terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Estanque o vazamento

 Você não pode passar a vida chorando as mesmas lágrimas. Como a água no vaso de flores, as lágrimas também precisam ser renovadas.

Lembro que meu filho mais velho sempre chorava quando eu chamava sua atenção por encrencar com seu irmão mais novo.

Um dia o chamei no quarto e disse: “cara, até quando você vai levar bronca pela mesma coisa?”.

As lágrimas não caem sem motivo. Choramos de tristeza, felicidade, de amor, de ódio, quando vencemos, perdemos, quando acertamos e erramos.

Sempre comparo nosso choro com um telhado com goteira. Frequentemente quando encontram uma goteira no telhado as pessoas colocam um pano no chão, no local onde a água está caindo.

Como a goteira não para, elas trocam o pano por um balde. Se a chuva aumenta, elas aumentam o tamanho do balde.

Não adianta passar a vida inteira aumentando o tamanho do balde, quando a solução é consertar o telhado.

Vejo gente tendo uma vida de miséria. Fazem, quando muito, uma refeição por dia e veem seus familiares passando por toda sorte de dificuldades.

O pai, catador de papelão, quando o filho completa 6 ou 7 anos o leva para catar papelão também, na certeza de que assim ganhará mais dinheiro e solucionará seus problemas. Na verdade, está colocando um “baldinho” na goteira.

Como seus problemas financeiros não se resolvem, ele decide então colocar seu outro filho para ajudá-lo. Mais um balde na goteira.

Ainda assim não percebe grandes mudanças, a renda não aumentou o suficiente.

O que ele faz? Incrementa no carrinho de papelão algumas redes de fruta, sorvete e mais alguns itens. Infelizmente, mesmo com boas intenções, ele só está aumentando o tamanho do balde.

O que deveria fazer? Primeiro, colocar seus filhos na escola, para que não tenham o mesmo destino difícil dele.

Depois, de algum modo, retomar ele próprio o caminho da escola, ou, ser corajoso o suficiente para entrar pela porta de uma empresa e dizer: “não tenho experiência, mas, isso não é nada em comparação à minha vontade de alimentar dignamente meus filhos e esposa. Portanto, se me der uma chance de aprender uma profissão com a qual eu possa honrar meu papel no mundo, jamais se arrependerão”.

Claro que, provavelmente, essa pessoa não tenha a eloquência necessária para discursar dessa maneira. Mas, irrelevante às palavras, seu olhar e coragem falarão por si sós ao adentrar a porta.

Na carreira, normalmente, os profissionais vivem reclamando das mesmas coisas:

    A empresa não paga cursos e quer que a gente aprenda;
    Não me valorizam pelo tempo que já trabalho aqui;
    Não ganho o suficiente para me dedicar tanto.

Quando um colaborador faz um curso, quem mais ganha é ele, e não a empresa. É importante que a empresa participe, que invista, mas, se ela não o fizer, é nosso papel investir em nós mesmos, afinal, para onde formos levaremos esse conhecimento.

As empresas valorizam o tempo de casa, mas, isso não significa que elas ficarão com um funcionário antigo, mas, que não dá mais lucro.

Se fizer 20 anos que você trabalha e continua sendo o melhor vendedor, o gerente mais competente, as chances de ser reconhecido são enormes. Mas, se depois de vinte anos de dedicação eles perceberem que você está dormindo sobre esse “diferencial”, dispensarão você sem dó nem piedade.

Perdemos promoções porque não terminamos a graduação. O salário não aumenta porque não participamos do curso de 5s que a empresa patrocinou cinquenta por cento do custo.

Esperar ganhar o suficiente para se dedicar é andar na contramão do sucesso profissional.

Atitudes como essa, lamentavelmente, nos farão viver chorando pelos cantos por não conquistarmos o que aspirávamos.

Identifique o real motivo das suas lágrimas e conserte o vazamento.

Pare de colocar baldes na goteira!

Grande abraço, fique com Deus, sucesso e felicidades sempre!


Paulo Sérgio Buhrer  |  Publicado em: 01/10/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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