sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ALERTA! VOCÊ CONHECE SEUS LIMITES?




Publicado em 20-Oct-2010, por Nelson S. Lima




Em nossa sociedade acelerada, incerta, imprevisível e indeterminada, marcada pela surpresa e a mudança, nosso organismo (corpo e mente) está hipervigilante e sob estresse. Saiba mais sobre os riscos que você corre ao ultrapassar os limites e veja como pode sobreviver com saúde e esperança!




O seu corpo está provavelmente próximo dos limites, mesmo que não sinta nada de diferente. Ou seja, sua vida pode estar correndo riscos neste preciso momento, não obstante sua sensação de bem-estar.

Ricardo exibia uma invejável saúde. Era um executivo de grande valor para a empresa. Tudo parecia correr bem, incluindo em sua família. Um dia, inesperadamente, sentiu-se indisposto e desfaleceu no escritório após uma breve e pequena discussão com seu chefe. Morreu ali mesmo. O que aconteceu não parecia ter explicação. E não tinha no momento. Mas quando se averiguaram seus últimos anos de vida descobriram-se pequenos eventos estressantes decorrentes do que os psicólogos chamam de "reação adaptativa". Lentamente, a sobrestimulação sensorial que o rodeava, a sobrecarga de informação e as tomadas de decisão sob alta pressão foram deixando marcas no interior de seu corpo.


ESTEJA ATENTO AOS SINAIS
O perigo maior no mundo de hoje tem origem quer no excesso de estimulação quer nos problemas adaptativos relacionados com a mudança (uma caraterística da vida). Nosso organismo tem uma margem de segurança ampla e por isso nós até somos capazes de nos surpreender com as suas possibilidades de resistência quando enfrentamos algum desafio insuperável para outras pessoas.


Nós vivemos num ambiente sobrestimulado no capítulo sensorial, especialmente estímulos visuais e auditivos. Esta sobrecarga em todo o mundo urbanizado e industrializado está afetando milhões e milhões de pessoas, incluindo nossos filhos. Vivemos numa sociedade cheia de luz, brilho, sons e movimento. Da sociedade pacata dos tempos antigos passámos para uma sociedade que chega a ser desconfortável pelo excesso de estímulos díspares e caóticos.

PENSAR RÁPIDO. AGIR DEPRESSA.
Em nossa época, o bombardeamento dos sentidos não está sozinho. Temos também de enfrentar a aceleração do pensamento e a necessidade de tomarmos decisões rápidas. A aceleração do pensamento é forçada pela quantidade de informações que recebemos e que nosso cérebro tem de processar. A tomada de decisões urgentes resulta do estilo de vida (e de trabalho) que levamos. Ou seja, temos de perceber, pensar e agir rápido sobre um número enorme de questões que exigem resposta.

Vejamos os poblemas:
- o excesso de estímulos sensoriais provoca fadiga no sistema nervoso, afeta o sistema imunológico e interfere no equilíbrio interno e no funcionamento do organismo;
- sobre o efeito dessa carga de estímulos sensoriais deformamos a percepção da realidade e isto interfere com a nossa capacidade de processarmos a informação e de pensarmos;
- como nosso cérebro tem um limite para processar a informação surge a dificuldade na tomada de decisões racionais e equilibradas;
- a irracionalidade conduz à perda do sentido de orientação, à redução do senso crítico e à tomada de decisões erradas (por vezes, de alto risco) podendo afetar a qualidade de nosso trabalho, nossos relacionamentos, nossa saúde e nosso futuro.


O impulso acelerativo da mudança no mundo de hoje, caraterizado pelo efémero, a novidade constante e a diversidade, gera diferentes reações nas pessoas:
- em algumas a negação das evidências (sua atitude defensiva habitual: negar que as coisas estão mesmo a mudar);
- em outras, a regressão (atitude defensiva habitual: saudosismo, lamentação pela mudança de valores, hábitos e estilos de vida antigos, tentar viver como se nada tivesse mudado);
- em outras pessoas, a recusa (atitude defensiva habitual: embora reconhecendo a mudança teimam em manter-se agarradas a formas de agir antigas e a que estão habituadas);
- finalmente, em outras, a resposta é a simplificação (atitude defensiva habitual: incapazes de lidar com a mudança escolhem uma via alternativa que as afaste dos problemas tais como entregar-se à bebida, à apatia, ao desleixo, às drogas, etc.).

Estas formas de reação são obviamente perigosas. Significam que nossos limites de adaptação à mudança foram ultrapassados. Estamos aqui a falar de reações de natureza psicológica e comportamental. E que acontece no nosso organismo?


VIVER EXIGE ESFORÇO DE ADAPTAÇÃO
Tal como a mente, nosso organismo reage a toda a mudança (sensorial, ambiental, cultural, política, social, etc.). A todo o instante nosso sistema nervoso cartografa o corpo para se informar de seu funcionamento e reagir para permitir que sobreviva, adaptando-o às mudanças. É assim que nos faz sentir frio quando a temperatura desce ou nos faz correr para uma bebida quando há uma diminuição de água no corpo.


O problema maior surge quando o organismo é exposto a situações para o qual não está preparado. A novidade pode ser um problema especialmente quando ocorre de forma brusca e inesperada (por exemplo, a perda de emprego). É uma péssima novidade e obriga a mudanças e adaptações.


Quando os problemas se tornam crónicos (excesso de estimulação e de mudança em nossa vida) o corpo pode ver suas defesas atacadas. Muitos estudos confirmam que muitas doenças resultam desse desafio constante. Não é apenas uma questão de estresse. É muito mais do que isso. Por exemplo, a perda de emprego pode conduzir à depressão e esta ao suicídio ou a outros atos desesperados. Os abalos psicológicos enfraquecem o sistema imunitário e podemos ficar doentes agora ou no futuro.


Na atualidade vivemos num estado elevado de vigilância sobre o que se passa no mundo e sobre tudo aquilo que possa pôr em perigo aquilo que temos tido como seguro e adquirido: trabalho, casamento, estilo de vida, etc. Esta hipervigilância pode gerar diferentes tipos de problemas por excesso de estresse.


Desde a ansiedade ao cancer há uma vasta lista de perturbações e doenças que são causadas pela sobrestimulação e a nossa dificuldade de adaptação a um mundo que continua em aceleração, tornando-se cada vez mais imprevisível e impedindo-nos de fazer previsões (acho ridículo as pessoas e as empresas fazerem previsões a 2, 5 e 10 anos de distância como se o futuro fosse uma rodovia sem desvios).


Por tudo isto a sociedade está ficando neurótica e isso explica muitos comportamentos alterados. Veja como a França está pegando fogo só porque a população não aceita que a idade de aposentadoria passe dos 60 para os 62 anos (quando em muitos outros países europeus essa idade é muito mais elevada e ninguém protesta nas ruas nem pega fogo a automóveis como está sucedendo em Paris e um pouco por todo o país). O que se passa em França é o exemplo perfeito de uma reação coletiva de negação, recusa da mudança.

Com o crescendo da tensão psíquica, nosso corpo reage através do lançamento de químicos na corrente sanguínea, especialmente corticosteróides que aumentam a pressão arterial indo sobrecarregar o sistema cardiovascular. Mas os problemas não ficam por aqui. Muitos outros sistemas de nosso organismo podem entrar em colapso com maior ou menor rapidez e expressão.


Se viver é um processo constante de aprendizagem e adaptação dentro de uma determinada flexibilidade biológica e psicobiológica devemos estar atentos a toda a mudança. Lembre-se que nosso organismo capta muita informação do exterior de que não nos apercebemos. Nosso limiar é baixo relativamente a outros animais (por exemplo, os cães conseguem captar odores que nos são completamente imperceptíveis) mas milhões de estímulos e informações chegam ao organismo sem que nossa consciência nos alerte. O mesmo se dá com o estado de sua saúde. Você pode estar doente e ainda não ter sintomas. Eles ainda estão imperceptíveis.


PÁRE PARA UMA AUTO-AVALIAÇÃO
Faça uma auto-análise ao seu estilo de vida e às mudanças (mesmo pequenas) que ocorreram nos últimos 5 anos (mudança de cidade, de trabalho, novos compromissos, compra de carro, filhos, amigos, viagens, etc.).

Faça uma lista e dê uma pontuação a cada uma delas conforme os efeitos em sua vida (especialmente os efeitos emocionais, os bons e os maus). Use o zero (0) como número neutro. Suba até +5 para efeitos emocionais positivos e desça até -5 para efeitos emocionais negativos. Dê atenção aos extremos (+4 e +5 ou -4 e -5). Os extremos é que contam pois até as emoções positivas (+4, +5) geram reações adaptativas que podem causar desgaste orgânico.

VIGIE (E ALTERE) SEU AMBIENTE
Sugiro:
- que você se informe sobre as mudanças em curso na sociedade que possam afetar sua vida nos próximos tempos (não se deixe apanhar pelas surpresas);
- atue como um meteorologista: observe o ambiente de trabalho e de negócios todos os dias e faça previsões de curtíssimo prazo, atualizando e anotando a informação constantemente;
- analise sua situação e seus recursos pessoais e profissionais para introduzir alterações onde verificar que se justificam;
- crie (ou sugira) em sua empresa um observatório do futuro para a manter atenta às megatendências e alterações do mercado e da sociedade (sugiro que consulte o blogue do Instituto da Inteligência www.academiadofuturo.com; este instituto faz workshops na América do Sul sobre o tema);
- proponha em sua empresa a existência de um Psicólogo de Trabalho para atuar em todos os momentos em que os trabalhadores necessitem ser preparados atempadamente para alterações que os afete a nível pessoal e profissional;
- altere seu estilo de vida de forma que você contrarie o sedentarismo e os maus hábitos alimentares (faça desporto, caminhe, relaxe, alimente-se de peixe, legumes e fruta), durma o sufiente;
- pratique neuróbica para manter seu sistema nervoso operacional e saudável (leia www.neurofitness.info).



Nelson Lima

neuropsicólogo clínico, doutorado em Investigação

Diretor da Divisão de Investigação em Psicologia na EURADEC (Alemanha)

Diretor Nacionall da EURADEC (Reino Unido)

www.euradec.eu

CEO do Instituto da Inteligência (Portugal)

www.infoinstitutodainteligencia.com

CONSULTOR DE EMPRESAS & PALESTRANTE

Contatos:

nelsonlima@europe.com

nelsonslima@yahoo.co.uk


Fonte: www.gestopole.com.br

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