sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Livre-se dos rótulos




O rótulo atribuído a uma pessoa, em forma de apelido depreciativo ou em forma de preconceito, é uma das coisas mais nocivas para o ser humano. Se as pessoas em geral tivessem a mínima noção do impacto provocado pelos rótulos negativos, elas seriam mais cuidadosas na transmissão da mensagem e, portanto, menos prejudiciais ao desenvolvimento alheio.

Você já notou que algumas atitudes isoladas tendem a ser reforçadas a partir de um comentário negativo? Vamos supor que num determinado momento você se recusou a ajudar um colega de trabalho pelo fato de estar muito atarefado e não poder ajudá-lo naquele momento. Por conta da pressão vivida naquele instante, você o fez de maneira mais ríspida e isso foi tomado como grosseria.

Naquele mesmo instante, o interlocutor saiu dali chocado e foi direto para a mesa do colega vizinho: - fulano é cara difícil, colaboração zero. Ao mesmo tempo, o outro retruca: esquenta não, ele é assim mesmo.

A partir desse momento, a tendência é a de que você seja rotulado como uma pessoa difícil. Por conta de situações semelhantes ocorridas em momentos diferentes, o evento ganha dimensão e velocidade impressionante, muito difícil de ser revertida.

Considerando a tendência natural das pessoas para o preconceito e o prejulgamento, aliado à sua incapacidade de absorver ou de se livrar do rótulo, a importância que você atribui ao fato determina a sequência dos acontecimentos futuros.

Questões para pensar: um simples evento, ainda que tenha ocorrido outras vezes, faz de você uma pessoa difícil? Será que a única coisa que eu consigo lembrar de você, a partir desse fato, é que você é uma pessoal difícil? Um simples deslize, cometido em determinado momento de tensão, faz de você uma pessoa difícil? Ser uma pessoa difícil é a única coisa que você consegue ser?

É bem provável que não. O bandido mais cruel de que você já ouviu falar carrega dentro de si traços de violência e indiferença, amor e compaixão. Você não acha isso contraditório? Como pode alguém ter sentido indiferença na hora de tirar a vida de outra pessoa e sentir-se arrependido depois?

De acordo com Randhy Di Stéfano, referência em Coaching no Brasil, pessoas rotuladas como “defeituosas” ou “difíceis” utilizam “estórias” saturadas de problemas para justificar a personalidade com base nos eventos ocorridos ao longo da sua vida. De fato, as pessoas se apegam em “estórias”, positivas ou negativas, para se posicionar ou explicar “quem elas são”.

Na prática, o que significa isso? O ser humano é fruto das suas estórias dominantes, ou seja, do condicionamento, das experiências negativas, dos modelos mentais e dos rótulos criados por outras pessoas em relação aos eventos em que ele viveu um momento de insatisfação ou infelicidade.

De maneira geral, as pessoas são bloqueadas pelo processo dominante saturado de problemas. Exemplos: 1) minha mãe repetia tanto que eu era burro na hora de fazer a lição da escola que eu passei a pensar que não seria capaz de realizar nada na vida; 2) eu não consigo deixar de comer doces porque minha avó fazia bolo todos os dias para a gente comer de manhã e à tarde.

Onde está o problema? Está no fato de você se apegar a um único evento ocorrido no passado e, por força de inúmeras circunstâncias alheias à sua vontade, tomar o evento como verdade absoluta. Quando isso acontece e você não faz nada para reverter a situação, acaba refém da estória dominante para o resto da vida.

A partir disso, torna-se mais fácil reclamar do que mudar, adotar a zona de conforto, colocar a culpa nos outros e deixar tudo como está. Talvez seja mais cômodo acreditar no que o seu vizinho infeliz afirmou há muito tempo atrás: - você não vai ser nada na vida. Diante disso, você não tem direito a reclamação.

Independentemente da sua idade, estudos comprovam que até os vinte e quatro anos de idade o ser humano já experimentou todas as sensações possíveis. O que muda são os fatos, mas as sensações já foram testadas. Isso significa que todos nós já fomos violentos, educados, maldosos, delicados, malandros, fofoqueiros, felizes e infelizes em algum momento.

Considerando que você já experimentou todas as sensações e, portanto, tem todas as histórias, significa que você tem jeito pra tudo. Você pode ser o que quiser, mas para obter sucesso na vida, será necessário se adaptar aos novos papéis que o sonho requer.

O sucesso de qualquer pessoa está diretamente relacionado com o papel que você exerce na sociedade. Você pode ser pai, mãe, filho, irmão, executivo, professor empresário ao mesmo tempo, entretanto, para cada papel você precisa de habilidades ou competências diferentes que você precisa adaptar ou adquirir para ser o melhor quer puder em cada um.

Se você tentar administrar uma família como você administra a empresa estará perdido. Se você quiser ser tratado pela esposa exatamente como era tratado pela mamãe, o casamento vai ser um desastre. Se continuar acreditando que não tem competência para ser empresário e ao mesmo tempo não buscar o conhecimento necessário para se tornar um deles, desejo-lhe boa sorte.

Portanto, cada vez que você for rotulado por alguém em alguma questão que coloque em xeque a sua capacidade de realização, pergunte a si mesmo: que estória é essa? Qual é a autoridade dessa pessoa? O que ela já fez ou deixou de fazer para rotular a minha forma de ser?

Você não consegue mudar o rótulo se não buscar ajuda e não tiver noção das qualidades ou características necessárias para cada papel que você representa na sociedade. Mudar de papel dói, mas não mudar o papel dói para o resto da vida.

Por fim, lembre-se: talvez a sua “estória” não seja a estória plantada pelos outros. Livre-se dos rótulos e analise profundamente em que tipo de pessoa você precisa se transformar para alcançar o seu objetivo e construir a sua própria história. Como diz o próprio Rhandy, “quando menos adaptado ao seu papel, maior o impacto negativo que você causa nas outras pessoas".

Pense nisso e seja feliz!

Autor: Jerônimo Mendes

Publicado em: 25/07/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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