terça-feira, 12 de julho de 2011

Reviclagem, o desenvolvimento de novos modelos mentais

 

Desafiar a felicidade parece tão insensato que o homem, quando tudo está bem, não muda. Provocar a tristeza é aborrecido e perigoso, portanto não questiona.

Como diziam meus avós: - La historia se repite porque los hombres nunca cambian.

Meu avô, homem do campo, nos ensinou que as pragas se instalam e se desenvolvem onde os produtos cultivados são sempre os mesmos. E os combates com aplicações químicas fazem com que estas se modifiquem e se tornem mais resistentes.

O que fazemos com nossos casos de sucesso? Usamos as mesmas práticas até que estes se esgotem ou alguém os esgote, e assim provoque transformações.

E com os fracassos? Estes esquecemos e evitamos até que alguém, observando aplicações e vantagens, tire proveito.

O aprendizado com o sucesso é mais prazeroso do que com o fracasso, porém há uma questão importante que precisamos estar atento e está relacionada ao conhecimento.

Os discursos sobre o saber nos leva a crer que este muda o mundo.

Diria que o conhecimento é a alavanca, mas na ponta desta é preciso que alguém aja, aplique força, para que os resultados apareçam. Conhecimento sem ação não significa absolutamente nada!

Lembre-se que o tempo e o homem se encarregam de torná-lo obsoleto. Por crer que a terra era redonda, muitos foram para a fogueira, absurdo que a razão eliminou.

Onde está o segredo? A ação é que o dissemina, pois ao mostrar resultados o multiplica.

Nesse aspecto, vejo o mercado e o mundo acadêmico tratando o conhecimento sob diferentes primas, ainda que em muitos momentos se encontrem.

O mercado, ávido por ação que gere resultados, precisa de respostas. Ele tem um problema e quer solução imediata.

Por exemplo: Preciso de um pavio que acenda esta vela e a sustente. Caso cem materiais sejam testados, com noventa e nove de desacertos e um acerto, este é que restará. Os demais, com muita certeza, serão descartados.

Importante notar que estes noventa e nove materiais deram suas respostas. Não aquela específica que o mercado precisava, mas apontaram caminhos.

Como tratar então esse assunto?

Por que não no mundo acadêmico? Este é o ambiente ideal para especulações, pois é um mundo sem consequências.

Este é o ambiente propício não só para busca de respostas, mas principalmente para a busca de perguntas.

Invertamos o processo dizendo: Noventa e nove pavios apresentaram resultados distintos e específicos, onde poderiam ser aplicados? Descartá-los é desprezar noventa e nove caminhos para a adoção de um único!

Note que o caminho inverso, aquele asfaltado por respostas em busca de perguntas, amplia nosso horizonte para reflexões e descobertas.

Ora, críticos, poderíamos pensar: Que bobagem, onde o fracasso poderia nos levar?

Sabia que assim nasceu o Post-it, que tanto sucesso faz?

Para limitarmos nosso mundo basta observamos algo e perguntarmos: Por que tem que ser assim?

Para ampliá-lo, basta observarmos o mesmo evento e perguntarmos: Por que não pode ser assim?

No coração do artista, entre seu talento e vocação, reside a coragem para aceitar, antes mesmo de fazer a pergunta.  Por essa razão a arte é extraordinariamente provocativa.

A ordem do dia é a reciclagem, após a contenção do desperdício, então por que não aplicar a mesma diretriz na nossa forma de agir e pensar?

Por que não “rever” conceitos, reutilizando não só o que aprendemos com o sucesso, mas também com o fracasso, permitindo o desenvolvimento de novos modelos mentais, que nos ajudem a crescer como pessoas, profissionais, pais, mães e mestres?

Talvez possamos chamar esse exercício de “Reviclagem” e praticá-lo.

Estranho o nome? Pode ser, mas uma certeza tenho: O mundo se tornará muito melhor!

Autor: Ivan Postigo

Publicado em: 29/06/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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