quinta-feira, 14 de julho de 2011

A lei do triunfo


 Faz exatamente quinze anos que eu tive a curiosidade e a felicidade de ler o livro A Lei do Triunfo, de Napoleon Hill, pensador e escritor encarregado por Andrew Carnegie, o magnata do aço americano, de entrevistar mais de 16 mil pessoas bem-sucedidas nos Estados Unidos, no início do século passado. O livro é resultado de vinte anos de pesquisa e muito trabalho onde o autor resume, em 17 princípios, as características, os valores e as virtudes de 500 ilustres selecionados que conquistaram a glória naquele país. Naturalmente, são princípios aplicáveis ao mais comum dos cidadãos que deseja crescer pessoal e profissionalmente.

Quando eu realizei o investimento, o livro estava na décima primeira edição. Hoje está na trigésima. Apesar de velhinho, surrado e um tanto amarelado o livro, é óbvio, mantenho-o na cabeceira da cama, ao alcance de todos. Se alguém da família se aproxima com cara de desânimo, eu simplesmente retiro-o da estante e coloco à disposição para leitura, revisão de conceitos e uma boa reflexão.

Toda vez que eu comento ou recomendo esse livro, alguns torcem o nariz, outros se fazem céticos e muitos talvez até desacreditem no meu trabalho pelo fato de o considerarem uma espécie de autoajuda, o que, para uma leva de desavisados, não soa bem para um professor e pesquisador como eu. O fato é que o livro realmente teve uma importância significativa no meu desenvolvimento pessoal e profissional e isso é o que realmente vale.

Assim ocorre com todos os seres humanos que foram agraciados com a habilidade da leitura e do gosto pelas palavras. Conheço gente que daria tudo para aprender a ler e conseguir comprar bons livros com mais freqüência. E de todas as pessoas que conheço e gostam de boa leitura, a maioria tem um título marcante na ponta da língua para mencionar e sente orgulho de ter lido. No meu caso são muitos, porém A Lei do Triunfo é especial bem como A Montanha Mágica, de Thomas Mann, Premio Nobel de Literatura, e a Revolução dos Bichos, de George Orwell, clássicos da literatura mundial.

Apesar do sucesso de Napoleon Hill, é possível encontrar na web uma sucessão de comentários negativos a respeito do seu trabalho, coisas do tipo “não acredito em livros que indicam a fórmula da riqueza ou do sucesso” ou ainda “isso ajuda somente quem vende livros de autoajuda”, porém o escritor, na época um jovem repórter, deixou o nome registrado na história. E isso irrita muita gente que prefere combatê-lo em vez aplicar pelo menos uma parte dos princípios divulgados no livro.

Quando você devorar o livro num instante, o que aconteceu comigo, talvez chegue à mesma conclusão do autor. Pensar, planejar, ser criativo, suar a camisa, ser uma pessoa de fé e ter confiança em si mesmo dão um trabalho danado. Para muitos, é mais fácil acertar na megasena, apropriar-se das terras alheias, desviar dinheiro das empresas ou, quem sabe, aguardar ansiosamente a herança do papai que já está velhinho, coitado, nem aproveita mais nada.

De fato, parafraseando Napoleon Hill, enquanto o ser humano não encontra um propósito definido na vida, dissipa energias e dispersa pensamentos sobre diversos assuntos e em variadas direções, que não conduzem ao poder, mas à indecisão e à fraqueza. E posso acrescentar, por experiência própria, às críticas, à inveja e à perda de energia vital. Anterior a ele, Emerson era mais contundente com sua escrita refinada e, por vezes, de difícil entendimento: “ser você mesmo em um mundo que está constantemente tentando fazer de você outra coisa é a maior realização”. Leia isso várias vezes, se necessário.

Certamente, alguém que teve o prazer de conhecer e conversar com pessoas como Andrew Carnegie, Henry Ford, John Rockfeller, Theodore Roosevelt e Thomas Alva Edison, pressupõe-se, não volta ao seu estado original, pois acumula uma sabedoria singular. Seria o mesmo que conviver com personalidades do calibre de Abílio Diniz, Antonio Ermírio de Moraes, Miguel Krigsner, Rui Barbosa, Silvio Santos e Zilda Arns. O semblante das pessoas muda quando se referem a eles.

Dos dezessete princípios definidos pelo autor, quatro influenciaram significativamente o meu modo de pensar e agir: o objetivo principal definido, a imaginação, a fórmula da confiança em si mesmo e a força do hábito, os quais eu tomei a liberdade de transformar em missão, visão, autoconfiança e persistência. A Lei do Triunfo transforma as pessoas.

O lado prático de A Lei do Triunfo resume-se ao seguinte: não existem atalhos para o sucesso. A combinação de um desejo ardente de prosperidade com um propósito de vida definido e um plano de ação efetivo para se atingir o objetivo será sempre o melhor caminho. Fé inabalável em Deus e confiança em si mesmo são ingredientes indispensáveis. E como diria Edison, o pai da lâmpada elétrica, 1% por cento de inspiração e 99% de transpiração são mais do que suficientes.

A inquietude típica de criança, a insatisfação geral com o mundo e a necessidade permanente de sentir-se importante são apenas algumas das razões que impulsionam o ser humano para inúmeras tentativas de aceleração da riqueza material antes mesmo de uma realização interior mais profunda, mais consistente e digna de merecimento perante sociedade. Somos meramente iludidos com a idéia de que dinheiro e poder nos farão respeitados.

Durante muito tempo eu atribuí uma série de justificativas, quase todas infundadas, para o meu fracasso profissional até determinada fase da minha da vida. Quando fui demitido, então, o mundo desabou sobre mim. Embora eu fosse reconhecido nas empresas onde trabalhei, eu nunca estava contente. O preciosismo e o perfeccionismo foram extremamente prejudiciais na minha carreira. Faltou-me a simplicidade, a força do pensamento positivo, mais atenção aos relacionamentos.

Infelizmente, ninguém consegue mudar o passado, mas é possível aprender com ele, portanto, olhar para o futuro e viver intensamente o presente é o caminho mais sensato, motivo pelo qual decidi levantar a cabeça, dar a volta por cima e criar uma visão e uma missão de vida sustentada por valores inegociáveis, os quais serão levados comigo até o dia do suspiro final.

Como diria Emerson, o grande pensador americano, “nada te pode trazer paz senão o triunfo dos princípios” e tenho em mente que os princípios são a base para o triunfo. Portanto, nunca deixe de sonhar, de ser otimista, de praticar o bem. Lembrando Shakespeare, “nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos ganhar por medo de tentar”.

Por fim, prepare-se para o melhor, espere o melhor, pense sempre no melhor e a Lei do Triunfo será cumprida. As palavras de Napoleon Hill encerram a lição de hoje: “Ame as suas visões e os seus sonhos como se eles fossem as crianças da sua alma; os planos de suas maiores realizações”. 
Pense nisso e seja feliz!


Autor: Jerônimo Mendes

Publicado em: 07/07/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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