domingo, 30 de janeiro de 2011

É hora de procurar ajuda? (3/7)




por Robert Epstein

Em busca de um diagnóstico

Muitas pessoas chegam aos consultórios de psicologia e psicanálise ansiosas para encontrar um nome que abarque aquilo que sentem, uma palavra que encerre a dor, a angústia e, às vezes, a culpa ou as dúvidas que as afligem. Isso, porém, nem sempre é fácil, e de pouco adianta se o paciente não puder compreender o que se passa com ele e se responsabilizar pelo próprio tratamento, atribuindo sentidos a sua patologia. A atração que os testes exercem sobre muitos leigos (haja vista quantos questionários são respondidos nas revistas e na internet) pode ser explicada pelo desejo de quantificar e medir características pessoais e comportamentos. E em alguns casos eles têm sua função. Mas ainda que tenham validação científica e possam ser usados para ajudar a entender o quadro clínico, os testes não são definitivos, seja para medir inteligência, seja para determinar a presença de um transtorno mental. Sem dúvida, em algumas abordagens (e em determinados casos) eles são úteis na tarefa de oferecer informações que favoreçam a compreensão da situação clínica de forma mais ampla. Mas não sempre – e raramente de maneira perene. Há ocasiões em que as palavras impressas em um prontuário ou ditas por um profissional acerca de determinado quadro psíquico podem soar como uma espécie de sentença, promovendo a desastrosa rotulação do paciente. No Brasil, muitos psicólogos evitam recorrer a essa ferramenta, pelo menos no primeiro momento. Em vez de apostar em um diagnóstico único, pleno e “definitivo”, acreditam que, em muitos casos, mais importante que reduzir a situação a um único termo é ouvir o paciente, entender sua lógica e seus sintomas. Afinal, é na possibilidade de elaboração, ampliação do espaço psíquico e transformação que se embasa o ofício do psicoterapeuta. 


Da revista Mente & Cérebro n° 216, janeiro/2011

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