quarta-feira, 20 de março de 2013

Estudos discutem relação entre curiosidade e aprendizagem


Trabalho em grupo e feedback são chave na educação infantil

Morgan Lane Photography/Shutterstock

Alguns pesquisadores veem a fonte natural da motivação humana na ampliação das próprias competências. Já que novas situações ocultam tanto chances quanto riscos, formaram-se ao longo da evolução dois sistemas de motivos antagonistas:  curiosidade e medo. O psicólogo Clemens Trudewind, da Universidade de Bochum, Alemanha, estudou essa interação. Ele descobriu que crianças curiosas e destemidas resolvem problemas com mais eficácia do que as temerosas e passivas. No entanto, a curiosidade e o medo não são opostos: crianças muito medrosas e ao mesmo tempo curiosas também se revelaram boas solucionadoras de problemas no estudo de Trudewind. Motivos supostamente antagônicos, portanto, não obrigatoriamente se excluem. 



Para aumentar a motivação dos alunos, pedagogos geralmente tentam despertar seu interesse pelo objeto de aprendizagem. Porém, como o estudo educacional internacional TIMSS (Tire International Mathematics and Science Study), publicado em 2007, comprovou, os fatores “interesse” e “bom desempenho” não estão muito fortemente associados. Uma pessoa pode se interessar pelo céu estrelado, mas nem por isso querer estudar astronomia.

Como então podemos reforçar a motivação para o aprendizado na escola de forma mais efetiva? Segundo o pesquisador Albert Ziegler, da Universidade de Ulm, Alemanha, isso depende de três fatores: em primeiro lugar, os alunos devem se sentir no controle. Isso é possível, por exemplo, com uma “negociação” comum dos objetivos do aprendizado. Em segundo lugar, a competência de cada um deve ser reconhecida e valorizada. Para tanto, é importante que haja feedback positivo frequente. Em terceiro lugar, é fundamental a ligação social proporcionada pelo aprendizado − por exemplo, por meio de trabalhos em grupo.


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terça-feira, 19 de março de 2013

Estimulação cerebral para tratar Parkinson


Técnica poderá ser testada em humanos em menos de 5 anos

Jezper/Shutterstock

Desenvolvimento recente, a estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês) consiste em implantar eletrodos metálicos no cérebro com o objetivo de estimular áreas específicas por meio de impulsos elétricos. O procedimento tem mostrado bons resultados no tratamento de dor crônica, epilepsia e dos tremores causados pelo Parkinson. Agora, uma tecnologia ainda mais sofisticada pode ampliar os efeitos da DBS: magnetos microscópicos, capazes de agir com maior precisão, pois os eletrodos metálicos, apesar de minúsculos, são muito volumosos para atingir os circuitos neurais mais intrincados. 



Em uma série de experimentos relatada na Nature Communications, os neurofisiologistas John T. Gale, da Fundação Clínica Cleveland, e Giorgio Bonmassar, da Universidade Harvard, especialista em imageamento cerebral, testaram se micromagnetos (que têm menos da metade de um milímetro de diâmetro) poderiam induzir neurônios da retina de coelhos a disparar. Eles descobriram que quando energizavam eletricamente um icromagneto posicionado perto de um neurônio a célula se ativava.



Ao contrário das correntes elétricas induzidas pela DBS, que excita neurônios em várias direções, os campos magnéticos, como o que envolve a Terra, percorrem linhas de polo a polo. Os pesquisadores observaram que é possível dirigir o estímulo precisamente para um neurônio específico e até mesmo para areas particulares da célula. “Isso pode nos ajudar a evitar alguns efeitos colaterais da DBS, como as emoções negativas que por vezes são desencadeadas em pacientes com Parkinson submetidos ao tratamento para aliviar tremores”, diz Gale. 



Além disso, os magnetos, de revestimento plástico, estão menos sujeitos à corrosão que os eletrodos de metal, o que previne possíveis inflamações dos tecidos cerebrais. “Pesquiso a DBS há 14 anos e o uso de magnetos se revelou um meio totalmente inovador de ativação cerebral. Se as pesquisas com animais continuarem a demonstrar que são seguros e eficazes, eles poderão ser testados em humanos dentro dos próximos 5 anos”, diz Gale.


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segunda-feira, 18 de março de 2013

Software ensina crianças a montar pratos saudáveis

Programa criado na Unesp ajuda a desenvolver alimentação saudável

Zurijeta/Shutterstock

A incidência de sobrepeso aumentou 200% entre crianças brasileiras de 5 a 9 anos nos últimos 30 anos, Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sedentarismo e o consumo de alimentos industrializados são as causas mais imediatas, mas especialistas chamam a atenção para mudanças nas relações culturais com a comida: vários estudos apontam que a publicidade tem grande influência sobre as preferências alimentares infantis – cientistas da Universidade Corwell, por exemplo, descobriram que o cérebro dos pequenos reage fortemente quando eles veem imagens de logotipos de redes de fast food. Diante do crescimento dos índices de obesidade no mundo, têm surgido várias linhas de pesquisa em educação alimentar, que comprovam a importância de formar hábitos alimentares saudáveis desde cedo para prevenir problemas relacionados ao excesso de peso. Alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) criaram um jogo que ajuda as crianças a descobrirem o valor nutritivo dos alimentos. No software Lanche saudável, o usuário monta uma refeição a seu gosto e a submete a uma avaliação, que aponta o que falta e o que há de excesso no prato: http://sourceforge.net/projects/lanchesaudavel

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domingo, 17 de março de 2013

Estudo brasileiro mostra que Ritalina não melhora o desempenho neural



Droga não beneficia a atenção nem a memória e pode causar dependência

James Steidl/Shutterstock

Prescrito para o tratamento de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e de narcolepsia (crises de sono incontroláveis), o medicamento metilfenidato, comercializado com o nome de Ritalina, tem sido usado sem acompanhamento medico por estudantes que acreditam que a droga pode “turbinar” o rendimento intelectual, diminuindo a necessidade de sono e favorecendo a memória. Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no entanto, descobriram que, além de não ter efeitos cognitivos esperados no cérebro de pessoas saudáveis, a “pílula da inteligência” ainda pode aumentar a chance de desenvolver problemas cardiovasculares.



A psicóloga Silmara Batistela dividiu 36 voluntários entre 18 e 30 anos em quatro grupos: um deles  tomou placebo e os outros uma dose única de 10 mg, 20 mg ou 40 mg de Ritalina. Em seguida, todos fizeram testes cognitivos. Segundo Silmara, o desempenho foi semelhante, independentemente de terem tomado o remédio ou da quantidade administrada, o que sugere que o medicamento não aprimora as funções neurais, apesar de os que ingeriram a dose de 40 mg relatarem maior sensação de bem-estar, o que é compreensível, pois a droga é um estimulante. 



Medicamentos “turbinadores” têm ganhado popularidade entre vestibulandos, adultos jovens que estão estudando para concursos ou em situações de grande pressão por resultados. A segurança da  Ritalina como aprimorador neural não é comprovada e, no Brasil, ela é  comercializada para esse fim de forma ilegal. Estudos sugerem, aliás, que o uso contínuo aumenta o risco de dependência, complicações cardiovasculares e, em um grupo restrito de pessoas, pode até piorar o desempenho cognitivo.


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sábado, 16 de março de 2013

Mudar forma de se expressar ajuda a emagrecer


Voluntários de estudo americano que repetiram "não posso" tiveram piores resultados

Özgür Donmaz/iStockphoto

Dizer "não como" ajuda resistir às tentações, de acordo com um estudo publicado no Journal of Consumer Research. Ao analisar a fala de voluntários que seguiam programas de emagrecimento, os pesquisadores observaram que as pessoas que diziam, por exemplo, “não como açúcar” em vez de “não posso comer açúcar” conseguiam recusar alimentos poucos saudáveis e driblar o desejo de faltar à academia com mais frequência. Para a autora do estudo, a professora de marketing Vanessa Patrick, da Universidade de Houston, “não posso” evoca ideia de privação, e que se faz algo que contraria o próprio desejo, enquanto “não faço” nos faz sentir mais donos da própria força de vontade e aptos a persistir nos projetos de longo prazo.

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sábado, 2 de março de 2013

Trauma pode ser transmitido de avós para netos


Maior risco de ansiedade está relacionado a interação de fatores sociais e bioquímicos

konstantin Christian/Shutterstock

Eventos estressantes vivenciados na infância, como negligência ou abuso, deixam marcas e não raro se manifestam em problemas psíquicos na vida adulta. Agora, um estudo mostra que as sequelas podem extrapolar gerações: filhos e netos de pessoas que sofreram traumas tendem a ser mais ansiosos e vulneráveis ao estresse.

Os bioquímicos Larry Feig e Lorena Saavedra-Rodríguez, da Universidade Tufts, em Massachusetts, estimularam o estresse em ratos jovens, mudando-os seguidamente de gaiola ao longo de sete semanas. Quando os animais se tornaram adultos, os pesquisadores os submeteram a testes que avaliam a ansiedade social em roedores, como a frequência com que se aproximam e interagem com ratos desconhecidos. As fêmeas adultas apresentaram comportamentos mais ansiosos em comparação com animais do grupo de controle, mas os machos não. Entretanto, posteriormente, os filhotes dos ratos de ambos os sexos mostraram-se mais vulneráveis ao estresse que a média.

O interessante, segundo Feig e Lorena, é que os ratos machos do início do estudo transmitiram o comportamento para as fêmeas de sua terceira geração, as “netas”. “Estudos anteriores sugerem que as fêmeas têm maior risco de ansiedade, o que pode ser causado por uma interação de fatores sociais e bioquímicos”, diz Feig. Ele afirma, porém, que é cedo para estender os resultados a humanos. “Os ratos do estudo foram criados em gaiolas simples, com número limitado de influências ambientais. Humanos, claro, são sujeitos a uma variedade muito maior de estímulos e também têm a habilidade de desenvolver formas de enfrentamento”, acredita.


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