quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cultivando a inclusão social

Projeto incentiva pessoas com deficiência mental a plantar, reciclar e fabricar tintas sustentáveis 

© Alexey Stiop/Shutterstock

Todas as semanas, alunos da Associação de Pais e Amigos (APAE) de Lima Duarte, cidade mineira de menos de 16 mil habitantes, aprendem a lavrar e cultivar a terra, acompanhar o crescimento das plantas e colocar em prática técnicas de sustentabilidade, como fabricação de tinta da terra, um pigmento natural. Segundo o fisioterapeuta Diogo Jorge, criador e coordenador do Projeto Nossa Horta, a lavoura comunitária é inspirada no conceito de reabilitação baseada na comunidade (RBC) da Organização Mundial da Saúde: pessoas com deficiência física e mental são incentivadas a ajudar, de acordo com as possibilidades de cada uma,  em atividades que tragam resultado em grupo – no caso, hortaliças frescas e o aproveitamento de um terreno de 100 m2 até então improdutivo. “Toda semana  fazemos colheitas e cada um leva para casa uma sacola com verduras, grãos, raízes e temperos. Alguns ainda não querem levar verdeuras, outros preferem apenas algumas, mas com a vivência estimula a experimentar e variar a dieta”, diz Jorge.

O trabalho é diferente da reabilitação individual, pois não se baseia em  um diagnóstico. “O processo é coletivo, em grupo, mas cada um dá o melhor de si para  chegar aos resultados. Aos poucos os participantes encontram traefas que gostam de fazer, se familiarizam com as plantas, descobrem quais são suas preferidas e percebem que não é fácil manter uma horta”, explica Jorge. A ideia do projeto surgiu quando o fisioterapeuta fez um mestrado na Bélgica e observou o trabalho voluntário de cerca de 30 fazendas familiares que recebiam, por um ou dois dias da semana, pessoas com deficiência para  ajudar no plantio. Segundo ele, é uma forma de estimular atividades físicas ao ar livre, melhorar os hábitos alimentares, prevenir problemas relacionados ao sedentarismo e ajudar a recuperar o meio ambiente em uma região que sobre o impacto da destruição de florestas para fazer pastagens. No final do ano passado, o projeto arrecadou mais de R$ 11 mil com doações de internautas por meio do site de financiamento colaborativo Catarse. Os recursos serão usados para compra de ferramentas, sistema de irrigação e divulgação dos cursos e oficinas oferecidos. O blog do projeto é atualizado periodicamente com fotos das atividades, como a plantação de um “telhado verde”, e do crescimento da horta: http://projetonossahorta.blogspot.com.br/


Do site: www.mentecerebro.com.br

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