segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mentes em Movimento (6)


[ continuação ]

Por que isso acontece?
Motivo número um: um treinamento regular reduz o nível do hormônio do estresse, cortizol, que é liberado em razão da sobrecarga da hipófise. Essa reação faz com que o organismo seja imediatamente abastecido com energia adicional, mas a longo prazo isso prejudica as células cerebrais. A atividade física funciona aqui de forma "neuroprotetora" com os efeitos do cortizol.
Motivo número dois: o exercício eleva a concentração de triptofano no cérebro. Essa substância é um precursor do neurotransmissor serotonina que favorece o processamento das emoções. Em pessoas depressivas, o nívelde serotonina e a neurogênese são bastante reduzidos. Médicos tentam compensar essa situação por meio da administração de inibidores de recaptação da serotonina (SSRI). Esses medicamentos fazem com que haja maior quantidade disponível do neurotransmissor nos contatos sinápticos das células neurais.
Motivo número três: durante a atividade física, opioides endógenos (do próprio corpo) estimulam o centro de compensação do mesencéfalo. É provável que seja a causa do runner's high, frequentemente relatado por esportistas assíduos - um sentimento de bem-estar experimentado durante o treino. Esse componente emocional da atividade física é hoje utilizado com sucesso no tratamento de distúrgios psíquicos. Em um estudo de 2007, coordenado pelo psiquiatra James Blumenthal, da Universidade Duke em Durham, na Carolina do Norte, por exemplo, mais de 200 pacientes em diagnóstico de depressão foram separados em três grupos. Os integrantes do primeiro foram instruídos a realizar exercícios regulares para melhorar a resistência; o segundo foi tratado com sertralina, inibidor seletivo da recaptação da serotonina, e o terceiro recebeu placebo. Quatro meses mais tarde, metade dos voluntários que faziam exercícios regulares apresentou melhoras tão efetivas quanto os que receberam tratamento medicamentoso. No grupo que recebeu placebo ocorreu um fato curioso: um terço dos pacientes teve sintomas clínicos atenuados num primeiro momento.

Da revista Mente & Cérebro n° 211, agosto/2010

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