quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O presente ideal




A cada data comemorativa fico pensando nas pessoas envolvidas, nas correntes mentais associadas ao acontecimento, aos lares alegres e felizes, mas esqueço que raramente ganhamos o presente ideal. Qual é o presente ideal?

Para o trabalhador a chance de poder desempenhar sua atividade, sem assédio, mas com cobranças plausíveis de serem cumpridas: quem exige deve dar condições mínimas para o cumprimento do exigido; para o filho, a certeza que ao retornar a casa, seu lar esteja em pé, com pessoas unidas e capazes de prover e ajudar no seu crescimento; para os pais, o reconhecimento de sê-lo com a garantia de ser amado e respeitado.

Poderia tentar explicar o presente ideal para muitas pessoas, mas foco naquele que eu – pai –, gostaria de receber não somente no dia dos pais, mas sim todos os dias. Ontem falando com um amigo, este disse que sempre que está com seu pai, o beija, mas isto ocorre uma vez por semana. Pode até ser pouco, mas realmente é pouco para o pai que muitos anos se privou de tudo para poder dar o conforto, a segurança e a tranqüilidade do crescimento ao seu filho.

Estou esperando presentes no dia dos pais? Claro, sou normal e igual a todos os pais; desejo um abraço apertado, um cheiro no cangote, um beijo estalado; desejo ouvir as lamúrias do dia a dia tendo a certeza que saberão ouvir os meus conselhos, lições da minha vida. Sou pai, igual a todos os pais, mas também sou filho de um pai desencarnado, outro adotado e de muitos outros mais que coloquei dentro do meu coração; são pais de longe e de perto; são amigos que me protegem tal qual um pai o faria; são companheiros e até carrascos, porque ser bom e amigo não é passar a mão sobre a cabeça e dizer: está tudo certo.

Meu maior Pai está onipresente comigo; às vezes esqueço-me dele, pensando somente em meu umbigo; é sério, porque o homem somente procura ajuda quando está doente ou no fundo do poço, ao passo que o Pai sempre está presente, pronto para nos ouvir, mesmo já sabendo do que precisamos. Pai verdadeiro sente e ausculta nossa existência, dando condições para que possamos perceber e decidir qual caminho a ser seguindo. Pai abre a porta; o filho tem que aprender a cruzá-la.

No meu primeiro livro dedico o texto Helvino ao meu pai desencarnado, usando-o para conscientizar todos os administradores que a experiência, aliada a tecnologia, vence guerras e que as batalhas são pequenos obstáculos a serem galgado tal qual escada; na vida real, adoro o Nilo, adotando-o há 40 anos como pai e ele sabe, porque mesmo não dizendo que me ama, eu sinto seu amor, seu carinho, sua atenção e sua necessidade de estar – também – perto de mim; tenho outros, pelos quais dedico o máximo de mim; nem sempre posso estar perto, mas quando estou, sou deles, vivo para eles.

Já muitos filhos, mesmo com os que têm os pais por perto, conseguem renegá-los, esquecendo-os nos cantos da vida e só procurando-os para satisfazer as necessidades físicas e materiais, eu os perdôo porque amanhã serão pais.

Autor: Oscar Schild 

 Publicado em: 12/08/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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