domingo, 12 de abril de 2009

Porquê São Paulo não pode??? (III)

Parque Biblioteca Santo Domingo, Giancarlo Mazzanti, 2007 – Foto de Sergio Gómez





Medellín é como uma folha de árvore dobrada. Duas ladeiras inclinadas sobre o rio homônimo abrigam uma população de dois milhões e meio de habitantes, e outro milhão mais nos municípios da periferia. O projeto urbano foi dirigido por Alejandro Echeverri – arquiteto paisagista (da cidade) formado em Barcelona – a partir de cinco pontos: planejar para não improvisar; equipamentos educativos modelos para dignificar os bairros, projetos urbanos integrais, contra a exclusão e a desigualdade; habitação social para amenizar dívidas históricas, e planos de passeios e ruas emblemáticas, com a criação de parques lineares que reconectam a cidade, recuperando a rua como valor fundamental. O programa de equipamentos é provavelmente o trabalho mais espetacular. Quatro parques-biblioteca, dez escolas públicas modelo e centros de desenvolvimento empresarial local para orientar os novos empreendedores que vêm da margem da sociedade, para que se insiram no denso magma de barracos auto-construídos sobre uma inclinada topografia. Os parques-biblioteca, resultado de concursos públicos, são obras de autoria, destacando dois de Giancarlo Mazzanti e um de Javier Vera. Tratam-se de espaços públicos e abertos, com praça para eventos como aulas de baile e concertos, salões para a comunidade e bibliotecas transbordando de crianças, onde poucos anos atrás as tropas de Pablo Escobar pagavam a qualquer adolescente um milhão de pesos colombianos (uns quarenta euros) por cada policial morto. O parque-biblioteca de Vera se resolve de baixo de uma cobertura, usando o declive do terreno para escalonar em seu interior os distintos elementos unidos que a compõem. As duas construções de Mazzanti fragmentam o programa em três elementos unidos em sua parte posterior pelas áreas comuns. Os três volumes abrem suas vistas para a cidade e se convertem em marcos da cidade: em La Ladera, com auditórios abertos em seus telhados, e na Biblioteca Espanha do bairro de Santo Domingo Savio, em três espetaculares rochas negras incrustadas na montanha. Para chegar a este bairro marginal, onde nem a polícia se atrevia a entrar, foi construído o espetacular teleférico Metrocable, conectado á rede de metrô. Na 6ª Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo, celebrada em Lisboa no fim do mês de abril, esta biblioteca singular recebeu o prêmio de melhor obra de arquitetura.

Extraído do site http://www.vitruvius.com.br/

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