domingo, 18 de setembro de 2011

Neurônios programados para imitar

Do site: www.mentecerebro.com.br,  em 02 de setembro de 2011

Temos a tendência a reproduzir, ainda que internamente, os gestos de outra pessoa; quando isso não é possível, mecanismos neurológicos específicos são acionados

©Perov Stanislav/Shutterstock

Os neurônios-espelho são células cerebrais especializadas que nos permitem simular internamente as ações de outras pessoas e até perceber o que o outro pensa e sente – e nos identificar com esse sentimento. Embora estejam presentes em várias espécies (foram descobertas em macacos Rhesus), nos humanos essas estruturas celulares possibilitam o acesso à cultura, comportamentos empáticos e o desenvolvimento da linguagem. Quando vemos alguém levantando o braço, por exemplo, os neurônios-espelho ativam áreas do córtex motor (correspondentes a esse membro) e fazem com que o cérebro “ensaie” internamente a repetição dos movimentos alheios. Mas o que acontece ao observarmos uma pessoa em posições que não conseguimos reproduzir? Para investigar essa questão, a psicóloga e neurocientista Emily Cross, do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e do Cérebro, na Alemanha, e sua equipe analisaram o funcionamento cerebral de 18 voluntários. Eles foram submetidos a exames de ressonância magnética funcional (fMRI), enquanto eram mostradas fotografias de uma contorcionista em posições comuns (esticando-se para o lado, por exemplo) e em gestos mais complexos (como deitar de bruços com os dedos do pé tocando a testa). Os resultados mostraram que as duas situa-ções acionam o sistema de neurônios-espelho. No segundo caso, porém, mais uma região foi ativada: a área extraestriada (EBA, na sigla em inglês), relacionada ao sistema -visual e conhecida por reagir fortemente a imagens de membros humanos.


Os pesquisadores acreditam que em princípio todos os movimentos são “copiados” pelos neurônios-espelho. No entanto, quando o grau de dificuldade das posturas aumenta, a EBA é ativada, para indicar se aquela ação poderá ou não ser imitada. “Ao vermos alguém dançar no palco nosso cérebro se imagina realizando a mesma proeza, até que o bailarino faz uma pirueta difícil e ficamos impressionados, sem entender como aquele salto foi possível”, afirma Emily.

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