quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Honestidade – Qualidade ou Obrigação


 Todas as empresas de uma forma ou outra tem critérios formais ou informais para avaliação periódica de seus funcionários. Não é difícil encontrar uma pessoa que não tenha vivenciado a implantação de um programa de avaliação de desempenho.
 
Um determinado dia, em que debatíamos quais critérios seriam usados no programa periódico de avaliação, alguém sugeriu que colocássemos a honestidade como um dos itens de qualidade pessoal.
 
Sem aparente razão, fez-se um longo silêncio na sala e nem mesmo o questionamento do facilitador da reunião provocou qualquer reação imediata.
 
Passado o momento de reflexão, um dos integrantes do grupo de avaliação de critérios fez a seguinte pergunta: - Vocês colocariam suas contas bancárias sob a administração de uma pessoa que fosse 99% honesto? A rejeição foi imediata.
 
Logo em seguida veio outra pergunta: - Como avaliar a honestidade?
 
Imediatamente um dos integrantes do debate respondeu: - Honestidade não se mede por graus. Uma pessoa é honesta ou não.
 
A seguir veio a pergunta fatal: - O que é ser honesto?
 
Essa pergunta desencadeou um grande debate, com todos tentando falar ao mesmo tempo, fazendo perguntas em busca de respostas.
 
Como se conceitua a honestidade?
 
Imediatamente surgiu um dicionário e foram lidos os sinônimos de honestidade: integridade, inteireza, justiça, probidade, retidão, honradez, dignidade.
 
Seriam estes sinônimos suficientes para nos dar uma visão completa e ou conceituar honestidade?
 
Estaria honestidade ligada a conceitos e valores culturais?
 
Honestidade está relacionada a valores estabelecidos por comunidades em determinadas épocas e são mutáveis?
 
Os avanços tecnológicos e dos costumes podem ter efeitos nos conceitos que determinam o que é ser ou não honesto?
 
Honestidade é algo ligado ao caráter de cada pessoa ou é algo que se aprende?
 
O que seria necessário para um treinamento de honestidade e quem poderia ministrar as aulas?
 
Novo silêncio reinou na sala, quando um engraçadinho fez a seguinte pergunta: - Quem se candidata a professor de honestidade?
 
Silêncio por constrangimento? Não, simplesmente porque não parecia possível determinar com exatidão o que é honestidade.
 
O debate seguiu, abordando desde objetos encontrados e perdidos no banco da praça ao estabelecimento de lucros pelas empresas.
 
Uma caneta encontrada num banco de praça deveria ou poderia ser usada por quem a encontrou ou isso seria desonestidade?
 
Um empreendimento voltado à assistência à comunidade, com objetivo apenas de ajudar as pessoas, deveria ou poderia ter lucro nas suas operações?
 
Em um debate como esse não faltam opiniões, exemplos, recomendações, a dificuldade é o consenso, dizia um dos integrantes.
 
Para piorar a situação veio outra pergunta: - Honestidade é algo que demanda consenso?
 
Por falta deste, alguns queriam debater mais, outros queriam deixar a questão para uma próxima reunião, outros não aceitavam as divergências de opiniões e queriam tirar o quesito da avaliação.
 
No momento em que o país passa por ondas de denúncias, debater o que é honestidade pode não resolver nossos problemas, mas certamente coloca um pouco de luz nos nossos valores pessoais e estabelece alguns limites para conduta.
 
Talvez nas próximas eleições todos nós nos motivemos à refletir um pouco mais sobre as pessoas que colocaremos para cuidar da nossa conta bancária, fruto da arrecadação dos impostos.
 
Sim, essa conta bancaria é nossa, não duvide nunca disso.
 
Dinheiro nosso com um único objetivo: “Bem estar coletivo, ainda que assim não seja usado”.
 
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
www.postigoconsultoria.com.br
Twitter: @ivanpostigo
Skype: Ivan.postigo

 Publicado em 14-Nov-2011, no site: www.gestopole.com.br

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