Não há uma única entonação de voz.
Entretanto, existem alguns parâmetros, identificados por John Haiman,
linguista do Macalester College de St. Paul, em Minnesota, e autor do
livro Talk is cheap: sarcasm, alienation, and the evolution of language
(Oxford, University Press; sem tradução em português), que servem para
identificar o sarcasmo durante uma conversa. Dados como entonação,
volume da voz, pausas, duração das palavras e ênfase dada a cada uma e,
no caso de texto escrito, a pontuação oferecem pistas importantes.
Há
alguns anos, Henry Cheang e Marc Pell, da Universidade McGill de
Montreal, no Canadá, fizeram uma análise acústica e vocal de vozes
gravadas durante discursos sinceros e sarcásticos. Eles constataram que
nestes últimos se notam redução da velocidade do falar e presença de
esquemas prosódicos peculiares (como o aumento de tempo para pronunciar
algumas sílabas). Por exemplo, uma coisa é dizer “desculpa”, outra é
pronunciar “descuuuulpa”, acentuando a letra “u”. Com a palavra
“querida”, a extensão da letra “i” também é indicativa de algum exagero
que pode beirar a falsidade.
Mas não são apenas o tom e o volume
da voz que ajudam a identificar uma piada sarcástica. Segundo Haiman,
que estudou o assunto a fundo, a expressão facial também pode ser
reveladora. Muitas vezes a frase cortante é acompanhada por uma
expressão de repulsa, um sinal primitivo de que as palavras ditas são
falsas. A careta mostra que elas parecem ter “gosto ruim”. O mesmo vale
para a expressão dos olhos e das sobrancelhas, que fazem movimentos
típicos quando a pessoa usa o sarcasmo. Uma pesquisa da Universidade
Politécnica da Califórnia demonstrou que quando alguém conta uma piada
ou faz uma tirada com forte toque de ironia em geral evita olhar nos
olhos de sua “vítima”. |
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