Publicado em 13-Apr-2011, por Carlos Cesar D'Arienzo
Não é difícil imaginarmos que variáveis macroeconômicas (câmbio, juro, inflação etc) influenciam as atividades econômicas e financeiras sobretudo das empresas, contudo, as decisões pessoais equivocadas (para dizer-se o mínimo) no âmbito das famílias, podem produzir efeitos negativos de grande monta para as finanças pessoais e para o conjunto da economia, pois se é verdade que a sociedade costuma encontrar soluções para inibições ao crédito promovidas pelos governos, também o é para não responder positivamente às políticas expansionistas das atividades econômicas, quando incentivadas pelos mesmos governos. As decisões financeiras equivocadas de caráter pessoal podem mesmo destruir as relações familiares e de amizade. O problema inicia-se com a Educação formal, que precisar ser reformulada pela sociedade e governos, passa pelo desconhecimento de administração e contabilidade das finanças pessoais e termina nos consultórios de Medicina e Psicologia, não raro, nos bares.
Parece existir uma variável que escapa ao crivo de estudos dos economistas, administradores e contadores, especificamente, demonstrando ser trabalho também para psicólogos e sociólogos: a índole. O que acontece para o conjunto da economia (as relações microeconômicas, principalmente) quando o indivíduo, consciente e irresponsavelmente, sabendo que será socorrido, leva a si mesmo e sua família, pelas relações de amor e amizade, à bancarrota ? Como deter esse processo e incutir responsabilidades nessa pessoa ?
Observando a sociedade podemos distinguir dois elementos ou grupos de pessoas no processo de endividamento (1), não me refiro aos consumidores que utilizam conscientemente o crédito oferecido pelo comércio ou outros agentes econômicos, mas aos que o utilizam inadequadamente, tentando viver muito além de seus níveis de renda, influenciados pelos meios de comunicação ou pelos comportamentos de classes sócioeconômicas com rendas maiores que as suas, por exemplo.O segundo grupo, não menos danoso às finanças pessoais, é o de pessoas que se socorrem de suas famílias com a certeza de que poderão fazê-lo indefinidamente, são os bon vivant.
Esse segundo grupo frequentemente desestrutura não apenas as finanças da família (pai, mãe, irmãos, avós, tios etc), mas também o que podemos denominar de Economia Familiar, afetando o patrimônio, em que verdadeiras liquidações deste são efetuadas para socorrer esses indivíduos, comprometendo por anos a situação econômica e financeira da família. Metas, desejos, sonhos, tudo é postergado ou mesmo abandonado definitivamente em função do irresponsável (mas consciente) membro da família.
São eventos que não podem ser capturados pelas decisões macroeconômicas pensadas nos gabinetes dos ministros, todavia parecem influenciar o conjunto da economia no seu nível mais elementar e não menos importante do sistema econômico: a família, sua saúde mental, equilíbrio econômico e financeiro, sua produtividade no trabalho. Como mensurar esses acontecimentos e suas repercussões no tecido social ?
Não se trata de aprender, apenas, a fazer contabilidade pessoal. Se não houver consciência, que também é elemento do conhecimento, recursos valiosos como o tempo serão gastos inutilmente com essas pessoas, que além disso, "drenarão" as energias e capacidades mentais de suas famílias.
Alguém, na família, precisa emergir (ou reafirmar-se) como líder para pôr ordem no caos econômico-financeiro reinante e fazer ver ao familiar implicado, o valor do dinheiro, sobretudo o dinheiro de terceiros.
Modelos estatísticos, matemáticos e econométricos (a junção dos dois primeiros mais as teorias econômicas) não têm conseguido, com significância, representar o comportamento das pessoas no processo de endividamento familiar, seja pelo número de variáveis envolvidas para o cálculo, seja pelas suas subjetividades.
O meio econômico é essencialmente heterogêneo. A análise econômica moderna abandonou os postulados da homogeneidade dos indivíduos e suas ações econômicas sobre os quais se edificara a Ciência Econômica do século XIX , sustentada no homo economicus.
A Ciência é um todo, nós a graduamos para facilitarmos seu estudo e difusão, acredito que somente estudos econômico-financeiros não nos adiantarão na compreensão do problema, torna-se necessária a interação entre Economia, Administração, Contabilidade, Psicologia e Sociologia.
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(1) Devemos nos lembrar que em Economia, Consumo é função diretamente relacionada com o nível de Renda C = f (R) : maior Renda, maior capacidade de Consumo. Menor Renda, menor capacidade de consumo.
do site: www.gestopole.com.br
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