sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Tênues fronteiras (9)


Com o passar dos anos


[ parte final ]


Para pesquisadores alemães, problemas de memória assoiados à idade estariam ligados à degeração de certas estruturas cerebrais


Para que uma pessoa tenha boa memória, o hipocampo e as regiões do mesencéfalo, substância negra e área tegmentar ventral (SN/AVT) devem se comunicar entre si sem empecilhos. Porém, frequentemente, essas estruturas cerebrais de atrofiam com o avanço da idade. Especialistas acreditam que muitos problemas de memória associados à idade podem ocorrer devido a esse processo de envelhecimento.

Para investigar a questão, testamos essa conjectura por meio do Estudo do Envelhecimento de Magdeburgo. Iniciada em 2005, a pesquisa vem acompanhando, deste então, 85 voluntários saudáveis com idade entre 55 e 82 anos. Todos realizam regularmente inúmeros testes para avaliação de desempenho da concentração e da memória. Durante os exames, também avaliamos, por meio da chamada medição por MTR (índice de transferência de magnetização, as condições estruturais do hipocampo e da SN/ATV. O valor da MTR serviu de parâmetro para avaliação da densidade de células vivas no tecido: ele é reduzido principalmente no hipocampo de pacientes com a doença de Alzheimer e na substância negra de pessoas com Parkinson.

Nos participantes mais velhos, o hipocampo, a substância negra e a área tegmentar ventral estavam em piores condições que nos mais jovens. Observamos também que, quanto mais bem conservadas, melhor essas áreas respondiam a novos estímulos. Assim, problemas de memória relacionados à idade podem realmente ser atribuidos, entre outros fatores, à degeneração dessas estruturas. Isso abre uma nova abordagem terapêutica para idosos com problemas de meória: talvez psicofármacos, como o precursor de dopamina L-Dopa, compensem o prejuízo da comunicação entre as estruturas cerebrais, na medida em que favorecem a potenciação de longa duração no hipocampo. Pesquisas mostram, porém, que o hábito de "exercitar o cérebro" por meio de atividades intelectuais, resolução de palavras cruzadas, leituras e novos aprendizados em geral pode favorecer as habilidades cognitivas e a memória.

Por Daniela Fenker e Hartmut Schütze, pesquisadores da Clínica de Neurobiologia da Universidade Otto-von-Guericke de Magdeburgo.

Da revista Mente & Cérebro, edição especial n°1, de maio/2010

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