quântica sempre menciona que a realidade é você quem cria. A neurociência informa que vemos o mundo com o cérebro e não com os olhos e acredito que tudo isso deva nos fazer refletir, afinal, hoje as guerras mundiais são realizadas porque cada um quer defender a sua maneira de enxergar o mundo, quer convencer, controlar e dominar o outro de maneira que o mesmo acate sua maneira de agir e viver.

Claro que aqui, falarei apenas de maneiras honestas e éticas e deixarei de lado o que não se enquadra na maneira integra de se relacionar e agir.

O que são os filtros?

São óculos nem sempre com suas lentes ajustadas e que nos faz ver o mundo nitidamente, distorcido ou sem qualquer visão. Estas lentes nos fazem responder de várias maneiras e essas respostas nos abrem portas ou encerram. Temos um mundo de oportunidades e prosperidade ou escassez e miséria. Fazemos as escolhas certas e tomamos uma decisão ou ficamos paralisados e até pegamos atalhos e caminhos errados.

Esses filtros são alimentados pelas nossas crenças que podem ser limitantes ou  nos fazer ampliar e ultrapassar nossos muros virtuais. É a sua programação registrada em seu cérebro de acordo com sua educação, cultura, país de nascimento, etc.

De acordo com esta programação apresentamos comportamentos que se expressam através de nossas escolhas.

    Respostas positivas, normalmente quando estamos confortáveis com a situação, o acontecimento é conhecido ou conhecemos a pessoa em questão, o ambiente, enfim, sabemos com o que estamos lidando. Temos autoestima elevada e nos conhecemos profundamente. Confiamos em nós mesmos.
    Resposta negativa, quando é algo novo, inédito, não conhecemos as pessoas ou situações envolvidas e neste caso adotamos a postura de atacar, duvidar, procurar se exibir e se fazer superior ao outro, inventar desculpas, negar , enfim, atitudes que demonstram em alguns casos, baixa autoestima e autoconhecimento debilitado. Por insegurança, de alguma maneira adotam um destes modos de agir.

Veja alguns exemplos de acordo com possibilidade de resposta na situação 1 ( positiva) ou 2 ( negativa).

Hoje as mídias sociais são um grande exemplo para visualizarmos esta situação, por exemplo:

A. Alguém escreve no facebook que conseguiu realizar um sonho, uma viagem, enfim, foi bem sucedido profissionalmente.

    Resposta positiva: que ótimo, parabéns, você merece. Fale mais sobre isso, quero aprender com você.
    Resposta negativa: eu também consegui isso . Ou não faz nada e pensa : EXIBIDO!

B. A pessoa posta um curso que vai dar ou um artigo que escreveu.

    Resposta positiva: adorei seu material Vou compartilhar seu curso.( afinal, você já faz isso com um monte de gente que não é seu amigo, porque não faria para um amigo ou colega profissional?)
    Resposta negativa: não faz nada, nem curte, mas curte os de outras pessoas que você nem conhece, mas que politicamente lhe interessa. Quem sabe essa pessoa te ajuda a conseguir mais coisas na carreira?

Bem, claro que são exemplos bem simples, mas que ocorrem diariamente, na vida e são mais facilmente observados nas mídias sociais , tem registros escritos.

E você? Atua em sua vida mais para 1 ou 2?

Posso lhe assegurar que se atuar mais para 1, terá muito mais prosperidade em sua vida. A sua mente estará mais aberta a possibilidades.

Sei que não é fácil, é um exercício diário, de atenção, de humildade e de autoconhecimento, acima de tudo.

Boa sorte.

 
Marynes Pereira, publicado em 26/11/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

Profissional com mais de 25 anos de experiência atuando como executiva nas áreas de Gestão Estratégica e de Pessoas, Marketing, Vendas

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dinheiro, comida e aversão ao sexo

Novos tipos de dependência devem aparecer na próxima versão do DSM-5

Yuri Arcur/Shutterstock

Em fevereiro de 1969 David L. Rosenhan apareceu na recepção de um hospital psiquiátrico na Pensilvânia. Ele se queixava de vozes desconhecidas dentro de sua cabeça que repetiam as palavras “vazio”, “baque” e “oco”. Além disso, não tinha mais nenhum sintoma incomum. Foi imediatamente internado no hospital com diagnóstico de esquizofrenia.

Entre 1969 e 1972, sete universitários amigos de Rosenhan, então professor de psicologia da Swarthmore College, acabaram em algum hospital dos Estados Unidos depois de afirmar que também ouviam vozes – a única queixa deles. Os estudantes foram diagnosticados com esquizofrenia ou transtorno bipolar pelos psiquiatras e internados em hospitais por períodos que variaram entre 8 e 52 dias. Os médicos forçaram os internos a aceitar medicamentos antipsicóticos  – 2.100 comprimidos ao todo. A maioria, no entanto, era guardada pelos pacientes no bolso ou na bochecha até que pudessem cuspir a medicação. O que ninguém percebeu foi que todos eram saudáveis – aliás, desde antes da internação. Alegar que ouviam vozes era apenas um ardil para a realização de uma pesquisa.

O caso dos oito pseudopacientes se tornou tema de artigo na Science em 1973, “On being sane in insane places” (Sobre ser são em lugares insanos). Conclusão do trabalho: os psiquiatras não têm uma forma válida para diagnosticar doença mental.

O experimento de Rosenhan motivou uma transformação radical no essencial guia de referência para psiquiatras, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês). O DSM-III, publicado em 1980, inseria cada patologia em uma lista de sintomas “necessários” para formar um diagnóstico.

Agora, a APA trabalha na quinta versão da “bíblia psiquiátrica”, prevista para publicação em maio. O DSM-IV foi em grande parte semelhante ao seu antecessor, por isso, o DSM-5 incorpora a primeira mudança substancial para diagnóstico psiquiátrico dos últimos 30 anos. Afinado com interesses da indústria farmacêutica o manual apresenta diretrizes para a classificação da gravidade dos sintomas esperados para possibilitar diagnósticos mais precisos e fornece uma nova maneira de rastrear a melhora. Os autores do DSM também fragmentam inteiramente alguns transtornos, como a síndrome de Asperger, e adicionam outros novos, como compulsão alimentar e dependência em jogos de azar.

Na última década, vários estudos mostraram que pessoas se tornam dependentes de jogos da mesma forma que se tornam adictas de drogas e álcool. Além disso, se beneficiam do mesmo tipo de tratamento: terapia em grupo e retirada gradual do objeto de desejo. Estudos com neuroimagem revelam que dependentes químicos e jogadores compulsivos respondem à lembrança da droga e às recompensas monetárias de formas semelhantes: nesses pacientes, áreas cerebrais do circuito de recompensa são muito mais intensamente ativadas do que em jogadores eventuais ou em quem experimenta drogas pela primeira vez. O DSM-5 também pode incluir obsessões relacionadas à comida e ao sexo:

Transtorno de compulsão alimentar periódica

Consumir “quantidade de comida definitivamente maior do que a maioria das pessoas ingere em um período similar em circunstâncias semelhantes”; falta de controle sobre o que, quanto e quão rápido se come.

Transtorno hiperssexual

Necessidade sexual excessiva por pelo menos seis meses; uso frequente do sexo em resposta ao estresse ou ao tédio, sem levar em conta danos físicos ou emocionais para si e para outros, com interferência negativa na vida social e no trabalho.

Transtorno absexual

Excitação ao deixar de lado a prática sexual, comportando-se como se, moralmente, se opusesse ao sexo, com excessiva rejeição a tudo que faça alusão à sexualidade.


Do site: www.mentecerebro.com.br