M&C - Como isso supostamente ocorre? S.B. - O cérebro gasta de 20% a 30% da energia do corpo, apesar de representar cerca de 2% do nosso peso total. O metabolismo energético está sujeito a várias influências genéticas, e existem várias reservas escondidas que são acionadas só se a provisão de energia é interrompida. Nossa hipótese é de que o estresse oxidativo, que desencadeia falta de energia no cérebro, causa prejuízos que se transformam em sintomas psiquiatricamente relevantes.
M&C - Os procedimentos por imagem também podem ajudar a tornar visíveis os processos cerebrais patológicos? S.B. - A sobreposição entre a atividade cerebral normal e patológica ainda é grande. Precisamos nos contentar com um baixo número de pessoas durante as séries de testes dentro dos tomógrafos. Em vista da vastidão dos sintomas, é difícil encontrar um denominador comum nos padrões de atividades de diversos pacientes.
M&C - Como os transtornos poderão ser mais bem classificados no futuro? S.B. - Os sintomas psiquiátricos são pouco específicos para um ou outro transtorno. Com a ajuda de biomarcas talvez seja possível abrir o sistema diagnóstico que atualmente consiste em gavetas com etiquetas bastante difusas: esquizofrenia afetiva, transtorno psicótico e assim por diante.
M&C - Algumas pessoas acreditam que pesquisas como as suas falam a favor do determinismo biológico. S.B. - Isso é bobagem. Como eu já disse: o ambiente, os genes e o comportamento se entrelaçam constantemente e de forma estreita. A indicação da base neurológica de transtornos psíquicos pode evitar preconceitos – pois não se trata de “devaneios cerebrais”. No entanto, não podemos compreendê-la como a única origem a que se podem atribuir os transtornos.
Do site: www.mentecerebro.com.br
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário