Desafiar a felicidade parece tão insensato que o homem, quando tudo está bem, não muda. Provocar a tristeza é aborrecido e perigoso, portanto não questiona.
Como diziam meus avós: - La historia se repite porque los hombres nunca cambian.
Meu avô, homem do campo, nos ensinou que as pragas se instalam e se desenvolvem onde os produtos cultivados são sempre os mesmos. E os combates com aplicações químicas fazem com que estas se modifiquem e se tornem mais resistentes.
O que fazemos com nossos casos de sucesso? Usamos as mesmas práticas até que estes se esgotem ou alguém os esgote, e assim provoque transformações.
E com os fracassos? Estes esquecemos e evitamos até que alguém, observando aplicações e vantagens, tire proveito.
O aprendizado com o sucesso é mais prazeroso do que com o fracasso, porém há uma questão importante que precisamos estar atento e está relacionada ao conhecimento.
Os discursos sobre o saber nos leva a crer que este muda o mundo.
Diria que o conhecimento é a alavanca, mas na ponta desta é preciso que alguém aja, aplique força, para que os resultados apareçam. Conhecimento sem ação não significa absolutamente nada!
Lembre-se que o tempo e o homem se encarregam de torná-lo obsoleto. Por crer que a terra era redonda, muitos foram para a fogueira, absurdo que a razão eliminou.
Onde está o segredo? A ação é que o dissemina, pois ao mostrar resultados o multiplica.
Nesse aspecto, vejo o mercado e o mundo acadêmico tratando o conhecimento sob diferentes primas, ainda que em muitos momentos se encontrem.
O mercado, ávido por ação que gere resultados, precisa de respostas. Ele tem um problema e quer solução imediata.
Por exemplo: Preciso de um pavio que acenda esta vela e a sustente. Caso cem materiais sejam testados, com noventa e nove de desacertos e um acerto, este é que restará. Os demais, com muita certeza, serão descartados.
Importante notar que estes noventa e nove materiais deram suas respostas. Não aquela específica que o mercado precisava, mas apontaram caminhos.
Como tratar então esse assunto?
Por que não no mundo acadêmico? Este é o ambiente ideal para especulações, pois é um mundo sem consequências.
Este é o ambiente propício não só para busca de respostas, mas principalmente para a busca de perguntas.
Invertamos o processo dizendo: Noventa e nove pavios apresentaram resultados distintos e específicos, onde poderiam ser aplicados? Descartá-los é desprezar noventa e nove caminhos para a adoção de um único!
Note que o caminho inverso, aquele asfaltado por respostas em busca de perguntas, amplia nosso horizonte para reflexões e descobertas.
Ora, críticos, poderíamos pensar: Que bobagem, onde o fracasso poderia nos levar?
Sabia que assim nasceu o Post-it, que tanto sucesso faz?
Para limitarmos nosso mundo basta observamos algo e perguntarmos: Por que tem que ser assim?
Para ampliá-lo, basta observarmos o mesmo evento e perguntarmos: Por que não pode ser assim?
No coração do artista, entre seu talento e vocação, reside a coragem para aceitar, antes mesmo de fazer a pergunta. Por essa razão a arte é extraordinariamente provocativa.
A ordem do dia é a reciclagem, após a contenção do desperdício, então por que não aplicar a mesma diretriz na nossa forma de agir e pensar?
Por que não “rever” conceitos, reutilizando não só o que aprendemos com o sucesso, mas também com o fracasso, permitindo o desenvolvimento de novos modelos mentais, que nos ajudem a crescer como pessoas, profissionais, pais, mães e mestres?
Talvez possamos chamar esse exercício de “Reviclagem” e praticá-lo.
Estranho o nome? Pode ser, mas uma certeza tenho: O mundo se tornará muito melhor!
Autor: Ivan Postigo
Publicado em: 29/06/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br
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