Por Maria Maura Fadel
Será mesmo?
Na relação com aqueles "outros" com que dividimos nossos projetos de vida, sonhos, desejos e até a proximidade física e o carinho - sejam eles nossos pais, filhos, amigos, irmãos, cônjuges - é preciso aprender a fazer escolhas e negociar (primeiro conosco e depois com quem está por perto).
Negociar o quê?
Entregas e renúncias. Sim, porque, por mais desprendidos que sejamos, o que fazemos pode até beneficiar o outro, mas o fazemos, em primeiro lugar (e muitas vezes unicamente) por nós. Sempre há um ganho, uma satisfação - e isso não é um problema, é bom que haja. Psicólogos evolucionistas, por exemplo, se apoiam fortemente na ideia de que a espécie humana sobreviveu, em grande parte, graças às alegrias e recompensas - prazer sexual, sabor agradável dos alimentos e até a generosidade e o altruísmo, como foi provado cientificamente por William Harbaugh, professor de economia comportamental e experimental da Universidade de Oregon.
De outra óptica, a da dinâmica psíquica, a psicanálise expande esse horizonte e nos acena com a ideia da culpa que nos faz tomar inúmeras atitudes que às vezes transforma nossa vida, sem sequer nos darmos conta do quanto nos sentimos devedores - sabe-se lá do quê. Mas essa questão merece ser tratada com atenção em outro artigo.
Da revista Mente & Cérebro n° 215, dez/2010
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