quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O inferno são os outros (2/5)


Por Maria Maura Fadel


Será mesmo?


O ato de pedir licença nos lembra que há limites - nossos e alheios - a serem reconhecidos e respeitados. Um corriqueiro "por favor" encerra o reconhecimento de que necessitamos da empatia e, em consequência, da atitude benevolente do interlecutor. A gratidão, no sentido do reconhecimento de que um benefício ou auxílio (por mínimo que seja) nos foi prestado, traz consigo duas ideias implícitas interessantes: primeiro a de que merecemos e podemos receber algo; segundo, somos capazes de perceber e aceitar algo de positivo que nos foi ofertado. Guardadas as devidas proporções e desdobramentos, tanto no microuniverso dos relacionamentos pessoais quanto nas trocas diplomáticas entre países, em última análise valem as mesmas estruturas que sustentam relações mais ou menos profundas e complexas.

Naturalmente, as palavras, por si sós, podem ser enganosas. Qualquer uma delas assume conotações diversas, dependendo do contexto e do tom com que são pronunciadas. Ditas de forma sincera, conectadas ao que realmente sentimos e desejamos transmitir, ganham força inusitada. Aí surge o que costumo chamar de "o desafio do como": quando se trata de relacionamento, às vezes vale mais a forma que o conteúdo.

Da revista Mente & Cérebro n° 215, dez/2010


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