terça-feira, 28 de junho de 2011

Precisamos de palavras para pensar?

Do site: www.mentecerebro.com.br, em 17 de junho de 2011

O que ouvimos ou escolhemos dizer afeta a intensidade de nossas ondas cerebrais

© Cienpies Design/Shutterstock

Muitos cientistas argumentam que o raciocínio necessita dos vocábulos para ser produzido, apoiando-se na ideia de que o pensar seria uma espécie de conversa subjetiva consigo mesmo. Outros alegam que recorremos, antes das palavras, a “uma linguagem do pensamento”, fundamentada em imagens mentais e abstrações. Há ainda aqueles que defendem que apenas para alguns tipos de raciocínio as palavras são indispensáveis, o que nos leva a considerar o funcionamento linguístico em mais de um “módulo”.


Qualquer que seja o caso, na maioria das vezes as palavras que escolhemos dizer – ou ouvimos – afetam nossos pensamentos. É o caso, por exemplo, de termos ofensivos, agressões e palavrões, que tendem a causar exaltação física, como aumento da pressão sanguínea e dos batimentos cardíacos. Já palavras doces, ditas de forma amorosa, tendem a nos mobilizar afetivamente, despertando ternura. Estudos recentes desenvolvidos na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, por meio de técnicas de imageamento, revelaram que as ondas cerebrais de quem fala e de quem ouve tendem a se tornar similares. E quanto mais o ouvinte está receptivo ao que escuta, mais seu cérebro se “adapta” ao do interlocutor. O que os estudiosos não sabem ainda é quanto essa proximidade tem a ver com as palavras em si ou com a entonação, com a empatia despertada pela voz e com as mais diversas associações afetivas possíveis.


Outro ponto curioso descoberto por neurocientistas é que, dependendo da língua materna, usamos uma parte específica do cérebro para resolver problemas que exigem raciocínio. A diferença é visível, por exemplo, quando grupos de voluntários chineses e americanos são convidados a resolver questões simples de matemática enquanto são monitorados por exames de neuroimagem. Nessas situações é possível constatar que áreas neurais diferentes são acionadas em pessoas das duas nacionalidades.

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