segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pais esperam mais de filhos que “custam caro”

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 16.08.2011
Os adultos desejam que ganhos afetivos compensem renúncias econômicas

© shutterstock

Camisas do time de futebol, aulas de instrumentos musicais ou reforço escolar são despesas que, em geral, fazem parte do orçamento de quem tem filhos. Segundo artigo publicado por Psychological Science, gastos desse tipo influem diretamente nas expectativas em relação às crianças.


Psicólogos da Universidade de Waterloo, no Canadá, pediram a voluntários com filhos que lessem um texto. O documento descrevia estimativas do governo sobre custos de alimentação, vestuário e lazer até os 18 anos – cifra que chegava perto de US$ 200 mil. Em seguida, metade dos participantes foi convidada a ler mais um artigo, sobre o apoio econômico que os pais recebiam mais tarde dos filhos adultos. Aqueles que receberam apenas o primeiro texto para leitura se mostraram mais propensos, quando questionados pelos pesquisadores, a concordar com afirmações que enfatizavam os efeitos emocionais da paternidade, como “não há nada mais recompensador na vida que ter um filho”.


Segundo o autor do estudo, o psicólogo Richard Eibach, essa racionalização é uma resposta comum para a dissonância cognitiva – quando há duas ideias conflitantes na mente. Ou seja, a decisão de ter um bebê envolve um balanço, mesmo que inconsciente, de encargos emocionais e materiais, a ponto de os pais concluírem que os ganhos afetivos precisam compensar as renúncias econômicas. Essa visão está fortemente vinculada a mudanças socioeconômicas. Há algumas décadas, as crianças significavam mais braços para ajudar na lavoura, por exemplo, incrementando a renda familiar. “À medida que a decisão de aumentar a família foi ficando mais cara, começamos a fantasiar sobre ser pais, convencendo-nos de que criar filhos é prazeroso”, diz Eibach.

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