sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Coisas que deixei de fazer por medo do espelho (1/2)


Mulheres contam o que já deixaram de fazer por vergonha da própria aparência e como superaram o medo do espelho

Danielle Nordi, iG São Paulo | 17/02/2011 10:05

Quem nunca quis disfarçar um “defeitinho” com alguma roupa, maquiagem, penteado ou qualquer outro artifício para ficar mais bonita? A procura por um visual mais bacana não tem nada de errado. É saudável cuidar do próprio corpo. O problema acontece quando o cuidado se torna uma obsessão ou é sintoma de insegurança com a própria aparência e atrapalha coisas rotineiras.
“A relação com o corpo tem a ver com os valores, as crenças e a história de vida de cada um. Quando uma pessoa começa a ter um grande prejuízo por ter complexos relacionados à sua aparência é hora de parar e pensar o que está acontecendo”, afirma Marília Salgado, psicóloga do serviço de psicologia e neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Mulheres que não se aceitam e estão sempre evitando expor o que consideram seus defeitos sofrem. “Algumas mulheres canalizam para o corpo diversas angústias internas e não conseguem separar os problemas”, diz Marília. Mas nem tudo está perdido. Muitas vão à luta e deixam de lado suas encanações, seja se aceitando por completo ou procurando uma solução. Nenhuma diz que é fácil, mas elas mostram que é possível.

Foto: Guilherme Lara Campos/Fotoarena 
Alcione começou a se aceitar quando decidiu parar de passar calor por vergonha do próprio corpo
Gordinha e poderosa

A publicitária e autora do blog Poderosas Gordinhas Alcione Ribeiro, 32, é uma lição de autoestima elevada. Acima do peso, ela encara o espelho de frente e ama o que vê. “Eu sou feliz com o meu corpo. Não me imagino mais magra. Quando era mais nova, a palavra ‘gorda’ me incomodava, achava um xingamento. Hoje eu vejo que sou gorda mesmo e que isso está longe de ser uma ofensa. É apenas uma constatação da realidade”, diz.
Quem vê a postura de Alcione hoje não acredita que ela já chegou a chorar em provadores de lojas por ver que a roupa que ela queria comprar não passava na batata da perna. Os braços mais grossos também eram um problema grave - ela não usava roupas sem manga de jeito nenhum. “No verão, eu passava muito calor. Tinha um complexo terrível. Só aos 24 anos vesti uma regata para ir trabalhar. Foi a primeira vez que deixei braços à mostra”, conta. A partir daí, começou a se aceitar.
Para não expor os conflitos que tinha com sua imagem, a publicitária sempre inventava uma desculpa para não ir com os amigos para a praia. “Em uma viagem que fiz para o litoral, acordava bem cedo, andava dois ou três quilômetros e quando via que não tinha ninguém conhecido por perto tirava a canga para poder pegar sol. Depois voltava e usava a canga o resto do dia”.
Por estar acima do peso, Alcione não descuida da saúde. “Hoje tenho nível de colesterol melhor do que minha irmã, que é magra. A gente precisa sempre se cuidar. Eu não faço apologia à obesidade. O que eu quero é que as pessoas respeitem as mulheres gordas e gostem de si mesmas”.

Do site: www.delas.ig.com.br

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