= continuação =
O problema é
que nem sempre apenas medicamentos são suficientes para reverter processos
orgânicos complexos. Hoje, médicos e psicólogos utilizam cada vez mais técnicas
de relaxamento e psicoterapia para complementar os procedimentos de tratamento
dermatológico ”. Parece inegável que
doenças crônicas de pele estão, na maioria dos casos, associadas a doenças
psíquicas como ansiedade de depressão”, afirma Uwer Gieler, da Clínica de
Psicossomática e Psicoterapia da Universidade de Giessen, na Alemanha.
Muitas vezes,
os problemas físicos e psíquicos entram em um ciclo vicioso: o estresse
estimula as reações inflamatórias da pele e a coceira aumenta. Os pacientes se
coçam , o que piora ainda mais a inflamação. Assim, principalmente as noites se
tornam uma tortura. Instaura-se então um círculo viçoso: as pessoas dormem mal,
sua disposição e desempenho durante o dia diminuem e elas tendem a sentir o
estresse “normal” de forma especialmente pronunciada, o que prejudica ainda
mais os sintomas. Além disso, devido às alterações visíveis da pele,
frequentemente se sentem estigmatizados e emocionalmente fragilizadas.
Alguns
programas de acompanhamento têm ajudado crianças, jovens e seus pais a lidar
com a patologia.
Na Alemanha foi desenvolvido o Consórcio para Treinamento para
Conviver com Neurodemite (Agnes, na sigla alemã), com base na psicologia
comportamental. Durante as reuniões, médicos e psicólogos oferecem informações
sobre a a doença; ensinam, por exemplo, com agem os desencadeadores típicos das
crises e como evitá-los. Os pacientes aprendem como cuidar corretamente da pele
e o que podem fazer contra a coceira. Administração do estresse e técnicas de
relaxamento estão também entre os temas abordados. Além disso, os participantes
têm a oportunidade de trocar experiências e buscar os possíveis sentidos que os
sintomas ocupam em sua história de vida.
Ouro
programa, Estudo Alemão sobre Intervenções em Dermatite, Atópica (Gadis, na
sigla em inglês), realizado com mais de 800 crianças e adolescentes que sofriam
de neurodermite, mostrou que um treinamento de seis semanas pode favorecer
sensivelmente o estado da pele. Tanto as crianças quanto adultos que cuidavam
delas passaram a lidar melhor com a doença e sua qualidade devida melhorou
muito. Um anos após o treinamento os efeitos
ainda permaneciam.
Atualmente,
especialista concordam que aprender como superar o estresse psíquico, todos os
dias, é essencial para nos sentirmos bem na própria pele.
Da revista Mente & Cerebro n° 235, setembro/2012
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