Crescentemente nos
deparamos com pessoas mais velhas; grupo humano que hoje também é
percebido como terceira idade, enfrentando desafios como é o de conviver
com um calendário que já não se revela com tanto sentido e importância,
pois o presente maior é o agora, sem necessidade de deixar pra depois
aquela vontade de fazer ou dizer algo, pois sabe que esse "depois" pode
não acontecer.
Surge então ainda mais bem definida e
significativa uma certa relação de tempo e espaço que converge para um
cenário limitado e desafiador, onde no palco pode haver a família, os
filhos, os amigos, os enredos e as histórias explícitas ou implícitas;
momentos que colaboraram para a marcação de um tempo norteado pelo amor e
pela dor que faz parte das experiências humanas.
Neste cenário, se vivenciado com alguma
lucidez, busca-se através de uma atuação consciente ou inconsciente
resgatar algumas possíveis perdas, pequenos ou grandes enganos e
desenganos, pois percebem que a vida não se limita mais pelas suas
capacidades físicas, mentais, projetos e sonhos; pelos jogos de culpas e
desculpas que agora já terão poucas chances de prorrogação, nem mesmo
se houveram "muitas interrupções intencionais ou não".
Constata-se a partir daí que a cortina
desse palco e dessa peça bem pregada está se fechando. Que a chance de
verdadeiramente saborear essa luz e esse ambiente é agora, despojando-se
de todo e qualquer figurino ou adereço que tenha pesado e dificultado
até então o "caminhar". Deixando de lado a marcação de cena, o texto
decorado, a maquiagem e as máscaras... pois o ato, neste caso, só se faz
pela presença de corpo e alma sem amarração e de forma arejada e
intensa de vida, livre de conceitos e pré-conceitos, pois assim
estaremos verdadeiramente atuando até o fim e não assistindo a vida como
meros espectadores.
Por: Marcos D. de Paula é Psicanalista.
Coordenador de grupos de Estudo/Pesquisa na área de Mediação de Conflitos.
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