quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Tênues Fronteiras (4)


Zona cinzenta

[ continuação ]


O objetivo principal da ressonância magnética nesse caso é afastar a possibilidade de outras doenças ou lesões cerebrais serem a causa do distúrbio de memória. Entretanto, há sinais de Alzheimer que podem ser identificados pela ressonância, porém, na maioria dos pacientes, somente nas fases mais avançadas da doença. A degeneração neuronal progressiva deixa marcas bem características: a chamada degeneração neurofibrilar. Ela aparece inicialmente em certas regiões, principalmente no hipocampo - estrutura essencial para a memória - , assim como na área que o circunda: o giro parahipocampal. Depois, as lesões se espalham por todo o cérebro e levam à atrofia dos tecidos nervosos.

Essas regiões atrofiadas são facilmente visualizadas com a ressonância magnética. Em alguns pacientes, a atrofia do hipocampo pode estar presente em estágio bem inicial, antes mesmo de a capacidade cognitvia começar a se deteriorar.

No caso de seu Vitório, as imagens não mostraram nenhuma anomalia típica da doença de Alzheimer ou lesões que indicassem outras doenças. Observou-se no entanto, uma degeneração difusa, comumente associada à idade avançada. O médico o aconselhou a repetir os exames a cada seis meses para ter certeza de que seu estado permanecia estável. Além disso, incentivou-o a participar de um estudo no qual investigamos distúbios de memória e alteraçõas associadas a eles a longo prazo, tanto do ponto de vista neuropsicológico como do imagemento cerebral. Com isso pretendemos aumentar o conhecimento sobre a degeneração neuronal progressiva e buscar novos critérios diagnósticos.

Da edição especial n° 1, da revista Mente & Cérebro de maio/2010

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