Eu me pergunto como pode um ruído altamente desagradável, produzido por uma corneta de fabricação bastante simples, cair tão ... no gosto popular.
Seria a necessidade de simplesmente irritar os outros?
Seria a necessidade de aparecer na multidão?
Ou seria a necessidade de fugir de si próprio?
Se eu me disponho a irritar os outros, somente porque eles não me aceitam como sou e eu, ingenuamente, não tenho personalidade suficientemente para me aceitar independentemente das imposições da moda, da mídia, das regras, das doutrinas, todas elas construídas especialmente para me tornar mais um nulo no meio dos números que fazem o deleite das estatísticas, então meu caminho não está corretamente traçado.
Aparecer na multidão? Como fazer isso se a grande maioria dos meus concorrentes também tem a sua vuvuzela? Como poderia eu me afirmar como pessoa se esse processo só ocorre no foro íntimo que é independente dos fatores externos.
Ah! Não? As pressões externas me obrigam a me comportar de acordo com as várias cartilhas sociais? Mas ... eu não posso atribuir aos outros a responsabilidade pelas conseqüências das minhas decisões, também está na cartilha.
Fugir de si próprio?
Isso é difícil de admitir e aceitar. Porque dá trabalho. Exige esforço, dedicação, atenção concentrada (quando tudo tenta fazer o indivíduo se dispersar).
Porque parece que a vida nos encarregou de cuidar apenas de nós mesmos e para isso nos deu um “eu” e um “ego”. Este luta contra mim mesmo, tentando afastar-me do eu.
O EU é que me faz crescer, aprender, aperfeiçoar minhas qualidades e abandonar meus vícios. Mas, para isso eu preciso de um pouco de silêncio, de recolhimento, de meditação.
Há tempos joguei fora a minha vuvuzela, que nunca tive. Se você resolver crescer como pessoa, pode fazer o mesmo, ou então ... continue assoprando a sua na orelha dos outros.
Cláudio Natalício (19.06.2010)
Acredito no seu comentário e respeito, vendo do ponto de vista da nossa cultura. Mas será que eles não estão apenas querendo mostrar uma alegria abafada, há muito refreada por sofrimentos em sua história? De repente eles podem não estar querendo buzinar nos ouvidos dos outros para chamar atenção no sentido de auto afirmação, e sim um grito que permanecia calado de "socorro"por uma globalização que invadiu um lugar que não estava preparado.
ResponderExcluirJeanete,
ResponderExcluirEu não tinha pensado nisso. Sob esse aspecto, você tem toda razão.
Um abraço,
Cláudio
Acho, que "acho" por não ter certeza de nada, que tirando o que pode estar por detrás das vuvuzelas, que pode ser isso ou aquilo, eu acho que elas vieram tirar uma característica das torcidas que considero uma perda irreparável, o canto. O uso da voz humana, a criatividade e a beleza dos coros cantados por milhares de vozes. Agora só resta o tom monocórdico abafando todos os demais sons.
ResponderExcluirPela supremacia da voz humana, abaixo a vuvuzela...
Amauri,
ResponderExcluirTaí uma terceira via de um mesmo fato. A sabedoria é a fortuna, e essa, você a tem!
Um abraço,
Cláudio Natalício
Acredito que seria oportunidade de viver, por fora uma alegria, uma euforia que está lá dentro guardada. Digo-lhe isto pois não espero copa alguma, nem fico doente ou choro se perdem, mas adoro ver o povo feliz, cantando,comemorando, rindo. É por isso que assisto aos jogos, para participar como todos. Margaret
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