segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Solidão, o preço da grosseria


Sábado à noite, em um dos belos teatros do nosso país, assistíamos uma peça, de rolar de rir.
 
O ator, sozinho no palco, desenvolvia vários personagens e disparava uma frase atrás da outra, que impedia conter o riso.
 
Na nossa frente um senhor que achávamos iria explodir, tão vermelho estava. Dobrado, sentindo dores no estômago, chegava a soluçar de tanto rir.
 
O ator, muito jovem, mas já experiente, se aproximou mais e numa atitude provocativa dirigia a ele as piadas. Sua esposa só fazia sustentá-lo para que não caísse da cadeira. A cena, engraçada, envolvia a todos.
 
Em dado momento, o ator olha para platéia e vê uma garota, sisuda, que quase não ria e nem era contagiada pelos demais. As duas poltronas ao lado vazias. Ele, então, atrai sua atenção, e, após rápido diálogo, pergunta: - Sozinha?
 
Sem nenhuma palavra, ela acena com a cabeça que sim. Nesse momento o ator olha para o público e dispara: - Deve ser boazinha, não?
 
Riso geral, impossível conter. Pronto, a garota não riu mais até o fim do espetáculo.
 
Pois é, assim é!
 
Isso não significa que o ator tivesse razão, afinal solidão nem sempre se resolve com companhia. Ocorre que os sinais eram significativos.
 
Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente profunda sensação de vazio e isolamento.
 
É a história do homem bem sucedido que tem a empresa e a chácara. Quando em uma quer estar na outra.
 
Na empresa os funcionários são uns pesos, na chácara os filhos uns chatos, a esposa aborrecida e os netos irritantes.
 
Assim, a grosseria alimenta a solidão.
 
A grosseria e a solidão são irmãs gêmeas e não convivem bem. Apesar da solidão não suportar a grosseria, esta insiste em acompanhá-la. Pouco se sabe de seus pais, ainda que muitas opiniões e lendas os cerquem.
 
Na família, não se dão muito bem com o primo riso que se casou com a bela alegria. Estes procuram agradar a solidão, mas evitam-na quando está acompanhada da grosseria.
 
Mesmo William Shakespeare não consegue torná-la mais agradável quando diz “se o amor for grosseiro com você, seja áspero com amor”.
 
Na próxima festa ou encontro observe: Quando encontrar a grosseria, certamente lá estará a solidão. Se a solidão estiver sozinha é porque conseguiu dar uma escapulida.
 
Qual a solução?
 
Buscar ajuda. Ninguém precisa viver assim e muito menos obrigar outras pessoas a conviver com isso.
 
É importante não confundir esse estado com estar sozinho.
 
Uma gaita, ainda que pequena, é uma excelente companhia para um músico. Que tal um livro, um filme, ou apenas o silêncio.
 
Um amigo costumava nos dizer: - O silêncio me enlouquece!
 
E nos contava o incômodo quando tinha que viajar e ficar longe da família, horas nas estradas, dias em hotéis.
 
Com ele aprendemos muito quando descobriu que não era o silêncio que o incomodava, mas sua voz interior.
 
Esta pode ser uma grande companhia ou nosso tormento. Depende como a alimentamos e como a satisfazemos.
 
Para o escritor uma caneta e uma folha bastam, ainda que áspera e grosseira!
 
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Articulista, Escritor, Palestrante
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
www.postigoconsultoria.com.br
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo

Publicado em 26-Nov-2011,  no site: www.gestopole.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário