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No mesmo ano, pesquisadores da Universidade de Chicago comprovaram que camundongos transgênicos com Alzheimer também tiravam proveito de "pequenas expedições" por ambientes estimulantes: eles saíam em "férias de aventuras" em uma ampla gaiola com roda de exercícios, túneis coloridos e brinquedos, no início por três horas diárias - e, após um mês, três vezes por semana. Os passeios retardaram consideravelmente o declínio do hipocampo. O estímulo aparentemene fortaleceu a capacidade do cérebro dos roedores de eliminar a perigosa beta amiloide. Como demonstraram análises, as vias sinalizadoras epigenéticas foram responsáveis por isso: nos núcleos celulares dos neurônios, informações genéticas que estimulam processos de reparação e desenvolvimento de neurônos foram lidas com frequência.
Os resultados estão de acordo com observações feitas em seres humanos. Stanley Colcombe e Arthur Kramer avaliaram em 2003 os resultados de 18 estudos relevantes. Segundo eles, o treinamento aeróbico melhora o desempenho cognitivo em adultos saudáveis com mais de 50 anos.
O psicólogo Ulman Lindenberger, diretor do Instituito Max Planck de Pesquisas em educação, de Berlim, porém, relativiza esses resultados. Segundo ele, quanto mais for divulgada a ideia de que a demência não é fato do destino, mas consequência de um estilo de vida inadequado, mais provavelmente a culpa pela doença será atribuida à pessoa afetada. O especialista faz um alerta contra a estigmatização: "Não existe nenhum meio milagroso que proteja com certeza contra o declínio intelectual na velhice". No entanto, parece que já está mais do que na hora de aplicar na prática o conhecimento científico para o bem do corpo e da mente. Afinal, o estudo do cérebro nunca nos deu tantos bons argumentos para começarmos a nos exercitar quanto agora.
Steve Ayan é psicólogo e jornalista
Fonte: revista Mente & Cérebro n° 211, agosto/2010
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