terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Um mundo doente


"A educação é um processo social, é desenvolvimento.

Não é a preparação para a vida, é a própria vida."
(John Dewey)

Crise na Europa e nos Estados Unidos, queda de governos árabes, discussões
sobre o aquecimento global. As doenças que acometem o mundo não são de ordem
econômica, política ou ambiental. Nossas mazelas são de caráter social. A
sociedade está enferma.

As pessoas estão fisicamente doentes. Caminhe por uma praia e observe a
condição dos banhistas para constatar a falta de cuidados com o próprio
corpo, fruto de vida sedentária, alimentação desregrada, ausência de
atividade física. Não é à toa que obesidade, hipertensão arterial e doenças
coronarianas crescem vertiginosamente.

As pessoas estão mentalmente doentes. Ansiedade, angústia, transtornos de
humor. Como prova do que digo, observe a proliferação de drogarias por todo
o país. E mais do que o número de novos estabelecimentos, a frequência
maciça de consumidores. Não importam dia e horário, invariavelmente você
encontrará filas nos caixas. Gente comprando de medicamentos para as dores
do corpo, a ansiolíticos e antidepressivos.

As relações sociais estão doentes. Temos cada vez mais amigos virtuais, mas
continuamos sem conhecer o vizinho que reside há anos na porta ao lado.
Familiares não comungam de uma mesma refeição, pais e filhos pouco
conversam, casais de amigos em um encontro pessoal trocam a autenticidade de
um diálogo pela efemeridade de tuitadas em seus smartphones.

As empresas estão doentes. Mesmo quando lucrativas, sofrem com crises de
liderança, dificuldades para engajar seus funcionários e reter talentos,
dilemas morais para alinhar discursos institucionais às práticas
corporativas.

Valores e virtudes estão doentes. Intolerância, egoísmo e cupidez suplantam
condescendência, generosidade e gentileza. Prevalece a ética do interesse
pessoal em detrimento do coletivo.

No dia seguinte ao réveillon, na praia, no campo ou nas ruas das cidades, o
cenário era de guerra. Lixo por todos os lados. Garrafas despedaçadas,
deixando cacos de vidros infiltrados na mesma areia onde crianças
inocentemente iriam brincar ao raiar do dia.

Nossos problemas não são conjunturais, mas estruturais. E a solução passa
por reflexão, educação e cultura.



* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em
17 países. É autor de "Somos Maus Amantes - Reflexões sobre carreira,
liderança e comportamento" (Flor de Liz, 2011), "Sete Vidas - Lições para
construir seu equilíbrio pessoal e profissional" (Saraiva, 2008) e coautor
de outros cinco livros. Contatos através do e-mail
tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite:
www.tomcoelho.com.br.

Recebido do autor por e-mail

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