quinta-feira, 12 de maio de 2011

É possível escolher ser feliz? (2/2)

Por depender de valores subjetivos, a felicidade pode ter caminhos diferentes para cada pessoa. “É algo construído ao longo da vida, com sua subjetividade. Desde que se nasce, vai se descobrindo o que se quer e que vale a pena viver a vida”, diz Rosa Reis, psicanalista da Federação Brasileira de Psicanálise. Ou seja, não vale sonhar com uma casa igual à do vizinho, ou se preocupar tanto com reformas e modificações na sua se você mal tem tempo de curti-la.

Para encontrar seu caminho próprio para a felicidade, Rosa recomenda prestar atenção nos momentos que propiciam relaxamento, sensação de bem-estar e paz. “São situações em que você se sente integrado com você mesmo, realizando coisas importantes. Você tem que olhar para dentro de si, e não buscar fora”, diz. Podem ser coisas simples, como passear com o cachorro ou uma conversa gostosa durante um jantar em família. A chave é valorizar esses momentos e dar espaço para que eles se repitam.

Felicidade é um investimento
Outro fator indispensável é dedicar tempo e energia à felicidade. A filósofa Patricia Fox, 42 anos, que trabalha com espiritualidade feminina, afirma ser feliz por seguir o que o coração pede. “Mesmo que eu tenha que ‘brigar’ com o mundo’, afirma. O interesse pela filosofia nasceu depois da perda da mãe, aos 21 anos. “Foi terrível e sinto falta dela, mas foi o início da busca por uma cura.” Ela optou por uma carreira com ganhos não muito altos, mas que permite que ela faça o que gosta e tenha tempo livre. “Felicidade não é alienação, não é se distrair com coisas que não te ilustram de verdade”, afirma.

Patrícia faz questão de usar as crises e revezes a seu favor. “Manter-se numa zona de conforto muitas vezes é prolongar a infelicidade, seja num casamento, numa faculdade que o pai obrigou, num emprego que não gosta”, diz. “Se não posso viajar, vou para o parque perto de casa. É o que tem para hoje, sabe? Tudo é muito instável.” Para a psicóloga e psicodramatista Cecília Zylberstajn, trata-se de uma habilidade adquirida. “Dá para aprender a ser feliz em todas as situações que a vida impõe para a gente e não depender de coisas conquistadas”, afirma. “É uma escolha porque depende de abrir espaço na vida para fazer coisas que você gosta.”

Tristeza é diferente de infelicidade
É evidente que os problemas não desaparecem com a decisão de ser feliz. Perdas e crises vão acontecer sempre. “Uma dica prática é viver os momentos de tristeza quando eles aparecem. Se permitir viver plenamente a tristeza e o luto quando for necessário permite que ela passe e você fique fortalecido”, afirma Cecília. “Felicidade implica em saber superar momentos tristes e perdas.” Em outras palavras, ela se opõe diretamente a infelicidade e à insatisfação.

É importante distinguir as tristezas de depressão ou de outros transtornos do humor. Depois de um episódio traumático, como perda de um ente querido ou de um emprego, o bem estar emocional deve voltar, gradualmente. “Em até seis meses, de acordo com os manuais de psiquiatria, você tem que estar melhor. O ritmo de vida precisa ir voltando, assim como a satisfação”, afirma Alexandre Sadeh, psiquiatra do Hospital das Clínicas e professor da PUC-SP. Mas ele acredita que mesmo para uma pessoa psiquicamente saudável ainda é difícil driblar as pressões cotidianas, sobretudo para o sexo feminino.

“Aumentou demais a carga de stress. Para uma mulher se dizer feliz hoje, nos parâmetros culturalmente determinados, é muito difícil”, afirma. Praticar a resiliência – a capacidade de se recuperar de frustrações – e o prazer em viver parece ser a receita mais eficiente para uma vida feliz.


Fonte: www.ig.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário