sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tênues Fronteiras (7)




Promessas diagnósticas

Além dos testes neuropsicológicos, da ressonância magnética e da tomografia por emissão de pósitrons, os cientistas contam com uma nova ferramenta para identificar as alterações anatômicas típicas da doença de Alzheimer: o imageamento por tensor de difusão (DTI, sigla em inglês). Trata-se de um tipo de ressonância magnética que permite a caracterização da estrutura de tecidos fibrosos (como as fibras nervosas) por meio de medidas locais da difusão de moléculas de água. Nos tecidos saudáveis, elas correm ao longo dos axônios; na doença de Alzheimer, a membrana axonal é danificada, atrapalhando a movimentação dessas moléculas. A DTI mede essa diferença e revela lesões muito precoces
Outra inovação na área de diagnóstico por imagem foi anunciada em 2005 por pesquisadores japoneses do Instituto Riken de Pesquisas Cerebrais, em Saitama. Eles conseguiram tornar visíveis as placas de proteína amiloide no cérebro de ratos com Alzheimer, no qual foi injetada uma molécula capaz de ultrapassar a barreira hematoencefálica e se fixar nos depósitos de proteína. A substância injetada foi marcada com flúor-19, que aparece em destaque nas imagens de ressonância magnética e, logo, revela a localização precisa das placas amiloides.
Alterações na bioquímica cerebral também podem ser usadas para fins diagnósticos. Harald Hampel, da Univesidade Ludwig-Maximilian, em Munique, aposta na proteína tau modificada. Nos pacientes com Alzheimer, ela apresenta fosfato em excesso, o que compromete sua função de suporte e faz com que os neurônios percam estabilidade. Como a proteína tau é encontrada também no líquor, pode ser facilmente coletada e converter-se, no futuro, em um marcador biológico da doença de Alzheimer. Um estudo clínico do qual participaram 77 voluntários com distúrbios leves de memória mostrou que a maior concentração na proteína tau no líquor se correlacionou à severidade dos prejuízos cognitivos.


Da Revista Mente & Cérebro, edição especial n° 1, maio/2010

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