sábado, 23 de outubro de 2010

A Síndrome do Impostor (1)




Muita gente acredita que não merece o sucesso, mesmo quando trabalhou duro para atingir seus objetivos e é reconhecida por suas realizações. Essas pessoas, na maioria mulheres, sentem-se farsantes e convivem com o medo constante de que o suposto engodo seja descoberto



Por Birgit Spinath - Professora de psicopedagogia da Universidade de Heidelberg-Alemanha


"Foi realmente uma prova excelente. Você não quer iniciar seus créditos de pós-graduação sobre esse tema? Passe em minha sala para uma conversa." Assim a professora se despede de Lina após sua prova final do ano letivo. A matemática recém-formada, no entanto, não consegue se alegrar com o elogio. Em sua cabeça circula um turbilhão: "Essa professora é realmente simpática, e ela só me perguntou coisas fáceis. Foi sorte! Agora eu preciso evitar uma conversa mais técnica ou ela ainda vai perceber que só blefei - e vai descobrir que sei muito pouco, bem menos do que deveria!" Lina fica remoendo esses pensamentos até ter certeza: apesar de ter obtido excelente nota nos exames, não vai aceitar a oferta da professora em hipótese alguma.

Aprovada com louvor na prova para a qual estudou muito, a jovem sente-se uma farsante. Lina é atormentada pela "Sindrome do Impostor". Pessoas afetadas por esse fenômeno não acreditam que seus sucessos possam ser atribuídos à sua própria capacidade. Em alguns casos, estão convencidas que a boa avaliação de seu desempenho deve-se apenas ao seu charme ou a seus relacionamentos. Em outros, convencem-se de que foram beneficiadas simplesmente por um feliz acaso. Mas com frequência comparam-se a outras pessoas e duvidam da própria capacidade. Curiosamente, essas ideias surgem com frequência em pessoas com bom currículo e até com histórico de ótimos desempenhos.



Revista Mente & Cérebro n° 213, outubro/2010

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