terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os limites da Exigência.



Publicado em 14-Oct-2010, por Lino Garzón Sandoval




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Cuidado com exigir demais e sempre!
Cuidado com os excessos de “porém”!
Cuidado com a falta de medida!

Às vezes é recomendável simplesmente ficar no elogio, sem acrescentar mais nada, nem dicas, nem recomendações, porque senão o teu estilo de gerenciamento e de coaching pode chegar a incomodar mais do conveniente e isto pode se tornar um freio no relacionamento desejável a existir entre você e o seu instruído.

Você, meu querido Coach, nunca atingiu a perfeição, você não é perfeito no que faz.

O fato de ser ou ter sido melhor na função que outros agora desempenham, não implica em se colocar como advogado supremo. É bom e é inerente a pessoas inteligentes sabermos quando estamos beirando ou ultrapassando os limites do aceitável.

A nossa responsabilidade ao frente da organização ou de atividades específicas, nos ofusca e nos faz sentir a obrigação de zelar porque tudo funcione com a precisão e a harmonia dos antigos relógios de corda.

Este tipo de abordagem desmedida pode desanimar a quem sempre procura se superar, obtém um bom resultado, mas aquela voz, não perde tempo em apontar qualquer detalhe negativo, por mínimo e intranscendente que seja. Chega ao ponto de você se acostumar e a esperar sempre a segunda parte, porque a primeira é irrelevante.

Perde-se o respeito, perde-se a confiança, perde-se a vontade de compartilhar, perde-se o desejo de ser ajudado, de aprender.

Um excelente profissional esta-se desmoronando pelo vício das cobranças. Não passará muito tempo e este começará a pensar em mudar de área ou de empresa e neste caso, quem perderá, acreditem se quiser, não será o indivíduo pelo fato de se desvincular do tão afamado e capacitado instrutor. Ele sempre estará receptivo a novos conhecimentos e ensinamentos. Continuará crescendo. A empresa será a grande perdedora.

Tão importante quanto o bom treinador o é o bom discípulo.

Certa vez, após obter uma promoção de função e cargo bastante significativa dentro do ambiente organizacional, um colega além de me parabenizar, perguntou-me sobre qual seria o meu próximo passo, a minha próxima aspiração.

De cara não gostei da colocação. Parecia como uma evidência de algo que não queremos interiorizar às vezes e é que para crescermos e sentirmos satisfeitos, temos que subir degraus, caso contrário nada mudou, mesmo que resulte pesado saber que inconscientemente nos projetamos para a ascensão.

O conceito de crescimento horizontal, infelizmente ainda, nos nossos tempos, no nosso sistema, não atingiu a valorização, a remuneração e a consideração suficientes para se tornar o desejo mais comum, um fim.

Os descansos nestas escadas da vida servem como trégua na incessante luta por avançar, para respirarmos e analisarmos futuras estratégias de poupar fôlego, para continuar a subida. Os degraus devem ser pisados de maneira sólida, para constatar a firmeza da escada que estamos vencendo.

Depois de corrigir que sinceramente não era esta conquista o que realmente estava esperando, pese a reconhecer que tinha condições para desempenhar a função, mas que duvidava deste desenlace devido a fatores alheios a minha vontade durante o processo seletivo e aptidões. Mesmo assim não posso nem devo ocultar o regozijo pelo reconhecimento. Há algum tempo esperava que olhassem para mim, para ser descoberto e ao parecer, os olhares se voltaram na minha direção.

Deixei bem claro que eu estava inconformado pela minha antiga condição e posição, onde sabia muito bem o que não queria e acho que ter ciência disto é essencial e importante, mas, como muitos outros colegas, também desconhecia o que seria melhor para mim, porque não sabia o que podia ser ofertado. A propósito, isto acontece muito nas empresas. Fala-se bastante de planos de carreira e coisas do gênero, mas os funcionários não são informados de todas as possibilidades de crescimento e mobilidade dentro do grupo.

Afinal ele ficou surpreso com a minha resposta: “Eu por agora, simplesmente quero ser bom, aliás, muito bom, naquilo que acabei de tomar posse”, enfatizando na máxima de que é melhor dar um passo de cada vez, mesmo que alguns sejam mais curtos e outros mais cumpridos. Sonho em ser tão bom nisto que comecei agora, quanto o fui naquilo que felizmente hoje concluiu.

Falando de outro assunto interessante.

Qual o tempo suficiente e justo para começar a cobrar do novo eleito o que se espera de um expert na posição?

A resposta não se faz esperar, - “depende”- de muitos fatores:
- da necessidade de dar resposta rápida numa área que careceu da devida atenção.
- da necessidade de corrigir velhos problemas.
- do nível de exigência dos superiores.
- do que se esperava do profissional, sabendo o histórico do desempenho do mesmo.
- do poder do “e se”, ou seja, e se tivéssemos colocado ao outro candidato na função?
- do nível de organização dentro da organização.
- dos acertos na estruturação das funções.

Esta lista poderia ser interminável.

O teu nível de hierarquia, não significa em hipótese alguma que você sempre esteja certo. Aquele ditado de que Chefe nunca erra, é pura burrice e adulação. Erram sim e muito, por sinal, muito mais do que deveriam e gostariam e os maiores erros concentram-se fundamentalmente nos desacertos no gerenciamento das pessoas e procedimentos.

Chefe, chefão, professor, gerente, diretor, ou como se chame, respeite por cima de tudo. O respeito é uma via de mão dupla.

Espero que ninguém esteja confundindo minhas palavras com consentir, aceitar, admitir sem a menor das considerações. Os meus questionamentos estão muito longe desta filosofia. Não defendo a idéia de panos quentes, mas as mãos fortes e precisas não têm que ser necessariamente de ferro, para o negócio não desandar.

É ser conseqüente, corresponder ao momento, saber aplicar a dose indicada e precisa em cada oportunidade e circunstância, ser portador da sabedoria que não só os conhecimentos adquiridos te proporcionam, senão também as experiências resultantes da tua dedicação e do teu próprio comportamento.

Para conseguir objetivos, não é necessário abusar provocando distanciamentos. Para arriscar, precisa-se de união, de linguagem comum, de paz.

Ter noção dos esforços e da atitude do funcionário por conseguir tudo o exigido, nos engrandece, assim como analisar o cenário como um todo antes de julgar.

Toda obra humana pode ser aperfeiçoada, mas os humanos temos limites e você, mesmo que munido de uma porção um pouco até que um pouco além do admissível de sarcasmo e crueldade, também é humano.

Errar é humano. Procurar o erro nos outros, é relativamente fácil. Consertar os erros se colocando no lugar dos outros pode se tornar desumano.

A inversão de posições na hierarquia da vida é um fato que a diário vemos e conferimos. Outrora estagiários hoje em cargos de destaque e superiores ao teu. Funcionários que antigamente conduzíamos, agora têm plenitude de faculdade para ensinar a todos incluindo você.

Possuir o conhecimento, a capacidade é circunstancial, é relativo. Por mais vastos que sejam, estão sempre circunscritos a um contexto. Por outro lado o prestígio e a admiração podem ser eternos.

A exigência também tem fronteiras.

Na mesma proporção em que você vai se tornando um exigente desmedido e sem noção, nessa mesma medida, o teu brilho irá ficando mais opaco. As pessoas começarão te enxergar com outros olhares, procurarão falhas e como bem reza no ditado: “Quem procura: acha”. Todos temos as nossas telhas de vidro, sem considerar que para as telhas racharem, não têm que ser expressamente feitas de vidro.

Curiosamente, a gente só repara no acima tratado, quando se é vítima, quando se é platéia. Ao agirmos como atores e estarmos no palco, esta situação torna-se imperceptível.

A exigência como bandeira, como pedestal, como paladino, sim; mas honrando-a sempre.


Fonte: www.gestopole.com.br


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