segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Medo de julgamento sobrecarrega o sistema imunológico

Do site: www.mentecerebro.com.br em 18 de janeiro de 2011

Realizar tarefas sob pressão diminui a liberação de substâncias que evitam infecções
© leontura/istockphoto

Coração acelerado, mãos suando, frio na barriga – é assim que muita gente reage em situações nas quais se sente avaliada, como provas, entrevistas de emprego ou mesmo diante de uma pessoa por quem se sente atraída. Psicólogos da Universidade da Califórnia em Irvine, nos EUA, descobriram, porém, que o medo do que os outros possam pensar a nosso respeito pode ter efeitos negativos sobre o sistema imunológico.


Para compreender melhor essa relação, pesquisadores coordenados pela psicóloga social Sally Dickerson pediram a um grupo de voluntários em busca de emprego que usassem apenas cinco minutos para preparar um pequeno discurso. Em sua fala, deveriam esclarecer por que preenchiam perfeitamente as exigências do emprego ao qual haviam se candidatado. Em seguida, foram submetidos a um curto teste de matemática. Metade dos participantes resolveu as duas atividades com privacidade, enquanto o restante realizou as atividades sob o olhar crítico e atento de duas assistentes da coordenadora do experimento. Durante todo o teste, os pesquisadores aferiram a pressão arterial, a frequência cardíaca dos voluntários e, por fim, estes foram submetidos a exames de sangue.


Os participantes dos dois grupos avaliaram o próprio grau de estresse de forma semelhante. Mas quem teve de mostrar serviço sob a observação alheia produziu mais TNF-alfa – uma substância mensageira que participa de reações inflamatórias e regula a atividade de diversas células imunológicas. Além disso, os glicocorticoides, que inibem infecções, tiveram essa função prejudicada. Já o sistema imunológico daqueles que realizaram as provas sem ser importunados manteve-se estável, apesar do estresse inerente à situação. Os resultados do estudo foram publicados na Psychological Science.

Medo de viajar de avião

Do site: www.mentecerebro.com.br em 14 de janeiro de 2011

Controlar a respiração e evocar pensamentos que estimulem a autoestima ajuda a dominar o desconforto de voar
© Vibrant Image Studio/Shutterstock

Por mais que os dados revelem o quanto as viagens aéreas são seguras nos dias de hoje, principalmente em comparação com as de carro, para milhões de pessoas embarcar é um verdadeiro suplício. Para enfrentar esse problema é preciso, antes de mais nada, aprender a diferenciar medo de fobia. O primeiro causa desconforto, mas geralmente não impede a viagem. Porém, às vezes pode evoluir para a fobia, que está entre os transtornos de ansiedade. Nesse caso, diversos fatores como genética, traumas psicológicos, traços de personalidade e formação sociocultural agem em conjunto. Pessoas com o distúrbio costumam entrar em desespero. Uma alternativa para superar o temor, principalmente quando causado por trauma, é a psicoterapia. “Por meio do aprendizado de extinção, que estabelece novas respostas saudáveis para o estímulo que causava o medo, é possível organizar a cognição do paciente com experiências gradativas de enfrentamento daquilo que tanto assusta”, afirma o psicólogo Julio Peres, pós-doutor em neurociências pela Universidade da Pensilvânia. Segundo ele, é possível tomar algumas atitudes que ajudam a controlar o desconforto na hora de embarcar:

- Autoindução de relaxamento: a pessoa deve tentar manter a tranquilidade, prestando atenção à própria respiração e evocar pensamentos de superação como "Eu me sinto seguro" ou "Sou capaz e supero a mim mesmo". O recurso, aparentemente simplório, funciona porque ajuda a acalmar. A explicação é simples: quando perdemos o controle da respiração, provocamos alterações da absorção de oxigênio pela corrente sanguínea, favorecendo progressivamente a confusão mental e, como decorrência, exacerbação do sentimento de insegurança.

- Resgatar a coragem: é útil lembrar-se de vitórias e conquistas anteriores, nas mais variadas áreas da vida. Tais memórias costumam mobilizar associações positivas e, pelo menos momentaneamente, facilitar o fortalecimento da autoimagem.

- Exposição suave e contínua: para isso, a pessoa pode recorrer à técnica de dessensibilização, que consiste em enfrentar o medo aos poucos. Quem sofre com a possibilidade de colocar os pés num avião e só viaja sob efeito de calmantes pode, primeiro, se propor visitar o aeroporto, depois realizar voos curtos, sem usar tranqüilizantes, e depois ir, gradativamente, se expondo a voos mais longos.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Marketing de Conscientização - Nas Ruas, Avenidas e Estradas



Publicado em 13-Jan-2011,  por Leonardo Aureliano Da Silva



Gostaria de começar esta reflexão com uma questão; quanto vale a sua vida?
 
É nesse ponto que gostaria de tocar, ao acreditar que o marketing pode contribuir muito para a segurança da vida no trânsito.  Por meio do marketing, empresas privadas, instituições públicas ou não governamentais, poderiam atender a uma necessidade básica inerente ao ser humano, isto é, a preservação da vida.
 
Temos uma orientação de trânsito voltada para a punição do motorista, tais como multas, ou a perda do direito de dirigir, o que talvez não reduza o alto índice de mortalidade nas estradas. A dinâmica do trânsito reflete a dinâmica de relacionamento entres os indivíduos na sociedade. A sociedade contemporânea é marcada pela agressividade, competitividade e individualismo!
 
Por meio do marketing podemos conscientizar a todos motoristas que somos responsáveis por nós mesmos e pelos outros ao decidir trafegar com um veículo. Mensagens que reforcem a importância em respeitar placas de sinalização, e os limites de velocidade devem ser veiculadas na mídia com maior freqüência, inclusive explicando o significado de seus sinais.
 
O marketing de conscientização quer revelar aos motoristas que a vida é preciosa, bela e deve ser vivida com segurança, e que um automóvel é apenas coadjuvante, porém ser não for bem conduzido pode virar o vilão de uma história real...


Do site: www.gestopole.com.br

É hora de procurar ajuda? (3/7)




por Robert Epstein

Em busca de um diagnóstico

Muitas pessoas chegam aos consultórios de psicologia e psicanálise ansiosas para encontrar um nome que abarque aquilo que sentem, uma palavra que encerre a dor, a angústia e, às vezes, a culpa ou as dúvidas que as afligem. Isso, porém, nem sempre é fácil, e de pouco adianta se o paciente não puder compreender o que se passa com ele e se responsabilizar pelo próprio tratamento, atribuindo sentidos a sua patologia. A atração que os testes exercem sobre muitos leigos (haja vista quantos questionários são respondidos nas revistas e na internet) pode ser explicada pelo desejo de quantificar e medir características pessoais e comportamentos. E em alguns casos eles têm sua função. Mas ainda que tenham validação científica e possam ser usados para ajudar a entender o quadro clínico, os testes não são definitivos, seja para medir inteligência, seja para determinar a presença de um transtorno mental. Sem dúvida, em algumas abordagens (e em determinados casos) eles são úteis na tarefa de oferecer informações que favoreçam a compreensão da situação clínica de forma mais ampla. Mas não sempre – e raramente de maneira perene. Há ocasiões em que as palavras impressas em um prontuário ou ditas por um profissional acerca de determinado quadro psíquico podem soar como uma espécie de sentença, promovendo a desastrosa rotulação do paciente. No Brasil, muitos psicólogos evitam recorrer a essa ferramenta, pelo menos no primeiro momento. Em vez de apostar em um diagnóstico único, pleno e “definitivo”, acreditam que, em muitos casos, mais importante que reduzir a situação a um único termo é ouvir o paciente, entender sua lógica e seus sintomas. Afinal, é na possibilidade de elaboração, ampliação do espaço psíquico e transformação que se embasa o ofício do psicoterapeuta. 


Da revista Mente & Cérebro n° 216, janeiro/2011

sábado, 29 de janeiro de 2011

Encantos da Música (9/9)


por KAREN SCHROCK


Outros pesquisadores discutem que a música tem origens independentes porque a capacidade de apreciá-la parece já estar definida no nascimento. Vários estudos mostram que muitos bebês prestam rapidamente atenção a canções e parecem preferi-las à fala. Em trabalhos publicados em julho de 2008 na Nature Precedings, as neurocientistas Maria Cristina Saccuman e Daniela Perani, da Universidade Vita-Salute San Raffaele, na Itália, mostraram que a música ativa regiões no cérebro de recém-nascidos de forma semelhante ao que acontece com ouvintes de outras idades. Elas usaram ressonância magnética funcional (RMf) para ver como o cérebro de crianças com 3 dias de vida respondia a música clássica e encontraram um padrão que espelhava o processamento em adultos: o sistema auditivo do hemisfério direito dos pequenos respondia mais fortemente que o esquerdo. Os pesquisadores também alteraram a música, cortando uma parte da peça e pulando para outra nota ou tocando todo o segmento só com batidas. As passagens mais estridentes ativavam o córtex inferior frontal esquerdo dos recém-nascidos, uma área implicada no processamento da sintaxe musical em adultos, e o sistema límbico, responsável pelas respostas emocionais –assim como ocorre nas pessoas mais velhas, o que levou a uma conclusão: o cérebro parece nascer pronto para processar música.

Acredita-se que essa prontidão inata esteja ligada à forma melódica peculiar que adultos usam para falar com bebês. A adoção universal desse recurso levou alguns especialistas a especular que esse pode constituir um momento inicial original tanto para música quanto para linguagem. Especialistas como o arqueólogo cognitivo Steven Mithen, da Universidade de Reading, na Inglaterra, teorizam que a linguagem e a música evoluíram a partir de uma protolinguagem musical usada por nossos ancestrais. Estruturas de cordas vocais de neandertais e outros hominídeos extintos sugerem que eles poderiam cantar. E eles certamente tocavam instrumentos, pois pesquisadores recuperaram flautas pré-históricas feitas de ossos. Talvez nunca saibamos por que a música existe. Ainda assim podemos usá-la para nos animar ou acalmar, amenizar dores e ansiedade ou formar vínculos. Como escreveu Sacks, talvez a música seja o que temos mais próximo da telepatia.

Da revista Mente & Cérebro n°209, jun/2010

10 Atitudes para criar filhos mais felizes (10/15)


Por Robert Epstein

Já a grande, constante e invevitável preocupação de manter os filhos em segurança parece produzir tanto resultados positivos quanto negativos. A parte boa mostrada por nosso estudo é que a competência de manter as crianças razoavelmente seguras contribui para sua saúde.Mas preocupar-se excessivamente pode fragilizar o relacionamento com os filhos, tornando-os medrosos e titubeantes. Um trabalho recente realizdo por Barbara Morrongiello e seus colegas da Universidade de Geulph, em Ontário, Canadá, mostra como essa questão da segurança muitas vezes é complecada. Os pesquisadores, que trabalharam com pré-adolescentes com idades entre 7 e 12 anos, afirmaram que mesmo concordando com as regras gerais de segurança apresentadas e seguidas por seus pais, os jovens não pretendiam se comportar como eles quando crescessem.
Outra surpresa diz respeito ao uso de técnicas de gerenciamento comportamental . Embora minha própria formação em psicologia comportamental surgira que para reforçar uma atitude é preciso recompensar a pessoa cada vez que a prática - e isso teoricamente vale também para a educação - nossa pesquisa põe em dúvida essa ideia. Nada contra o reconhecimento e o elogio, mas acompanhar muito de perto cada paso da criança, oferecendo retorno sobre cada um de seus gestos e constantes recompensas (afetivas ou materiais) pode torná-la mais dependente do que se gostaria. Ou seja, é preciso espaço para experimentar, errar e nem sempre agradar aos outros - sem que isso seja encarado como algo irreparável.

Da revista Mente & Cérebro n° 215, dez/2010


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

É hora de procurar ajuda? (2/7)

Da revista Mente & Cérebro - edição 216 - Janeiro 2011



por Robert Epstein
© cherry/corbis/latinstock

[continuação]

O QUE É NORMAL?

Quando trabalhei como editor-chefe da Psychology Today, com frequência os leitores me pediam que sugerisse testes de triagem para pessoas com problemas de saúde mental. Procurei por esse material no intuito de ajudar homens e mulheres a encontrar respostas às perguntas como “Será que este meu sentimento de desânimo é normal?”, “Por que eu grito com a minha mulher e meus filhos o tempo todo, mesmo não querendo fazer isso?”, “Será que perdi o controle da bebida?”. Encontrei milhares de testes “caseiros” na internet, mas nenhum havia sido validado cientificamente. Pior ainda, muitos serviam como veículos de marketing para vídeos, livros ou serviços, encaminhando o leitor que respondesse às questões direto para um setor de vendas. Não parecia existir nenhum teste amplo, confiável, favorável ao consumidor, que ajudasse alguém a refletir melhor sobre si mesmo.


Assim, desenvolvi o teste Triagem Epstein em Saúde Mental (Epstein Mental Health Inventory) (EMHI), baseado na quarta edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV), compêndio no qual médicos americanos se baseiam para fazer diagnósticos. O teste cobre 18 problemas psiquiátricos comuns nos Estados Unidos, como depressão maior, fobias, transtorno bipolar e abuso de substâncias, que selecionei usando dados preponderantes do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH) dos Estados Unidos, entre outras fontes. Para cada distúrbio são considerados três critérios do DSM-IV, que reescrevi em linguagem para leigos.


A ferramenta, porém, não tem o papel de diagnosticar ninguém. Seu objetivo é alertar para possíveis riscos de um transtorno, estimulando a busca por ajuda psicológica. O mais importante é ajudar as pessoas a se sentir e viver melhor, pois minha experiência tem mostrado que qualquer meio legítimo de levá-las a consultar um psicoterapeuta é válido. No ano passado, Laura Muzzatti, aluna da Universidade da Califórnia em San Diego, e eu apresentamos uma avaliação da EMHI usando uma amostragem de 3.403 pessoas que fizeram o teste depois de ele ter sido colocado na internet, em 2007. Verificamos que os resultados previram sete fatores importantes relacionados à saúde mental. A avaliação incluía o grau de felicidade declarado; o quanto se sentiam ativamente responsáveis por seu sucesso pessoal e profissional; se estavam empregados; se fizeram terapia em alguma ocasião, se alguma vez já haviam sido hospitalizados por problemas comportamentais ou emocionais e se, na época do teste, estavam em terapia. A pontuação não diferia de acordo com etnia, mas variava segundo o gênero: a pontuação das mulheres foi 17% mais elevada que a dos homens, parecendo apresentar mais problemas de saúde mental, um resultado consistente com os de outros estudos. Ou, pelo menos, foram mais sinceras e analíticas ao responder o questionário.

Robert Epstein é doutor em psicologia pela Universidade Harvard

A verdade do interesse, o interesse da verdade



Publicado em 14-Jan-2011,  por Ivan Postigo


Ditos, escritos e lendas falam dos extraterrestres no nosso planeta ensinando os homens nos primórdios da civilização.
Teriam encerrado os trabalhos, faliram ou desistiram?
Uma questão ficou pendente: a resolução de conflitos.
Ou teria ela ocasionado a debandada dos marcianos e dos venusianos.
Ora, eles mesmos poderiam ter voltado aos seus planetas para ver se chegavam a um acordo com relação à educação da raça humana.
 
Quando o homem está só, temos o aflito: Gosto do azul, mas me cai bem o preto.
Pedi o amarelo, ela quer o vermelho: Pronto, quando pelo menos dois antagônicos se encontram está formado o conflito.
Essa questão no convívio é extremamente complexa.
 
Pedro deu uma sugestão, todos gostaram, ganhou pontos com o chefe e chamou a atenção sobre suas qualidades, quem sabe para aquele cargo para o qual procuram um gerente.
- Alguém concorda, discorda, tem alguma idéia – perguntava a chefe.
Paulo, brilhante, genial, aponta o caminho definitivo e ainda tem o pessoal qualificado!
Perder a gerência? Jamais – Pensa Pedro.
Ele sabe que a sugestão de Paulo é melhor que a dele?
Sem dúvidas!
Sabe também que ao se mostrar incomodado terá a gerência e a chance de enterrar Paulo e suas idéias?
Com certeza!
As idéias estão mortas. Paulo, se resistir, também.
Conflito? Não, interesse...
E Paulo?
Terá que avaliar seu poder de argumentação e os interesses do grupo que formarão as verdades para condução do processo.
Os caminhos foram expostos, a negociação, que evita ou resolve conflitos não está no palco, é um recurso para decisão. Talvez não. Depende de Paulo.
Sim, seu pronunciamento pode classificá-lo como determinado ou encrenqueiro.
E Pedro?
Um lutador ou revoltado!
Por que são?
Talvez sim, talvez não!
Quem sabe foram feitos...
 
A questão tem um foco complexo. O que interessa e a quem interessa.
 
Queremos a verdade!
E o que é a verdade?
 
Para Nietzsche a verdade é um ponto de vista.
 
Complexa, a filosofia a estuda de muitas maneiras:
 
·        A metafísica – ramo da filosofia que estuda a essência do mundo - se ocupa da natureza da verdade.
 
·        A lógica - ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar -  se ocupa da preservação da verdade.
 
·        A epistemologia - ramo da filosofia que trata dos problemas relacionados com a crença e o conhecimento - se ocupa do conhecimento da verdade.
 
Reconhecida, como é tratada?
Como verdade.
Reconhecida no íntimo, mas em público quantas vezes negada!
E a turba, convencida, enganada ou interessada grita: - Foi ele!  Essa é a verdade...
Que não negue!
 
Quantas vezes não se fez a justiça, com injustiça.
E a verdade?
Continua presente e soberana!
 
E os atos?
Reflexos da verdade ou interesses de cada um.
Como entendê-los?
O caminho é simples e reto, seu conhecimento tortuoso e complexo.
 
Teremos, sempre, todas as respostas desvendando os mistérios da verdade do interesse e do interesse da verdade!
 

Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
www.postigoconsultoria.com.br
Twitter: @ivanpostigo
Skype: Ivan.postigo

Do site: www.gestopole.com.br

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

DÚVIDA CRUEL: FAZER O QUE GOSTA OU GANHAR DINHEIRO?


Publicado em 17-Jan-2011,  por Juliana Simas


Há muito vinha pensando nessa pergunta e mesmo depois de tanto tempo ainda não sabia o que responder quando era questionada.
 
Acredito que a resposta mais sincera do que queremos ser realmente é respondida quando ainda somos crianças, porém na maioria das vezes somos desmotivados por nossos professores, parentes e até mesmo por nossos pais, que julgam estar fazendo o melhor para nós e não incentivam nossos sonhos, focando sempre que determinada função não fornece o futuro promissor que eles sonham para nós.
 
Mas afinal de quem é o sonho? Por que nossos pais querem para nós o que julgam o melhor e não o que queremos? Quem não conhece pessoas que estão em uma profissão sem a mínima vontade? Quantas vezes ouvimos pessoas falarem que trabalham por dinheiro e não por prazer?
 
É fato que necessitamos de dinheiro, pois neste mundo capitalista não podemos viver sem ele, precisamos suprir nossas necessidades e atender nossos caprichos. Mas exercer uma profissão que não suportamos, que nos estressa e nos faz mal só de pensar em ir para o local de trabalho, é uma tortura e ninguém merece e precisa passar por isso.
 
Fazer o que gosta é mais importante do que o dinheiro no fim do mês, afinal os melhores profissionais são aqueles que fazem o que gostam. Diversas vezes encontramos profissionais mal educados, estressados e totalmente sem perfil para a função exercida e a explicação é uma só: é um profissional infeliz.

Nunca se esqueça que o mundo de hoje tende a nos tornar pessoas fúteis, com grande dependência do dinheiro, fazendo com que muitas vezes anulamos nossos sonhos e desejo de ser feliz.
 
Quando for escolher uma profissão, lembre-se que poderá atuar na mesma por longos anos e esse fato com certeza o ajudará a tomar a melhor decisão. Jamais comprometa sua carreira com serviços de má qualidade, por não gostar do que faz. Seja ético em sua profissão e consigo mesmo.
 
Afinal uma pessoa realizada no que faz independente do salário, é uma pessoa feliz e com certeza invejada por muitos, não só pelo fato da felicidade, mas sim pela coragem, força de vontade e esforço, pois ninguém chega onde quer com facilidade.



Do site: www.gestopole.com.br

Encantos da Música (8/9)


Por Karen Schrock


Por outro lado, a música pode acalmar, reduzindo os níveis do hormônio do estresse, o cortisol, na corrente sanguínea, baixando as taxas cardíacas e respiratórias e aliviando a dor. Um exemplo clássico de redução de ansiedade: uma mãe acalentando seu bebê com uma canção. Estudos clínicos também revelam que a música é uma poderosa ferramenta para relaxar os pacientes que sofrerão uma cirurgia, ajuda a controlar a dores e a amenizar a agitação de crianças e pessoas com demência. Em 2000, a enfermeira Linda A. Gerdner, pesquisadora de temas ligados a gerontologia na Universidade do Arkansas para Ciências Médicas, apresentou a 39 pacientes severamente atingidos pelo Alzheimer a música de que gostavam, duas vezes por semana, durante um mês e meio. A canção favorita reduziu os níveis de agitação dos pacientes durante e após a sessão muito mais que as clássicas músicas de relaxamento. Neurocientistas também constataram que ouvir uma música muito apreciada pode reduzir a dor – e esse efeito analgésico persiste por algum tempo quando a música para. E, claro, intuitivamente, as pessoas se automedicam com música o tempo todo. É comum que as pessoas as usem com o propósito de melhorar ou alterar o estado emocional. Cientistas se perguntam se, dada a indiscutível atração humana pela música, seu processamento poderia ter uma raiz única no cérebro, além da “carona” que pega em outros sistemas. A literatura médica registra diversos danos que prejudicaram a capacidade de uma pessoa sentir emoções inspiradas pela música, mas não por outros estímulos. Lawrence Freedman, um amigo de Sacks, por exemplo, perdeu sua paixão por música clássica depois de uma concussão em um acidente de bicicleta. Freedman ainda podia reconhecer os clássicos que costumava adorar e ainda se sentia emocionado por artes visuais e outras experiências, mas a música já não lhe dava prazer algum. Possivelmente, o acidente danificou uma parte do cérebro dedicada especificamente ao entusiasmo por essas formas de expressão, embora ninguém saiba exatamente que área cerebral é essa.

Da revista Mente & Cérebro n° 209, junho/2010

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Campus Party 2011: Confira dicas para se proteger de ameaças digitais


 Mudança de postura ao navegar na web, dizem especialistas, é o principal conselho para quem quer se manter livre de vírus e outros malwares

Claudia Tozetto, iG São Paulo

Quem procurava entender melhor as ameaças digitais que incomodam os internautas pôde tirar suas dúvidas ontem (20) em duas palestras do Comitê Gestor da Internet (CGI), realizadas no palco de Segurança e Redes da Campus Party 2011. As duas palestrantes, contudo, deixaram claro que não basta ter um antivírus instalado, mas sim "mudar de postura para se proteger".




Mudança de postura ao navegar na web, dizem especialistas, é o principal conselho para quem quer se manter livre de vírus e outros malwares

Claudia Tozetto, iG São Paulo

Quem procurava entender melhor as ameaças digitais que incomodam os internautas pôde tirar suas dúvidas ontem (20) em duas palestras do Comitê Gestor da Internet (CGI), realizadas no palco de Segurança e Redes da Campus Party 2011. As duas palestrantes, contudo, deixaram claro que não basta ter um antivírus instalado, mas sim "mudar de postura para se proteger".


"É preciso entender que, ainda que temos um software antivírus instalado, novas ameaças podem aparecer a todo momento", diz Miriam von Zuben, analista de segurança do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes (CERT.br), grupo que faz parte do CGI. O problema é que, no Brasil, a maioria das pessoas ainda dizem não terem sido infectadas por algum malware. "A maioria confia muito no antivírus", diz Zuben.

Segundo a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo CGI em 2010, apenas 1 em cada 7 diz utilizar um firewall, software que controla o tráfego de dados entre o computador e a rede. "Muitos esquecem que um dos primeiros cuidados é manter o sistema operacional e todos os aplicativos atualizados", explica Zuben. Isso inclui instalar todas as atualizações de segurança disponibilizadas pelo fabricante, medida pouco adotada pelos usuários.

Outra dica é instalar complementos e plug-ins de segurança no navegador, de modo a proteger o computador enquanto o internauta navega na internet. Zuben indica o complemento NoScript, disponível no Mozilla Firefox, que impede que os sites executem scripts sem a permissão do usuário.

Ataques de phishing

Segundo o CERT.br, o Brasil é o país que mais hospeda páginas falsas com o objetivo de roubar dados pessoais ou bancários de internautas durante os ataques chamados de "phishing". Em 2010, o Brasil respondeu por cerca de 35% das reclamações registradas. A equipe do CERT.br trabalha para notificar os provedores que hospedam essas páginas, de modo a tirá-las do ar.

No ano passado, o tempo médio para tirar essas páginas do ar no Brasil foi de três dias. "O ideal é que fosse ainda menos tempo", diz Cristine Hoepers, analista de segurança do CERT.br e assessora de segurança e redes da Campus Party 2011. Enquanto a página não sai do ar, internautas ficam sujeitos a cair em golpes virtuais e terem seus dados roubados por criminosos.

Mudança de postura

Durante as palestras, ambas as analistas de segurança enfatizaram que o principal é mudar a postura online. Com isso, os internautas evitam ser infectados por malwares e também cair em golpes de "phishing". Veja abaixo as principais dicas:

- Não clique em links recebidos por e-mail ou por mensagens instantâneas, mesmo que eles venham de remetentes conhecidos;

- Não forneça dados pessoais, como e-mail, telefone, data de nascimento, em páginas na internet. Esses dados podem ajudar criminosos a preparar golpes customizados, mais difíceis de serem identificados;

- Oriente seus amigos e familiares a terem os mesmos cuidados na web que você. "Não adianta eu me proteger, se as pessoas que estão ao meu redor compartilharem informações sobre mim", diz Hoepers;

- Crie senhas fortes, com letras e números. Quanto mais caracteres ela tiver, mais dificuldade o sistema do criminoso terá para identificá-la. "Use um trecho de música ou poema para criar a senha", diz Zuben;

- Não reutilize senhas para fazer login em diversos sites;

- Em dispositivos móveis e computadores, evite utilizar o recurso "Lembre-se de mim" para armazenar nome de usuário e senha. Em um ataque, o sistema sempre consultará primeiro os arquivos de senhas do seu navegador.



Fonte: www.ig.com.br

10 Atitudes para criar filhos mais felizes (9/15)


Por Robert Epstein

Reconhecer as próprias emoções e lidar com elas de maneira saudável, sem excessos, também é muito importante para uma boa criação dos filhos, mesmo quando as questões não estão relacionadas diretamente a eles. Em nossa pesquisa, constatamos que a capacidade parental de controlar o estresse foi um importante indicador da qualidade de relacionamento com os filhos e também do nível de felicidade dos pequenos.
Pode até ser que as pessoas que se autoavaliaram como ótimos pais pontuaram mais no controle do estresse que em qualquer uma das outras nove competências. Desse resulado podemos tirar uma lição bastante simples: aqueles que se descontrolam na presença dos filhos sabem que essa é um atitude errada. Ainda que intuitivamente, ninguém duvida: manter a calma talvez seja o primeiro passo para bem educar os filhos. Felizmente, formas de controlar o estresse como meditação e exercícios de respiração podem ser aprendidas, independentemente do temperamento de cada um. Para aquels que se culpam por desenvolver atividades de lazer - o famoso "tomar um tempo só para si", seja para praticar esportes, seja para passear, fazer um curso que lhe traga grande prazer ou simplesmente namorar - de preferência longe da prole, vai uma boa notícia.: essa prática faz bem não só para o adulto, mas também para os filhos.

Da revista Mente & Cérebro n° 215, dez/2010

É hora de procurar ajuda? (1/7)

Da revista Mente & Cérebro -edição 216 - Janeiro 2011

Grande parte das pessoas enfrenta, em algum momento da vida, transtornos de saúde mental que podem ser tratados; é o caso da depressão e do estresse, mas a falta de informação e o preconceito ainda fazem com que adultos e crianças sofram sozinhos em vez de procurar um profissional qualificado
por Robert Epstein
© cherry/corbis/latinstock

Vinte e três milhões. Este é o número de brasileiros que necessitam de acompanhamento na área da saúde mental. Desse total, pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos graves e persistentes, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse universo encontram-se crianças e adultos que sofrem de patologias como depressão, transtornos de ansiedade, distúrbios de atenção e hiperatividade e dependência de álcool e drogas. Aproximadamente 80% das pessoas que sofrem com esses transtornos não recebem nenhum tipo de tratamento. Mas a situação não é prerrogativa do Brasil. Ainda de acordo com a OMS, um em cada quatro americanos passa por um transtorno psiquiátrico diagnosticável em algum momento da vida. Exageros à parte, no decorrer de nossa existência muitas vezes nos perguntamos se somos mentalmente saudáveis e se não estaria na hora de buscar ajuda profissional. A preocupação faz sentido: de fato, quase metade da população do planeta apresenta algum tipo de transtorno durante a vida. Infelizmente, porém, em cerca de dois terços dos casos os problemas comportamentais e emocionais jamais são diagnosticados e acompanhados, embora muitos deles possam ser tratados de maneira eficaz. Mais de 80% das pessoas com depressão grave, por exemplo, são capazes de se beneficiar significativamente da combinação de medicação e terapia.


O preconceito, porém, ainda é um empecilho para a busca de auxílio especializado. Não raro, ouve-se até mesmo de pessoas razoavelmente bem informadas que “psicoterapia é coisa para louco”. A postura defensiva pode se mostrar de várias maneiras, como pela desqualificação dos profissionais ou de si próprio. Para muitos prevalece, por exemplo, a ameaça de que “o psicoterapeuta saberá mais sobre mim do que eu mesmo; descobrirá segredos dos quais nem suspeito”. Pode também surgir a fantasia onipotente de que “ninguém pode me ajudar”. Ou ainda o pensamento persecutório referenciado na opinião alheia: “O que os outros vão pensar se souberem que vou a um psicólogo?”. Qualquer que seja a forma como se apresente, a resistência não aparece por acaso: em geral, é inerente à própria patologia e tem a ver com o funcionamento psíquico da pessoa. E, infelizmente, às vezes persiste por muito tempo, até que o paciente decida buscar ajuda.

Robert Epstein é doutor em psicologia pela Universidade Harvard

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cinco passos para um coração mais saudável

 

Especialista dá dicas de como evitar doenças cardíacas. Rir é uma das atitudes preventivas

Coração: medidas simples são eficazes para mentê-lo saudável

Cinco passos simples podem ajudar a reduzir o seu risco de ter doenças cardíacas, afirmam os especialistas em cardiologia preventiva.

Segundo Holly Anderson, diretora de educação no Instituto do Coração Ronald O. Perelman, do Hospital Presbiteriano de Nova York, é preciso fazer mais para educar a população sobre os fatores de risco e a prevenção de doenças do coração. Ela dá algumas dicas que podem ajudar:

- Pergunte ao seu médico sobre o que é considerado normal em relação a pressão sanguínea, colesterol e triglicérides e saiba quais são os seus números nessas medidas.

- Comece a se exercitar. Caminhar de 20 a 30 minutos alguns dias da semana pode reduzir o risco prematuro de morte em mais de 50% (Veja oito manieras de incluir os exercícios no dia a dia). Atividade física reduz a pressão sanguínea, melhora as taxas de colesterol, diminui o estresse, melhora o sono, beneficia o humor, melhora a cognição e previne a perda de memória.

- Ria mais. Em termos de saúde cardiovascular, fazer isso por apenas 15 minutos equivale a praticar um exercício aeróbico por meia hora. Pesquisas também ligam o riso com a redução de dor e ansiedade, com a função saudável dos vasos sanguíneos e com o aumento dos níveis cerebrais de hormônios que melhoram o humor - existem 10 alimentos que melhoram o humor, saiba quais são.

Leia também

    * Para o coração, vitaminas!
    * Ser hostil e competitivo faz mal ao coração
    * Coração no alvo das células-tronco

- Preste mais atenção na circunferência da sua cintura do que no seu peso (leia mais sobre a perigosa barriga de chope da mulher). Ela é uma medida mais precisa do que o peso porque a quantidade de gordura em volta da cintura é um elo direto com a hipertensão e o colesterol alto, e ainda pode aumentar o seu risco de desenvolver diabetes.

- Durma bem e o suficiente. Falta de sono aumenta a pressão sanguínea, induz ao estresse, aumenta o apetite, desacelera o metabolismo, prejudica o humor e piora a cognição.


Do site: www.delas.ig.com.br

Encantos da Música (7/9)



por KAREN SCHROCK


O SOM DA CURA


A ideia de que a música pode promover uma união não verbal ganhou apoio adicional de um estudo de 2008, feito pelos neurocientistas Nikolaus Steinbeis, do Instituto Max Planck para Cognição Humana e Ciências Cerebrais, e Stefan Koelsch, da Universidade de Sussex, na Inglaterra. Eles usaram ressonância magnética funcional para mostrar que determinada área do cérebro respondia a acordes, mas não a palavras, em um teste no qual os voluntários escutavam ambos. A região responsiva era o sulco temporal superior: uma parte da superfície cerebral, perto dos ouvidos, que responde a pistas sociais não verbais – como movimentos corporais e olhares. A ativação dessa região indica que a música pode ajudar a forjar laços sociais. Qualquer que seja sua origem, tal coesão é extremamente valiosa para animais comunitários, como nós, e por isso traços que aumentam tal unidade tendem a persistir ao longo das gerações.

A base de nossas impressões conscientes a respeito de um tom são os efeitos fisiológicos. Estudos mostram que a música alegre, tensa ou empolgante pode excitar fisicamente o ouvinte, desencadeando resposta de luta e fuga: as taxas cardíacas e respiratórias aumentam, a pessoa pode suar e a adrenalina penetra na corrente sanguínea. Esse efeito explica por que tantas pessoas gostam de ouvir rock ou hip-hop enquanto fazem ginástica – a música instiga respostas do sistema fisiológico para a execução de movimentos de alta energia. O efeito psicológico também é importante: a distração torna o exercício mais divertido. De forma geral, melodias energizantes tendem a melhorar o humor, nos deixando mais despertos quando estamos cansados e criando sensação de empolgação.

Da revista Mente & Cérebro n° 209, junho/2010

Com quanta tristeza se faz uma depressão? (3/3)



A tristeza perdida, livro dos psiquiatras Allan Horwitz e Jerome Wakefield, critica diagnósticos que ignoram a relação entre os sintomas e o contexto do paciente
por Patricia Porchat

Patricia Porchat é psicanalista, doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Universidade Paulista (Unip).
[continuação]

Horwitz e Wakefield contam como no século XX os sintomas ocuparam a cena na elaboração de métodos estatísticos para fazer diagnósticos. Vários fatores colaboraram para a instalação dessa forma de avaliar a depressão. Por exemplo, razões epidemiológicas: a necessidade de revelar na comunidade os mesmos transtornos mentais que supostamente afetavam os pacientes tratados. Afinal, havia aqueles que não buscavam ajuda médica e só poderiam ser diagnosticados por questionários que chegassem até eles. Isso contribuiu para o surgimento de muitos casos falsos-positivos, já que os questionários eram aplicados por leigos. Outro fator foi o alto índice de suicídio entre jovens americanos. Em 2003, foi constatado que 4 mil crianças e adolescentes se suicidaram, de um total de meio milhão que tentou. Era urgente detectar transtornos depressivos e tratá-los. Mas os autores criticam esse procedimento: haveria que verificar o contexto em que se dá a tentativa de tirar a própria vida afinal, trata-se de uma idade de muitas transformações. A patologização do sofrimento do adolescente lembra a patologização da masturbação infantil na era vitoriana, dizem os autores. Isso nos remete ao filósofo francês Michel Foucault, quando aborda o controle da vida pelo Estado. E ele certamente não levava a sério o DSM IV.

Por fim, os autores são realistas o suficiente para saber que não se mudam critérios diagnósticos com tanta facilidade nos dias de hoje. Há grandes grupos e interesses privados que estão se dando bem com a atual definição de transtorno depressivo. Esse me parece ser mais um motivo para unir esforços entre as várias disciplinas.


Revista Mente & Cérebro n° 211, setembro/2010

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Dia do Aposentado!!!




Não esqueci, não!!!

Um abraço a todos os aposentados,
e ... curtam esse dia!!!

E ... todos os outros dias do ano!
Tá bom, vá!

Um abraço a todos os não aposentados ainda!!!
Eu sou você amanhã!

Com quanta tristeza se faz uma depressão? (2/3)



A tristeza perdida, livro dos psiquiatras Allan Horwitz e Jerome Wakefield, critica diagnósticos que ignoram a relação entre os sintomas e o contexto do paciente
por Patricia Porchat
[continuação]

O livro tem o mérito de questionar a classificação atual do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM IV) para transtornos depressivos no momento em que ocorrem as discussões preparatórias para a elaboração do DSM V, previsto para 2013. Trata-se de uma revisão do conceito de depressão no interior da própria psiquiatria. “Uma crítica vinda de quem leva a sério o DSM e por isso é útil e bem recebida”, diz Robert Spitzer, psiquiatra que escreveu o prefácio do livro. Esse comentário é importante, pois uma das poucas críticas que se pode fazer ao livro é quanto ao embate que os autores travam com as ciências sociais, culpando-as por não encontrar mecanismos emocionais universais inerentes à natureza humana e não demonstrar quais circunstâncias estressantes provocam tristeza normal. Criticam a teoria relativista da antropologia que afirma não haver definições possíveis para tristeza e transtorno fora do valor específico de cada cultura. A rigidez dos autores é curiosa, por exigir das ciências sociais que tomem como ponto de partida o mesmo objeto, ou seja, o DSM IV. Essa atitude é de lamentar, pois impede a consideração de outras fontes como, por exemplo, estudos psicanalíticos que igualmente buscaram recuperar a tristeza para o cenário da condição humana, além de questionar a banalização da depressão sem se ater ao DSM IV. É o caso de Elisabeth Roudinesco (Por que psicanálise?, 2000) e Maria Rita Kehl (O tempo e o cão, 2009).

O livro cumpre bem seu objetivo: proporcionar uma perspectiva crítica sobre a conceituação da experiência da depressão, como ela foi explorada por variados grupos e como sua classificação mudou, de forma questionável, com o passar do tempo. Os autores querem demonstrar que a tristeza intensa é uma capacidade natural humana e não uma fraqueza de caráter e que a tristeza é produto de processos mentais relevantes funcionando conforme foram biologicamente projetados para reagir à perda. São problematizadas as vantagens e desvantagens de haver definições demasiado amplas de transtorno depressivo, bem como tratamentos injustificados, medicalização desnecessária e estigmatização.

Da revista Mente & Cérebro n° 211, setembro/2010

Sabedoria de criança para gestão empresarial


Publicado em 4-Jan-2011, por Ivan Postigo


Gestão como ciência é a da escolha. Ainda que não encontremos duas maneiras de resolver um problema, teremos sempre que fazer uma escolha: - Procurar uma solução ou ficar parado; - Aplicar a única resposta que temos ou rejeitá-la.
A busca de solução é o exercício das perguntas. Especialistas dizem que fazer perguntas certas já é meio caminho andado.
Há, contudo, um aspecto importante no processo: a forma como vemos a questão.
A sabedoria, resultado do conhecimento, é norteadora do nosso sucesso, mas algumas questões, quando novas, precisam ser olhadas com um pouco de inocência. Desse aspecto surgem respostas inusitadas. Nesse sentido as crianças são fenomenais. A genialidade da criança é fruto da sua ingenuidade. Incrível poder que permite enxergar através da venda da presunção. Algumas histórias e frases que nos permitem deliciosas reflexões:
Análise Mãe, por que o País das Maravilhas da Alice não é maravilhoso?
Projeção
Pai, eu sei que o lobo é de mentira, mas meu sonho foi de verdade
Parceria

Um garoto de 4 anos tinha um vizinho idoso, cuja esposa havia falecido recentemente. Ao vê-lo chorar, o menino foi para o quintal dele, e simplesmente sentou-se em seu colo. Quando a mãe perguntou a ele o que havia dito ao velhinho, ele respondeu: - Nada. Só o ajudei a chorar. Comprometimento
Os alunos da primeira série estavam examinando uma foto de família. Uma das crianças da foto tinha os cabelos de cor bem diferente dos demais. Alguém logo sugeriu que essa criança tivesse sido adotada. Então, uma menina falou: - Sei tudo sobre adoção, porque eu fui adotada. Rapidamente um aluno perguntou: - O que significa "ser adotado"? – respondeu a menina - que você cresceu no coração de sua mãe, e não na barriga!
Cooperação
Jaime estava disputando um papel na peça da escola. Sua mãe tinha procurado prepará-lo para a rejeição; ela temia que ele não fosse escolhido. No dia em que os papéis foram distribuídos, preocupada, foi buscá-lo na escola. Jaime correu para a mãe, com os olhos brilhando de orgulho e emoção: - Adivinha mãe, eu fui escolhido para bater palmas e espalhar a alegria!
Identificação de valores
Num dia frio, um rapazinho, cerca de 10 anos, descalço, estava em pé em frente a uma loja de sapatos, olhando a vitrine e tremendo. Uma senhora se aproximou e disse: - Você está com pensamento tão profundo, olhando essa vitrine! - Eu estava pedindo a Deus para me dar um par de sapatos - respondeu o garoto... A senhora tomou-o pela mão, entrou na loja e pediu ao atendente para dar meia dúzia de pares de meias para o menino. Ela também perguntou se poderia conseguir-lhe uma bacia com água e uma toalha. O balconista rapidamente atendeu-a e ela levou o garoto para a parte detrás da loja, se ajoelhou e lavou seus pés pequenos e secou-os com a toalha. Nesse meio tempo, o empregado havia trazido as meias. Calçando-as nos pés do garoto, ela também comprou-lhe um par de sapatos. Amarrou os outros pares de meias e entregou-lhe. Deu um tapinha carinhoso em sua cabeça e disse: - Sem dúvida, vai ser mais confortável agora. Assim que ela se virou para ir, o garoto segurou-lhe a mão, olhou seu rosto diretamente, com lágrimas nos olhos e perguntou: - Você é a mulher de Deus?
Solução de problemas com visão alternativa
Um gestor, preocupado com os problemas da empresa, estava trabalhando em casa quando o seu filho de sete anos invadiu o escritório.
Irritado com a interrupção, tentou fazer com que o filho fosse brincar em outro lugar. Vendo que era impossível procurou algo que pudesse entreter o filho. De repente, deparou-se com o mapa mundi. Com o auxílio de uma tesoura,cortou o mapa em vários pedaços e, juntamente com um rolo de fita adesiva, entregou-o ao filho dizendo: - Você gosta de quebra-cabeças e está querendo me ajudar. Então vou te dar o mundo para que possa consertá-lo. Aqui está o mundo todo cortado. Veja o que fazer. Passado algum tempo o filho alegre o chamava: - Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho! A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o homem se levantou e para sua surpresa viu que o mapa estava completo. Todos os pedaços estavam colocados nos devidos lugares. Como seria possível, apenas uma criança e ter solucionado aquela questão? Espantado perguntou: - Filho, você não sabia como era o mundo, como conseguiu? E, o menino, radiante - Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou a folha da revista para recortar, eu vi que do outro lado estava a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui. Foi ai que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que tinha consertado o Mundo. Táticas
Guilherme encontra Luis na rua, com um cachorrinho no colo, e pergunta: - De quem é? Ele responde: -Meu! E Gilherme: - Mas você disse que seus pais jamais lhe dariam um! -Ah, é que eu chorava todos os dias e pedia um cavalo....
Prudência

Clara queria saber por que Pedro evitava a Julia. E ele : - Nunca se meta com uma ruiva que já te bateu uma vez.
Plano de contigência

Janaina estava intrigada porque a amiga, às vezes, não deixava que a mãe a preparasse para ir à escola, e aprendera tão cedo se virar sozinha. A resposta foi rápida: - Não deixe sua mãe te pentear se ela discutiu com o seu pai.
Sabedoria
Pedrinho levava duas toalhas para dar banho no bichano. Jonas, intrigado, queria saber porque : - Quando for dar banho em um gato, é bom estar preparado para tomar um também.
Experiência
Marcelo vivia levando broncas dos pais e professores, mas não se emendava. Felicia queria saber o razão da teimosia, ele: - Quanto mais erros cometo, mais esperto fico.
Identidade
Carlinhos vivia procurando pessoas parecidas com ele, Melissa perguntou-lhe a razão, a resposta era simples- Se uma pessoa tiver sardas, ela vai sentir-se atraída por outra que também tenha sardas.
Responsabilidade
Beto, com seis anos de idade, vivia dizendo que iria casar com Mariana. Todos achavam bonitinho, mas deixou a mãe intrigada quando começou a recortar de todas as revistas cheques que encontrava. Esta curiosa resolveu perguntar o motivo. Muito sério respondeu : - Uma das pessoas, em um casamento, deve saber preencher um cheque. Mesmo que haja muito amor, é sempre necessário pagar as contas.
Desenvolvimento de relações

Gabriel, sapeca, toda semana chegava em casa e dizia a mãe que tinha uma nova namorada. Esta começou a notar que depois de lhe contar abria um caderninho e anotava o nome. Procurando entender o que estava fazendo questionou a razão daquilo. Muito sério respondeu: - Não posso esquecer o nome, senão estraga tudo!
Escolha

Junhinho, caçulinha em uma casa, rodeado de irmãs adolescentes, estava acostumado aos comentários das maravilhas do amor. Certa tarde começou uma diputa para uso do televisor. Estas queriam assistir um filme sobre a melhor coisa do mundo. Tentado convencê-lo pediram que lhes dessem um bom argumento, ao qual repondeu: - O amor é a melhor coisa que existe no mundo. Mas o futebol, melhor ainda!

Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
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Twitter: @ivanpostigo
Skype: Ivan.postigo


Do site: www.gestopole.com.br

domingo, 23 de janeiro de 2011

Encantos da Música (6/9)


por KAREN SCHROCK


A capacidade que a música tem de conduzir sentimentos pode ser a base de um dos seus maiores benefícios. Na maioria das culturas, cantar, tocar, dançar e acompanhar as apresentações é quase sempre um evento comunitário. Mesmo em sociedades ocidentais que, de maneira única, diferenciam os músicos dos ouvintes, as pessoas entoam hinos em rituais religiosos, dançam em festas e boates, embalam os filhos ao som de cantigas de ninar, participam de corais e desde cedo as crianças aprendem a cantarolar Parabéns a você nos aniversários. A popularidade de tais rituais sugere que a música confere coesão social, talvez por criar conexões empáticas entre os membros de um grupo.

Estudos mostram também que quando as pessoas ouvem música, as regiões motoras do cérebro se ativam – provavelmente com o propósito de processar o ritmo. Esse processo inclui regiões pré-motoras, que preparam uma pessoa para a ação, e o cerebelo, que coordena o movimento físico. Alguns pesquisadores acreditam que parte do poder musical é resultado de sua tendência a sincronizar e ecoar nossas ações. “Com os equipamentos disponíveis hoje já é possível enxergar como ritmo e ação ressoam no sistema nervoso; todo som é produzido por movimento, quando você ouve qualquer som algo está sendo movido”, diz o neuropsicólogo Robert Zatorre, da Universidade McGill. De fato, há um passo muito pequeno entre o andar, o respirar e as batidas do coração – sons ritmados naturais, não intrinsecamente musicais – e manter propositalmente um intervalo ou caminhar na mesma velocidade que outra pessoa. “Quando escutamos um padrão, inconscientemente organizamos os músculos para reproduzi-lo. Dessa maneira, o ritmo também pode funcionar como uma ‘cola social’ que favorece a ligação física”, afirma Zatorre.

Da revista Mente & Cérebro n° 209, junho/2010

10 Atitudes para criar filhos mais felizes (8/15)


Por Robert Epstein


É imprescindível viver em harmonia com o cônjuge - ainda que seja o padrasto ou madrasta da criança - e também com o pai (ou mãe) de seu filho porque, no fundo, o que os filhos querem é que seus pais (biológicos e substitutos) se deem bem. Há muitos anos, quando meu primeiro casamento estava chegando ao fim, um dia meu filho de 6 anos me levou pela mão até a cozinha onde estava sua mãe e tentou prender nossas mãos com fita adesiva. Foi um ato desesperado que transmitia a mensagem : "Por favor, amem-se, fiquem juntos". Os filhos não gostam de conflitos, especialmente quando envolvem as duas pessoas que mais amam no mundo.
Mesmo em situações nas quais os pais vivem separados, é crucial adotar práticas que não firam as crianças : resolver os conflitos longe delas, desculpar-se e perdoar um ao outro (isso pode ser feito diante das crianças) e falar cordialmente sobre o outro companheiro. No Brasil, aliás, uma lei sancionada em agosto e publicada no Diário Oficial da União determina que pais ou mães que desqualifiquem a imagem do outro na presença dos filhos estão sujeitos a punição legal.


Da revista Mente & Cérebro n° 215, dez/2010

Com quanta tristeza se faz uma depressão? (1/3)



A tristeza perdida, livro dos psiquiatras Allan Horwitz e Jerome Wakefield, critica diagnósticos que ignoram a relação entre os sintomas e o contexto do paciente
por Patricia Porchat
© Rapazinho e crânio, aquarela e carvão sobre papel., Magnus Enckell, Ateneumin Taidemuseo, Helsínquia

Há 2.500 anos o ser humano se preocupa em distinguir a tristeza normal da melancolia, nome antigo para o que hoje denominamos “transtorno depressivo”. Desde Hipócrates (460-377 a.C.), na antiga Grécia, observa-se que as reações que temos a perdas de entes queridos, amores e outras tantas coisas importantes podem gerar profundo pesar. No entanto, é possível detectar que, para alguns, a tristeza se prolonga demasiadamente, e sua causa não é identificada pelo próprio sofredor. Ausência de motivo para sofrer: este foi um importante critério diagnóstico para a melancolia em diferentes períodos da história da medicina.

De modo geral, para qualificar a tristeza ou a depressão utilizamos a observação de alguns fenômenos: desânimo, mágoa, abatimento, sensação de vazio, desespero, desesperança, aversão a comida, irritabilidade, inquietude, sentimento de inutilidade, ideação suicida, tentativa de suicídio, medo da morte, negativismo, falta de prazer ou de interesse nas atividades cotidianas, reclusão social, fadiga ou perda de energia, agitação ou retardamento (desaceleração) psicomotor.

O fato de a tristeza ser profunda e intensa, reunindo várias dessas manifestações por um tempo um pouco maior do que o esperado, em geral, proporcionou à psiquiatria contemporânea uma confusão entre tristeza “natural” e transtorno mental depressivo. Os autores de A tristeza perdida, Allan Horwitz e Jerome Wakefield, ambos psiquiatras, criticam o momento atual dessa especialidade médica por se apoiar em diagnósticos que ignoram a relação entre sintomas e o contexto do paciente. Como resultado, com exceção do luto, qualquer reação a uma grande perda tem altíssima chance de ser diagnosticada como depressão, pois o critério se baseia no sintoma e não na causa do sofrimento.


Revista Mente & Cérebro n° 211, setembro/2010

sábado, 22 de janeiro de 2011

Judiciário e a padronização, quiçá um dia gestão





Publicado em 5-Jan-2011, por Gustavo Rocha



Um interessante artigo foi publicado recentemente no blog do Alexandre Atheniense, onde menciona que os Tribunais brasileiros ainda estão totalmente fora da padronização de procedimentos, ou seja, cada Tribunal age conforme o seu bel prazer. Leia o artigo na íntegra aqui.
Infelizmente, isto está referenciado na lei, ou seja, eles realmente podem fazer assim. Aqui vai um alerta para todos nós eleitores: Somos nós que colocamos vereadores, deputados e senadores sem capacidade no poder, criando leis estapafúrdias. Vale a pena pensar nisto para as próximas eleições, já que nesta até um palhaço semianalfabeto foi eleito.
A padronização é o primeiro passo antes de qualquer gestão. Sem termos elementos iguais ou similares é impossível o judiciário querer se organizar. Exemplo, aliás, que vale para a própria OAB, onde cada seccional usa o software que lhe convém; devemos sim, ter um produto único, visando integrar os advogados.
A padronização do número do processo foi um excelente avanço, sem sombra de dúvidas. Lógico, precisamos de muito mais, precisamos que no Rio Grande do Sul e no Pará tenhamos o mesmo serviço cartorário, a mesma eficiência (sem querer fazer juízo de valor sobre qual é mais eficiente), enfim, a mesma realidade.
O judiciário é um só, com escopo de prestação jurisdicional. Quando encontramos lugares onde uma guia de recurso é paga no dia e outro local noutro dia, quando num Estado a audiência de conciliação é noutro dia da de instrução e em outro é UNA, quando percebemos custas judiciais completamente disparitárias, ou seja, há Estados em que o processo tem um custo x, enquanto em outros, o custo é x vezes 10, estamos diante da verdadeira injustiça.
O mesmo percebemos no processo eletronico, onde cada Estado tem suas regras, organiza de uma forma diferente. Temos Estados que exigem 500 kb de limite de arquivo, outros chegam a 2 mb… Sem falar nos programas, que cada Estado resolve utilizar um diferente do outro, ou seja, os advogados além de entenderem de processo eletronico, precisam se recordar de várias telas diferentes se quiserem atuar em mais de um Estado… Com uma simples padronização e modelo único, teríamos todos os Estados se esforçando em melhorar um produto e não vários diferentes.
Concentrar forças e dinamizar resultados…
Alô CNJ! Vamos padronizar o judiciário. Vamos ditar regras únicas para que exista ordem naquele poder que compete fiscalizar os outros. Como fiscalizar outros se sequer conseguimos fiscalizar nossa própria organização, Poder Judiciário?
Alô OAB! A chamada é idêntica. Precisamos padronizar para depois buscarmos a gestão.
Sem padronização, não existe a crítica ao padrão, ou seja, impossível de haver gestão. E isto vale não só para processo eletronico, mas para todo o poder em si.
Fica a dica para reflexão neste início de ano
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Artigo escrito por Gustavo Rocha – Diretor da Consultoria GestaoAdvBr
www.gestao.adv.br | blog.gestao.adv.br | gustavo@gestao.adv.br


Do site: www.gestopole.com.br

A arte de caminhar (2/2)



Desde a antiguidade movimentar o corpo ajuda as pessoas a pensar, tomar decisões e expressar indignação; na literatura artistas e apaixonados são andarilhos


Não é de admirar, portanto, que muitos escritores tenham abordado o tema da caminhada. Foi o caso do filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), figura marcante do Iluminismo francês e precursor do romantismo – os românticos, sobretudo os alemães, eram grandes andarilhos. Em suas Confissões, disse Rousseau: “Só consigo meditar quando caminho. Minha mente só trabalha junto com minhas pernas”. À obra (publicada postumamente) que resume muito de sua biografia e de sua filosofia, Rousseau deu o título de Os devaneios do caminhante solitário (Lês rêveries du promeneur solitaire). Os dez capítulos são denominados promenades (caminhadas). Finalmente, temos um termo analisado tanto pelo poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867) como pelo escritor alemão Walter Benjamin (1892-1940). Trata-se de flâneur, que vem do verbo flâner, vagar (em português temos o galicismo flanar). O flâneur, do qual Benjamin era um exemplo, vagava por Paris, observando o que se passava a seu redor, num claro desafio à moral burguesa então vigente, que via isso como vagabundagem. Uma vagabundagem da qual resultaram, contudo, textos admiráveis. Caminhar, como diz o escritor americano contemporâneo Gary Snyder, é a grande aventura.

Revista Mente & Cérebro n° 211, agosto/2010



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A arte de caminhar (1/2)



Desde a antiguidade movimentar o corpo ajuda as pessoas a pensar, tomar decisões e expressar indignação; na literatura artistas e apaixonados são andarilhos
Idoso caminhando no campo de centeio, óleo sobre tela, laurits andersen ring, s/d, coleção particular

A consciência da necessidade de praticar exercícios físicos é recente. “No começo, era o pé”, diz o antropólogo Marvin Harris. O pé, não a mão. A mão nos fez humanos – mas antes de sermos humanos somos parte do reino animal, e o nosso corpo precisa atender às necessidades que os animais enfrentam, entre elas a do deslocamento. O ser humano evoluiu, tornou-se bípede, mas continuou caminhando. E passou a usar a caminhada para outros fins que não o de chegar a um lugar específico: o de buscar determinada coisa. Praticar exercícios físicos é algo relativamente recente, mesmo porque, no passado, o sedentarismo era a exceção antes que a regra; caçadores, agricultores, trabalhadores em geral jamais pensariam nisso. Mas muito cedo o ato de caminhar adquiriu um significado psicológico, simbólico. O protesto político muitas vezes se fez, e ainda se faz, sob a forma de marchas, de caminhadas; foi o caso da Marcha dos 100 Mil (1968), um dos primeiros protestos organizados contra a ditadura no Brasil. Os filósofos gregos muitas vezes ensinavam a seus discípulos caminhando. “Levanta-te, toma teu leito e anda”, diz o Evangelho (João, 5:8), ou seja, vá em busca de seu destino, de seus objetivos. E Santo Agostinho cunhou uma expressão famosa: Solvitur ambulando, caminhar resolve (os problemas, as dúvidas). Por quê?

No livro Wanderlust: a history of walking (A ânsia de vagar: uma história da caminhada), de 2000, Rebecca Solnit diz que andar permite “conhecer o mundo através do corpo”, ou, nas palavras do poeta modernista Wallace Stevens (1879-1955): “Eu sou o mundo no qual caminho”. Trata-se, pois, de uma experiência cognitiva, muito necessária nesses tempos em que as pessoas se deslocam sobretudo utilizando carros, trens, aviões. Mas caminhar também envolve um processo de autoconhecimento, quando não de inspiração. “Os grandes pensamentos resultam da caminhada”, diz o filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900), uma ideia que Raymond Inmon expressa de forma mais poética: “Os anjos sussurram para aqueles que caminham”. O escritor francês Anatole France (1844-1924) faz uma comparação interessante: “ É bom colecionar coisas, diz ele, mas é melhor caminhar. Porque caminhar também é uma forma de colecionar coisas: as coisas que a gente vê, as coisas que a gente pensa”. Esse processo é facilitado pela renovação da paisagem, seja ela rural ou urbana, e pelo próprio automatismo do ato de caminhar.

Revista Mente & Cérebro n° 211, agosto/2010
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