sábado, 6 de agosto de 2011

Medo de Dentista (4/9)

Do site: www.mentecerebro.com.br


Para alguns a consulta odontológica é um verdadeiro pesadelo, que vai além de um simples desconforto. O profissional também precisa controlar a ansiedade e o estresse despertados pela tensão do paciente
por Massimo Barberi
[continuação]

RELAÇÃO DE CONFIANÇA
Se a odontofobia é pouco estudada, a angústia sentida pelo dentista, exacerbada pelo mal-estar de quem recebe seus cuidados, é menos ainda, embora o fenômeno seja bastante frequente e desencadeie um círculo vicioso. O paciente manifesta ansiedade, o dentista percebe e tende a ficar tenso com a situação. O cliente, por sua vez, capta mensagens não verbais do profissional de que algo não vai bem, o que intensifica sua angústia. Enfim, os dois podem acabar sentindo aversão um pelo outro durante toda a consulta – e depois dela.


Embora várias anedotas façam alusão ao sadismo daqueles que escolhem a carreira de cirurgião-dentista – e, com certeza, a capacidade de suportar o sofrimento alheio é um diferencial positivo para esses profissionais –, na prática, ter uma pessoa com dor, assustada e pouco disposta a colaborar, mas que precisa de seus cuidados, não é uma situação exatamente confortável.


Um estudo realizado pela Universidade de Brunel, de Londres, mostrou que mais de 60% dos cirurgiões-dentistas britânicos apresentam irritação, ansiedade e depressão, além de sintomas físicos (como baixa imunidade, dores de cabeça e no corpo) relacionados ao estresse. Esses especialistas estão bastante sujeitos também a problemas como obesidade, abuso de bebidas alcoólicas e até à síndrome de burnout (esgotamento profundo relacionado ao trabalho), infarto e acidente vascular cerebral (AVC). “Em geral, o paciente odontofóbico tende a realizar movimentos bruscos, que podem causar uma manobra errada e, em consequência, provocar ferimentos”, observa Ruth Freeman. Justamente por isso é tão importante que seja estabelecida entre cirurgião e paciente uma relação de profunda confiança. “Portanto, não é exagero que, para tratar pessoas fóbicas, o profissional use mais da metade do tempo da consulta apenas para conversar e estabelecer um clima de tranquilidade”, afirma a pesquisadora.

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