segunda-feira, 18 de julho de 2011

Como é difícil ser você mesmo


  
Como diria Oscar Wilde a cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre. 

Sempre defendi que não devemos ser assombrados pelo medo do julgamento alheio?

Mas alguns acontecimentos recentes em instituições de ensino me fizeram mudar de idéia, me perturbou saber que alguns destes jovens poderão se tornar nossos próximos lideres e gestores seja em empresas ou no próprio governo.

Como podemos ser omissos a um trote sexual dentro duma Universidade Federal no RJ, onde uma caloura, do curso de Direito, contou que os veteranos, ou seja, possíveis futuros juizes ou promotores dividiram as estudantes em dois grupos. Aquelas consideradas bonitas teriam recebido a proposta de fazerem sexo oral em oito rapazes. Em troca, seriam liberadas da obrigação de pedirem nas ruas R$ 250 e ainda seriam "promovidas" a veteranas.

Ou mesmo o recente caso da aluna que foi expulsa depois readmitida numa tumultuada e infeliz decisão dos gestores da instituição. Ela foi rechaçada por mais de 700 colegas simplesmente por se vestir de uma forma diferente. Alem disso o jornalista que revelou em seu blog as agressões verbais sofridas pela aluna recebeu ameaças pela internet na última semana. Típico de regimes ditatoriais como o fascismo.

Se não bastasse esta aluna agora está sendo disputada por outras instituições que lhe oferecem bolsa de estudos com o único intuito de aparecer na mídia e fazer disso uma bela campanha de marketing de inclusão. Vale tudo no negocio da educação, menos educar.

São exemplos sérios de como estes que demonstram como os jovens de hoje estão se comportando diante da diversidade, lembre-se que eles serão os decisores e gestores do amanhã.

Por que isso ainda ocorre em pleno século XXI, será que não aprendemos nada com a hipocrisia, preconceito e intransigência praticada no século passado?

Na realidade buscamos seres humanos iguais ou semelhantes a nós, pessoas com as mesmas opiniões, sentimentos, valores e crenças, por isso a diferença nos outros nos incomoda tanto, eles traem nossos princípios, logo julgamos que devem estar errados e lhes falta experiência ou conhecimento para evoluir até o nosso estado de grandeza.

Poucas pessoas possuem a coragem de realmente ser elas mesmas, a pressão contrária é muito grande e assim a maioria tenta se adequar ao comportamento social vigente e assim aos poucos se transforma naquilo que não é, afundando-se em falsas palavras, atitudes e sentimentos, causando aos outros uma sensação de sempre estarmos senhores da situação. Pura ilusão.

A cada dia distanciamo-nos um pouco mais de nós mesmos, e como numa neblina, um vazio frio e úmido passa a nos envolver. Nossos dias começam a se tornar tristes, nossas amizades vazias, pois nos enterramos em conceitos que não são nossos para parecer agradáveis aos outros, esquecendo de nossa verdadeira essência.

Lembre-se, ninguém é perfeito, você possui qualidades e defeitos como todos os demais seres humanos e por isso devemos aprender a conviver e aceita-los. A beleza da diferenciação humana está justamente nestas imperfeições, “até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro" diria Clarice Lispector.

Como ensinar e gerir pessoas se ainda estamos impregnados de preconceitos e crenças arcaicas e se quando em bandos voltamos a nos comportar como animais.

Vide o comportamento das pessoas quando estão em reuniões, seja na empresa, colégio, igreja ou clube basta alguém ter uma idéia, se vestir ou se comportar de um modo diferente para ser metralhada por argumentos contrários e criticas severas.

Qual será o futuro comandado por este tipo de lideres?


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Autor: Roberto Recinella

Publicado em: 06/07/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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