quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Encantos da Música (8/9)


Por Karen Schrock


Por outro lado, a música pode acalmar, reduzindo os níveis do hormônio do estresse, o cortisol, na corrente sanguínea, baixando as taxas cardíacas e respiratórias e aliviando a dor. Um exemplo clássico de redução de ansiedade: uma mãe acalentando seu bebê com uma canção. Estudos clínicos também revelam que a música é uma poderosa ferramenta para relaxar os pacientes que sofrerão uma cirurgia, ajuda a controlar a dores e a amenizar a agitação de crianças e pessoas com demência. Em 2000, a enfermeira Linda A. Gerdner, pesquisadora de temas ligados a gerontologia na Universidade do Arkansas para Ciências Médicas, apresentou a 39 pacientes severamente atingidos pelo Alzheimer a música de que gostavam, duas vezes por semana, durante um mês e meio. A canção favorita reduziu os níveis de agitação dos pacientes durante e após a sessão muito mais que as clássicas músicas de relaxamento. Neurocientistas também constataram que ouvir uma música muito apreciada pode reduzir a dor – e esse efeito analgésico persiste por algum tempo quando a música para. E, claro, intuitivamente, as pessoas se automedicam com música o tempo todo. É comum que as pessoas as usem com o propósito de melhorar ou alterar o estado emocional. Cientistas se perguntam se, dada a indiscutível atração humana pela música, seu processamento poderia ter uma raiz única no cérebro, além da “carona” que pega em outros sistemas. A literatura médica registra diversos danos que prejudicaram a capacidade de uma pessoa sentir emoções inspiradas pela música, mas não por outros estímulos. Lawrence Freedman, um amigo de Sacks, por exemplo, perdeu sua paixão por música clássica depois de uma concussão em um acidente de bicicleta. Freedman ainda podia reconhecer os clássicos que costumava adorar e ainda se sentia emocionado por artes visuais e outras experiências, mas a música já não lhe dava prazer algum. Possivelmente, o acidente danificou uma parte do cérebro dedicada especificamente ao entusiasmo por essas formas de expressão, embora ninguém saiba exatamente que área cerebral é essa.

Da revista Mente & Cérebro n° 209, junho/2010

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