sábado, 26 de março de 2011

A PSICOLOGIA DO SUCESSO 03/12



FARDO COGNITIVO

Estudos sobre a prática do golfe mostraram que jogadores experientes tendem a deixar a bola mais longe do alvo quando expostos a informações
de que pessoas de seu sexo são piores no jogo que as do sexo oposto. Parece improvável que o autraliano Greg Normam tenha falhado no Masters
de 1996 - quando perdeu após desperdiçar a forte liderança alcançada no início do torneio - porque estava preocupado com esse estereótipo, mas
outros estereótipos relevantes (por exemplo, de que os australianos não vão bem nos Masters - e de que ninguém daquele país jamais vencera o torneio) podem ter interferido no fluxo do seu jogo no momento crítico. De forma similar, parece muito plausível que o desempenho fraco da Inglaterra nas cobranças de pênalti no Copa do Mundo tenha a ver com a falta de autoconfiança associada ao histórico de mau desempenho da equipe em competições do tipo (de sete disputas por pênaltis em grandes campeonatos, a equipe venceu apenas uma). Um trabalho recente sugere que um fator crucial é a carga cognitiva acentuada. Na mesma linha do experimento feito em Chicago, um estudo desenvolvido pelas psicólogas sociais Mara Cadinu, Anne Maass e colegas da Universidade de Pádua, na Itália, mostrou que, quando mulheres resolvem questões matemáticas depois de informadas de que são piores nessa área, elas relatam ter pensamentos negativos intrusivos sobre sua falta de habilidade. Ou seja, pegam-se pensando coisas do tipo "Esses exercícios são muito difíceis para mim" e "Não sou boa em matemática". De forma parecida, vários
estudos indicaram que expor pessoas a estereótipos negativos sobre os grupos no qual pertencem aumenta a ansiedade e o estresse.

Evidência obtida com o trabalho de Beilock também indica que quando voluntários fazem exercícios matemáticos complexos, o fardo cognitivo das autocobranças coloca uma demanda pesada sobre a memória de trabalho, usando as áreas do cérebro que armazenam dados por pouco tempo e manipulam informação. Isso quer dizer que consumimos energia nos preocupando com a possível inferioridade em vez de canalizar para a atividade proposta.

Fonte: Revista Mente & Cérebro nº 218, março/2011

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