Nossa linguagem mostra como associamos as cores ao estado emocional. Não raro dizemos, num momento de desânimo, que o mundo está “acinzentado”. Estudos comprovam que há base orgânica para relacionarmos, por exemplo, cinza e melancolia. Uma pesquisa coordenada pelo médico Ludger Tebartz van Elst, da Universidade de Freiburg, na Alemanha, mostrou que, em pessoas com depressão, os neurônios da retina reagem de forma limitada a contrastes. O experimento consistiu em colocar eletrodos finíssimos nos globos oculares de voluntários (saudáveis e depressivos) e registrar a estimulação da retina enquanto os participantes observavam vários padrões de tabuleiros de xadrez. Como as diferenças entre claro e escuro são processadas pelas células neurais da retina, os sinais obtidos forneceram indícios sobre a sensibilidade aos contrastes, independentemente da percepção subjetiva dos participantes.
A sensibilidade aos contrastes em voluntários depressivos foi, em média, 50% menor do que nos saudáveis. Não foram constatadas diferenças entre depressivos agudos e crônicos ou que tomavam medicamentos. A falta de contraste registrada também foi significativa: mais de 90% dos que apresentaram sensibilidade da retina abaixo da média eram depressivos. Segundo os pesquisadores, apesar de o método ainda não ser adequado para ser usado como procedimento de diagnóstico, ele representa uma nova abordagem para definir alterações neurológicas. |
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