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Estamos nos tornando invisiveis
Somos invisíveis?
É bem possível que a maioria de nós já tenha sentindo essa sensação de invisibilidade em algum momento.
Recentemente escrevi um artigo sobre invisibilidade social e descobri que no mundo corporativo existem diversas variantes deste fenômeno então resolvi falar sobre elas.
Mas antes tenho que lhes esclarecer o que é invisibilidade social, este fenômeno ocorre quando, conscientemente ou não, as pessoas deixam de perceber a existência de outras pessoas no seu dia a dia, enfim aquele que sofre com essa atitude se sente invisível.
A maioria das vezes a insensibilidade social tem raízes no preconceito.
Quem sofre perde a auto-estima e a identidade já que o ser humano é um animal social, ou seja, relacionamento é tudo e tudo é relacionamento, a pessoa sente como se vivesse em um mundo paralelo.
Alguns sociólogos chamam da síndrome do uniforme, basta a pessoas vestir um uniforme de gari, segurança, garçom, manobrista, ascensorista para se tornar invisível.
Mas não se engane a insensibilidade social está ao nosso redor, basta assistir nos telejornais como as pessoas são tratadas diariamente na rede de saúde ou quando alguma intempérie como a seca ou a chuva atinge a sua região.
Ver uma única criança vivendo nas ruas já deveria ser suficiente pra fazer qualquer um chorar, pra fazer qualquer se mobilizar para tomar uma atitude.
Mas como vemos isso todo o dia acabamos nos acostumando e banalizando o sofrimento alheio.
Nas empresas isso ocorre de uma forma velada e mais sutil, mas o principio é o mesmo ignorar as necessidades das pessoas e dos clientes.
Isso ocorre á todo o momento, por exemplo, quando você entra em uma loja e o atendente o ignora ou num restaurante quando ficamos sentando sem ninguém nos dar atenção.
Outro dia ao terminar de fazer compras em uma grande rede de supermercado à caixa não conseguia passar meu cartão e chamou insistentemente sua supervisora enquanto eu aguardava, ao lado a outra caixa sugeriu que ela me encaminhasse ao atendimento para assim passar o cartão e agilizar meu atendimento, a minha caixa fingiu que não ouviu e insistiu em chamar a supervisora que demorou uns 5-10 min., me surpreendeu que nenhuma delas falou comigo ou explicou algo , começaram a mexer nos equipamentos como se eu não existisse.
Quantas vezes somos esquecidos em filas intermináveis ou em telefonemas á callcentrs?
Este comportamento também é muito comum em aeroportos quando estamos frente ao balcão de uma companhia aérea, tentando saber alguma informação sobre o nosso vôo.
Ou, mesmo em hospitais e repartições públicas, onde às pessoas simplesmente ignoram nossa indagação e presença.
Diariamente somos atropelados por pessoas apressadas que não percebem a presença alheia ao seu redor mantêm seu passo firme em frente, ao encalço do seu objetivo, sem parar sequer para pedir desculpas. Como tratoristas derrubam sacolas, compras, livros que porventura estejam em seu caminho.
Para a maioria das pessoas no século XXI, não existe ninguém mais do que elas mesmas com seus próprios problemas e necessidades.
Esta invisibilidade leva ao desprezo e à humilhação e esses sentimentos, levam as pessoas a processos depressivos.
Essa me parece à origem do mau atendimento para com os clientes nos mais diversos mercados, atualmente profissionalismo e bom atendimento são exceções.
Dentro das empresas colegas e chefes menosprezam as necessidades dos demais colaboradores, as pessoas ao seu redor são apenas instrumentos para alcançar seus próprios objetivos.
A Cultura do Consumo gera uma imposição de que “você é o que consome” com isso estabelecendo padrões de consumo que ofuscam as individualidades de cada um.
Observe, por exemplo, como os planos de marketing da maioria das empresas de bens de consumo apregoam que o único meio de se construir uma identidade é através de consumo de bens materiais.
Este exemplo demonstra como a cultura do “ter” acima do “ser” está se disseminando.
Existem campanhas muito curiosas como aquela que sugere que você deve atear fogo em seu veiculo devido à inveja com o veiculo do seu vizinho ou aquelas que insinuam que se não beber ou consumir tal produto você não será aceito pela turma “descolada”
A mídia está repleta de estereótipos gordo x magro, alto x baixo, bonito x feio.
Enfim criamos um circulo vicioso de consumo e insensibilidade, já ultrapassamos os 7 bilhões de habitantes, todos sabem que existem povos inteiros passando fome e sofrendo abusos , talvez um vizinho ,parente ou colaborador esteja agora neste exato momento passando por uma dificuldade e você está alheio e algumas vezes até insensível a isso.
Cabe a cada um de nós mudar a si mesmo e assim mudar o mundo ao nosso redor.
Roberto Recinella | Publicado em: 10/08/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br
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