sábado, 31 de março de 2012

Para onde foi a sua iniciativa?



Dos dois aos doze anos, mais ou menos, você foi um iniciador por natureza. Quase sempre acordava antes dos seus pais, mexia em tudo o que não podia, perguntava sobre tudo e sobre todos e não parava de “incomodar” os outros até que alguém o fizesse calar subitamente.

Os meninos se tornavam bravos super-heróis, médicos, engenheiros, advogados, eletricistas ou cientistas antes mesmo de saber o que significava isso. As meninas, por sua vez, assumiam o instinto materno com suas brincadeiras de casinha e de boneca e isso era a coisa mais natural do mundo.

Nesse período, você vivia mergulhado num turbilhão de ideias que fluíam dos dois dos dois lados do cérebro continuamente sem se importar se aquilo valia a pena ou não. Você não tinha medo de perguntar nem de fazer alguma coisa por iniciativa própria, fosse proibido ou não. O fracasso não fazia parte do seu vocabulário. Você simplesmente fazia.

Com o tempo, você passou a encarar os problemas com o mesmo olhar dos seus pais, descobriu a existência da seletividade e da competitividade e passou a se comparar com os amigos de escola, de condomínio e de balada. Descobriu que ter coisas boas, de marca ou de grife, é bom, principalmente quando não precisa pagar por elas.

Aquela competitividade natural do ser humano ecoou em você a ponto de deixar seus pais malucos sobre como fazer para dar conta de todo aquele arsenal de coisas que você nem precisava tanto, mas deveria comprar para não ser hostilizado pelos colegas de escola, filhos dos vizinhos e primos ricos.

Ao mesmo tempo, sua criatividade desapareceu, não por completo, é óbvio, mas foi atrofiada diante da competitividade acirrada da qual você faz parte e que não dá tréguas. Em pouco tempo, você substituiu o rótulo do iniciador pelo rótulo de resistente e o medo passou a fazer parte do seu cotidiano.

Você já não põe mais o dedo na tomada, inadvertidamente, tampouco desmonta os eletrodomésticos de casa sem se dar conta de que alguém vai pegar no seu pé nem deita no chão para espernear, pois sabe que, por razões óbvias, isso pode se voltar contra você. Então, você apenas se submete e acompanha o fluxo da maré.

Além de tudo, para suprir a falta de iniciativa e a resistência natural da maioria das pessoas para as mudanças, o mundo inventou o YouTube, o Twitter, o Facebook, o Google e milhares de outras mídias para que você não tenha a menor preocupação com o futuro.

Com isso, você pode ficar conectado vinte e quatro horas por dia, sem se dar conta de que o tempo está passando, além de fugir da cobrança implacável dos pais e do mundo quanto ao futuro incerto que tem pela frente. A inércia dói menos do que o enfrentamento. De certa forma, ela resolve todos os seus problemas de emprego, de escola e posicionamento na sociedade.

O fato é que o mundo está mudando rápido demais e sem a chama da iniciativa, lamento dizer, não há outra escolha a não ser reagir às mudanças. Na prática, sem a capacidade de experimentar, de questionar, de instigar, você está simplesmente parado, à deriva, esperando ser levado pela corrente. Sem iniciativa, as maçãs continuarão caindo do céu, mas a única coisa que você poderá dizer é: só acontece comigo!

Onde foi parar a sua iniciativa? Por que você continua caminhando em círculos? O que você faz com aquele turbilhão de ideais que fluem todos os dias na sua mente? O que você vai fazer nos próximos cinquenta anos? Quantos milhares de vídeos você ainda precisa ver no YouTube antes de gravar a sua própria história?

A única saída é quebrar as regras ou reinventá-las. Tentar, tentar, tentar quantas vezes for necessário. Reconheço que é bem mais fácil deixar a vida nos levar, mas isso não muda o mundo. O que você está esperando? Que alguém lhe diga: vai, criatura, mexa-se? Quando você pode começar? Agora é melhor do que na segunda-feira, portanto, vejamos:

Pare de andar em círculos: deixe de ser orgulhoso e compre um mapa. A iniciativa por si só não é suficiente. Planeje, escreva, inicie um blog, assuma uma causa, seja um experimentador por natureza. A vida é pura experimentação, dizia Emerson, o grande pensador norte-americano. Grandes empreendedores são vistos com muito interesse todos os dias porque não tem medo de iniciar nem de errar.

 Pense diferente: você já está de “saco cheio” de ficar ouvindo os nomes de Bill Gates, Steve Jobs, Larry Page, Mark Zuckerberg e tantos outros? A diferença entre você e eles não são os bilhões de dólares que acumularam. A diferença básica é, e sempre será, a chama da iniciativa e da realização.

Um pouco de risco não faz mal a ninguém: o risco envolve ganhar e perder. Isso, para alguns, é ruim, pois representa uma enorme possibilidade de fracasso. São poucos os que colocam em jogo algo que pode valer a pena. A maioria das ideias fracassa, porém isso não significa que o seu projeto está condenado.

A regra de outro da iniciativa: vender é difícil, escrever difícil, fazer a diferença é difícil. Digo isso por experiência própria, portanto, trabalhe regularmente, seja consistente. Não existe almoço grátis. Em caso de dúvida, procure o medo. Ele é, na maioria dos casos, a fonte da sua dúvida. A iniciativa é uma habilidade escassa, por isso é rara e tem valor.

Pense nisso e seja feliz!

Publicado em 27-Feb-2012, 8:26 AM por Jerônimo Mendes

sexta-feira, 30 de março de 2012

A ousadia: do lento ao talento

 


Do tá lento para o talento, saiba que não existe mudança fácil quando temos que estudar para tirar um acento ortográfico e ainda fazer com que palavras, até então de significados medíocres, sejam unidas para formar algo que justifique um grande efeito para que sejamos visto como alguém interessante.

Por outro lado quando somos referenciados pelo que fazemos é porque temos como adição a obstinação pelo colocar em pratica o que acreditamos ter nas mãos. É nessa viagem de idéias que podemos compor o que chamamos de vantagem competitiva, por onde tudo que imaginamos como criativo só terá ordenação quando coligado com entendimento combinado entre tempo, disposição e ousadia.

O sucesso de um profissional vem da bagagem, da escolha e aproveitamento dos meios por onde esteve, da visão de direção a seguir, pela composição do estimulo para superar as cobranças e avançar. Algo do tipo, como num final de copa do mundo, jogo empatado, alguém é derrubado na pequena área, um pênalti, a maioria disfarça, mas alguém se dispõe a levantar a mão e sair para cobrar. Bom, se foi gol ou não, tanto faz, mas fico pensando sobre os valores e a autoconfiança dos que conseguem se antecipar e o que isso é importante para a formação do equilíbrio pelo enfrentar vitórias, fracassar e continuar buscando o que se acredita.

É o desafio e seu resultado que faz acontecer às coisas, e do jeito que o mundo vai sempre se complicando, hoje quem não aceita enfrentar o lado das dificuldades, dificilmente terá o reconhecimento, que está sempre pela medição do que fazemos de hoje para o futuro.

A história que fica para o futuro tem a ver com o que ainda não fizemos, ou seja, para ser melhor temos que ter adições ao que somos hoje e isso se encontra guardado dentro de cada um esperando pelo se soltar rumo ao uso. Fica aqui algo do tipo temos que ser mais, que conseguir sair dos sonhos pelo desejo de viver rumo a uma dinâmica felicidade, superando a imposição das exigências e conquistando o prazer pelas coisas a partir das mais simples.

Publicado em 21 de março de 2012, por Sérgio Dal Sasso, no site: www.gestopole.com.br

quinta-feira, 29 de março de 2012

O mundo é simples

A complexidade humana é difícil de ser entendida e atendida, disse-me certa vez um amigo. Concordo plenamente, porém, a questão complexa nesse caso é: o que leva o ser humano a dificultar tanto as coisas? Em certos aspectos, o ditado não muda: a gente vai morrer e não vai ver tudo.

Num rápido exame de consciência, existe razão para desentendimentos, falta de cooperação, intolerância, ódio, rigidez de pensamentos? De onde vem essa maldita tendência humana para o domínio das classes menos favorecidas? Será realmente necessário tentar provar algo para alguém o tempo todo?

Durante a vida inteira, o ser humano desperdiça boa parte da sua energia vital em coisas que não valem a pena. De uma forma ou de outra, ele está sempre tentando se posicionar na sociedade comprando coisas que não precisa, trabalhando em algo que nada tem a ver com a sua vocação e sustentando relacionamentos que, mais cedo ou mais tarde, terão um fim.

Apesar de isso variar de pessoa para pessoa, quem leva uma vida mais simples tem menos chances de morrer antes do tempo. E, perdoe a sinceridade, não me venha com essa de que a gente vai embora quando Deus quer. A forma como as pessoas encaram o mundo e administram a sua parte pode abreviar ou retardar esse tempo.

Quem me conhece sabe que eu não tenho projeto de morrer antes dos 100. Se, por alguma razão inesperada, isso acontecer, juro que não será culpa minha. Por essas e outras razões, a máxima de Sócrates, filósofo da Grécia antiga, tornou-se a minha bandeira: "Quantas coisas sem as quais posso viver tranquilamente".

O que significa ser simples? Isso daria uma boa tese de doutorado, porém, vou ser simples e conciso. Ser simples significa ser mais prático, menos formal, mais educado, menos malicioso, mais receptivo, menos tendencioso, mais racional, menos intolerante, mais intuitivo, menos crítico.

Quer um exemplo? Dia desses, eu estava almoçando com o meu filho mais velho no shopping e encontrei um amigo consultor que me apresentou a um dos investidores daquele restaurante onde nós estávamos. Eu sabia que conhecia aquele sujeito de algum lugar.

Sem formalidades, ele entrou no bate-papo e ali permaneceu por um bom tempo, na maior descontração, como se fossemos velhos conhecidos. Em torno de quinze minutos ou mais, despediu-se, trocamos cartão e ele se foi.

Alguns segundos depois, eu me dei conta de que se tratava do herdeiro de uma das maiores fortunas do Estado, sentado ali, sem mais nem menos, de camiseta, calção e chinelo, feliz por fazer parte de um novo empreendimento que não representa um milésimo dos negócios que a família tem.

O mundo é simples, portanto, para que dificultar as coisas? Imagine se a natureza decidisse conspirar contra nós. Ela não conspira, simplesmente faz o que tem que fazer, sem preconceito nem reclamações.

Pense nisso e seja feliz!

Publicado por Por Jerônimo Mendes, no site: www.gestopole.com.br

quarta-feira, 28 de março de 2012

Educação: inicio e fim

A compreensão de educação que obtemos através do tempo, remete-nos a existência de que tenhamos um orientador, um orientando e um conteúdo, e no final uma avaliação, bem como, um planejamento para que se chegue a um objetivo. Essa foi à forma mais simples que transcreveram a educação para nossos dias.
Seria fácil pensar assim, se não houvesse uma pessoa para transformar-se durante o período histórico e geográfico de sua estadia em um determinado lugar, que não podemos determinar, em razão de ser educada para o convivio social.
Há mais procedimentos entre os processos educativos que envolvem uma sociedade do que a simples regra de existir uma pessoa mais velha e uma mais jovem para que ocorra a educação.
Educar requer dos seus participantes, uma mudança de vida, se não ocorrer, não houve educação. Por isso, do fracasso dos modelos educacionais praticados no Brasil de longo tempo, pois a origem da educação não se encontra na relação de uma pessoa mais velha junto da pessoa mais nova, mais a possibilidade de ocorrer trocas constantes de informações e doutrinas familiares e construções de condutas em sociedade, não podemos limitar-nos a analisar algo que discipline como um procedimento organizador da educação ou para educação.
Neste contexto, deparamos com a verdade contida em uma escola sem finalidade, pois, para que as famílias enviem os seus filhos e filhas para escola?
Em observações recentes, encontramos o esfacelamento da família, ou seja, se levarmos em consideração o que a lei determina para a configuração de uma família, necessitamos mudar a lei, diante dos fatos reais na comunidade devido as politicas publicas, pois não temos hoje uma percentagem grande, da família formada por pai, mãe e filho (s), mais sim, agrupamentos de pessoas e nos sitio on-line, tomou o lugar do dialogo com o outro.
A particularidade de possuir uma vida voltada a atuação social, deu lugar a grades, edifícios com serviços diversos, alem de shopping, comunidades cercadas de forma privada.
Nem todos os cuidados levantados pelas famílias de todas as classes para se dar aos seus membros o que se identifica como uma vida de bem estar, não ofertou o efeito desejado. Encontramos hoje, o alto índice de violência doméstica, ou a violação do lar por pessoas estranhas, ou mesmo pessoa da família, intimas e nas ruas.
Evidente que a escola como instituição educacional faliu, pois a família esta desorganizada, assim os ideias de tornar a pessoa um ser social pela escola, como pensaram vários teóricos em educação através do tempo, não se confirmou com os bons métodos, quando colocados em ação nas regiões subdesenvolvidas ou em desenvolvimento e nas desenvolvidas, a desordem por falta de melhor estrutura humana que resplandece na sociedade devido o relacionamento domestico.
Mais uma vez, vemos na televisão os estragos feitos na escola dos Estado Unidos da Americado Norte, de mais um estudante em conflito com ele mesmo e com os outros, bem como em outros paises da Europa,Africa, Asia, Oceania, Oriente e Oriente médio, sobre questões etnicas.
Todas as instituições ligadas a educação, hoje,  são verdadeiros palcos para envolvimentos políticos e formação de grupos organizados para se perpetuarem na administração do Estado, ou seja, os cabides para colocar os súditos políticos, também serve hoje, para localização de pessoas que se identifiquem para servirem de instrumentos de controle politico da escola, conscientes ou não, mais são professores que oferecem o que tem de melhor, para controlar outros professores de acordo com o interesse pessoais e politicos, e ainda, ocorre as pessoas que defendem essa negação individual, social e profissional do que deveria entendermos como ser social, afirmando que o “mundo é dos expertos”, trágico meio para demonstrar a imoralidade humana.
Hoje, se defende um aumento salarial para os professores no mês de janeiro de cada ano, ou seja, anualmente os professores teriam aumento salarial, sem a necessidade de sair as ruas para mostrar a sociedade o descaso com a educação.
Essa caminhada deveria ser constante, não só quando o salário é negado, pois enquanto se nega um piso salarial para a categoria de professores, os gatos e os gastos com a máquina publica pelos seus administradores e a corrupção tem levado a sociedade a falência de seus bens mais preciosos, o direito subjetivo de ter direitos.

Jrg230460@gmail.com

Publicado em 28-Feb-2012, por Jorge Rocha Gonçalves, no site: www.gestopole.com.br

terça-feira, 27 de março de 2012

EDUCAÇÃO, UM PROBLEMA DE GERAÇÕES

 por Benedicto Ismael C. Dutra



Uma informação que chama a nossa atenção no Enem 2011 foi a devolução, por 51 mil alunos, da prova de redação em branco, isto é, não escreveram nenhuma frase. Outras mais de 130 mil redações dos alunos foram desclassificadas por alguma impropriedade gritante. A dificuldade para escrever um simples relato atinge boa parte dos estudantes. Isso indica que a escola não cumpriu a sua missão de dar ao aluno um preparo mínimo para a redação de um texto, mas também que os alunos se encontram num estágio mental de baixo nível, o que pode ser atribuído a um grave descuido dos pais.

Com certeza, o descaso na educação e no preparo das novas gerações não é de hoje. Vem de um passado distante, sempre que os pais não dispunham de tempo para se dedicarem aos filhos adequadamente e necessitavam que os mesmos entrassem logo na atividade produtiva para ajudar a família a enfrentar a luta pela sobrevivência. As pessoas aprendiam a trabalhar com seus pais. Minorias mais esclarecidas se esforçavam em retardar o ingresso dos filhos no mercado de trabalho para que pudessem adquirir boa formação educacional. Ao mesmo tempo davam ao livro um lugar de destaque no lar, onde sempre havia uma estante com vários exemplares.

Com as mudanças na economia e na produção,  as novas gerações passaram a necessitar da alfabetizaçao e aprender a raciocinar com lucidez para adquirir habilidades profissionais. Isso foi em muitos casos obtido com a prática da leitura, hábito que ficou perdido ao longo do tempo no afã de manter a mente distraída com qualquer bugiganga emburrecedora mostrada na TV ou com os jogos eletrônicos. 

Jovens despreparados acabaram se tornando pais e mães sem que antes tivessem obtido a necessária experiência para dar aos filhos gerados uma boa base para a educação. Com uma escola de baixo nível fritou-se a omelete da ignorância, temperada com o emburrecimento e maus exemplos produzidos pelos filmes e pela TV. Agora todos correm atrás do prejuízo, pois a vida que poderia ser maravilhosa explode num vale de lágrimas: em 90 % das cidades brasileiras consome-se crack, um veneno que está se espalhando e fazendo novas vítimas a cada dia. Com a população mais jovem fragilizada pela deficiente educação e pela expansão no uso das drogas, o Brasil, o país do futuro, tem seu futuro comprometido sem que sejam planejadas ações mais adequadas, como tem sido feito nos países desenvolvidos e administrados com responsabilidade.

A educação tem sido um tabu intocável.  Nas colônias os dominadores não viam com bons olhos a boa formação educacional de seus colonos. As correntes dominantes impõem seus pressupostos às novas gerações para manter o domínio e a submissão. Atualmente, enfrentamos a rigidez dos currículos escolares e a pobreza do material didático disponibilizado.

Num mundo de falsidades onde as pessoas escondem seus sentimentos egoísticos, ocultando-os com palavras enganadoras que encobrem a verdade, o "como educar" as novas gerações se torna um grande dilema. Temos de considerar o ser humano como uma totalidade  para o qual não é suficiente apenas o aprendizado profissional. Necessitamos da Luz da Verdade. As novas gerações necessitam estar aptas a pesquisar o sentido da vida e perceber que nossa tarefa é cooperar para o desenvolvimento progressivo que produza alegria e paz para todas as criaturas. Uma educação que não conduzir a isso não pode ser qualificada como educação.

Publicado em 24-Feb-2012, por Simone Bertelli, no site: www.gestopole.com.br

segunda-feira, 26 de março de 2012

A mente tem um poder imenso...

Através do pensamento podemos passar da pobreza para a abundância, da tristeza para a alegria, do fracasso para o sucesso, da doença para a saúde.

O nosso subconsciente tem um poder impressionante. Se ao acordar você disser "Que dia lindo! Como estou bem!" ou "Que dia horrível... Não estou me sentindo bem" saiba que o seu dia será um reflexo desse pensamento. Portanto, ocupe sua mente com pensamentos harmoniosos, saudáveis, alegres, prósperos e sábios.

A lei que rege a nossa mente é a fé. Para obter tudo o que deseja, é preciso saber pedir. Pense que você é o jardineiro de sua vida, portanto procure plantar continuamente bons pensamentos. Tenha cuidado com o seu pensamento, pois ele pode gerar um efeito. Se você desejar mal a alguém, este mal pode voltar para você. Ao invés de dizer não se esqueça, diga lembre-se. Vigie seus pensamentos para que sejam positivos.

Através do pensamento podemos passar da pobreza para a abundância, da tristeza para a alegria, do fracasso para o sucesso, da doença para a saúde. Através da mudança do pensamento, podemos mudar a nossa vida. Quando você diz repetidamente que é capaz de alguma coisa, sua mente aceita isso ao pé da letra e providencia para que você consiga alcançar o que deseja.

Ao mudar o nosso pensamento, podemos mudar a nossa vida. Saiba que o maior poder que temos é o da escolha. Por isso:

    Escolha a saúde, a abundância e a vida!
    Escolha o amor e a felicidade!
    Escolha a cordialidade.
    Seja prestativo, alegre e simpático.

Quando escolhemos ser prestativos, alegres e simpáticos teremos um melhor retorno das outras pessoas.

O que você forma em sua mente é tão real quanto qualquer parte do seu corpo. Seu subconsciente amplia tudo o que nele é depositado, quer sejam idéias de riqueza ou de pobreza. Pense o bem para os outros e estará, na verdade, pensando o bem para si próprio. Os chineses já diziam que "um quadro pode valer mais que mil palavras".

Temos diversos exemplos de pessoas que acreditaram que algo lhe aconteceria com tanta fé que viu seu pensamento se realizar. Quantas vezes ouvimos alguém dizer: imaginei isso desse jeito, aconteceu do jeito que sonhei, era assim mesmo que eu queria. Quantos atletas chegam à vitória e declaram que imaginaram o momento? Quantos jogadores fazem um gol e declaram que foi do jeitinho que pensaram? E você? Quantas vezes viu acontecer uma coisa que imaginou?

Uma das palavras mais fortes da bíblia é fé. Portanto, acredite! Tenha fé que as coisas mudarão para melhor na sua vida!

Sonia Jordão é especialista em liderança, palestrante, consultora empresarial e escritora. Autora do livro "A Arte de liderar – Vivenciando mudanças num mundo globalizado", e dos livros de bolso "E agora, Venceslau? – Como deixar de ser um líder explosivo" e "E agora, Lívia? –

Desafios da liderança".


Portal: www.soniajordao.com.br


Publicado em 28-Feb-2012, por Sonia Jordao, no site: www.gestopole.com.br

domingo, 25 de março de 2012

Sobre egoísmo e altruísmo

Autor: Tom Coelho



Vivemos em um mundo não de escassez, mas de abundância. Porém, o
individualismo dilacera a possibilidade do compartilhar.



"Uma pessoa é única ao estender a mão,

e ao recolhê-la inesperadamente se torna mais uma.

O egoísmo unifica os insignificantes."
(William Shakespeare)



Em um intervalo de duas semanas assistimos a três eventos trágicos que
ceifaram vidas: a garotinha atingida por um jet sky, a adolescente vitimada
por um brinquedo em um parque de diversões e a ciclista atropelada por um
ônibus. Embora eventos distintos, guardam correlações que merecem reflexão.

No caso da pequena Grazielly Lames, que pela primeira vez em seus tenros
três anos de vida avistava o mar e pisava a areia da praia, chama-nos mais a
atenção não o fato de o menor de 13 anos estar ou não conduzindo o veículo
na ocasião, mas sim de ter fugido na companhia de sua mãe em um helicóptero,
enquanto a criança aguardava 40 minutos por socorro. O egoísmo latente, a
preocupação exclusiva com os próprios interesses e a negligência diante da
responsabilidade pelo ato impediram que o mesmo helicóptero prestasse pronto
atendimento à menina.

No evento do Hopi Hari, causa-nos indignação saber que o assento que vitimou
Gabriela Nichimura estava inadequado para uso havia dez anos, sem que
qualquer providência tivesse sido tomada. Porém, mais do que a omissão da
empresa, a falta de liderança e comando, e o flagrante desrespeito às normas
mínimas de segurança, foi repugnante ver o parque continuar suas atividades
naquele dia fatídico e ainda abrir suas portas no dia seguinte como se tudo
estivesse dentro da mais absoluta normalidade.

Por fim, a bióloga e pesquisadora Juliana Dias, que fazia da bicicleta seu
meio de transporte, obedecendo às normas, à sinalização e portando os
equipamentos de proteção devidos, sucumbiu após ser fechada por outro
veículo que também se evadiu do local sem prestar socorro. Vítima da guerra
pelo espaço urbano em uma cidade desestruturada que não consegue conferir
mobilidade aos seus cidadãos.

Três eventos, três vidas que se foram prematuramente. Indícios de uma
sociedade fragmentada, individualista e em franco processo de apodrecimento.
Vivemos em um mundo com sete bilhões de pessoas, com acesso aos mais
diversos recursos e à comunicação instantânea, mas paradoxalmente estamos
cada vez mais isolados, encasulados, urgentes e inertes.

Isso me faz lembrar o planeta pós-apocalíptico retratado pelo diretor
australiano George Miller em sua trilogia "Mad Max", que alçou o ator Mel
Gibson ao estrelato a partir de 1979. Mas aquele era um mundo de escassez,
de luta pela sobrevivência e não um mundo de abundância como o que temos
hoje.

É mais do que urgente resgatarmos alguns valores em nossa sociedade. Pais
que não dialogam com filhos, vizinhos que não se conversam, colegas de
trabalho que não compartilham experiências e preferem viver entrincheirados,
evitando expor-se, ficando à espreita por uma oportunidade para dar o bote e
subir um degrau a mais mesmo que em detrimento do outro.

Há uma atitude moral que precisa ser praticada, difundida e valorizada. Ela
atende pelo nome de altruísmo.


* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em
17 países. É autor de "Somos Maus Amantes - Reflexões sobre carreira,
liderança e comportamento" (Flor de Liz, 2011), "Sete Vidas - Lições para
construir seu equilíbrio pessoal e profissional" (Saraiva, 2008) e coautor
de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
<mailto:tomcoelho@tomcoelho.com.br> tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite:
<http://www.tomcoelho.com.br/> www.tomcoelho.com.br e
<http://www.setevidas.com.br> www.setevidas.com.br.

Recebido do autor por e-mail

sábado, 24 de março de 2012

ERRADICAR A POBREZA

 por Benedicto Ismael C. Dutra


Um novo modelo de desenvolvimento terá de considerar em primeira linha a evolução integral do ser humano

Já podemos falar que realmente a pobreza se instalou nos países periféricos em vista do tríplice aspecto da miséria: a material, a educacional e a espiritual. Mais de três bilhões de pessoas vivem na miséria total: pessoas doentes e desnutridas, com moradias precárias sem esgoto, falta de educação e preparo para vida. A miséria avançou devido ao descaso da humanidade com o futuro. Caberia aos governantes impedir a multiplicação da miséria, mas o sistema criado se tornou rígido, voltado para interesses imediatistas na busca de vantagens, com o emprego da astúcia como a consequência lógica da sintonização voltada exclusivamente para o materialismo.

Nisso as religiões também tiveram a sua parcela de responsabilidade ao desenvolver postulados acomodatícios para reter os fiéis em suas fileiras. Como dizia Christopher Hitchens: “a religião envenena tudo”.

Diante do flagrante aumento da miséria muitos órgãos internacionais passaram a debater a questão propondo soluções. No entanto, para erradicar a miséria temos de levar em consideração dois fatores: a importância do esforço individual e a obstrução impeditiva feita por aqueles que, egoisticamente, obstruem a passagem para a mesa sempre posta que a natureza nos oferta.

Encontrar as causas não teria sido difícil, mas preferiu-se a busca de culpados. Os seres humanos deveriam ser fortes, independentes, sem ficar esperando tudo de “mão beijada”. Temos de nos preparar, exercitar a vontade própria, por o querer em ação, estabelecer metas, por-se em movimento. 

Muitas teorias foram desenvolvidas sobre as causas da miséria, sem que seus autores se aproximassem da raiz espiritual das dificuldades que se precipitam sobre a humanidade. Precisamos entender o que há por trás de teorias que colocam a culpa da miséria no capitalismo ou na lógica do mercado que reforça as desigualdades, ou daquelas que, para alcançar a riqueza, propõem um desenvolvimento sem limites, fundado no consumismo que transformou a natureza em mercadoria, destruindo o equilíbrio ambiental, no ser humano em mero instrumento de trabalho que não pode parar de consumir, e nos Estados em deficitários devedores soberanos.

“O capitalismo, na sua atual forma, já não se encaixa no mundo que nos cerca. Falhamos ao não termos aprendido as lições da crise financeira de 2009. A transformação global é urgente e tem de começar com o restabelecimento de um sentido global de responsabilidade social”, disse o fundador e presidente executivo do fórum econômico mundial, Klaus Schwab, em comunicado na página do evento, na internet.

O problema não está no capitalismo em si. No passado, o modelo adotado nas comunidades era mais humano, pois ligava os habitantes entre si para a produção de alimentos e a transmissão da cultura num modo de viver solidário, integrado à natureza. Esse modelo deveria ter evoluído para formas mais avançadas, mas devido à estagnação espiritual acabou retrocedendo na escala evolutiva. A estagnação espiritual reteve a humanidade acorrentada ao mundo material e seus aspectos restritivos, culminando na aspereza do economicismo financeiro. Aos poucos, a ciência afastou-se do reconhecimento das leis da natureza para ater-se unilateralmente às leis da busca do lucro máximo e valorização do temporário. E deu no que deu: um modo de viver desumano, alienado do sentido da vida, criando-se uma civilização aprisionada ao lucro, à acumulação financeira e de poder de dominação, sem levar em consideração a real evolução humana.

Para que um progresso duradouro seja alcançado, deverá surgir um novo modelo de desenvolvimento que terá de considerar em primeira linha a evolução integral do ser humano nos seus aspectos materiais, éticos e espirituais, sem esquecer que neste planeta acolhedor somos apenas hóspedes em peregrinação e, portanto, temos de reconhecer e respeitar os seus sábios mecanismos naturais de conservação.

Publicado em 16-Feb-2012, por Simone Bertelli, no site: www.gestopole.com.br

sexta-feira, 23 de março de 2012

Educação Escolar

                    A educação escolar vem, nos últimos anos, representando um fator importante a ser debatido junto a diferentes setores da sociedade por questões óbvias. O crescente impacto causado ao meio ambiente escolar por conta de sucessivas ações antropogênicas não adequadas como práticas educativas sem sentido, bullying, falta de parceria e outros, tem provocado a criação de diferentes instrumentos inovadores da prática diretiva para suprimir ao máximo os problemas enfrentados pela falta de compromisso no ambiente intraescolar e de uma conscientização acerca da importância do equilíbrio climático desse espaço. Uma proposta seria trazer a discussão de forma definitiva e permanente para dentro das escolas de ensino fundamental e médio, iniciando, através de uma prática persuasiva, consciente e dinâmica, a formação de opinião e atitude sobre questões relacionadas ao meio ambiente educacional e, consequentemente, buscar mudanças comportamentais nos espaços intra e extraescolar através de resultados apresentados numa pedagogia de projetos gerenciados e desenvolvidos durante o ano letivo em todas as áreas do núcleo comum, através de uma ação coordenada, consciente e participativa (SILVA, M. F., 2012).

Publicado em 21-Feb-2012, por Marte Ferreira Da Silva, no site: www.gestopole.com.br

quinta-feira, 22 de março de 2012

Capacitação Escolar

Ao levantar dados sobre a prática diária de gerenciamento de escolas e sua importância pedagógica para a formação do alunado, além da orientação de professores e funcionários das unidades escolares, deve-se produzir uma proposta de reestruturação e organização sistemática do currículo de gestão com o objetivo de um melhor conhecimento escolar e uma adequada divulgação da importância de conhecer, valorizar e cuidar do ambiente local em que se vive, pautada numa visão mais globalizada e sócio-educacional sustentável. Logo, através de um trabalho de conscientização ambiental, dentro de uma visão pedagógica dirigida ao processo de ensino e aprendizagem, a gestão participativa disseminará uma proposta de cultura de recuperação da prática diretiva com vistas no enriquecimento intelectual e na preservação do patrimônio ambiental local, buscando o equilíbrio climático social através de projetos específicos dentro de um espírito de coletividade e pertencimento que promova a redução da evasão escolar assim como a redução também da indisciplina e violência dentro das escolas nos seus diferentes aspectos. É certo que um grupo bem orientado acerca do ambiente em que se encontra e tendo a oportunidade de desenvolver projetos de seu interesse dentro das diferentes áreas, pode-se ter ai, um fator inibidor para a prática de atos de violência dentro da unidade escolar por parte dos alunos, criando assim, um comprometimento com a causa da sua formação pessoal e de seus pares. A participação e criatividade do gestor são imprescindíveis para que todo o processo de conscientização e capacitação, que se inicia com a equipe de educadores que compõe a escola e termina com os discentes da unidade, tenha resultados satisfatórios no decorrer do ano letivo e consequentemente alterações dentro do muro escolar e junto à comunidade do entorno da escola (SILVA, M. F., 2012).

Publicado em 22-Feb-2012, por Marte Ferreira Da Silva, no site: www.gestopole.com.br

quarta-feira, 21 de março de 2012

Pobres mulheres ricas



Fala sério! Você gostaria de ser uma das celebridades participantes do programa Mulheres Ricas, exibido pela BAND, ou do BBB, exibido pela Globo? Ainda não encontrei pesquisas sobre o assunto, mas algo me diz que, se a população fosse consultada, mais de 90% não hesitaria em emitir um sonoro “sim”.

Em tempos de celebridades fabricadas da noite para o dia, há muita gente concentrada num único objetivo: tornar-se uma celebridade instantânea e carregar a vaga esperança de ficar rico num piscar de olhos. E o pior de tudo isso é que existem pais que incentivam os filhos a perseguir objetivos dessa natureza ou profissões para as quais eles não têm a mínima afinidade ou vocação.

Mulheres Ricas é um pouco diferente. O programa é uma péssima mistura de reality show com exibicionismo e pobreza de espírito, afinal, o que pode ser mais pobre do que ver e ouvir alguém que se diz rico esbanjar dinheiro em coisas tão banais quanto a existência do próprio programa?

Alguém me diz que a televisão é entretenimento, mas, perdoe a minha falta de sensibilidade com o gosto do público que aprova esse tipo de programa: o que se pode aprender com falsas celebridades ricas tentando ensinar as pessoas a gastar dinheiro inutilmente em coisas que só servem para empobrecer o espírito?

É impossível contradizer o fato de que a televisão e a própria internet democratizaram o acesso à informação em todos os cantos do mundo, exceto para algumas culturas fundamentalistas do Oriente Médio e outras mais fechadas como a chinesa.

Da mesma maneira, é impossível negar que esse excesso de democracia também facilitou a ridicularização do ser humano através da banalização do corpo, da violência gratuita e da hipocrisia disfarçada de reality show. É o ser humano no seu estado mais primitivo, o qual se rendeu ao entretenimento de baixo nível em troca de quinze minutos de fama e alguns anos de decepção.

De minha parte, talvez eu esteja ficando velho e crítico demais, não dá para entender o que se passa na cabeça das pessoas que adoram esse tipo de programa, por algumas razões básicas: 1) não acrescentam nada ao baixo nível de cultura da população brasileira, em geral; 2) a maioria das colocações constitui uma afronta à inteligência das pessoas que conquistaram sua riqueza através do trabalho duro; 3) a superficialidade das ideias e o esbanjamento por si só ofende os milhares de excluídos desse país que lutam para conseguir ao menos uma refeição decente por dia.

Há muita coisa boa na televisão, entretanto, a impressão que se tem é a de que coisas boas são inúteis. Chego a pensar que o povo gosta mesmo é de sacanagem. A maioria quer ver o circo pegar fogo, como se diz na gíria. Bobagens dessa natureza são prato cheio para a mídia, caso contrário, certos programas não passariam do segundo episódio.

O que leva alguém a ser convencido de que isso é útil para o público? Não consigo imaginar outra coisa senão aquela vontade incontrolável de derrotar o concorrente, de conquistar mais pontos no IBOPE, de apresentar qualquer besteira que manipule o pobre telespectador e faça com que ele desperdice seu precioso tempo, desde que isso renda milhares de reais em anúncios.

Pós-modernidade? Sim. Oportunismo e mediocridade? Em absoluto, na sua mais pura essência. Contudo, segundo especialistas, trata-se do direito sagrado concedido ao ser humano para expor-se ao ridículo, sob pena de ser idolatrado ou execrado pelo julgamento popular.

Na prática, não deixa de ser uma escolha. Se é boa ou ruim, quem pode dizer? Apenas quem sente na pele a experiência de se expor abertamente pode testemunhar, mas o ser humano é orgulhoso por natureza. Prefere omitir a dizer que foi algo sem cabimento nem propósito.

Lições de tudo isso? Sempre existe alguma. Em Mulheres Ricas, é quase impossível. Penso que nem mesmo as protagonistas aprendem com isso. Se fosse possível extrair alguma lição de tudo isso, não diriam tanta bobagem coordenada pela produção. Mas o que importa de fato é estar em evidência na mídia.

O velho ditado ainda permanece: falem mal, mas falem de mim. Meu ego vale mais do que a minha reputação. É triste, mas é a realidade, contestável sob o ponto de vista moral e ético, porém, incontestável para o gosto popular.

Em Mulheres Ricas, as mulheres não têm culpa. Elas são apenas fruto da necessidade insaciável da mídia pelas coisas banais e da vontade incontrolável do ser humano para falar mal dos outros, de prejulgar e de preconceber valores diferentes dos seus.

Programas assim só existem porque, de certa forma, atendem ao clamor popular e correspondem à natureza humana de esconder os próprios defeitos. Sua audiência será cada vez maior, desde que não retire das pessoas a possibilidade de rir e julgar descaradamente as esquisitices alheias.

Pense nisso e seja feliz! 

Publicado em 22-Feb-2012, no site: www.gestopole.com.br, por Jerônimo Mendes

terça-feira, 20 de março de 2012

A rede do estresse



Do site: www.mentecerebro.com.br, em 06 de março de 2012

Pressões sofridas no trabalho podem prejudicar relações sociais e afetivas

benchart©shutterstock

Se prazos curtos, jornada excessiva e atitudes hostis de colegas fazem parte do seu dia a dia no trabalho, é muito provável que esses fatores não afetem somente você. Segundo estudo da Universidade Baylor, no Texas, publicado no Journal of Organizational Behavior, a onda de estresse pode atingir seus amigos, parentes, parceiros amorosos e até mesmo quem trabalha com eles.

A psicóloga Merideth Ferguson entrevistou ao longo de várias semanas profissionais de diferentes áreas e as pessoas que viviam com eles. Ela observou que relatos de conflitos conjugais, por exemplo, eram mais frequentes entre os parceiros de funcionários que diziam ser tratados de forma indelicada pelo chefe ou colegas – fator que se mostrou mais relacionado ao estresse que a carga horária excessiva ou a pressão para o cumprimento de metas.

“O estresse ligado ao trabalho pode se manifestar em oscilações de humor, distúrbio do sono, dores de cabeça e problemas digestivos. Considerando esses sintomas, é de imaginar que seja difícil separar as tensões profissionais da vida pessoal”, diz Merideth. Para a pesquisadora, a maneira pela qual cada um lida com exigências e frustrações torna as pessoas mais ou menos propensas a propagar a rede de estresse. “Encontrar meios de relaxar regularmente e ficar atento aos próprios pensamentos – identificando, por exemplo, quando um sentimento relativo ao trabalho serve como gatilho para discussão com o namorado ou a namorada – pode ajudar a conter a 'onda' do estresse”, observa.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Atendimento psicanalítico de crianças

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 02 de março de 2012

Antes de iniciar a análise é fundamental que o profissional compreenda o que de fato a família está solicitando ao analista
 
dedMazay ©shutterstock

por Adela Stoppel de Gueller

O fato de a criança não vir sozinha ao consultório pedir análise não é um mero incidente, mas um elemento estrutural que deve ser levado em consideração nesse tipo de atendimento. Por isso, é fundamental analisar, em cada caso, quem pede e o que pede aquele que demanda um tratamento em nome da criança. Aqueles que fazem essa solicitação geralmente são os pais (ou um deles), mas é também muito frequente que venha da escola, do médico ou ainda do abrigo onde a criança vive ou do Conselho Tutelar. O termo “demanda” foi introduzido como conceito na psicanálise por Jacques Lacan e, a partir daí, tornou-se frequente utilizá-lo para avaliar a possibilidade de iniciar um tratamento. Em francês, demande significa “pedido”, mas também “pergunta”; por isso, podemos dizer que o surgimento de uma indagação sobre o sofrimento psíquico é o que tomamos como indicador desse movimento de busca de análise.

Quando os adultos procuram tratamento para si mesmos, eles falam, explicam, detalham sua história, fazem piadas e usam metáforas – elementos que faltam à fala da criança. Os pequenos brincam, e é nesse brincar que lemos seu dizer e os empecilhos que encontram para fazê-lo. Mas será que a criança quer saber aquilo que diz? E, ainda, será que a infância é o tempo de se apropriar desse saber? Essas questões surgem ao pensarmos em tomar uma criança em análise. É isso que queremos saber quando perguntamos se a criança tem um demanda própria de tratamento.

Talvez a psicanalista Melanie Klein não tenha formulado esse tipo de questão por ter partido do pressuposto de que todas as crianças poderiam se beneficiar do processo terapêutico. Anna Freud levantou questões semelhantes e, por esse motivo, pensava que seria essencial haver um tempo de trabalho preliminar para que a criança tomasse consciência de sua enfermidade. Só então ela saberia se o tratamento poderia beneficiá-la e de que forma. Como estamos hoje, passados 80 anos do início dessa discussão entre as duas grandes mães da análise de crianças? Consideramos que a criança pode constituir um discurso próprio, que ela tem autonomia para demandar uma análise em seu próprio nome? Uma criança pode se perguntar sobre o que não vai bem com ela, indo além dos questionamentos e da autorização de seus pais ou responsáveis? Frequentemente, a criança e seus pais não chegam com uma pergunta ou demanda específica de análise, mas com pedidos e queixas que têm outra estrutura. O trabalho preliminar consiste, então, em viabilizar a constituição de uma demanda analítica.

O paciente precisa acreditar que vai encontrar na análise resposta para seu sofrimento. O analista sustenta sua intervenção pela convicção de que o inconsciente – esse Outro que vive em nós, ao mesmo tempo íntimo e completamente alheio, que o sujeito não domina – tem um saber e, para acessá-lo, é preciso deixar o Outro falar. Lacan chamou essa função de “sujeito suposto saber” (S.s.S.). Se aquele que consulta pode supor um saber do Outro sobre seu sofrimento e suporta não ouvir uma resposta imediata, o analista passará a fazer parte do campo no qual a pessoa se faz ouvir e, assim, poderá participar da configuração desse campo. O terapeuta passa então a fazer parte do sintoma. Freud denominava essa criação artificial de neurose de transferência. Como a criança ainda se remete ao Outro e o identifica com sujeitos que reconhece como distintos dela e dos quais depende, a “não resposta” do adulto – que pode ser o silêncio, a ocultação, a mistificação ou a ignorância – a quem ela endereça uma pergunta produz sintomas, inibições, somatizações ou uma queda livre sem fim.

Ao não encontrar resposta, a criança perde as referências simbólicas que lhe permitem continuar pensando, e são produzidos entraves em sua constituição. Por isso, podemos situar o lugar do analista de crianças como um ponto de teatro. Ele não tem o roteiro em mãos, mas está atento às interrupções da fala. A resposta do adulto não precisa ser uma explicação exaustiva. Em alguns casos, é suficiente um gestode reconhecimento e validação da pergunta da criança. O que fica difícil para ela é a não resposta ou que o adulto ignore a pergunta que lhe foi endereçada, porque, assim, ela não se sente reconhecida como sujeito. Cabe ao analista “recolher” a pergunta da criança e colocá-la novamente em circulação. Possibilitar que os pais sejam interlocutores do filho (ou voltem a sê-lo) é a principal função do analista que trabalha com a criança e sua família. E, quando isso não é possível, tentamos fazer com que a criança restabeleça a confiança no Outro, único modo de ela acreditar que vale a pena falar. Como diz o psicanalista José Attal, com as crianças o S.s.S. toma muitas vezes a forma de um “sujeito suposto adivinhar”. Segundo ele, isso se deve “ao fato de a criança estar num momento de recalque”, mas também podemos acrescentarque o pensamento mágico e onipotente, próprio
do narcisismo, é predominante na infância.

A oferta do psicanalista é sua escuta, o que implica não responder à demanda de imediato. Só assim é possível transformar a urgência daquilo que se apresenta como uma necessidade vital numa demanda/pergunta que deixa um resto sempre faltante a que chamamos desejo. As crianças têm perguntas que pedem respostas. É tarefa do analista acolhê-las durante o tempo necessário para que os pais possam estar ou voltar a estar em condições de continuar uma interlocução fecunda com os filhos.

domingo, 18 de março de 2012

Transtorno mental

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 27 de fevereiro de 2012

São Paulo lidera as estatísticas mundiais
 
©A.R. Monko/shutterstock

Cerca de 30% dos paulistas apresentam algum distúrbio mental, de acordo com um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 24 países. A prevalência é a maior em relação a pesquisas semelhantes feitas em outros lugares do mundo.

O estudo foi coordenado pelo sociólogo Ronald Kessler, da Universidade Harvard e publicado na revista PLoS One em fevereiro, no artigo São Paulo Megacity Mental Health Survey e aqui no Brasil realizado no âmbito do Projeto Temático “Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na região metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica”, financiado pela FAPESP e encerrado em 2009. Entre os autores do artigo está Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP).

O pesquisadores se concentraram em estimar a prevalência, severidade e tratamento, de acordo com o DSM-IV. Foram examinados correlatos sócio-demográficos, aspectos da vida urbana como a migração interna, exposição à violência e privação social nos últimos 12 meses. Eles descobriram que os transtornos de ansiedade foram os mais frequentes, acometendo cerca de 20% das pessoas, seguido do transtorno de humor (11%), impulsividade (4,3%) e uso de substâncias (3,6%).

É previsto que o crescimento da população mundial se concentre nas grandes cidades, especialmente nos países em desenvolvimento. São Paulo fornece um aviso prévio sobre a carga de transtornos mentais associados ao aumento de desigualdades sociais, econômicas, estressores ligados à rápida urbanização e deterioração da saúde.

Localizada no sudeste do Brasil, a cidade detém mais de 10% da população brasileira e é a quinta maior área metropolitana do mundo, com cerca de 20 milhões de habitantes. É considerado um importante centro industrial e comercial na América Latina. Entre 1997 e 2007, o processo de urbanização aumentou a população em 10% na cidade e 25% em áreas periféricas e municípios à sua volta. Este crescimento é em parte uma conseqüência da migração rural-urbana mobilidade e dos migrantes de regiões pobres do Brasil, que buscam oportunidades de emprego, educação, assistência médica e melhores condições de vida. Como em outras áreas metropolitanas, essas mudanças levam à ocupação desordenada, falta de habitação e ampla crescimento de trabalho informal.

Esse contexto facilita o isolamento social e a dissolução das relações familiares primárias. O empobrecimento associado a essa situação produz violência, aumenta as taxas de homicídio, insegurança, tornando propício o desenvolvimento de transtornos mentais.

Ao cruzar as variáveis, os pesquisadores concluiram que as mulheres que vivem em regiões de alta privação, são as que mais sofrem de transtorno de humor, enquanto que homens migrantes têm mais transtornos de ansiedade. “É necessário que haja rápida expansão no sistema brasileiro de saúde do setor primário e trabalho focado na promoção da saúde mental. Essa estratégia pode se tornar um modelo diante de poucos recursos em uma área altamente habitada como São Paulo”, diz Kessler.

Para Laura, não é possível ter um serviço especializado em todas as unidades, por isso é preciso equipar a rede com pacotes de diagnóstico e de conduta a serem utilizados pelos profissionais de cuidados primários. É preciso capacitar não só os médicos, mas também os agentes comunitários, que devem ser orientados para identificar casos não tão comuns como os quadros psicóticos, levando em conta os fatores de risco associados aos transtornos mentais.

sábado, 17 de março de 2012

Emoções sob controle

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 17 de fevereiro de 2012

Conhecer o que sentimos e respeitar os próprios limites pode evitar desgastes emocionais desnecessários

©Benjamin Haas/shutterstock

As exigências constantes para comunicar e perceber sentimentos alheios, quando nem sempre se está preparado para essa tarefa, acarretam uma sobrecarga de estresse profissional. Para muitos, encontrar a forma mais adequada de se comportar diante de dilemas que implicam afetos, disputas de poder e manipulação da própria expressão de sentimentos desperta profundas inseguranças.

Em quase todas as profissões espera-se, como “demandas emocionais padrão”, certa dose de simpatia e de prazer na atividade desempenhada. Cada profissão, porém, apresenta peculiaridades e, obviamente, não se trata de buscar agir de forma estereotipada – pois há poucas coisas mais irritantes do que ser atendido por alguém que lhe oferece respostas prontas, como se fosse uma máquina do outro lado da linha ou do balcão. Antes, a questão que se coloca é: como encontrar caminhos de equilíbrio para uma convivência saudável, sem cair em excessos?

É comum que educadores que trabalham com crianças pequenas, por exemplo, eventualmente apresentem emoções considerada negativas, como irritação, mas é fundamental que essa emoção seja expressada de forma comedida e adequada à situação. Mais importante que o “que” é o “como”. Já em bancos e hotéis, normalmente costuma ser desaprovado que um funcionário diga a um cliente, ainda que de forma educada, como realmente se sente – em geral, isso é interpretado como sinal de que alguma coisa deu errado. De juízes, policiais e psicólogos não se esperam demonstrações especialmente efusivas de emoção ou afirmações excessivamente pessoais. Pelo contrário: a postura indicada é a mais neutra possível, embora a empatia seja muito bem-vinda no caso de terapeutas.

Perceber os sentimentos alheios é outro aspecto do trabalho emocional. Se as interações sociais não decorrerem de forma rotineira – como é o caso de um porteiro de hotel que cumprimenta todos os hóspedes que chegam com um amigável aceno de cabeça –, torna-se necessário voltar a atenção para os sentimentos do outro a fim de colocar-se da melhor forma possível. Essa postura exige um dispêndio extra de energia. Mas, se esse movimento não ocorre, pode acontecer, por exemplo, de um cliente achar que não está sendo levado a sério: por mais simpático que seja um bancário, obviamente seria péssimo se ele simplesmente continuasse a sorrir quando um cliente demonstrasse preocupação com as altas taxas cobradas pela instituição ou tentasse renegociar uma dívida.

Apesar de, em geral, ser mais indicado manter a compostura e controlar a raiva, com submissão, falsa passividade e hipocrisia dificilmente a pessoa atingirá bons resultados. Aí entra uma questão pessoal, que quase sempre independe do ambiente: quanto mais uma pessoa olha para si buscando compreender os próprios mecanismos de funcionamento, responsabilizando-se (em vez de culpar-se) pelas situações que deflagram reações às vezes incontroláveis, fica mais tranquilo lidar com as angústias. E é até possível evitar uma armadilha comum: mudar de trabalho, de cenário e de colegas ou clientes, mas continuar vivendo os mesmos tormentos.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Vencendo Obstáculos

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 17 de fevereiro de 2012

Para alguns pesquisadores a capacidade de resistir a situações de dificuldade pode ser moldada com base numa mudança na educação formal e familiar

©Max FX/shutterstock

por Rabea Rentschler
Em meio às dificuldades estão as possibilidades”, teria declarado Albert Einstein. Muitos que já superaram uma crise partilham essa visão. E cada vez mais psicólogos, neurocientistas e sociólogos buscam compreender aspectos que podem fortalecer o psiquismo e ajudar as pessoas a vencer o sofrimento. É praticamente impossível quebrar um mousepad. Nós podemos dobrá- lo, amassá-lo e bater nele – mas logo em seguida o objeto retoma sua antiga forma. A psique de algumas pessoas parece se comportar de forma semelhante: nem circunstâncias difíceis da vida nem golpes do destino conseguem tirá-las dos eixos. Outros, porém, passam por situações igualmente difíceis, ou até bem menos difíceis, e se mostram frágeis, como se tivessem enorme dificuldade para se recuperar de qualquer dor ou frustração.

Nos anos 50, a reação flexível a situações desafiadoras e estressantes da vida já fascinava o psicólogo americano Jack Block, da Universidade da Califórnia em Berkeley. Para descrever essa capacidade de recuperação psíquica, ou“ fenômeno joão-bobo”, ele recorreu a um conceito da física: resiliência. A palavra tem origem no latim resilire e significa “saltar para trás” ou “ricochetear”. Na ciência dos materiais, ela caracteriza aqueles que, apesar de terem suportado uma carga extrema, sempre retornam ao seu estado original – como a espuma com a qual os mousepads são fabricados.

Outro pioneiro das pesquisas em resiliência foi o sociólogo americano de origem judaica Aaron Antonovsky (1923-1994). Nos anos 60, na Universidade Hebraica de Jerusalém, ele acompanhou mulheres que estiveram presas em campos de concentração durante a Segunda Guerra. O resultado de suas observações foi surpreendente: aproximadamente um terço delas encontrava se em bom estado psicológico – o extremo estresse da internação parecia não ter afetado sua estabilidade psíquica.

Antonovsky passou então a pesquisar o que mantém as pessoas psiquicamente saudáveis – uma abordagem revolucionária em sua época, pois ele desviou o olhar das marcas características e desencadeadoras de patologias para focar a saúde. Em vez de partir de distinções entre “saudável” e “doente”, Antonovsky embasou seu conceito de salutogênese na ideia de um continuum, segundo o qual todo ser humano se move em algum lugar entre os dois polos. Se ele tem, nesse caminho, uma “coerência psíquica”, desenvolve então estabilidade mental e emocional – até mesmo em situações estressantes. O sociólogo define essa capacidade como “uma postura básica diante da vida que se expressa como um sentimento de confiança que permeia tudo; é uma sensação duradora e ao mesmo tempo dinâmica de que o mundo de experiências, tanto interno quanto externo, é previsível e existe uma grande possibilidade de que as situações se desenvolvam da melhor forma racionalmente
provável”.

Em seu livro Health, stress and coping, de 1979 (Estresse, saúde e enfrentamento, não publicado no Brasil), o sociólogo desenvolveu a tese de que o senso de coerência, que varia de uma pessoa para outra, é formado essencialmente por três componentes: o sentimento de compreensão de determinada situação, o entendimento do que pode ser alterado naquele contexto e a relevância. Para o pesquisador, quem pode recorrer a esses recursos mentais tende a permanecer saudável, apesar das frustrações inerentes à vida. Segundo ele, para pessoas com um forte senso de coerência o mundo parece menos hostil e assustador, pode ser assimilado, mesmo em ocasiões nas quais surgem problemas e tudo ao redor parece desorganizar-se (por exemplo, quando perdemos o emprego, nos vemos às voltas com uma doença grave ou nos desentendemos seriamente com um ente querido).

Quanto mais percebemos a coerência a nossa volta – apesar dos dissabores – mais somos capazes de recorrer a fontes de auxílio internas e externas e temos clareza do que po demos realmente fazer por nós mesmos e pelo outro (factibilidade). Por isso, para pessoas com senso de coerência mais aguçado, a vida não
parece um fardo, mas um desafio – e não perde a relevância, apesar das dificuldades ineviáveis.

Atualmente, os estudos sobre resiliência ganham cada vez mais espaço entre pesquisadores do comportamento humano e profissionais da saúde. E tanto estudiosos do cérebro quanto psicólogos e psicobiólogos buscam compreender melhor os fatores que fortalecem a resistência psíquica. “Quem não consegue regular emoções se isola com frequência, não tolera frustração e se mostra arrogante, sem se preocupar com sentimentos alheios, pode estar em situação de risco. No entanto, estamos longe de poder oferecer modelos explicativos válidos para essas tendências comportamentais tão complexas”, diz o psicólogo do desenvolvimento, pedagogo e geneticista grego Wassilios Fthenakis, atualmente professor da Universidade Livre de Bozen, na Itália.

Ele ressalta que uma importante proteção emocional é fornecida por relações empáticas, apreciativas e apoiadoras por parte de pais e professores. Ou seja: quem é tratado desde cedo com respeito e carinho e recebe limites claros do que deve ou não fazer tem mais chance de se tornar uma pessoa equilibrada. “Mas sem dúvida um elemento fundamental para o desenvolvimento psíquico saudável é a família: crianças que não puderam construir ligação segura com os pais sofrem. Se elas experimentam pouco reconhecimento e valorização, isso reduz sua autoestima e as impede de assumir responsabilidades
e superar conflitos.” Na opinião do psicólogo, o conteúdo da educação também é importante: o conto de fadas A bela adormecida, por exemplo, é desaconselhável, pois favorece o comportamento antirresiliente. “A princesa não precisa fazer nada por si mesma – apenas espera dormindo que o príncipe a acorde com um beijo. Crianças precisam de histórias nas quais os problemas são enfrentados e superados. Assim, aprendem que vale a pena mobilizar as próprias forças e utilizar o apoio social em situações difíceis.”

Estudos demonstraram que as meninas dispõem, de maneira geral, de melhores competências linguísticas que os meninos da mesma idade. Geralmente, elas têm amizades mais estáveis e aprendem mais cedo a expressar seus sentimentos e a perceber as emoções de outras pessoas. Inclusive ao lidar com conflitos, as meninas se mostram superiors aos meninos. No final das contas, elas apresentam melhores perspectivas para lidar de forma resiliente com as crises.

O melhor caminho para compensar os déficits na idade adulta é se conscientizar dos próprios pontos fortes e mobilizá-los. Nesse sentido, a psicoterapia costuma ser muito útil. Mas precisamos estar dispostos a aprender coisas novas, pois a capacidade de superar crises está associada à possibilidade de mudança. “Deveríamos aproveitar eventos estressantes no decorrer de nossa história como oportunidades de amadurecimento emocional”, acredita Fthenakis.

Para ele, a maioria dos sistemas de educação e de assistência aos adolescentes se orienta pelas fraquezas humanas e quer contribuir para sua superação. Essa perspectiva, porém, tem se mostrado pouco eficaz. “Talvez seja mais eficiente não atentar apenas aos déficits, mas primeiramente aos pontos fortes das crianças.” Ele defende uma mudança de paradigma no sistema educativo: “O foco não deveria estar na aquisição de conhecimento e sim no fortalecimento das competências infantis. E isso não apenas nas instituições, mas também nas famílias”.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Cabeça quente, melhor desempenho



Do site: www.mentecerebro.com.br, em 17 de fevereiro de 2012

Na dose certa, a preocupação pode trazer grandes benefícios
 
©Boguslaw Mazur/shutterstock

Se a preocupação faz parte do universo humano de forma tão marcante, pode ter também uma função positiva. O psicólogo Graham Davey, pesquisador da Universidade de Sussex, Inglaterra, foi um dos primeiros especialistas a sugerir esse potencial útil. Em um estudo de 1994, Davey explorou várias decorrências dessa tendência natural; por meio de entrevistas descobriu que, embora a aflição possa piorar as coisas, para várias pessoas esse estado pode ser construtivo e motivar a resolução de problemas e até mesmo reduzir a ansiedade.

Pesquisas mais recentes apoiam a ideia de que níveis elevados de preocupação podem melhorar o desempenho. Em 2005, a psicóloga Maya Tamir, então da Universidade Stanford, mostrou que, de fato, a preocupação dos alunos antes de passarem por um teste cognitivo ajudava os mais tensos e instáveis emocionalmente a ter resultados melhores. Já o nível de aflição anterior não afetou a experiência para os participantes mais centrados. De forma geral, estes enfrentaram os desafios de forma mais tranquila.

Especialistas suspeitam que, em muitos casos, a preocupação pode não só beneficiar o desempenho como ainda incentivar a ação. Um estudo de 2007 publicado no periódico Cognition and Emotion revelou que os fumantes podem ser mais propensos a ser convencidos a desistir do cigarro quando se preocupam com os riscos. Os resultados promissores estimularam os autores do estudo a sugerir estratégias mais eficazes, como ter médicos lembrando as pessoas dos pontos negativos, capitalizando a relação entre motivação e preocupação para incentiválas a largar o fumo.

Embora seja difícil traçar a linha precisa entre a preocupação saudável e a aflição prejudicial, Michel Dugas, psicólogo da Universidade Concórdia, em Montreal, costuma descrever essa situação como uma curva de sino, na qual os níveis moderados estão associados à função em sua manifestação saudável; já os excessivamente preocupados se vinculam ao declínio no desempenho.

A pesquisadora Christine Calmes, que desenvolveu um trabalho de pós-doutorado no Capitol Mental Illness Research, Education and Clinical Center, em Baltimore, acredita que as pessoas bem-sucedidas obedecem a uma escala um pouco mais alta em termos de preocupação. Em sua opinião, desde que a aflição não tire o melhor de alguém (como sua lucidez, por exemplo), ela pode ser benéfica. Ou seja, o segredo está na forma como as pessoas lidam com a situação: se a preocupação as motivar a trabalhar com mais atenção aos detalhes sem paralisá-las ou roubar lhes a saúde, então certamente é positiva.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Quando a Cuca vem pegar (2/2)

 (continuação)

A insônia secundária se manifesta depois dos 2 anos e irrompe subitamente, depois de uma organização normal do ciclo vigília-sono. Por volta dos 3 anos, sonhos de angústia podem desencadear despertares perturbadores ou até mesmo terroríficos que, segundo relatos das próprias crianças, têm como temática a separação e o abandono. Tomar distância das imagens de terror do sonho requer uma tolerância à angústia que é rara nos pequenos. A resposta mais comum é o medo da desorganização expresso pelo choro. No entanto, o surgimento dos sonhos de angústia é um evento considerado favorável dentro do desenvolvimento, pois sinaliza a aquisição de uma capacidade de elaboração que a criança está aprendendo a dominar.

Para Freud a transposição dos impulsos pulsionais para a cena onírica não é completa e permite que algo do material recalcado se expresse de modo desagradável. A angústia então nos faz despertar para escaparmos ao desconforto. Entretanto, Freud preservou sua hipótese do sonho como realização de desejos também para os pesadelos, sublinhando que as diferentes instâncias presentes em nosso psiquismo encontram-se em permanente conflito – o que satisfaz uma delas pode causar desprazer para outra. É o caso, por exemplo, dos sonhos de punição. Freud nunca se afastou da idéia de que os conteúdos infantis e recalcados fossem de ordem sexual.

O período compreendido entre 4 e 7 anos é bastante propenso a pesadelos. Resquícios da atividade diurna permanecem durante o sono, reanimando a pulsionalidade e desencadeando a elaboração onírica em que se destacam projeções de agressividade oral, com figuras de lobos e leões, por exemplo. Mais tarde surgem imagens de atividade de captura (como ladrões de crianças), ou fálica (com revólveres, facas e fuzis).
Durante o complexo de Édipo e na puberdade são comuns pesadelos sobre ameaças à vida dos pais – por exemplo, assassinatos dos quais os sonhadores são injustamente acusados. Embora sejam uma tentativa de elaboração onírica parcialmente fracassada, esses sonhos perturbadores indicam que a criança já dispõe de recursos para representar psiquicamente as angústias típicas desta etapa.

A criança temerá menos os pesadelos se souber que todo mundo os tem, sobretudo quando pequeno. Desenhar ou escrever sobre eles costuma ajudar a emprestar uma forma para sua angústia e, assim, dominá-la. Em vez de arriscar interpretações, os adultos devem ouvir e aceitar os juízos dos filhos sobre os próprios sonhos. Alguns pais sentem culpa ou medo quando as crianças sonham com cenas de morte, sem se dar conta de que é importante que os filhos considerem a ausência de pessoas que lhes são importantes (ainda que em manifestações do inconsciente) para desenvolver certa autonomia. O chamado terror noturno se diferencia do pesadelo, em primeiro lugar por não deixar recordação ao despertar. Mais intenso que o pesadelo, caracteriza-se como um ataque de angústia extrema e sem imagens em pleno sono, levando a criança a um estado de pavor no qual é incapaz de reconhecer seu entorno e de se lembrar da crise posteriormente. É um distúrbio típico do período edípico e raramente se manifesta antes do terceiro ano; sua incidência diminui próximo à segunda infância.

A crise é desencadeada bruscamente, uma ou duas horas após o adormecer, sendo precedida por momentos de agitação. Os pais são acordados pelos gritos da criança e a encontram sentada ou de pé na cama, pálida, com os olhos assustados, incomunicável, tentando se defender do perigo invisível. Taquicardia, sudorese e respiração ofegante completam o quadro. O final é igualmente abrupto. Raramente a crise se repete na mesma noite, porém geralmente retorna nas seguintes, por volta do mesmo horário. Tudo se passa como se o ataque de angústia substituísse o sonho que não pode ser elaborado, de modo muito semelhante às crises de pânico noturnas do adulto. O sono REM predomina a partir do meio da noite, período em que os pesadelos costumam se manifestar. A criança pode nesse caso lembrar-se das imagens assustadoras e, mesmo com dificuldade, retomá-las verbalmente para uma elaboração. Assim, se essa angústia costuma ser considerada uma vicissitude normal do desenvolvimento, o surgimento de terrores noturnos pode alertar pais ou terapeutas quanto a falhas mais graves da função simbólica e elaborativa dos sonhos, muitas vezes indicando problemas mais gerais no funcionamento psíquico.

O sonambulismo pode ser o herdeiro do terror noturno no período pós-edípico, na fase de latência: uma atividade motora automática (próxima à descarga de estímulos perturbadores) substitui a atividade onírica deficiente; mas embora o sono seja preservado não há lembranças ou restos de imagens para uma futura elaboração.
Como os distúrbios de sono em bebês e crianças pequenas geralmente se relacionam à qualidade de sua relação com os pais, o casal deve participar do tratamento. Essa abordagem é coerente com a perspectiva que considera o psiquismo _ inclusive o inconsciente _ inexistente no início da vida, sendo produto da cultura veiculada pelo entorno humano que acolhe o bebê. Portanto, sua fundação não seria mítica, mas real, fruto da relação com o semelhante.

Devido ao caráter pulsional do bebê, o período que se segue ao parto é mais suscetível a esse tipo de crise, mas também favorável a remanejamentos e superação de posturas inconscientes dos pais, que em outros momentos seriam inabaláveis. O conflito pode convidar à psicoterapia pessoas até então pouco inclinadas a essa abordagem, o que abre um potencial de mudanças efetivas favorecendo o desenvolvimento da criança.
A qualidade do vínculo estabelecido entre o terapeuta e os pais é fundamental. Quem trata crianças – médico ou analista _ deve assumir uma posição que possibilite a geração do pensamento e da fantasia dos pais sobre o filho. A acolhida benevolente e a suspensão de julgamentos morais dão lugar a uma ética na qual as dificuldades podem ser percebidas e remanejadas, ao passo que receber a angústia deles com solenidade excessiva só intensifica aspectos punitivos superegóicos do narcisismo em jogo.

Um dos papéis do terapeuta, nesses casos, é favorecer mecanismos da criança para que ela suporte esperar e postergar a necessidade da presença concreta dos pais, favorecendo o desenvolvimento de sua vida psíquica e fantasística. Para tanto, convém recorrer a técnicas que instaurem um jogo de elaborações em torno de noções complementares de presente e ausente, visível e invisível, mostrar e esconder. Qualquer suporte proposto pela criança ou pela mãe se presta a esse fim. Um exemplo disso são os jogos diante do espelho, nos quais a mãe ou o terapeuta aparece e desaparece. A idéia é ajudar a criança a reter uma imagem suficientemente estável que remeta à permanência do objeto amado e que, uma vez ausente, não seja sentido imediatamente como perdido, ativando o desamparo. O fato de o terapeuta brincar com a criança na presença dos pais pode incentivá-los a fazer o mesmo em casa. Aos poucos, eles começam a formular questões sobre seus afetos e interações com o filho. Mais tarde, o trabalho de verbalização afetiva e comportamental possibilita e valoriza o investimento da criança no mundo do pensamento. Por meio de materiais lúdicos e do contar histórias _ primeiro pelo terapeuta, depois pela própria criança _ são enfatizados aspectos que causam prazer ou medo. Trabalhar os aspectos fóbicos é o meio mais efetivo de povoar os momentos de solidão, principalmente os que irrompem no meio da noite.

O interesse da psicanálise pela psicopatologia do sono é recente e coincide com um momento em que os distúrbios do sono são um dos representantes do mal-estar da época atual. Embora tenha preterido o sono e se dedicado mais à questão do sonho, Freud considerou a dimensão subjetiva do primeiro e suas relações intrínsecas com o segundo – algo que a ciência começou a fazer apenas nas últimas décadas. Com base na formulação do “desejo de dormir”, ele ampliou a abordagem do sono para além da necessidade fisiológica e introduziu a idéia de que dormir seria uma retirada regeneradora da vida compartilhada, marcada por conflitos e cansaço.

Na interpretação dos sonhos, de 1900, Freud postulou que o sonho é o guardião do sono _ fórmula fundamental na construção da teoria psicanalítica. Nela o sono ocupa lugar central – como atividade vital que deve ser preservada –, e ao mesmo tempo marginal, já que a investigação dos mecanismos da formação dos sonhos foi privilegiada em detrimento do processo de adormecimento e suas pre-condições. Assim, o sono se caracteriza pela suspensão do interesse no mundo externo e pela inversão dos fluxos no aparelho psíquico (mecanismo que na psicanálise é denominado regressão). À noite, a inibição da motricidade favorece o escoamento das memórias infantis, reavivadas com tal intensidade que dão lugar a uma experiência alucinatória. O sonho seria uma forma de pensamento visual que substitui a lógica verbal da vigília.

O trabalho do sonho permite elaborar estímulos externos e internos que perturbam o sono, principalmente impulsos infantis que surgem com o rebaixamento da consciência e o relaxamento da censura. A elaboração onírica tem a função de “atender” tais impulsos por meio de uma deformação simbólica, representando-os no sonho como desejos realizados, numa satisfação alucinatória que tenta garantir a continuidade do sono. Como a censura encontra-se diminuída mas não ausente, a resistência do bebê a essas representações pode desencadear a angústia e mesmo o despertar. Vem daí a fórmula genérica segundo a qual “o sonho é uma realização de desejos”. A conciliação entre instâncias psíquicas em conflito por meio da representação simbólica se tornará modelo do sintoma neurótico e de toda formação do inconsciente.

Assim como o estado hipnótico é induzido pelo hipnotizador, o sono normal do adulto seria induzido por auto-sugestão. Com o crescimento, passamos a prescindir paulatinamente da presença “sugestiva” de alguém que nos adormeça, isto é, internalizamos a função que um dia foi desempenhada pela mãe. Na década de 10, Freud associou a retirada do interesse no mundo exterior implicada no sono a uma regressão mais profunda às origens da vida. Dessa forma, o desejo de dormir subentende uma regressão radical que ultrapassaria os limites do próprio eu, que se dissolve num estado próximo ao que Freud chamou narcisismo primário. O termo refere-se às primeiras relações fusionais da criança com a mãe, determinantes na constituição do amor próprio (narcisismo), do corpo erógeno e do “eu”. No entanto, Freud também se referiu a um narcisismo primário absoluto, cujo modelo é o estado intra-uterino de não-perturbação, silêncio e quietude. Didaticamente, é possível descrever a regressão do sonho como uma satisfação ligada ao ideal infantil de completude com a mãe, e o sono como uma satisfação regressiva análoga ao repouso absoluto no interior do ventre materno _ o grau zero de tensão.

terça-feira, 13 de março de 2012

Quando a Cuca vem pegar (1/2)

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 16 de fevereiro de 2012

Nos primeiros anos, dificuldades para dormir são capazes de revelar problemas afetivos – e às vezes exigem intervenção

© Vinicius Tupinamba/shutterstock

Por Nayra Cesaro Penha Ganhito

Desde o nascimento, o momento de dormir é cercado por pequenos rituais preparatórios que nos protegem das perturbações externas e de nossas próprias ansiedades para podermos mergulhar no sono. É no aconchego dos braços da mãe, embalado pelo som da voz materna, sentindo o cheiro de seu corpo e as batidas de seu coração que o bebê encontra tranqüilidade para adormecer. No início da vida, as perturbações do sono estão intimamente relacionadas às vicissitudes da relação com esse outro amoroso que nos garante o alimento e o repouso imprescindíveis para a sobrevivência.

Dormir e comer são funções intimamente ligadas nos primeiros anos de vida: a fome nos faz despertar e a saciedade, adormecer. Mas esta relação transcende suas dimensões fisiológicas. Ao nutrir o filho, a mãe oferece também a qualidade de sua presença, que reflete desejos e fantasias que poderão “alimentar” ou não um sono tranqüilo. O sono paradoxal _ mais conhecido como REM _ é a fase em que ocorre a maioria dos sonhos nos adultos. Embora esse estágio seja detectável já em recém-nascidos, é preciso que a criança passe por um complexo desenvolvimento, cuja condição primária é a libidinização do sono, promovida pela mãe, para adquirir a capacidade de sonhar. Assim, embora seja uma ação solitária na qual o que se busca é o recolhimento, é no relacionamento com o outro que descobrimos o quanto dormir pode ser prazeroso – e seguro.

O sono, em especial o estágio REM, pode ser considerado uma tela para o sonho, isto é, uma base em branco sobre a qual se inscreveriam posteriormente as representações psíquicas. Trata-se de uma analogia com a superfície que recebe pinceladas de tinta. Mas, além de uma tela de projeção, o sono é também uma proteção, que filtra e faz anteparo àquilo que poderia inundar o psiquismo com excitações internas. Por isso se diz que, para o bebê, a mãe atua como um sistema de pára-excitação, que virá a ser paulatinamente substituído pelo funcionamento psíquico próprio da criança, tornando-a capaz de ficar e de dormir sozinha.

Antes de os sonhos advirem, a mãe é a primeira guardiã do sono. A instalação desse fundo psíquico básico relacionado ao sono dará lugar, mais tarde, aos sonhos da infância e à capacidade de fantasiar. Adormecer tranqüilamente nos braços da mãe é, portanto, uma experiência erótica fundante do desejo de dormir – e de sonhar. A capacidade de o bebê adormecer é considerada um protótipo arcaico de sua atividade psíquica e o ciclo vigília-sono seria um indicador sutil das primeiras fases do desenvolvimento, expressando em certa medida o funcionamento psíquico da criança.

O sono é um momento de separação. Ao fechar os olhos, o bebê renuncia à presença materna concreta, mas pode reencontrá-la nos sonhos. Para a psicossomática psicanalítica, os distúrbios precoces do sono resultam de falhas na progressiva instalação da capacidade de sonhar, transformando a hora de dormir em momentos de angústia, pesadelo e terror. A insônia infantil nos faz perguntar por que certas crianças parecem incapazes de internalizar o papel da mãe como guardiã do sono. Dois tipos de relação mãe-filho foram associados a situações em que o bebê ou a criança pequena não conseguem conciliar o sono.

No primeiro, há um investimento narcísico transbordante da mãe, com hiperestimulação e excitação constantes. A presença materna excessiva obtura o intervalo entre o psiquismo da mãe e o do bebê, intervalo que já foi chamado zona de adormecimento e constitui um espaço fundamental para que a criança possa retirar-se no sono e, mais tarde, elaborar suas próprias fantasias. No segundo tipo de relação, o interesse da mãe pelo bebê é insuficiente e deflagra uma série de privações fundamentais. A criança se vê compelida a buscar externamente a fonte de satisfação libidinal que deveria se instalar em seu mundo psíquico: o ciclo de choro, gritos e agitação cessa apenas quando a mãe a toma nos braços. O fato de o bebê só dormir embalado pela mãe indica sua incapacidade de internalizar a instância materna tranqüilizadora que lhe permitiria entregar-se ao sono com segurança.

Entre os distúrbios mais freqüentes que perturbam o sono dos recém-nascidos estão as cólicas idiopáticas (sem causa definida). Alguns especialistas as associam a um hiperinvestimento materno do tipo ansioso, hipótese corroborada pelo fato de o distúrbio não se manifestar em bebês que vivem em instituições. Ocorre tipicamente no primeiro trimestre de vida e desperta os bebês quando estão prestes a entrar no sono libidinal, relacionado ao estágio REM. Nesses momentos, a excitação invasora excede a capacidade de elaboração do psiquismo, e o choro ou gritos funcionam como descarga dessa tensão excessiva. A chupeta e o embalo nos braços da mãe são as principais intervenções usadas nessas situações. A sucção permite absorver a excitação por meio do prazer oral e o embalo envolve todo o corpo do bebê, favorecendo a regressão ao narcisismo primário (ver quadro na pág. 61). Ambas são técnicas motoras tranqüilizadoras usadas pela mãe, mas com o passar do tempo os sonhos tendem a substituir essas ações – pode-se dizer que o bebê deverá se tornar capaz de “alucinar” esse embalo. Do terceiro mês em diante, forma-se uma conexão entre a imagem do rosto materno e o prazer de contemplá-lo durante a amamentação. A organização desses primeiros traços de memória visual abre a possibilidade da formação de sonhos compostos de imagens e é nesse período que as cólicas geralmente cessam. Com ou sem cólicas, o sono agitado sempre indica maior intensidade da atividade psíquica implicada na elaboração da ansiedade.

Algumas fases do desenvolvimento são tipicamente conflituosas e se refletem no sono infantil, como ocorre por volta dos 8 meses, quando surge a angústia frente ao estranho. O bebê, que até então manifestava prazer na presença tanto dos pais como de desconhecidos, passa a demonstrar inquietação diante de rostos que não conhece. É o momento em que começa a discriminar seus objetos privilegiados, comportamento que revela a constituição da relação de objeto e marca uma etapa essencial do desenvolvimento.

A angústia do encontro com o estranho envolve operações psíquicas que equivalem a um protótipo da fobia, mecanismo de defesa que coloca o mal-estar sobre um objeto externo visando um apaziguamento interno. O conflito projetado no rosto desconhecido seria um deslocamento de impressões desagradáveis das experiências frustrantes no contato com a mãe. Em contrapartida, a visão da face familiar se associa à figura materna gratificante. Assim, a angústia associada a estranhos é um mecanismo organizador do pensamento e dos afetos. Depois do oitavo mês, o sono pode voltar a ser muito agitado entre 2 e 4 anos, período de grande intensificação da vida fantasística típica desse estágio do desenvolvimento libidinal. Nessa fase, os distúrbios do sono se relacionam à tentativa de elaboração de conflitos ligados a vivências da idade, como a experiência de mundo interno adquirida por meio do controle esfincteriano, a descoberta da diferença anatômica entre os sexos e a maior ambivalência entre amor e ódio nas relações edípicas.

De forma geral, a insônia infantil pode ser classificada em primária e secundária. A primeira se refere aos casos de bebês ou crianças pequenas que jamais chegaram a estabelecer ritmo adequado de sono e vigília. Já a secundária, mais comum, sobrevém mais ou menos bruscamente após um período em que a criança foi capaz de instalar um ciclo de sono normal; assim, é considerada um sintoma associado a alguma condição psíquica, física, ambiental ou farmacológica. Tanto na insônia primária como na secundária, porém, muitas vezes o bebê pode parecer menos afetado que seus pais, para os quais o distúrbio do filho pode chegar a ser extenuante e intolerável. Sua reverberação no futuro da criança é relativa, dependendo do contexto afetivo geral. Crises persistentes até o segundo ano costumam levar toda a família, ou pelo menos a mãe, à beira do esgotamento físico e psíquico. 


(continua amanhã)