domingo, 7 de novembro de 2010
A Síndrome do Impostor (6)
Como é possível romper o ciclo do pensamento daqueles que sofrem de síndrome do impostor? Pauline Clance, que estudou o fenômeno acredita que um ponto de partida central seja aprender a atribuir os sucessos à própria capacidade quando isso é justo. Ainda que no início pareça estranho, trata-se de suportar o sucesso - e arcar com as responsabilidades que advém dele. Por exemplo, se a pessoa recebe uma promoção no trabalho terá de se havr com mais tarefas, cobranças e necessidade de tomar decisões nem sempre confortáveis. Aceitar as próprias vitórias ajuda a lidar com efentuais frustrações, sem cultivar a ideia de que um eventual fracasso colocará absolutamente tudo a perder. Trata-se, na verdade, de compreender que temos capacidades e podemos, sim, eventualmente, errar - sem que isso seja irreparável. Também vale a pena rever a explicação "eu só tive sucesso porque me esforcei muito" - comumente bastante aceita. É fundamental aprender a adequar a quantidade de trabalho e os investimentos necessários em cada situação. Considerando o outro lado dessa moeda, pode parecer muito cômodo explicar insucessos com causas que podem ser facilmente modificadas - como o pouco esforço ou a estratégia de estudos inadequada. O problema é que, agindo assim, a pessoa nunca saberá, de fato, o que pode obter.
Um caminho possível para reverter essa forma de lidar consigo mesmo e com os desafios é fortalecer a autoestima, o que ao mesmo tempo diminui o medo e a tendência à invalidação de si. Exercícios práticos para aprender a reconhecer - e valorizar - realizações pessoais, como fazer listas dos próprios pontos fortes e rever situações em que a pessoa teve sucesso, destacando as qualidades que a favoreceram em cada ocasião, podem ser muito úteis. Mas o acompanhamento psicoterápico, que favoreça a elaboração de conflitos antigos que alicerçam as crenças equivocadas sobre si mesmo, é fundamental para rever posturas e formas prejudiciais de lidar consigo mesmo.
Da revista Mente & Cérebro n° 213, outubro/2010
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