quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Se Juneco Scias Maljuneco Povas!



Não se espantem, mas é que essa constatação é tão universal que exige o esperanto - essa linguagem de todos - traduzindo: “Se a mocidade soubesse e a velhice pudesse!”
Na verdade, no passado, o idoso era meio que marginalizado, não se esperando muito do seu físico, eventualmente, trôpego e de sua cabeça distraída. Até ficava-se velho bem cedo, - a “balzaquiana” tinha menos de 40 - , ficava-se avô aos 50 e viver além dos 60 era raro.
Aliás, a oposição idosos X jovens foi sempre tema relevante servindo, inclusive, de pano de fundo para os psicanalistas com seu Complexo de Édipo - revolta do filho jovem contra o pai mais velho - ou vindo de mais longe, desde Shakespeare, com seu trágico rei - “King Lear” - , dramatizando o avanço ganancioso da impiedosa filha sobre a herança do velho pai.
Entretanto, hoje, os dados demográficos traduzem realidades implacáveis: no Japão a expectativa de vida está indo para os 84 anos - o dobro de Moçambique - o que, aliás, nos faz pensar como ficará esse nosso Mundo atual e seus bilhões de habitantes quando - Deus nos acuda! - crescermos todos da mesma maneira.
Até porque, coisa semelhante ocorre no Brasil. Nossa expectativa de vida, há cinquenta anos, era de somente 48 e hoje se aproxima dos 76 anos, e ainda crescendo. E mais relevante ainda é que, no passado, sobravam 30 anos de atividade - após os dezoito anos de inicio de carreira - , crescendo agora, junto com a nova expectativa, para cerca de 58 (76 - 18 anos), o dobro de 50 anos atrás. E o que fazer com tantos “maljunecos”?
Principalmente, o que fazer com os teimosos que continuam por aí - após os oitenta - , os Niemeyer da vida - arquitetos projetando -, as Marialzira Perestrello - psiquiatra e poetando ainda -, os Pitanguy - cirurgiões operando e as Tomie Ohtaque - pintando seus melhores quadros - ou, ainda, como um idoso amigo meu que, animadamente , começou a estudar chinês. Ou seja, todos investindo numa outra oportunidade - como uma segunda vida - nascendo de novo, só que agora sofrendo eles mesmo as dores do seu próprio parto - por que não? E o mesmo acontecendo com todos esses que trabalharam toda uma vida numa mesma empresa, mas que agora, dadas às mudanças dos seus empregadores, são levados a procurar novos caminhos e até uma segunda carreira.
Mas será que aqui no Brasil, já estamos enfrentando corretamente essa realidade?
As empresas, por exemplo, falam muito e investem em sua própria sustentabilidade - delas e do meio ambiente - esquecendo-se, no entanto, de suas responsabilidades éticas e sociais, ao dispensar justamente seus mais sazonados, experientes e bem sucedidos colaboradores - um belo “premio”, após anos de tanta dedicação e empenho.
Ora, o mesmo ocorre com as sociedades de ensino profissionalizante, entidades de classe e ainda outros, que oferecem oportunidades de desenvolvimento e promissoras vias de acesso ao 1º emprego, esquecendo-se de que, lá no fim da linha, às vezes no meio, acaba-se, por falta de atualização em relação aos avanços tecnológicos, da preparação para uma 2ª carreira, chegando ao beco sem saída da estagnação e da inutilidade sócio-comunitária.
Pois foi então que, pensando em tudo isso e relendo o escrito, pareceu-me esse comentário um libelo exagerado e quem sabe até demagógico, quando o que se precisa mesmo é dizer,com urgência e quem sabe no universal esperanto: “maljuneco scias...e povas!” - a velhice sabe...e (agora) pode!
Paulo Jacobsen

Não se espantem, mas é que essa constatação é tão universal que exige o esperanto - essa linguagem de todos - traduzindo: “Se a mocidade soubesse e a velhice pudesse!”

Na verdade, no passado, o idoso era meio que marginalizado, não se esperando muito do seu físico, eventualmente, trôpego e de sua cabeça distraída. Até ficava-se velho bem cedo, - a “balzaquiana” tinha menos de 40 - , ficava-se avô aos 50 e viver além dos 60 era raro.

Aliás, a oposição idosos X jovens foi sempre tema relevante servindo, inclusive, de pano de fundo para os psicanalistas com seu Complexo de Édipo - revolta do filho jovem contra o pai mais velho - ou vindo de mais longe, desde Shakespeare, com seu trágico rei - “King Lear” - , dramatizando o avanço ganancioso da impiedosa filha sobre a herança do velho pai.

Entretanto, hoje, os dados demográficos traduzem realidades implacáveis: no Japão a expectativa de vida está indo para os 84 anos - o dobro de Moçambique - o que, aliás, nos faz pensar como ficará esse nosso Mundo atual e seus bilhões de habitantes quando - Deus nos acuda! - crescermos todos da mesma maneira.

Até porque, coisa semelhante ocorre no Brasil. Nossa expectativa de vida, há cinquenta anos, era de somente 48 e hoje se aproxima dos 76 anos, e ainda crescendo. E mais relevante ainda é que, no passado, sobravam 30 anos de atividade - após os dezoito anos de inicio de carreira - , crescendo agora, junto com a nova expectativa, para cerca de 58 (76 - 18 anos), o dobro de 50 anos atrás. E o que fazer com tantos “maljunecos”?

Principalmente, o que fazer com os teimosos que continuam por aí - após os oitenta - , os Niemeyer da vida - arquitetos projetando -, as Marialzira Perestrello - psiquiatra e poetando ainda -, os Pitanguy - cirurgiões operando e as Tomie Ohtaque - pintando seus melhores quadros - ou, ainda, como um idoso amigo meu que, animadamente , começou a estudar chinês. Ou seja, todos investindo numa outra oportunidade - como uma segunda vida - nascendo de novo, só que agora sofrendo eles mesmo as dores do seu próprio parto - por que não? E o mesmo acontecendo com todos esses que trabalharam toda uma vida numa mesma empresa, mas que agora, dadas às mudanças dos seus empregadores, são levados a procurar novos caminhos e até uma segunda carreira.Mas será que aqui no Brasil, já estamos enfrentando corretamente essa realidade?

As empresas, por exemplo, falam muito e investem em sua própria sustentabilidade - delas e do meio ambiente - esquecendo-se, no entanto, de suas responsabilidades éticas e sociais, ao dispensar justamente seus mais sazonados, experientes e bem sucedidos colaboradores - um belo “premio”, após anos de tanta dedicação e empenho.

Ora, o mesmo ocorre com as sociedades de ensino profissionalizante, entidades de classe e ainda outros, que oferecem oportunidades de desenvolvimento e promissoras vias de acesso ao 1º emprego, esquecendo-se de que, lá no fim da linha, às vezes no meio, acaba-se, por falta de atualização em relação aos avanços tecnológicos, da preparação para uma 2ª carreira, chegando ao beco sem saída da estagnação e da inutilidade sócio-comunitária.

Pois foi então que, pensando em tudo isso e relendo o escrito, pareceu-me esse comentário um libelo exagerado e quem sabe até demagógico, quando o que se precisa mesmo é dizer,com urgência e quem sabe no universal esperanto: “maljuneco scias...e povas!” - a velhice sabe...e (agora) pode!


Paulo Jacobsen

Luiz Affonso Romano  |  Publicado em: 13/08/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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